A Filha Dos Mundos escrita por Devill666


Capítulo 24
Omnirion




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O dia estava fantástico para viajar. Não havia muito sol, pelo que não estava demasiado quente. Corria uma suave brisa que fazia dançar as folhas das árvores ao som de uma serena e melodiosa música que elas próprias entroavam. Por vezes, um pássaro sobrevoava as suas cabeças ou uma borboleta pousava nos seus cabelos. Ao longe podia ouvir-se o som da água a correr. Era o som do Enyel, o Grande Rio que nascia nas grandes montanhas de Brumívium, cobertas de árvores de folhas verde molhado e banhadas por brumas, que percorria toda a floresta de Caladmiron e desaguava no mar.

Caminhara todo o dia, parando apenas para comer. A meio da tarde, Kagura conduziu-a novamente para a estrada. Era uma estrada de pedrinhas claras que abria caminho suavemente por entre as árvores. Era bastante larga, o suficiente para que duas carroças passassem ao mesmo tempo.

Atrevessaram uma lindíssima ponte de pedra branca que passava por cima do Enyel. As águas estavam calmas e límpidas que se podia ver claramente o fundo do leito em que corriam. Beberam um pouco da fresca água e molharam o rosto. Kagura disse-lhe que se acreditava que aquelas águas curavam os grandes males e aliviavam todos os cansaços, mesmo aqueles que perduravam desde que se tinha memória de ser.

Quando o dia começava a findar, avistaram as primeiras casas. Umas mais pequenas, outras maiores, mas todas elas de madeira, com janelinhas quadrangulares e repletas de plantas que Saya nunca tinha visto e das quais não sabia o nome. Algumas das casas tinham pequenas hortas, bem cuidadas e apinhadas de legumes. Às vezes, alguém que se encontrava à porta cumprimentava-as com uma palavra alegre e simpática. Ao longe, por entre o cume das altas árvores, podia vislumbrar-se o topo de uma torre de pedra branca.

À medida que caminhavam, encontravam mais casas e as árvores eram cada vez mais raras. Agora, algumas casas eram de pedra branca e madeira e, quanto mais caminhavam, menos casas de madeira viam e mais eram as de pedra. Finalmente chegaram a uma grande clareira, tão grande que não se via onde terminava. Estava salpicada de altas árvores e repleta de casas de pedra branca enfeitadas com diversas plantas e flores multicolores, e nela erguia-se um grande castelo, da mesma pedra extramamente branca e clara, com magníficos enfeites de ouro e por onde trepavam, aqui e acolá, verdíssimas trepadeiras. Chamavam-lhe o Palácio do Ouro e do Verde. Era um lugar lindíssimo, cheio de maravilhosos detalhes e pormenores, talvez ainda mais belo que Aquilad. E àquela hora em que o sol se punha num clarão vermelho, as pedras ficavam vermelhas e brancas.

- Bem vinda a Omnirion - disse Kagura, e depois com um sorriso - Bem vinda a casa.

Percorreram as branca ruas em silêncio. Nas janelas, nas portas e nas varandas, as pessoas olhavam-nas. Algumas riam da cara de espanto e admiração que Saya fazia sempre que virava a cabeça para um dos lados. Outras corriam a chamar a família, os amigos, os vizinhos. E todos murmuravam entre si « Ela chegou».

Youkais, Fadas e Elfos esperavam-nas na entrada do castelo. Damas com esvoaçantes e delicados vestidos, guardas trajando de verde escuro com uma árvore bordada a ouro coroada por um sol igualmente bordado a ouro, youkais com sumptuosos fatos de diversas cores... E entre eles estava o Kai, calmo, sereno e altivo.

Pararam em frente daquela pequena multidão. Um youkai alto, de longos cabelos louros e vestido de branco e verde avançou para elas. Um pajem acompanhou-o. Trazia nas mãos uma almofada com uma discreta, mas finamente trabalhada, coroa de ouro que tinha apenas incrustados na frente três perfeitos diamantes, um grande ladeado por dois mais pequenos.

- Bem vinda, Saya, filha dos Mundos - disse o youkai vestido de branco e verde - Há muito que esperavamos impacientes a tua chegada. Neste dia em que finalmente chegas, tenho apenas a lamentar que não venhas só. Pois também o último filhos dos Elementos despertou e a sua sombra já começou a encobrir as Terras da Luz - ergeu o olhar para o povo de Omnirion que entretanto se tinha concentrado atrás dela - Mas hoje é um dia de alegria, pois voltaremos a ter uma rainha. E assim, aqui e agora, eu Raiden, abandono agradecidamente o cargo de regente que nos últimos anos repousou sobre os meus ombros.

Virou-se para o pajem e retirou a coroa da almofada. Kagura fez um sinal a Saya como que a indicar que se devia ajoelhar e ela assim fez. Raiden voltou-se para ela com a coroa nas mãos. Ocorreu a Saya que não se parecia em nada com uma rainha. As suas roupas estavam imundas, cobertas de terra, e mal se viam as flores bordadas. Ela própria estava coberta de pó e os seus cabelos tinham um ar rude e áspero. Mas ninguém para além dela parecia reparar nisso.

- Que sejas rainha no porte e na ação e que possas reinar por muitos e longos anos - disse Raiden enquanto lhe pousava a coroa nos cabelos.

Saya esteve algum tempo calada à procura das palavras apropriadas. Não sabia o que dizer numa altura daquelas; nunca na vida fora preparada para ser coroada rainha. Mas finalmente conseguiu pronunciar estas palavras:

- Que eu possa ser rainha com a bênção e o amor do meu povo e daqueles que estão acima de mim. E que aqui fique para sempre, e a minha família depois de mim.

E assim Saya, filha dos Mundos, que nunca sonho ser rainha, foi coroada em Omnirion, em frente ao Palácio do Ouro e do Verde onde no começo dos tempos viveu Aerzis.


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