Ajuda-me a Viver escrita por Vitoria Bastos


Capítulo 29
Sentindo mais uma vez


Notas iniciais do capítulo

Olá gatinhas! Como estão vocês?
Antes de tudo, deixa eu falar algo importante para vocês. Os capítulos a partir de agora serão postados primeiramente sem betar, depois substituídos. Esse foi o combinado entre eu e Carmen (beta) para vocês não ficarem muito tempo sem capitulo. Toda vez que ele não estiver betado, colocarei na nota inicial NB*, depois quando substitui-lo tirarei da nota.

Tive a ousadia de colocar o nome de três leitoras minhas no capitulo: Cris Lopes, Roberta Escolstico e Klara West (Kwest). Não tem nada haver com merecimento nem nada, eu só achei que os nomes combinaram no momento. Farei sempre que possível, com as outras leitoras ( se vocês não se importarem é claro.) É uma das formas que eu achei de retribui o carinho de vocês.

Boa leitura!



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– Tem certeza que você não quer que eu te espere? - Edward perguntou pela terceira vez, enquanto parava o carro na frente do meu prédio.

– Não precisa. - disse calmamente, como se fala com uma criança - Eu vou me arrumar com calma, e depois chamo um táxi. - tentei convence-lo desta vez.

O Domingo com a família de Edward foi realmente maravilhoso, mas a segunda chegou, e tínhamos que voltar a nossa rotina. Deixamos uma Esme uma pouco chorosa, pedindo que pelo amor de Deus, que ele voltasse a visitar elas mais vezes.

Querida, se ele non viene por livre e espontânea vontade, traga-o puxando pela orelha. Meu bambino, ás vezes é um pouco devagar.Ela me disse, me dando um abraço caloroso, e um beijo de despedida.

– Você precisa de um carro. - ele disse me encarando.

– Não preciso não. - lhe dei um selinho rápido, e passei a mão no seu rosto. - Andar de táxi é bem mais divertido. - disse me virando para abrir a porta do carro.

– Ok... assunto encerrado. - ele disse me puxando pelo braço, e colando os lábios nos meus. - Fique bem.

– Ficarei. - disse sorrindo.

– Se você continuar sorrindo assim para mim, eu vou desmarcar todas as consultas que eu tenho marcada para hoje.

– Não precisa... tenho que ir, e você também. - colei rapidamente meus lábios no seu, e pulei para fora do carro.

– É assim é? Partiu meu coração. - disse fazendo bico enquanto eu corria para a calçada.

– Bobo. - disse parada olhando para ele.

– Então eu vou... - ele disse soltando um beijo no ar para mim, e depois arrancando o carro.

Fiquei parada ali, observando o volvo preto seguir, e depois virar em uma esquina e sumir. Se passaram talvez alguns segundos, talvez minutos ... realmente o tempo não era importante. Entrei no meu prédio, não esquecendo de notar o sorriso bobo que estava formado nos meus lábios.

A primeira coisa que eu fiz quando entrei em casa foi me jogar no sofá.

Oh, lar doce lar!

Abri a minha bolsa, que ainda estava presa em volta do meu corpo, e peguei o meu celular para ligar para Alice. As dez ligações perdidas de ontem deve ter-la deixado extremamente furiosa. Alice tinha um gênio e tanto.

– Alie! - ela atendeu no terceiro toque.

– Oi Bellinha ... - ela disse com a voz arrastada, e um pouco rouca.

– Te acordei? - Levantei um pouco o corpo, e ergui a cabeça para olhar o relógio que ficava na parede de frente da cozinha. Eram 08:00 hs da manhã. - Eu imaginei que você estivesse indo para a faculdade... - me desculpei. Alice sempre acordou cedo.

– Não estava dormindo. - ela disse com uma voz fraca.

– Que voz estranha é essa então? - perguntei preocupada.

– Não sei, não estou me sentindo bem. Eu ia para a faculdade, mas achei melhor ficar em casa desenhando algumas roupas.

– Cadê o Jasper? - perguntei, indo na cozinha pegar um copo com água.

