O sol estava quase se pondo em um mar azul que varria a costa do distrito 4. Um garoto resmungando estava sentado na areia, fazendo desenhos com a ponta dos dedos, enquanto um homem bem mais velho jogava redes na água e puxava vários peixes. Ambos eram bronzeados, o garoto bem menos, e tinham cabelos ligeiramente dourados. 

- Podemos ir agora? - Perguntou o menino, parando de desenhar e olhando ansioso para o pai, que já ia saindo da água, com várias redes cheias nas costas. 

- Vamos então Finnick. Já que você quer tanto - O homem deu de ombros e entrou em uma trilha para sair da praia, mas logo parou e olhou para traz - Não vem?

- Acho que vou ficar mais um pouco - E embora respondesse o pai, o olhar do garoto se mantinha em um ponto á esquerda, onde uma garota entrava no mar. Mesmo distante, dava para se reparar que ela tinha cabelos negros e ondulados.

Depois de alguns segundos observando o filho, o homem continuou sua caminhada, deixando o menino sentado sozinho na areia, com os olhos fixos na menina. Só mais alguns segundos... Alguns segundos... E ele disparou pela areia, enquanto gritos sufocados eram ouvidos do meio das ondas. Sim, ela estava se afogando, e Finnick queria ajudar, mesmo só tendo dez anos e... Bem, não sendo o mais forte do distrito. 

E em pouco tempo, o garoto já arrastava ela de uma maneira cuidadosa pela areia. A menina tossiu e lançou um olhar assustado ao seu redor. Talvez não esperasse ser salva. Quem sabe? Quando seus olhos se fixaram na figura parada ali a sua frente, sorrindo, ela só se deu ao trabalho de se sentar e se afastar de um modo grosseiro. Grosseiro não. Não seria a palavra adequada para o modo como ela fez tal ação. 

- Você estava se afogando - Disse Finnick, com a voz lenta e calma, e a única coisa que recebeu foi um ligeiro aceno de concordância com a cabeça - Qual é seu nome? - Ele tinha quase certeza de que não iria haver resposta.

- As ondas do mar - A garota sorriu e olhou para o horizonte  Totalmente desorientada. Ou quem sabe só estivesse brincando com a cara do seu salvador.
- Ah, sim. As ondas do mar. Elas estavam te levando embora! - Ele ficou observando-a, curioso, sem saber mais o que falar. Realmente muito bonita. Muito mesmo. Olhos verdes e pele clara. Era diferente das outras garotas que ele conhecia.
- Me chamo Annie. Annie Cresta e... - Ela recomeçou a tossir, e em um momento quase de pânico, a única coisa que ele fez foi abraçá-la carinhosamente. Por que? Ninguém sabe. Emoções mais fortes, acho. 

A partir de agora, seriam eles... Amigos?