Sou Meu Pior Pesadelo escrita por Radami


Capítulo 14
Tirando duvidas sem solução alguma ...




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O chão estava molhado.

Espera um pouco. Molhado?

Abro s olhos e vejo então que estou deitada em um gramado cinza.

Há uns 20 metros a minha frente, vejo algumas árvores.

Sento no chão e observo tudo que está a minha frente.

Grama. Árvores. Lápides. Flores murchas.

Todas cinzas.

Me sinto um pouco estranha, logo ergo meus braços na altura dos meus olhos e viro minhas mãos para ver alguma coisa diferente.

Sim. Tem algo sim.

Estou cinza também. Totalmente sem cor.

É como se eu estivesse em um filme preto e branco.

Porém um tanto mais macabro, pois não é todo dia que ficamos sem as nossas cores naturais.

Alguma coisa - no meio de tanto cinza- acaba se destacando e me chamando completamente a atenção.

Alguma coisa vermelha.

Me levanto apressada e me dirijo rapidamente até aquele objeto desconhecido.

Quando chego perto, me jogo no gramado para pegar o que está ali no chão.

Um colar.

Fico decepcionada por ser apenas aquilo. Um colar vermelho e com um formato de uma estrela no pingente.

— Coloque-o. - Uma voz fria e sombria sussurra para mim.

Aflita, olho em volta desesperada procurando o dono desta voz.

Nada. Um frio na espinha percorre todo o meu corpo.

Olho bem para o colar e algo nele – além da cor vermelha – me intriga.

Sem motivo nenhum e sem pensar duas vezes eu o coloco no pescoço.

— Até que ficou bom... – diz alguém atrás de mim.

Nicko! Ele está de pé, logo atrás de mim, sorrindo de canto e me olhando. Suas mãos estão nos bolsos da calça. Acho que apesar de tudo ele não se importava com o fato de ser um garoto cinza de cabelo vermelho.

Não, espere... Cabelo vermelho?

Travo a minha mente por um segundo tentado processar aquilo.

— Seu cabelo... – aponto para ele e falo com um tom de voz que normalmente as pessoas usam para uma frase desse tipo: "Tem uma alface no seu dente", mas no caso dele era "Tem uma cor vermelha chamativa no seu cabelo"

— Ah é... – ele me olha e bagunça seu cabelo mais um pouco. – Eu também achei estranho. - eu o olho de uma maneira que talvez significasse "mas o quê?" - Enquanto estava andando por aqui, achei um espelho estranho e só ai que eu percebi essa bizarrice.

Dou de ombros com a informação e me levanto, ficando logo ao lado dele.

— Estranho esse lugar ser todo cinza. – ele comenta. – Não é? – olho para ele, que estava concentrado observando as árvores mortas.

— Tenho a impressão de que conheço este lugar... – as palavras simplesmente saem da minha boca, sem mais e nem menos.

— Conhece? – Nicko me olha um tanto surpreso, ainda com as mãos nos bolsos da calça.

Faço um sinal positivo com a cabeça e olhamos o que tinha em volta.

Natureza morta resume completamente a descrição do lugar.

Quando volto a olhar para o Nicko, percebo que a única coisa se chama atenção em todo aquele cinza é o colar que uso e seu cabelo.

Mas... Por quê?

Tenho certeza que ficarei com essa dúvida por um longo tempo.

— Vamos? – Nicko chama minha atenção e da um passo pra frente, indicando para seguirmos em frente. Aceno com a cabeça, mas continuo parada. – Damas na frente. – diz ele sorrindo e fazendo um gesto com a mão para que eu vá andando.

Tecnicamente falando, vou na frente, mas Nicko estava no meu lado de qualquer jeito.

Ficamos explorando o que tinha em nosso alcance, pois não conseguíamos seguir muito adiante de algumas coisas

— Incorreto!

Novamente, congelo quase completamente. 

Aquela voz me fazia entrar em pânico, pois era grossa e rude ao mesmo tempo.

Fico encarando as árvores. Vejo Nicko do meu lado. Ele também paralizou.

Nicko engole em seco e diz que deve ter sido a nossa imaginação ou o vento. Concordo e continuamos andando.

O vento que antes estava calmo, fica mais forte.

Por incrível que pareça, só então percebo que estamos com a mesma roupa da sala, pois o vestido parecia que queria sair voando do meu corpo.

Coloco a mão na frente dos olhos para o vento não bater no meu cabelo para atrapalhar minha visão.

Olho para o topo das árvores e está ficando verde novamente!

— Nicko! –chamo-o balançando seu ombro – Olha! – aponto para as árvores.

Ele olha e sorri junto comigo. As árvores estavm balançando e voltando a cor original.

Era um verde bonito, mas não durou muito já logo nossos sorrisos se foram.

Uma coisa escura a liquida começa a cair em cima delas e deixando-as murchas e cinzas novamente.

Quando percebemos que aquilo estava vindo em nossa direção e de forma muito rápida, percebemos que ali não era um bom lugar a se ficar parado.

Nicko pega meu braço e me puxa, logo começo a correr junto com ele.

Durante essa corrida, o vento fica cada vez mais forte. Não parecia normal.

Nicko e eu corremos o máximo que conseguimos.

Como se não bastasse termos dificuldade para correr contra o vento. De repente ele nos separa.

Literalmente.

Como uma pessoa me puxasse para um lado e outra puxasse Nickolas para o outro lado.

Eu fico tentando alcançar a mão dele desesperadamente. E

— Coraaa! – ele grita, tentando chegar perto dos meus dedos.

Tento agarrar a mão dele, porém o vento me leva para o outro lado me distanciando de Nicko.

Perco o folego por um momento.

Sinto que estou sendo arrastada por alguma coisa, mas é impossível!

Não sentia "mãos" me puxando.

Era como se o vácuo se arrastasse para se livrar de mim.

O vulto gosmento e escuro vem na minha direção cada vez mais rápido. Olho para frente e vejo Nicko tentando se mover para me alcançar.

Tento lutar contra aquele "nada", mas nada adianta.

Já fui engolida por aquela escuridão liquida.

Só que o mais estranho é que não acordei em casa desta vez.

Estou na sala novamente, segurando firme um colar desconhecido como se fosse a minha própria vida.


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