Sarah escrita por AnaCarol


Capítulo 20
Na casa abandonada


Notas iniciais do capítulo

"I find shelter / in this way" (Shelter - Birdy)



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Tranquilizada pelas luzes apagadas e pela ausência de sinais de movimento por perto, eu a solto encostada contra a parede e caminho sorrateiramente menos vinte passos. Espero ter contado errado, ou mais provavelmente, ter a passada maior que a de Mary Ann.

Chego até uma casa abandonada recentemente, onde o jardim ainda está bem cuidado e as janelas e paredes ainda estão inteiras. Esgueiro-me até as janelas dos lados da casa, mas não acho nada: nem móveis, nem ninguém.

Estou prestes a voltar para o Orfanato quando um toque quente alcança minha costela. Estremeço com o susto e me viro em um pulo. Mary Ann sorri para mim.

-Oi, Alex. – Ela diz, casualmente.

Acabo sorrindo de volta.

Eu volto para pegar o corpo da mulher, mas para minha surpresa ele não está mais lá. Corro mais uma vez até a casa onde encontrei Mary Ann e mando-a entrar, já a arrastando para dentro.

-Oh, Lucy o que fizeram com você? –Ouve-se uma voz feminina, vinda do orfanato. – Conseguiu pegar a fujona?

-A bastarda conseguiu ajuda... – A provável Lucy geme. Não deixo de sentir uma pontada com a menção de ‘bastarda’. – De duas loucas faveladas.

Ai?!

-Fiquei tão preocupada com você! – A outra exclama. – Não se preocupe, ela sempre volta.

-Comida é que ela não vai conseguir sozinha, mesmo. – Lucy concorda.

Mary Ann olha para cima – para mim – desanimada. Continuo pressionando sua cabeça para baixo da janela.

As duas colegas finalmente entram no orfanato, e consigo a chance de tirar informações da criança. Talvez seja isso que me fascina nela: o mistério.

-Quem é Lucy, Mary Ann?

-É uma tia do orfanato.

-Elas cuidam de você?

-Não! – Ela fica brava e bate o pé na madeira. – Elas são más, elas me machucam!

A menina estica a manga de sua camiseta suja e me apresenta cicatrizes por todo seu pequeno braço. Elas são apenas linhas retas paralelas, mas já conto sete delas. Dá para ver que estão em ordem de idade (mais velhas para o cotovelo, mais novas para a mão), se aproximando cada vez mais até seu pulso.

Acaricio seu braço com cuidado e ela começa a chorar, para minha confusão. O que se deve fazer numa situação dessas, afinal? Acabo abraçando-a e mexendo em seus cabelos.

-Seu... Seu cobertor. – Ela estica o objeto para mim, se afastando. Ela tentar conter um soluço. – Obrigada.

Eu assinto e forço um sorriso. Apoio-me contra a parede, embaixo da janela e ela se acomoda em meu colo. Até que, sem dizer nada ela adormece. Eu penso bem sobre ter que ir para a escola no dia seguinte, em como decepcionei Robb hoje de manhã; mas quando olho para baixo e passo alguns fios de cabelo para trás de sua orelha, posso ver a pequena sorrindo.

E é isso que me faz, enfim, fechar os olhos. E acordar com o Sol fraco brilhando pela janela, ela ainda em meu colo, e as horas de aula quase se esgotando.


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