Aquele momento é um daqueles que você considera desconcertante. Acho que aquela frase ‘’ex bom é ex morto’’ representa exatamente esse momento, e não êxito em pensar que Zackary pensa o mesmo...

Gaguejei um pouco entre palavras até tentar encontrar a minha voz que tinha fugido pela, enorme, surpresa, mas foi uma pedrada no ego, eu achando que ele me amava...

– Zackary, como você pode? Você falou que me amava...

– Sempre me falaram que eu tinha talento pra ser ator... – Ele abriu um sorriso ‘’humilde’’ e encarou o chão, colocando os óculos escuros que estavam presos a sua gola V azul da camiseta. – Entretanto devo admitir que nem tudo foi mentira. – Ele voltou a me encarar, mas agora não podia decifrar seu olhar já que os óculos de marca os cobriam.

– E o que seria verdade nesse mar de horror? A sua vontade de acabar comigo por um acidente? A sua vontade de acabar com Michael e Keaton porque eles nos defendiam de você num país totalmente estranho? – Cuspia palavras e tentava segurar lágrimas, não mais de ódio mas sim de remorso, eu me deixei levar por um crápula como o Zackary, eu deixei ele me iludir como se eu fosse uma menininha inocente.

– Infelizmente eu realmente te amei, Laura. Você pode não acreditar mas realmente eu o fiz, e eu não sei pelo o que eu me martírio mais... por ter sido subestimado a algum adolescente ridículo ou por ter me apaixonado por uma tola! – No final ele cuspia as palavras como se sentisse nojo de mim, mas eu sabia que no fundo ele sentia nojo do nosso passado, e não do passado de quando, recentemente, éramos um casal.

– Você lembra, Laura? - Zack indagou-me com um ar de superioridade.

FLASHBACK

Flórida, sol, tudo de bom... O que mais eu poderia pedir? Flórida com a minha irmã mais velha e sozinhas... tudo bem que já estamos aqui há um tempo e conhecemos vários rapazes (todos babando pela minha irmã, como sempre), mas tem um que me encantou... pena que ele só dava atenção para a minha irmã. O nome dele era Zackary, era aquele cara que você olha e pensa ‘’faria tudo por ele’’, e eu fiz.

FIM DO FLASH BACK

– Eu realmente me emociono em lembrar dessas histórias – riu Zackary – Não concorda Travis?

Travis que estava encostado em um canto do moquifo, denominado de cativeiro, com sua tradicional roupa preta, abriu um sorriso e se aproximou de nós.

– Eu lembro disso, e no final quem se ferrou fui eu, só como sempre, mas eu lembro de tudo meus caros – Travis se aproximou do meu rosto machucado, por causa do tapa que levara do mesmo mais cedo, e ‘’acariciou’’ minhas bochechas rosadas pela, provavelmente, febre que eu estava – e eu nunca irei me esquecer da nossa cumplicidade, minha querida. Como era o nome do nosso grupo mesmo?

Ao longe ouvi uma voz familiar que não estava lá antes e que gelou me corpo por inteiro, desde a minha unha do pé até ao topo da minha espinha.

– Os Matadores...

FLASHBACK

Eu era extremamente apaixonada por Zackary Elyk, pena que ele só dava atenção para a minha irmã. Enquanto Zackary não me dava atenção, Keaton me fazia esse favor, e aos poucos realmente comecei a gostar dele, mas nada superava Elyk.

– Laura, por que você ta sentada ai? Vamos logo! – Senti um garoto alguns 3 centímetros mais alto que eu me puxando, Keaton. – Para de pensar no Zack, ok? Sua irmã e ele já estão no quarto há muito tempo, Michael não consegue se aquietar um minuto...

Keaton, californiano loiro que tinha uma aptidão pra música, fitava o irmão que estava na mesa, desconcentrado demais olhando para o relógio. Algo me incomodava, era o diabo falando comigo, (não tirava minha irmã e o meu amor, na época, da cabeça). Óbvio que não literalmente, mas a minha ideia foi diabólica e para isso eu requisitava do filho do diabo para po-la em prática, Travis Magonil, ou, o Filho do Diabo.

Mandei uma rápida mensagem e pedi licença para os garotos, falando que estava exausta para continuar no restaurante e falei que iria subir para o quarto (o restaurante era no hotel no qual estávamos hospedados). Subi a escada de incêndio por saber que Travis estaria me esperando lá, e ao ouvir meu plano seu sorriso maligno abriu.

Fizemos o possível para acabar o relacionamento dois dois, até juntamos sem querer Michael e Alice, mas entre tantas indas e vindas Travis e eu descuidamos do mais importante: A mercadoria.

Ela foi extraviada de nós e com isso tivemos séries de complicações, como Travis indo para a cadeia e eu voltando para o Brasil, e o Elyk nos seguindo eternamente pois o devíamos muito dinheiro, e vingança, e acima de tudo: havíamos estragado tudo entre ele e Alice, mas eu havia conseguido ficar com ele e fazer certas coisas também, sim, eu era somente uma jovem com menos de 15 anos. Desde esses erros Elyk nos casa e precisamos passar na frente de todos uma imagem de inimigos, mas no fundo éramos amigos (eu e o Travis pelo menos), entretanto ninguém nunca soube, nem menos Zackary Elyk e esse sentimento foi se trocando pelo o que fingíamos sentir: ódio.

FIM DO FLASHBACK

A figura loira se adentrou no galpão e minhas falas sumiram, meu suor surgiu e Travis notou meu espanto, mas eu deveria saber, ele com certeza é capaz de matar,furtar e explodir, mas nunca me faria um mal como aquele que eu achei que ele tinha feito...talvez.

A pessoa em questão estava toda coberta, mas sabia-se que ela era aquela pessoa, principalmente se tirasse os óculos escuros e o sobretudo bege que usava(nem trazia suspeita usar um casaco europeu num calor carioca, magina). O tal individuo sentou do meu lado e eu congelei, aquilo era surreal, eu só queria gritar, gritar por Keaton.

Ela tirou seus óculos escuros e o sobretudo, estava pálida e usava uma roupa curta (bem estilo carioca mesmo), me olha e disse com uma voz afetada:

– E os mortos retornam...