A Filha Dos Mundos escrita por Devill666


Capítulo 12
Aquilad II




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/329919/chapter/12

Quando as águas deixaram de envolvê-los e desapareceram, Saya deu por si num grande e amplo corredor com várias portas do lado direito. As paredes eram perfeitamente transparentes e podiam ver-se as águas do lago por cima, por baixo e ao lado deles. Ocasionalmente, até se via um peixe multicolor a nadar. Havia plantas de folhas de um verde muito claro com pequeninas flores rosa forte enroladas à volta das colunas e a cair dos diversos castiçais de cristal pendurados nas paredes. Cada castiçal tinha três velas brancas, mas nenhuma estava acesa.

- Bem vinda a Aquilad, o Palácio de Cristal - disse Kai.

- É o sítio mais bonito onde eu alguma vez estive - exclamou Saya, ainda admirada com tamanha beleza.

- Não duvido - respondeu o youkai - Mas prometo que verás outro local ainda mais belo.

- Acho que isso é impossível.

Não lhe parecia possível encontrar um lugar mais maravilhoso do que aquele, mesmo que procurasse por ambos os Mundos! Por outro lado, Kai tinha razão: o palácio era totalmente de cristal. Os catiçais, as paredes, as portas, as colunas, tudo era de cristal, até os dois bancos baixos e compridos que estavam no corredor.

Rodeada de tanta água, Saya deu-se conta de que já não tomava banho desde que tinha saído de casa da Elianor. Seria verdadeiramente maravilhoso se o pudesse fazer.

- Kai, achas que posso tomar banho? - e mal terminou a pergunta uma das portas abriu-se.

- Parece que sim, Saya - respondeu o youkai, apontando para a porta que se tinha aberto.

Saya passou pela a porta e esta fechou-se imediatamente atrás de si. Encontrava-se num compartimento com um grande ofurô de cristal, cheia de água quente com três nenufares a flutuar. Havia um grande espelho numa das paredes, uma toalha dobrada perto da banheira, um kimono tipo vestido comprido, verde esmeralda e bordado com fio de ouro pendurado num bonito cabide e um par de sapatos por baixo dele.

Saya tirou a roupa e subiu os degraus que davam para o ofurô, sem no entanto desfazer o penteado. A água parecia massajar o seu corpo dolorido. Mergulhou a cabeça debaixo de água, lavou-se e sentou-se a pensar.

Onde estaria no seu próprio Mundo? Provavelmente no hospital. A mãe devia estar preocupadíssima. Gostaria de lá voltar só para a tranquilizar, mas para já queriaficar mais um pouco naquele Mundo. Iria alguém acreditar no que lhe estava a acontecer? Provavelmente não. De facto, não estava bem segura de que ela própria acreditasse. Não lhe custava nada imaginar a achar que tudo não passava de um sonho, era mesmo típico dela. Por outro lado... Havia algo que cada dia a prendia mais e mais àquele Mundo.

Não se importava nada de ficar a viver naquele Palácio de Cristal. Só tinha um problema. O jornal. Poderia abandoná-lo, embora lhe fosse custar bastante; afinal era o trabalho de toda a sua vida. Mas uma coisa era certa. Mesmo que o abandonasse, não podia fechá-lo, tinha de o deixar a alguém que fosse capaz de continuar o trabalho como ela o teria continuadao. E só havia uma pessoa capaz de o fazer... Kohaku! Da maneira como as coisas tinham ficado, ia custar-lhe, mas se decidisse ficar naquele Mundo não havia outra hipótese. Tinha de pensar no melhor para o jornal e não nos seus sentimentos.

contudo, para já, não via a miníma possibilidade de voltar ao seu Mundo. Supunha que primeiro tinha de completar aquela viagem. Portanto, o melhor era não pensar nisso por agora e apreciar ao máximo fosse o que fosse que estivesse para acontecer.

Enrolou-se na toalha e olhou à volta, -á procura das suas roupas. Mas elas tinham desaparecido; só lá estavam o vestido e os sapatos. Não fazia a miníma ideia a quem pertenciam as roupas mas, como ainda não tinham visto ninguém para alémdeles desde que ali chegara, decidiu vesti-las. O vestido era feito de um tecido muito leve e confortável, e assentava-lhe na perfeição.

Quando estava pronta, uma outra porta abriu-se. Saya atravessou-a e deu por si num amplo quarto. Também aqui todos os móveis eram de cristal. A grande cama de casal tinha uma colcha branca com plantas, idênticas às que caíam das colunas e castiçais, finamente bordadas, e duas almofadas, igualmente brancas, cada uma delas com três flores de tom rosa forte bordadas em cima nos cantos exteriores. Em cima do toucador estavam vários frascos de perfume de diversas formas e tamanhos, bem como um pente e uma escova de ouro branco, um espelho redondo e um arranjo de dálias brancas e cor de rosa. Por cima do toucador, havia um quadro com a figura de uma jovem de cabelos da cor do sol e olhos intensamente azuis, vestida de verde e rosa; atrás dela, podia ver-se um lago extramamente parecido com aquele em que se encontravam. Uma taça com frutas, um jarro de água e um copo repousavam numa pequena mesa de cristal.

As suas roupas, assim como a mochila, estavam pousadas num banco comprido, forrado com um tecido semelhante ao da colcha. Portanto, aquele quarto devia ser o seu, pelo menos para aquela noite. Era agradável pensar que ia ficar ali a dormir, num local tão belo, tão protector e numa verdadeira cama!

 

 

 

GLOSSÁRIO:

Aquilad - morada de Nessya, construída debaixo das águas calmas de um grande lago. É todo de cristal e por isso também é chamado o Palácio de Cristal.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Filha Dos Mundos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.