Help - Interativa escrita por Anne H


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Oioi!
Como foram esses últimos dias pra você??
Aaaah, pra mim foram bons :) Consegui ir para a escola todos os dias (não que eu esteja feliz por isso, mas né)
Eu quero agradecer infinitamente à todos que me desejaram melhoras! Se dependesse de vocês, tenho certeza que já estava curada hahaahah

Ah, eu curti o novo Nyah! .0. amei as atualizações com ícones!

Pequena mudança: acho que ficou um pouco confusa a questão do tempo da fic, portanto, comecei a colocar no topo dos capítulos o dia no qual a história está se passando.

É isso...
Aqui vai mais um pouco do Logan... Foi mal hahaha, o próximo vão ter outros POV's ok?



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DIA 1

– S... s... socorro – Minha voz estava aos poucos falhando.

Quanto tempo havíamos passado lá? Segundos? Minutos? Horas? A floresta era tão fechada que impedia os raios de sol de serem vistos. Mas agora, pouco importava o tempo.

Charlie não se movia. Sua pele morena agora estava pálida e acinzentada, com grandes marcas arrochadas e feridas. A respiração era fraca, e a pulsação era quase imperceptível. Quem a visse naquele estado, lhe daria como morta.

Minha perna parecia ter dobrado de tamanho. Estava vermelha e doía ao toque. Alguns insetos que rastejavam pelo solo subiam em nós, e alguns quase entraram pelo curativo, porém, eu os impedi.

Para melhorar a nossa situação, havia começado a chover. Gotas grossas e pesadas de água. O que fizemos para merecer isso?

Recostei-me e deixei que a chuva encharcasse meu cabelo e rosto. Pus meu casaco em Charlie, e acomodei-a sentada no meio de um arbusto de folhas grossas, para que não pegasse um eventual resfriado. Isto é, se saíssemos dali.

Voltei-me até o tronco onde me encostava antes, e olhei ao meu redor. Mato. Mato era a única coisa que se via. Tudo era verde. Nada tinha flor. Nenhuma borboleta dançava na paisagem. Nenhuma abelha picando babacas que tentam agarrá-las. Nada. Tudo era verde.

Os pingos que caiam acertavam minha cabeça, e iam tracejando seu caminho até meu queixo, da onde caíam e desapareciam em minha camisa molhava. A frustração era tamanha, que perceber o caminho d’água era o que me parecia mais útil. Aquilo me irritava profundamente.

Olhei para Charlie, e percebi que meu abrigo improvisado não adiantara em nada. A coitada estava se molhando aos poucos, e não havia mais nada que eu pudesse fazer.

Ser capitão do time de futebol americano significava sempre ter uma estratégia; guiar o grupo. Agora lá estava eu: o idiota da perna zoada, estupidamente sentado debaixo de uma arvore ridícula. Nos jogos, eu era quem salvava o time, quem ajudava todos. Irônico o quanto eu preciso de ajuda agora.

Sam sempre ia me assistir.

Como será que estava ela? Ah, Sam. Ela ficaria triste se esse fosse meu fim. E se eu sobrevivesse? E se nós nos reencontrássemos?

Talvez o copo não estivesse meio vazio. Qual poderia ser o lado positivo daquilo? Talvez pudesse ajudar em algo.

Segurei um das pontas do esparadrapo que grudava minha pele à gaze. Num puxão, tirei o curativo ensopado, e encontrei a ferida mais bizarra que já vira na vida: o pus transbordava e escorria do vermelho vivo em que se encontrava minha carne. Amarelo encobria algumas partes mais fundas, e o sangue parecia mais aguado que o normal. “Está chovendo, cabeção!”, pensei. Mas não era isso. Não parecia... denso...

Olhei para o caminho por onde seguiria, e vi uma planta de folhas curvas, onde a água se acumulava. Arrastei-me até lá e arranquei um par destas. A volta ao tronco era mais difícil: precisava das mãos para segurar as folhas, portanto, apenas o que me restavam eram as pernas. Tentei ignorar a dor por alguns instantes, mas era quase inevitável. Cada vez que minha pele batia contra o chão e minha ferida se enchia de terra, a dor era quase como um choque que se prolongava. Agora, ela formigava, e eu ainda estava na metade do caminho.