– Foi para o consultório. - disse soltando um mixoxo.

– Eu vou passar ai... eu tenho algumas horas antes de ir para a companhia.

(...)

O dia hoje continuava frio. Porém, agradável. Tomei um banho rápido, e vesti uma calça jeans, uma blusa regata e uma camisa de lã por cima. Eu iria mim arrumar na companhia, então eu joguei tudo que eu iria precisar para dar aula dentro da bolsa. Um vestido de malha preto, collant azul marinho, uma saia de chiffon branca, uma meia calça perolada, sapatilha, grampos, pen drive... e outras milhões de coisas, que eu acabo sem só lembrando de última hora.

Pela voz de Alice no telefone, a primeira coisa que eu sabia que eu iria encontrar era ela de cama. Com olhos inchados, talvez até gripada... provavelmente eu até teria que leva-la para o hospital. Porém, me surpreendi quando ela atendeu a porta no primeiro toque. Com o cabelo em uma trança de lado, e um pouco abatida... mas ela estava bem. Vestindo um pijama rosa de bolinhas preta, e com uma cesta enorme na mão com... pêssegos? Sim pêssegos! E aquilo por cima é... eca!

– Bellinha! - ela sorriu e já veio me abraçando. - Quer? - ela virou a cesta me oferecendo.

– Isso é pêssego ... com queijo? - apontei para aquela coisa melequenta que estava por cima.

– Queijo cheddar! Huuuum.... - ela deu uma mordida naquilo, me fazendo ficar enjoada só de olhar.

– Que combinação estranha. - olhei com cara de nojo.

– Não tem nada de estranho. - ela foi andando para dentro de casa, e eu a segui fechando a porta - Quem nunca comeu pêssego com queijo?

– Eu, e acho que a maioria das pessoas normais também. - disse rindo.

– Experimenta Bellinha, só para você sentir como é bom... - ela falou chegando perto de mim, trazendo um pêssego melequento na mão.

– Não! Nem pense nisso... pode ficar todo para você. - fugi dela, me refugiando no sofá. - Eu fiquei preocupada com você... achei que já estava nas últimas. - disse mudando de assunto, não olhando mais para aquela coisa nojenta que ela estava comendo.

– Acho que foi estresse.

– Estresse em plena lua de mel?

– Sim. - ela concordou com a cabeça, vindo sentar ao meu lado. - Acho que toda essa preparação, eu fiquei ansiosa demais... e além de tudo, quando eu estava lá super feliz com o meu marido... - ela deu uma pausa, enfatizando a palavra marido, e revirando os olhos. - ...minha secretária do ateliê ligou, dizendo que eu estava cheia de encomendas... inclusive queriam um vestido igual ao que você usou no casamento, mas eu disse que era exclusivo. - ela disse fazendo um bico.

– Pelo menos trabalho é o que não falta. - disse olhando os milhares de croquis* espalhados na mesa. - E você estava sentindo o que?

– Cansaço, dor nas costas, um pouco de dor de cabeça também... Jasper disse que era estresse pós- casamento. - ela disse sorrindo. - Acho que estou precisando dançar... dançar o meu bom e velho balé.

– Em falar em balé... - comecei, lembrando que tinha coisas importantes para contar a ela. - O Jacob me procurou.

– O aquele ingrato queria? Depois que ele foi para Nova York, esqueceu de todos. Eu fiz milhões de ameaças para ele, dizendo o que aconteceria com ele, se ele não vinhe-se para o meu casamento.

– Você ameaçou ele? - gargalhei. - Alice!

– Sempre funciona. - ela sorriu.

– Então, ele me chamou para dançar no balé que ele está dirigindo.

– Sério? - ela olhou para mim, abrindo os olhos. - Você vai não é?

– Eu... - comecei a falar.

– Bellinha você precisa ir, você tem que dançar... - ela disse dando um pulo do sofá, com os seus ataques de euforias.

– Alice, calma! Deixa eu ... - disse tentando acalmar os seus ânimos, mas fui interrompida quando na mesma velocidade que ela levantou do sofá, ela caiu desfalecida nele. - Alice! - gritei, tentando anima-la sacudindo o seu corpo.

