– Não tem problema, pode ficar. Isabella, não é?
– Bella. Tudo bem então. – disse me sentando na outra cama do lado e abrindo um dos meus livros da minha serie favorita: A mediadora. Era o quinto, Assombrado.
– Gosta de livros de fantasmas?
– Gosto. São intrigantes. E você?
– Também. Minha serie favorita é essa também.
– Que legal! – disse me virando para começar a ler
Ele fechou os olhos novamente e fiquei me perguntando se deveria puxar assunto ou se era só eu que estava me sentindo desconfortável. Enquanto pensava, ele disse numa voz meio monótona:
– Está feliz de estar aqui?
– Na verdade, essa praia me traz memórias muito boas, mas também me faz lembrar da minha mãe.
– Ela morreu?
– Sim. E essa foi a ultima praia que ela esteve. Se você não se importa, não gostaria de falar sobre isso; foi há um ano mais parece recente para mim.
– Sem problema. Eu também perdi meu pai.
– Meus pêsames. – eu disse com uma pontinha de curiosidade, mas não perguntei nada, pois pensei que seria doloroso para ele falar disso como era para mim.
– Também não gosto de falar sobre isso, mas já faz dois anos. Eu te entendo, apesar de tudo. Com um ano eu também sentia que tinha sido muito recente.
E então ele fechou os olhos e falou docemente:
– Sabe, Bella? Desde que te vi na frente do estacionamento eu... Eu queria saber mais sobre você. Por enquanto percebi que eu e você temos muita coisa em comum. Gosto de livros e de camas. –acrescentou com um risinho a ultima frase.
– Uma coisa não temos em comum: eu sou feia e você não. – deixei escapar sem querer, mas não podia deixar ele falar que queria me conhecer melhor sem levar o troco.
– Por mais que não ache, – disse ele com uma cara um tanto perplexa – você não é feia. Só é tímida. Por exemplo, por que ficou de canga na praia enquanto sua irmã e a Rose estavam de biquíni?
– Não gosto de mostrar meu corpo. E tinha um grupo de garotos me olhando. Alice estava de biquíni para conquistar Jasper e Rose para conquistar Emmett. Eu não tinha para quem me mostrar, então...
– Podia ter se mostrado para mim. – disse ele com obviedade na voz.
– Não, obrigada– e me virei para o livro.Por que eu disse aquilo?
– Sério, adoraria ver você de biquíni. Você é muito... – sorte de ele ter pensado nas palavras certas. Talvez meu olhar fatal tenha ajudado na idéia – linda. Não precisa ter vergonha de si mesma.
– Obrigada, mas dispenso esse tipo de conselho. –O que eu estava fazendo?
Nessa hora ele olhou no celular que vibrava na mesinha e disse que todos iam jantar fora e estavam convidando-nos para ir também. Eu disse que não, estava muito cansada. Infelizmente, Edward também recusou. Eu não estava muito a fim de ouvir elogios sobre mim mesma então era melhor ele calar a boca.
– Vamos sair? – perguntou ele ao desligar o telefone, achando que eu o incluíra em meus planos. Isso me fez pensar. Essa noite eu poderia ir ate um quiosque de petiscos. Isso.
– Você eu não sei, mas eu também vou comer fora. Vou até um quiosque de petiscos. Sozinha.
– Não – numa voz dura de mais disse ele.
– Como é que é? Eu não vou sair sozinha porque VOCÊ não quer? Faça me rir! –eu disse dando uns risinhos e pondo a mão na barriga.
– Isso mesmo. Você mesma disse que tinha um bando de garotos perto de você te olhando e se é um quiosque amarelo com cadeiras azuis, eles estavam lá quando eu subi e provavelmente ainda estão lá. Bebendo. E você não vai ser vista sozinha por eles.
Gargalhei de verdade. Ele estava parecendo meu pai!
– Estou falando serio. Se você não quer comer a comida do hotel, eu desço e pego algo pra a gente comer aqui mesmo. Mas você não sai do quarto sozinha.
Aaah! Ele não sabia com quem estava lidando.
– Está bem – eu disse – você pode ir até o mercadinho da cidade e comprar Cup Noodles para a gente comer aqui mesmo – disse repetindo o que ele tinha falado, mas com um pouquinho mais de sarcasmo
– Certo. NÃO saia daqui. Já volto – e saiu do quarto.
Contei até 120 e desci atrás dele. Parei na porta do hotel para garantir que ele já tinha ido e fui até o quiosque.