“Mais dez passos” agora não se atribuía à minha situação, mas eu não estava tão longe. Não era tão difícil assim, era? Em umas vinte rastejadas, eu já estava de volta.

Virei-me à Charlie e a fiz beber um pouco de água. A ultima coisa que eu queria nesse instante era que a menina desmaia tivesse sede.

Coloquei seu “copo” equilibrado no arbusto para que reenchesse. Peguei o meu e despejei um pouco em minha ferida. Argh, aquilo ardia. Coloquei um pouco mais, e a terra começara a sair. Quando fui derramar pela terceira vez, já não havia mais nada lá dentro. Posicionei minha folha no arbusto e troquei pela de Charlie, fazendo-a beber um pouco mais.

E assim fui, revezando os copos, pensando que aquela situação poderia se prolongar por horas... dias, talvez.

Uma vez ou outra gritava um pedido de socorro, mas sempre era em vão.

Depois de algum tempo, minha perna estava limpa e Charlie, provavelmente hidratada. Precisava cobrir meu ferimento, portanto peguei umas folhas e tentei trançá-las como um curativo.

Ok, aquilo era realmente difícil. As folhas, cada vez mais, iam se sujando com meu sangue, e eu as deixava de lado, substituindo-as. Selecionei uma folha maior e duas raízes de plantas, e tentei enroscá-las umas nas outras. Pelo lado bom, estava parando de chover. Estava quase dando certo, só precisava de mais alguns minutos, mas então, escutei um farfalhar à alguns metros, e pressenti que não era algo bom.

Precisei largar minha quase obra da medicina e me esgueirar junto de Charlie no pequeno arbusto. Tentei ajeitar as folhas de maneira com que cobrissem-nos ao máximo, e acho que fiz um bom trabalho.

Alonguei o pescoço, de modo que conseguisse espiar por uma fresta, a cena que seguia. Não enxergava nada. Só podia ouvir passos e fungadas. Estávamos mortos. Devia ser um animal feroz. Devia ser o nosso fim.

As ataduras ensanguentadas! Havia esquecido completamente. O animal devia estar cheirando-as. Agora rastrearia meu cheiro e nos atacaria.

O barulho estava aumentando. A criatura estava se aproximando.

Segurei a respiração quando o arbusto começou a chacoalhar e... ele havia colocado a cabeça para dentro.

Espere... ele não era nenhum monstro... na verdade, parecia um coelhinho! Ok, ninguém JAMAIS poderá saber que eu tive medo de um bicho que parece um coelho. Nunca.

Estendi as mãos e peguei o animal, que não reagiu. Ele tinha o pelo acinzentado e nariz levemente comprido. Suas orelhas grandes e as minúsculas patas eram peladas.

– Oi, amiguinho. – Eu disse, acariciando o topo de sua cabeça – Você quase me matou do coração, sabia? Nunca mais faça isso.

Ele fazia barulhos engraçadinhos, como um rato, e coçava o nariz com as patas dianteiras.

– Vou te chamar de Peste. Por que? Bem, porque eu não faço idéia do tanto de doenças que você pode estar me transmitindo agora mesmo.

Nesse momento, ouvi as plantas farfalhando novamente, e, dessa vez, os passos eram mais pesados.

Os ruídos iam aumentando com o tempo. Não parecia ser apenas um animal, mas sim, um grupo. Coloquei Peste delicadamente no chão, mas ele também parecia apavorado demais para se mexer.

Fechei os olhos enquanto tentava me acalmar. Precisava ficar quieto. Nenhum movimento, nenhuma palavra. As ataduras já eram muito chamativas.

Foi então que Charlie – ainda desacordada – começou a arfar e respirar alto, movendo braços e pernas. Tentei segurá-la, mas o quanto mais eu amenizava seus movimentos, mais alta era sua respiração.

Podia ouvir os animais se aproximando. Peste sumira de vista após correr para longe. Os passos estavam próximos demais quando... pararam.

Deixei um suspiro escapar, e Charlie parecia ter se acalmado.

Estava errado.

A entrada do arbusto havia começado a chacoalhar, e eu soube: Aquele era o meu fim, e o de Charlie também.


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Notas finais do capítulo

Nem toda a morte precisa de sangue, certo?
Muhahaha

O que achou? c: