Ela era uma garota de poucas palavras, sempre de cara fechada, nunca ninguém viu um sorriso em seu rosto. Por quê? Essa era a pergunta que muitos que a viam faziam, ou para si mesmo ou para os outros, isso não importava.

Analu era uma garota de cabelos e olhos pretos, pele tão alva quanto a neve. Ela vivia num país em que tinha bastante sol durante o verão, e fazia um frio detestável durante o inverno. Falta de sol não seria um motivo a questionar pela branquidão dela, afinal, segundo muitos, a morena está sempre praticando esportes, apesar de que a grande maioria das pessoas da escola nunca ter visto Analu praticando esportes.

Analu tem esse jeito marrento de encarar a vida, mas, por dentro, é uma garota meiga e frágil. Ninguém conhece seu passado, e por isso, a julgam anti-social. Aparentemente, antigamente ela era uma garota carinhosa que vivia enxergando a vida toda nas mais variadas cores e tons vibrantes, mas, após um acidente que teve no ginasial, esta perdeu totalmente essa vontade de sorrir e se divertir.

Algumas pessoas da classe dela já perguntaram para Kouichi, um vizinho e grande amigo da nossa protagonista sobre o porquê de ela ser desse jeito, mas ele prefere não contar. Ele usa sempre a mesma desculpa:

“Se ela que é ela não conta, então, eu acho que também não direi. Pode ser que ela não se sinta à vontade de revelar o que ocorreu há alguns anos atrás. Então, não me pergunte sobre isso, pois jamais direi, contra a vontade da Analu!”

As pessoas cogitavam a ideia de perguntar sobre o passado de Analu ao Kouichi mais fácil pelo simples fato de ele ser popular, e, por isso, seria mais simples e fácil chegar até ele. Mas, quando perguntavam, deixavam de se iludir e percebiam que talvez nunca fossem descobrir sobre o passado da menina mais sombria da escola.

E começa mais um dia de primavera. Entediante, segundo Analu. Ela estava no caminho para a escola, com a cara fechada como sempre, quando presenciara um acidente de trânsito. Vocês devem estar imaginando que ela achou aquilo o cúmulo da chatice, e que estria com uma feição de tédio, ou até mesmo inexpressiva, mas, se pensaram isto, estão enganados, na verdade, muito enganados. Ela agachou-se no chão, e, levando aos mãos até a cabeça, começou a sussurrar para si mesma:

– Não! Não! Não! – e ficou a pronunciar em voz baixa aquelas mesmas palavras várias e várias vezes.

De repente, vem chegando ao longe um amigo seu que fez parte de sua pacífica infância. Sim, é ele mesmo, o Kouichi. Vendo o jeito como a amiga estava, Kouichi rapidamente corre até sua direção, agachando também para ajudá-la a se reerguer.

– Hey, o que aconteceu?

– Não! Não! Não!... – Analu não conseguira ouvir as palavras do amigo, que logo voltou a chamá-la, só que, desta vez, sacudindo um pouco o ombro direito da jovem de cabelos pretos.

– Analu!

– O-O que? – esta finalmente despertara.

– Vamos para a escola? Não se preocupe com isso.

– S-Sim... – falou ainda atordoada.

E seguiram rumando a escola. Ao chegarem à sala de aula, todos ficaram espantados. Sabiam que eles eram próximos, mas nunca imaginaram que tanto Analu quanto Kouichi fossem juntos para a escola. Isso rendeu olhares, e também, algumas fofocas, por parte das admiradoras do belo rapaz. Analu sentou-se em seu lugar, ficou observando os alunos que chegavam à escola, para logo se perder em seus devaneios e demasiados pensamentos. De repente, lembrou-se de algo que jamais deveria vir a acontecer. Kouichi, que até então estava jogando conversa fora com os amigos, percebera a expressão da amiga e vizinha e foi até lá, a fim de reconfortá-la:

– Não se preocupe, ele vai sair dessa. – falou baixinho próximo da Analu.

Lentamente, Analu deixou que seus pensamentos se dissipassem e levou seu olhar até os olhos do grande amigo.