– Oi... - ela disse com uma voz baixa, ainda de olhos fechados.

– Abre os olhos, olha para mim! - disse com a voz apertada, e só assim eu percebi o quanto eu estava nervosa. - O que aconteceu? Nós estávamos conversando e você desmaiou do nada... - disse quando ela já estava de olhos abertos.

– Eu não sei... - ela disse com a voz um pouco trêmula. - Tudo começou a girar e depois eu só vi uma escuridão.

– Você está muito pálida! Vou pegar água... - disse correndo para a cozinha, deixando ela um pouco inclinada no sofá.

– Eu acho que eu levantei muito depressa.

– Bebe. - disse, apoiando o corpo dela, mantendo ela ereta. - Melhorou?

– Sim. - ela bebeu a metade da água que estava no corpo. - Na verdade, eu estou ótima! - ela falou de sentando confortavelmente e me entregando o copo. - Do que estávamos falando mesmo?

– Alice! - levantei e coloquei o copo encima da mesa. - Você acabou de desmaiar na minha frente, e muda de assunto como se não fosse nada.

– Bellinha, como você é exagerada. - ela disse levantando a sobrancelha. -Não foi nada! Agora, desembucha. - ela fez a melhor cara convincente possível. - O Jacob te convidou para dançar... e?

Alice como sempre se preocupar muito com os outros, mas não deixa ninguém se preocupar com ela. Deixei o assunto de lado, porque eu sabia que ela não me daria alternativas.

Contei tudo para ela. Desde quando nos virmos no casamento dela, até o nosso encontro na cafeteria, quando ele me fez a proposta. Falei também sobre ele e Rosalie, deixando Alice perplexa.

– Que safado! O Jacob sempre foi assim, e eu acho que ele nunca vai mudar.

– E eu até fiquei com medo do Edward reagir de outra forma. - Disse, imaginando que ele poderia ter desenvolvido um ódio tão profundo por Jacob, que não quisesse que eu nem ficasse perto dele, criando um ciume totalmente desnecessário.

– Mas é claro, como um bom gentleman*, ele nunca agiria assim.

– É. - suspirei, formando um sorriso nos lábios.

– Sabe, eu acho que isso vai te fazer bem. - ela disse se levantando, e eu a segui com medo dela desmaiar de novo. Apesar de ela não se importar com isso. Você parou de dançar não por uma decisão sua, e ficou algo incompleto em você. Se você quer finalizar isso, você precisa sentir... viver tudo outra vez.

– Eu sei. - sentei em um das cadeiras da cozinha. - E se eu me perder novamente no caminho? - perguntei insegura.

– Esse ''e se'' vai te perseguir a vida toda se você não tentar.

A Alice tinha razão. Como eu poderia saber se poderia ter sido diferente, se eu não tentar? É claro que em outras circunstancias, daria tudo errado novamente.

– Quer tomar café comigo? - ela perguntou, enquanto quebrava um ovo na frigideira.

– Não, obrigada. Eu tomei café na casa da família do Edward. - disse observando no quanto de coisa que ela estava colocando para fritar. - Você vai comer tudo isso?

– Sim! Estou morta de fome... só agora que eu me dei conta que não tinha comido nada, além daquele pêssego.

– Pelo menos, torrada, ovos, bacon e queijo me parece bem mais apetitoso do que aquela coisa melequenta.

– Coisa melequenta não... pêssego com queijo. - ela disse sorrindo, e eu automaticamente fazendo uma careta. - Droga! Acho que esses ovos estavam estragados.

– O que? - disse olhando para o belo prato que ela tinha preparado. - Está com a cara tão boa, e o cheiro está tão bom.

– Porém o gosto esta horrível. - ela afastou o prato dela, fazendo cara de nojo. - Só experimente, para você ver que eu não estou ficando maluca.

