Duas semanas se passaram desde que eu acordei e todos os dias eu tinha que repetir os testes que fiz no primeiro dia, ainda não podia sair do quarto mas já conseguia andar da cama para o banheiro e do banheiro pra cama, todos os dias me levavam comida nos horários determinados, todos as tardes a enfermeira, que mais tarde descobri se chamar Carol me fazia companhia, e em duas semanas tudo que eu consegui lembrar foi meu nome.

- Bem senhorita Meggie, vamos tentar novamente, qual é a sua cor favorita? – eu tinha duas seções por semana com uma psicóloga que tentava me ajudar a lembrar de alguma coisa, mais em três seções eu só consegui lembrar meu nome.

- Eu não me lembro. - era a quarta vez que ela me fazia essa pergunta.

- Tente de novo.

- Eu já disse não me lembro. – minha cabeça doía com o esforço de tentar lembrar.

- Você sabe quantos anos tem? – a pergunta me surpreendeu, ate agora não tinha pensado nisso.

Olhei para meu corpo, eu não tinha um espelho no quarto e nem uma janela em que pudesse ver meu reflexo, quantos anos eu tinha?

- 14, 15, 16? Eu não sei! Não consigo me lembrar.

- 14 – a doutora Julie respondeu – você tinha 12, quando entrou no hospital.

Doze anos, eu tinha doze anos quando entrei de coma, eu era tão nova e perdi tantas coisas.

- Bem acho que esta bom por hoje, descanse um pouco e semana que vem a gente tenta de novo, se lembrar de alguma coisa me avise. – Julie se levantou e começou ir em direção à porta.

- Senhora Julie, porque eu não posso sair do quarto? -  essa era uma pergunta persistente em minha mente, e aparentemente a minha pergunta a surpreendeu.

- Ate você se acostumar de novo com as coisas você não pode sair, ter contato assim tão imediatamente pode fazer mal pra você.

Eu percebi que ela não falava a verdade, e isso me deixou assustada, agora mas do que nunca eu queria sair daquele quarto. Bem pelo menos agora eu sabia meu nome e minha idade. À noite Carol veio me trazer a janta, e como sempre ela ficou esperando eu terminar de jantar.

- Carol posso te fazer uma pergunta? – ela me olhou era uma boa pessoa

- É claro que pode. – ela meio que fazia o papel da família que eu não tinha.

- Porque não tem janelas aqui?

Ela riu.

- Me fiz a mesma pergunta a dois anos quando comecei a trabalhar aqui, mas nunca soube a resposta, depois de um tempo você se acostuma.

- Mas sendo um hospital não deveria ter janelas? Para não ter mais doenças? – perguntei

- Aqui não é um hospital normal Meggie, apenas pessoas que sofreram algum tipo de acidente estão aqui, pessoas que assim como você entraram em coma.

Eu não me lembrava desse tipo de hospital, tudo bem me lembrava de nada.

- Atualmente existem 20 pessoas internadas aqui contando com você. - ela esperou para ver se eu falava alguma coisa, mas como não falei continuou – eu vou conversar com o senhor Pitz e ver se consigo convence – ló  a deixar você a sair do quarto.