My Sweet Hell escrita por Pode me chamar de Cecii


Capítulo 8
Seven - Ain't fun


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem e desculpem a demora... Ja sacaram q o nome dos caps sao musicas? kkkkk poise, procurem pra ouviiiir



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/329998/chapter/8

Dia após dia, a neve parecia aumentar muito. Cassie não conseguia imaginar de onde vinha tanta neve. Fazia tempo desde que a vira pela última vez. O tempo começo a castigar o corpo frágil da garota. Ela não fora feita para aguentar frio tão extremo. Os membros pequeninos estavam sempre encolhidos e os pelos de seu corpo arrepiados, ela sempre tremendo com olhos vermelhos e nariz congestionado.

Derek parecia querer enganá-la e ela percebia. Dia após dia, a quantidade que ele lhe fornecia da erva verde-musgo diminuía quase imperceptivelmente. A situação só piorava.

– Quanto tempo falta para chegarmos? – perguntou enquanto desenterrava a perna para mais um passo sobre a neve. Naquela imensidão branca de gelo seu passatempo favorito vinha sendo irritar Derek.

Ele pareceu pensar um pouco.

– Não sei se posso te dizer...

– Como? – ela indagou, parecendo indignada.

– Você pode calcular onde estamos pelo tempo. – ele parecia se desculpar.

– A gente está perto, pelo menos? – ela arqueou uma sobrancelha.

– Não. – ele disse, frio. Já sabia que aquele seria um dos momentos em que Cassie daria uma de engraçadinha. Eles deram mais alguns passos e, com menos de cinco minutos, ela voltou a se pronunciar.

– E agora? – perguntou enquanto piscava os olhos como uma criança inocente.

– Não, Cassie. – ele suspirou.

– E agora, estamos chegando? – ela esperou um pouco mais de tempo, dessa vez. Derek já pareceu irritado.

– Ainda não. – ele deu apenas um passo.

– E agora?

Um sorriso maroto se formou nos lábios dela enquanto ele se virava, indignado.

– É sério? – perguntou, arqueando uma sobrancelha. Ela assentiu. Ele se virou para a frente e deu mais dois passos. Ela permaneceu parada.

– Derek... Falta muito? - o loiro se recusou a responder. Talveez, se a ignorasse, ela pararia. Era a esperança que tinha, mas sabia que não era verdade. – Derek... Por favoooor... – ela estendeu o som do “o” como uma criança pidona. – Eu juro que não pergunto mais... – ele suspirou.

– Vem. – ordenou e Cassie não teve escolha que não obedecer. Mas não demorou nem um minuto.

– Não vai me dizer se estamos chegando? – até a voz dela, a esse ponto, soava irritante. Quando ele se virou para encara-la, ela sorria, marota. Avançou alguns passos na direção dele e olhou para o horizonte.

– Não.

Ele prosseguiu em sua caminhada e ela apenas o acompanhou silenciosamente. Passaram-se 10 minutos... 30... 1 hora e Cassie não se pronunciou. Ele, ocasionalmente, se virava para garantir que ela estava bem. Foi na metade da segunda hora que ele sentiu a massa gelada atingir suas costas e se virou. A garota ria como uma criança de 8 anos que acabava te fazer uma travessura. Ele levou uma das mãos ao lugar atingido e percebeu se tratar de apenas neve. Revirou os olhos. Ele não sabia se o anjo era realmente tão imaturo ou se apenas simulava para passar o tempo. Ele revirou os olhos. Se sentia um garoto com uma prima mais nova e irritante. Quando estava prestes a se virar, outra bola gelada e macia atingi-lo, dessa vez no pescoço. A morena abafou um risinho. Ele também. Talvez entrando na brincadeira ela parasse.

– Quer brincar? – perguntou em tom desafiador e apanhou sua própria bola de neve. – Ok. – atirou o projétil branco no ar, mas ela se abaixou e desviou facilmente.

– Esse é o seu melhor? – desafiou e riu. – Pft, me pou...

Mas, quando ela abriu a boca para terminar a última palavra, outra bola de neve a atingiu justamente no local. O anjo riu, cuspindo a neve que queimava com o frio e apanhando sua própria bola. Tentou atirar, mas não acertou. Eles passaram dos ou três minutos assim, em uma brincadeira de criança. “Hora de parar, Derek”, ele disse para si mesmo. Ela provavelmente obedeceria, agora. Jogou a última bola e ela se esquivou, aproximando com algo grande nas mãos. Não se sabia como aqueles braços tão pequenos podiam segurar tanta neve.

– Ah, não... Não, não, não, não! – ele começou murmurando, mas seu tom de voz foi aumentando. Ela ria como uma criança, correndo em sua direção. Ele deu dois passos para trás e começou a correr também.

– Segura isso, garotão! – anunciou enquanto atirava a bola na direção dele, derrubando-o. No entanto, ela não conseguiu parar de correr e se tropeçou em seu pé, seu corpo caindo sobre o dele. Ela riu, mas ele apenas a encarou. Era incrível o quanto um demônio podia parecer lindo. Quando ela desceu os olhos para os dele, ele afastou uma mecha que desprendia do coque frouxo. Ela sorriu de leve, corando, e se levantou. – Vamos andando. – disse, para a felicidade do humano. No entanto, ele estremeceu quando o contato entre os dois (mesmo debaixo de agasalhos) foi quebrado.