Coloquei um pouco dos ovos mexidos na boca. Não estava ruim. Confesso, estava salgado... Nossa! Muito salgado. Alice um desastre na cozinha como sempre. Porém, o gosto do ovo em si, junto com os outros ingredientes estava ótimo.

– Alice, isso só está salgado. Não tem nada estragado. - Falei com ela, enquanto ela ao mesmo tempo fazia uma expressão de dor,cobrindo a boca com as mãos e correu... acho que em direção ao banheiro.

– Alice! - disse enquanto ela agachou em frente a privada, e começou a vomitar violentamente. Segurei seu cabelo longo longe do rosto, e esperei ansiosa até que ela voltasse a respirar de novo.

– Estava estragado sim. - ela gemeu.

– Você está bem?

– Estou. - ela respondeu, ofegante. - Eu comi muita besteira em Nova York. Deve ter sido isso.

– U- hum. - respondi, mas não prestando muita atenção nela, e sim ligando os fatos que eu tinha presenciado. - Alie, é a primeira vez que você senti isso?

– Uma semana antes do casamento. - ela disse, enquanto escovava os dentes. - Eu li que antes do casamento, e até mesmo depois, as noivas ficam nervosas, ansiosas... e acabam descontando na comida.

– Alie, você está estranha. Os ovos não estavam estragados. É alguma coisa com você.

– Como não estava estragado? - ela me olhou confusa. - O gosto estava horrível Bellinha, como você não percebeu isso?

– Alie, quando eu cheguei você estava comendo aquela coisa estranha... depois você desmaiou, e agora acabou de vomitar. E antes disso, você tinha me dito que não estava bem.

– O que? - ela resmungou se virando para mim. - Você acha necessário procurar um médico?

Tontura, desmaios, comendo demais, cansaço... Como a Alice não tinha ligado os fatos ainda?

– Alice, você está grávida! - disse com a minha voz quase num sussuro.

– Grávida? Não Bellinha, eu saberia se estivesse grávida... - ela se virou para a pia, e terminou de lavar a boca, e fechou a torneira. - É impossível eu está grávida, eu tomo anticoncepcional... ops...- ela colocou mão na boca.

– Droga! - ela correu para o quarto, e começou a remexer as gavetas de um criado mudo, retirando de lá um cartela de remédio - Não acredito... ai meu Deus, como eu sou idiota.

– O que foi? - ela me entregou a cartela de anticoncepcional. As duas últimas semanas, que devia está vazia, estava totalmente preenchida. - E agora? Você só pode está grávida.

– Não, não pode ser! - ela desabou no cama.

– Alice calma! - tentei acalma-la. - Olha, se você estiver grávida, o Jasper vai amar, você vai ser uma ótima mãe.

– Bellinha, eu acabei de casar! Eu e o Jasper nunca falamos de filho... - Ela fez uma cara de choro, e eu estava com uma vontade de rir do nervosismo da minha amiga. Ela estava mesmo com medo da reação do Jasper?

– Oh meu amor, vem aqui. - sentei na cama, e ela colocou a cabeça no me colo. - Só porque vocês nunca conversaram sobre filho, não quer dizer que ele não quer ser pai Alie. O jasper te ama, e é isso que importa.

– Eu sei. - ela resmungou. - Será que ele não vai me achar uma maluca descuidada?

– Maluca você já é Alice... - disse rindo. - Ele vai entender perfeitamente.

– Desde quando é você que me apoia, e me coloca no colo?- ela levantou me olhando, e seus olhos estavam um pouco vermelhos.

– Desde quando você se tornou, pelo menos por alguns segundos, a insegura da história. - disse me levantando. - Vamos, temos que ir fazer um exame de sangue, para confirmar essa gravidez.

– Exame de sangue? Não! - ela olhou com cara de parvor. - Eu odeio agulhas.

– Então, vamos fazer um teste de farmácia. Eu vi uma na esquina... fique ai, que eu vou comprar rapidinho.

– Nem pensar que você vai sozinha. Vamos no meu carro!

– Para que carro Alice? É ali na esquina. - olhei para ela, como se ela fosse um extraterrestre.

– E você acha que eu vou aguentar esperar você ir andando até a esquina? - ela disse, como isso fosse obvio. Bom, a Alice mega exagerada, e pelo o que eu percebi mega ansiosa estava pior. E dependendo do resultado, que é bem provável que dê positivo, em dose dupla! Urgh! Coitada de mim.

(...)

– Quantos eu pego? Alice o que você acha? - perguntei, olhando para as milhares de opções de testes de gravidez, que tinha na pratilheira da farmácia. - Alice? - olhei para trás, e a vi na seção de artigos para bebê, como chupetas e mamadeiras.

– Belinha, o que você acha? Mamadeira branca ou amarela? Já que eu não sei ainda o sexo do bebê. Quantas eu levo? E essas chupetinhas?- Ela tinha nos braços, várias mamadeiras, e várias chupetas. Alice com certeza estava pirando.

– Alice, primeiro você precisa confirmar se está grávida. - falei pacientemente. - Depois disso, você pode comprar o que quiser.

– Bellinha, olha que lindo! - ela me mostrou agora um mordedor silicone, para a criança colocar na boca.

– Alice, uma coisa de cada vez. - a puxei pelo braço, e fui em direção ao caixa. Acabei sendo um pouco ríspida com ela, mas quando a olhei, percebi que ela não tinha sentido isso, porque ela estava com um sorriso nos lábios, como uma criança que acaba de ganhar um presente.

– Mais alguma coisa senhora? - a mulher do caixa me perguntou, quando eu colocava os dois testes de gravidez no balcão. Dois era melhor para não ter dúvida alguma.

–Não. - respondi, e ela sorriu para mim, quando pegou os testes para registrar na máquina. - Não, não é para mim... é da minha amiga. - olhei para o lado, e Alice já não estava mais comigo. Onde essa doida estava? A mulher do caixa deve está achando que o teste de gravidez é para mim, e estou inventando que é de uma amiga, que não esta comigo.

– Pronto Bellinha, agora não teremos dúvida alguma. - Alice chegou perto de mim, com mais quatro teste de gravidez. - Alice e seus exageros.

– Esses testes são confiáveis? - perguntei a balconista, que estava completamente encantada com a loucura de Alice, de comprar seis testes de gravidez.

– Costuma ser de 95% a 99% de precisão. Mas se a sua amiga quer fazer mais de um, não há problema algum. Para não haver dúvidas, certo? - ela falou diretamente com Alice, e eu percebi que ela estava se divertindo com ela.

– Sim! - Alice vibrou. Permaneci quieta no meu canto, esperando a mulher finalizar a com a compra. Eu estava com um leve sorriso nos lábios, quando Alice me rebocou da farmácia pelo braço. Ela não deve ter se tocado, que comprando seis testes, ela vai ter que fazer xixi seis vezes.

(...)

– E então Alie? Falta quantos? - Eu estava agachada no chão do quarto, esperando ela terminar de fazer os teste. Até agora, ela tinha bebido quase um litro de água.

– Dois. - ela gritou do banheiro.

– E deu o que os outros?

– Espera, deixa eu terminar de fazer todos. - ela disse, e eu estava praticamente morrendo de ansiedade.

Uns quatro minutos depois, Alice saiu do banheiro com uma cara de assustada.

– E então? - perguntei nervosa.

– Todos deram o mesmo resultado.

– Qual o resultado? - perguntei, odiando por ela não dizer se deu positivo ou não.

– Duas linhas. - ela disse perplexa. - O que significa duas linhas? - E todo o meu nervosismo foi pelos ares. Alice nem mesmo tinha lido o significado das linhas, na verdade ela não deve ter lido nada. Sorrir para ela, tentando passar alguma tranquilidade, e fui pegar a caixa de um teste, para saber o que significava.

Alice tinha jogado a maioria das caixas do lixo, mas tinha deixado duas encima da pia.

– Então! O que quer dizer duas linhas? - ela disse atrás de mim nervosa.

Virei a caixa, e li calmamente.

1 linha = resultado negativo

2 linhas = resultado positivo

nenhuma linha = inválido.

