Eu ouvia pessoas conversando, pareciam distantes, e apesar de ouvi-las não as entendias, eram como zumbidos fracos. Eu queria abrir os olhos, queria me mover para lhes dizer que eu estava ali, que eu as escutava, mas eu não conseguia, era como se algo me impedisse. Aos poucos as vozes sumiram, e eu dormi novamente.

Não sei por quanto tempo dormi, mas quando acordei novamente, não havia mais vozes, e consegui abrir os olhos. Estava em uma sala pequena, tentei me levantar, mas minha cabeça doeu, havia fios presos ao meu corpo que saiam de uma máquina; então percebi onde estava, um quarto de hospital. Tentei me lembrar o porque estava lá, mas tudo o que consegui lembrar foi uma mistura de sons e luzes, na verdade não me lembrava de muita coisa.

Olhei para os lados, se estava em um hospital, talvez alguém tivesse me trazido flores, mas...nada apenas um vaso vazio ao lado da cama, ao lado do vaso um pequeno controle para chamar a enfermeira, me estiquei e apertei o botão vermelho. Alguns segundos depois a enfermeira apareceu, era uma mulher baixinha e rechonchuda, vestida com um vestido branco.

- Veja, a Bela Adormecida acordou! – ela disse sorridente olhando a máquina onde os fios estavam presos.

- O que aconteceu? – essa era uma das inúmeras perguntas que rodopiavam em minha cabeça.

- Vou chamar o médico – ela disse claramente evitando minha pergunta.

Alguns minutos depois um médico apareceu, ele era alto e magro, anotou alguma coisa em uma prancheta que carregava na mão, olhou para mim e sorriu.

- Nunca vi alguém se recuperar tão rápido, é um verdadeiro milagre. – sua voz era grave, mas gentil.

- Recuperar do que?

- Bem senhorita, você acabou de acordar de um coma, entendo que tenha muitas perguntas, mas não podemos te encher de novidades.

Um coma, isso não era muito bom, oque poderia ter acontecido para eu entrar em coma? E porque eu não me lembrava de quase nada?

- Quanto tempo, quanto tempo eu fiquei em coma? – perguntei minha voz falhava

- Mais ou menos dois anos.

DOIS ANOS, eu perdi dois anos de minha vida dormindo! Isso não foi nada legal. O que poderia ter acontecido em dois anos? Onde estava minha família? Se é que eu tinha alguma, como é que eu não me lembrava se eu tinha família? Era bem simples se comparando com o fato de nem lembrar o meu próprio nome. A minha cabeça doía com o esforço de tentar lembrar-se dessas coisas.

O doutor Pitz vez alguns teste comigo para ver como meu organismo estava reagindo.