– Claro. – tomou a frente, mas então olhou para os lados, confuso. Não deu nenhum passo. Em todas as direções, havia apenas uma imensidão branca. Sem sinal das marcas que ele mesmo fizera para encontrar o caminho para casa.

– O que foi, Garotão? – ela perguntou, sarcástica. – Está perdido?

De repente, Cassie não parecia mais tão inocente.

***

Depois de alguma caminhada em todas as direções, Derek finalmente voltou para o local onde havia deixado Cassie esperando.

– Estamos perdidos. – ele anunciou enquanto ela subia os olhos das unhas que pareciam ser muito mais interessantes do que a fala. Mas seus lábios se moveram de leve para cima em um sorriso de satisfação.

– Que pena... – murmurou, cínica. – Estava tão ansiosa para conhecer a tal colônia de humanos que iriam querer arrancar meu couro.

Ele nem podia acreditar. Como havia sido tão bobo? A garota era ardilosa. Sabia bem conquistar seus objetivos. Já ela, sentia-se satisfeita. Não podia fugir, mas podia fazer o bastante para manter-se longe da colônia humana.

Permaneceu sentada na neve fofa apreciando a expressão preocupada que tomara o rosto de Derek.

– Você não entende, não é? – perguntou. Ela não respondeu. – Sem colônia, sem comida. Sem água potável. Sem abrigo. Sem fogo.

– Sei caçar. – ela deu de ombros.

– Sem chance. – ele não olhou para ela, apenas disse como se fosse óbvio.

– Podemos voltar, então. – sugeriu, mas nem mesmo uma resposta lhe foi dirigida. Para ela, uma pena. – Sou independente da colônia. Na verdade, só dependo de você e, por mais que eu sofra, entre em coma, seja torturada ou seja lá o que me acontecer, não morro, só preciso esperar você morrer. – riu como se aquilo fosse uma piada particular entre os dois, mas era apenas humor negro, claro e direto. Ele tomou uma expressão ainda mais rígida.

– Aí você morre também. – deduziu. – Você agora é um parasita que depende da minha vida pra manter a própria. – cuspiu as palavras.

Internamente, Cassie as recebeu como um tapa, mas sua expressão permaneceu inalterada. Ela precisava blefar. Era boa nisso e sabia que Derek não detectaria a mentira.

– Fazer o quê – deu de ombros. – se você é mal informado. Sabe como é, você morre, eu estou livre.

O coração dele acelerou. Precisava de um contra-argumento. Mas nada lhe vinha à cabeça, apenas a raiva. Raiva dela por tê-lo manipulado, raiva dos demônios em geral por fazer daquela situação possível, raiva de si mesmo por ter caído em um golpe tão estúpido.

– E você acha que eu sou um problema. A verdade é que você é o fardo aqui. Eu a largaria no meio do nada, realmente, pra sofrer pela eternidade afundada na neve, se não tivesse gente precisando de você. E sabe o pior? Você já teve a chance de permanecer do “lado certo”, mas não a quis porque é burra e imatura. Não sabe carregar um fardo nas costas. É covarde.

Ela não sabia por que, mas aquilo a machucou. A verdade era que o passado de Cassie era um borrão negro. Ela se lembrava de uma vida, na terra, mas aquilo deveria ser impossível. Humanos jamais se tornavam anjos e todos sabiam disso. Alguma parte de um passado remoto, antes da vida na terra, foi tocada quando ele falou sobre carregar um fardo. Ela já havia carregado algo por alguém? Não sabia.

– 300 metros ao sul, mais ou menos. – suspirou e se levantou, passando as mãos sobre o sobretudo para retirar a neve da roupa. Inspirou fundo e olhou para um Derek pasmo, esperando. – Vai na frente.

Ele não questionou. 300 metros adiante, ele viu, ao longe, o tal marco. Nenhuma palavra foi dita, mas os pensamentos de ambos voaram. Ele lembrou-se da colônia. O fardo que tinha, a responsabilidade de levar algo que lhes desse esperança. Ela pensou nas noites anteriores e nos sonhos que andara tendo. Pensou na responsabilidade dele e na responsabilidade da própria, comparando-as. Ela viera em missão em nome dos caídos, mas não era a única. Imaginou se aquilo poderia ser considerado um fardo. Cassie considerava a própria missão extremamente nobre. Ajudar os humanos a abrir os olhos... Algo delicado, demorado e com poucas chances de dar certo. Era estranho, mas, por melhores que fossem suas intenções, os humanos tinham uma imagem equivocada (criada pelos puros) dos caídos. E, por mais que seu objetivo fosse ajudar a sociedade humana restante, ela jamais seria admirada e respeitada como Derek deveria ser. Por fim, entregou-se. Tudo o que ela queria era um fardo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "My Sweet Hell" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.