– Tem certeza que deu duas linhas? - ela concordou com a cabeça. - Positivo Alie... Parabéns mamãe! - a abracei, e quando percebi estávamos chorando.

– Belinha, presta atenção, já da para ver? - ela levantou a blusa , e virou de lado para me mostrar a sua barriga lisa.

– Não Alie. - disse sorrindo e enxugando as minhas lágrimas. - Como você vai contar para o Jasper?

– Ah, não sei. - ela continuou admirando a barriga no espelho. - Vou ligar para ele.

– Você não vai contar pelo telefone, não é? - sentei na cama, e a Alice continuava admirando a barriga. Ela pegou o celular, e colocou no ouvido. Sim, ela vai contar pelo telefone. - Cadê o romantismo Alice?

Ainda não tinha caído a ficha para mim. Alice, a minha amiga, ia ser mãe. Isso faz de mim o que? Tia? Ah sim, titia!

– Oi amor ... - ela começou a falar com o Jasper pelo celular- Não, eu só queria te dizer que eu estava melhor... Não foi nada... eu só estou grávida mesmo.... Jasper? Amor? O que? Ele desmaiou? Alô?

– Eu não acredito que você contou para ele desse jeito. - olhei de cara feia para ele. - Ele desmaiou? - coloquei a mão na boca para prender o riso.

– Sim. A secretária dele pegou o celular, e disse que ele tinha desmaiado e depois a ligação caiu. Eu devia mesmo ter esperado.

– Ah Alice! - apoiei a mão no seu ombro para reconforta-la. Parece que a gravidez tinha deixado ela mais ansiosa ainda. E eu achava que isso não era possível.

20 minutos depois...

– Ele não retornou Belinha. O celular só está dando ''fora de área'' .

– Você tinha que te esperado Alie. Sério mesmo, ás vezes você age por impulso, e acaba estragando as coisas.

– Alice? Meu amor? - Ouvimos a voz do Jasper da sala.

– É ele! - Alice deu um pulo da cama. - Como ele chegou aqui tão rápido? -Ela disse saindo do quarto saltitando, e eu, seguindo ela atrás.

Quando eu olhei para Jasper, ele estava verde. Seu cabelo extremamente bagunçado, e a roupa toda amarrotada.

– Eu vim o mais rápido que pude... - ele começou dizendo para ela, e nem me vendo escondida na passagem que dava para a sala. - É verdade... você está? - ele disse, e eu percebi que ele estava emocionado. Meu Deus, acho que eu estou sobrando aqui...

– Sim! Você vai ser pai... - ela disse emocionada também, e ele a agarrou ao mesmo tempo, dando aqueles beijos de tirar o fôlego de qualquer pessoas que está vendo. Eu tenho que sair daqui... oh meu Deus! Corri para o quarto, e peguei a minha bolsa que estava encima da cama. Quando voltei para a sala, eles já estavam caídos se agarrando no sofá. Eles não são nada discretos, e quando estão juntos, esquece de qualquer pessoa a sua volta. Passei pela sala, tentando não olhar para eles, e torcendo que eles não percebessem a minha ''saída a francesa''.

– Oh meu Deus, a Belinha... - ouvi Alice dizer. Droga!

– Podem continuar, já estou saindo. - falei agarrando a porta, e fechando ela deixando os dois lá.

Esses dois, realmente, foram feitos um para o outro. - pensei com um sorriso nos lábios, deixando a casa de Alice.

(...)

–Vamos lá meninas, levantem mais esta perna!- falei com as meninas, quando elas estavam executando um adágio*. Por pouco, eu não cheguei atrasada para dar aula. - Subam na ponta, força no abdômen. - Eu já estava fazendo o trabalho com pontas a algumas semanas com elas. Como de inicio, elas ainda estavam se adaptando a subirem na ponta e a terem a consciência do corpo necessária, para ''subirem'' sem provocar futuras lesões. Para incentiva-las, decidi calça a ponta também. Confesso que no inicio, eu fiquei receosa. Porém, quando eu subi, foi como se eu nunca tivesse saído delas.

