Haviam se passado quatro semanas desde que eu acordei quando o doutor Pitz finalmente disse que eu já tinha condições de sair do quarto.

- Você pode sair, mas só um pouco por dia e não pode sair para o lado de fora do hospital, e você sempre tem que estar com a Carol.

- Sim, senhor Pitz eu já entendi – era a terceira vez que ele me dizia isso.

- Certo, então vamos, eu vou mostrar pra você o hospital – me levantei e ele abriu a porta, finalmente eu poderia sair.

O meu quarto dava para uma grande saguão redondo, no centro havia varias poltronas e sofás, havia vinte e uma portas em volta, cada uma delas tinha um enfeite diferente, algumas tinham palavras escritas de tinta, outras eram pintadas de rosa, a única branca era a minha.

- Você pode ficar aqui em vez de ficar no quarto, mas apenas ate às nove horas da noite, quando as luzes se apagam. – Pitz começou a andar em direção da maior porta do resinto.

Ele me levou por alguns corredores, ate a biblioteca, que na verdade era apenas uma sala com uma estante de livros. Depois ele me levou para ver um pequeno jardim que ficava atrás do hospital e a primeira coisa em que reparei era um grande muro de tijolos cercando tudo, depois de algumas salas, ele me levou ao refeitório.

Era uma sala um pouco maior que a da “biblioteca”, havia seis mesas lá, quatro eram ocupadas por enfermos as outra pelos médicos, era onde Julie estava sentada.

- Você pode se sentar ali – Pitz apontou uma mesa no canto onde tinha apenas uma cadeira vazia, as outras estavam ocupadas por quatro adolescentes que pareciam ter a minha idade.

Caminhei ate a cadeira e perguntei se podia me sentar, eles disseram que sim. Assim que me sentei reparei nas pessoas que estavam na mesa, havia uma menina loira, um menino ruivo, outro com grandes olhos azuis, e outro com o cabelo cor de bronze.

- Anne – a menina loira se esticou por cima da mesa e me comprimento.

- Meggie

- Você é nova por aqui? – ela perguntou. – não me lembro de já ter a visto.

- Aparentemente estou aqui a dois anos  respondi.

- Acabou de acordar? – o menino ruivo falou, e apesar da entonação de pergunta, parecia que ele estava afirmando, por isso apenas fiz que sim com a cabeça.

- E há quanto tempo acordou? – perguntou Anne

- Há um mês, acho – respondi e foi ai que percebi que todos na mesa olhavam para mim.

- Deve ser por isso que nunca havia te visto antes. - Anne olhou para mim e sorriu – que indelicadeza a sua de nem se apresentar – ela deu uma cotovelada no menino ruivo.

- A certo, Charlie – ele sorriu fracamente.

- Michael – o menino de lhos verdes me cumprimentou.

- Andy – o menino com os cabelos cor de bronze acenou com a cabeça.

- Você estão aqui a quanto tempo? – perguntei com uma curiosidade repentina.

- Eu estou há dois anos – Anne respondeu rapidamente - acordada a quatro meses, eu acho, quero disser aqui dentro a gente perde um pouco a noção do tempo.

Quatro meses. Quatro meses! Quanto tempo ela precisava para se recuperar? Ela me parecia bem o suficiente, para ficar ali. Acho que eles perceberam que fiquei assustada.

- Você a assustou Anne – Michael disse, os grandes olhos verdes me encaravam e pareciam genuinamente preocupados.

- Desculpe... Mas é a verdade

- Com licença – uma mulher, usando um avental e empurrando um carrinho de comida parou ao lado da mesa, ela colocou um prato na frente de cada um – Vocês querem suco?

Olhei para o prato tinha uma coisa amarela, acho que devia ser macarrão.

- Quero – respondi, acho que assim seria mais fácil comer aquela coisa.

Comi em silencio, e até que aquela coisa tinha um gosto razoável. Eu podia sentir os olhos de todos em mim e aquilo me deixava envergonhada, passar tanto tempo em um quarto com apenas Carol, Pitz e Julie de companhia tinha me feito esquecer com era ter varias pessoas a minha volta.