– Agora, relevé, pirueta ... - mostrei para elas, ouvindo cochichos no final da sala. - Silêncio meninas, vamos! - e elas fizeram o passo. - Muito bem Klara! Melhora esse braço Cris... - e assim estava sendo a minha manhã. Uma hora e meia depois, finalizei a minha aula, levando é claro um abraço coletivo das meninas no final. Enquanto eu estava conversando com elas, dando algumas dicas, tendo uma conversa descontraída, vi um figura masculina na porta da sala, e quando ele percebeu que eu o vi, ele entrou batendo palmas.

Era Jacob.

– Bravo professora Bellla, esplêndido! - ele falou entrando, deixando as meninas eufóricas.

– É aquele bailarino famoso? - Julia me perguntou, e eu balancei a cabeça concordando.

–Agora ele é o diretor de uma companhia famosa em Nova York - Roberta falou para Julia, como se fosse um absurdo ela não saber disso.

– Meu sonho é um dia dançar com ele... - Klara disse, fazendo todas suspirarem.

– Meninas, já estão liberadas. - disse para elas, e fui na direção de jacob, que estava rindo.

– Você devia ficar encantada igual a elas quando me ver... porque aliás, eu sou um bailarino famoso e diretor de uma companhia famosa de Nova York . - ele disse repetindo as palavras ditas pelas meninas.

– Coitadas, elas dizem isso porque não te conhecem realmente. - disse lhe dando um abraço, ouvindo um suspiros atrás.

Quando eu olhei para a porta, as meninas que já deviam ter saído da sala, estavam ali, fazendo um malabarismo incrível para nos observar. E quando elas perceberam que eu tinha pego elas no flagra, saíram correndo. - Essas meninas... - disse rindo.

– Aliás, você leva jeito... elas parecem gostar de você.

– Uau, um elogio vindo de Jacob Black. - disse sarcástica. - Obrigada Jake, eu amo tudo isso aqui. Amo passar o que eu sei para elas.

– Que triste deixa-las, enquanto você passa uma temporada em Nova York. - ele disse andando pela sala. - Mas eu creio que você sobreviverá, e elas também.

– E quem disse que eu aceitei?

– Eu vi nos seus olhos Bells. - ele disse olhando para mim. - Eu também te conheço bem. - ele disse sorrindo. - Mas antes de tudo, eu quero ve-la dançar. Para saber o nível de trabalho que irei ter.

– Nível de trabalho? - perguntei.

– Sim querida, quero saber o quanto enferrujada estás.

– Enferrujada? - disse indignada - Quando eu estiver enferrujada querido, você não conseguirá nem ficar em pé. - o provoquei.

– Isso é o que veremos, baby. - ele rebateu. Jacob sabia qual era o meu ponto fraco. Eu poderia até não me senti pronta, insegura ás vezes, mas nunca deixei que ninguém duvidasse do meu talento.

– Preciso de sapatilhas. - ele pediu, e eu trouxe uma par de sapatilhas bege. Tirei o meu vestido de malha, porque estava com um collant azul marinho por baixo, e coloquei uma saia de chiffon branca.

– Você engordou. - ele comentou, enquanto me olhava de cima a baixo com um olhar critico.

– Estou pesando quarenta e nove quilos. - disse em defesa.

– Terá que emagrecer no minimo dois. - ele disse, enquanto de aproximava de mim na barra. - Sou bailarino, não halterofilista*. - ele disse executando um grand plié.

– Eu não preciso mais morrer de fome. - olhei para ele furiosa.

– Mas agora, você dançará na minha companhia. - ele sorriu maleficamente.

– Isso é você quem diz.

– Questione em quanto pode, quando assinamos um contrato, você não poderá dizer mais nada... baby.

E esse é o jeito Jacob de ser. Se na vida ele já é duro, na sua profissão, e com qualquer pessoa, ele é mais duro ainda.

Continuei me aquecendo. Eu não iria questionar Jacob. Porque aliás, eu conheço muito bem tudo que eu vou enfrentar.

– Bom... - ele disse se aproximando do som. - Você se lembra daquele pas de deux*, que dançamos naquele festival na Russia?

– Ah claro... aquele que me fez perder todas as unhas dos pés? - disse sorrindo. - Impossível esquecer.

– Esse mesmo... você lembra que nós ensaiamos durante o dia todo antes da apresentação, e que eu fiquei tão cansado, que disse que não conseguiria te carregar...

–... e eu te ameacei de morte, se me deixasse cair.- completei. - Parece que foi em outra vida.

– Dance comigo Bells, pelos velhos e os novos tempos. - ele disse me estendendo a mão.

Quando nossos dedos se uniram, eu tinha certeza absoluta, que havia uma magia. Me afastei dele, e fui para o lado esquerdo da sala. Quando os primeiros acordes da música clássica começou, eu senti algo dentro de mim que eu conhecia muito bem. Porém, ainda era diferente de todas as outras vezes. Comecei a ir na sua direção de costas, como era a coreografia. Depois de eu me virar e cumprimenta-lo, e ele repetir o gesto, ele pegou na minha mão para começarmos a nossa dança. E como esperado, eu sentir. Liberdade, o amor, esperança, paixão... tudo isso de uma só vez. Quando ele me levantou pela primeira vez, eu senti como se estivesse perdida para sempre na música, na emoção. Os meus passos era instintivos, seguiam com desenvoltura o de Jacob. Como sempre amei dançar coreografias que me teletransportasse para personagens totalmente diferente de mim. Dulcineia é assim, os seus movimentos são provocantes, seguidos de incansáveis piruetas... Mas essa não. Era uma coreografia do amor. Que transparecia leveza, delicadeza, ingenuidade. Era um romance da sua forma mais pura.

Depois, quando Jacob pegou a minha mão novamente, e a música acabou, ele me apertou contra o seu corpo, e só assim eu percebi que estava chorando. Palmas e mais palmas, ecoaram pela sala... E quando olhei ao redor, percebi que tínhamos plateia. Todas as minhas alunas, meninas de outra turma e Gianne estava em pé nos aplaudindo. Encostei a cabeça no ombro, e tentei controlar a minha respiração.

– Você nunca estará enferrujada baby. - ele disse passando a mão no meu rosto. - Venha, temos que agradecer ao nosso público. - ele passou a mão na minha cintura, e demos uns passos a frente para fazer a reverência.– Agora, mais do que nunca, preciso da minha Dulcineia. - ele disse no meu ouvido.

Eu tinha me esquecido as milhares de emoções que se passavam em mim quando dançava. Apesar de todos os sacrifícios, e todas as dificuldades que nós bailarinos sofremos, tudo valia a pena quando em apenas alguns minutos de uma coreografia, nos fazia entrar nesse turbilhão de emoções. E se eu tinha ganhando a chance de senti-las pela segunda vez, agora, mais do que nunca, eu não iria desperdiçá-la.

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* Croquis (palavra francesa eventualmente aportuguesada como croqui ou traduzida como esboço ou rascunho) costuma se caracterizar como um desenho de moda ou um esboço qualquer.

*Gentleman é uma palavra inglesa que significa cavalheiro. É um termo que designa o homem de conduta irrepreensível, dotado de grande educação e cultura, e de grande delicadeza de trato.

* Adágio é uma série de exercícios na sequência da prática feito no centro da sala de aula, composto por uma sucessão de movimentos lentos e graciosos que podem ser simples ou de caráter mais complexo, executados com fluidez e aparente facilidade.

* Halterofilista é aquele que pratica o esporte que consiste em levantar pesos e halteres

* Pas de deux é uma dança a dois.


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Notas finais do capítulo

Roupa da Bella: http://www.polyvore.com/cap_29/set?id=115389146

Para quem se interessa, foi essa coreografia que eu imaginei e descrevi a Bella dançando com o Jacob: https://www.youtube.com/watch?v=2u9urqsaE60

E então, gostaram? Até logo! E para quem é mamãe, um feliz dia da mães.
Beijos



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