Com a Bola Toda escrita por Machene


Capítulo 15
Fora da Rede de Proteção


Notas iniciais do capítulo

- As falas do Kojiro em aspas (") são pensamentos. Ele não narra os diálogos e a narração entre travessões (-) é minha.



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Cap. 14

Fora da Rede de Proteção

{Kojiro Pov’s/sábado}

Kojiro – MAIS QUE DROGA! – ele chuta a pequena bolinha de tênis com mais força dentro da pequena cascata e bufa frustrado quando ela é rebatida e cai novamente na água – Willem, o que você tá querendo agora? Já não bastava ter tirado a Natasha de mim? Por que continua provocando e testando a minha paciência? – Kojiro chuta a bolinha outra vez e o mesmo processo acontece – As rejeições da Gabriele não bastam pra você aprender? Por que continua dando em cima dela?

{Flash Back On}

O poderoso tigre caminhava pela cidade, observando a festa de cariocas celebrando o segundo dia de Carnaval. As ruas estavam parando para o desfile e quase todos andavam com fantasias. Ele se dispôs a levantar cedo e dar uma caminhada, curtindo a neblina do começo da manhã. Ainda que servisse de pouco, o agasalho esquentava os braços desnudos com uma camisa rasgada nas mangas. Sorriu ao relembrar da sua última conversa com Gabriele e estremeceu ao pensar no toque dela.

Era estranho sentir todas aquelas sensações. Mesmo Natasha lhe abraçando, beijando e rindo, nenhuma sensação parecia igual com Gabi. Ele podia realmente estar apaixonado? Mas isso seria a maior das ironias, porque querer outra garota depois de finalmente conseguir a dos seus sonhos, de tirá-la do maior rival, nem faria sentido! Finalmente, ainda com as mãos nos bolsos da calça preta e de cabeça baixa, Kojiro atravessou a rua e chegou à padaria mais próxima do retiro de seu técnico.

Ken estava fazendo uma visita e não tinha muito para partilhar no café-da-manhã. Saindo da loja, ele passou por uma praça e espremeu os seus olhos para ter certeza de que eles não tinham sido enganados ao ver a silhueta de uma conhecida amiga. Mas estava certo. Gabriele parecia uma linda boneca de neve, se espremendo de frio naquela repentina umidade depois da chuva matutina, com a mão direita dentro do único agasalho feito de camurça e a esquerda arrumando o cabelo bagunçado.

Sentada no banco de madeira marrom, ela observava duas crianças comprando algum tipo de lanche quente e segurando cada um seu próprio copo contendo alguma bebida. Elas saíram daquela lanchonete rindo, atravessando a rua cuidadosamente, o garotinho segurando a mão da menina. Os dois se aproximaram de Gabriele e o pequeno entregou o mesmo lanche para ela, que agradeceu aos sorrisos e começou uma conversa animada sobre qualquer assunto. Kojiro estremeceu novamente.

Não devia chegar perto dela, seria errado! Se Natasha descobrisse o clima estranho entre eles no dia anterior, poderia prejudicar seu relacionamento. E um dos motivos pra ter pedido ao técnico Kira que pudessem morar juntos foi porque já estava difícil suportar as reclamações da garota sobre a líder de seu fã-clube, Maki. Que culpa ele tinha se os dois se conheciam desde quando sua carreira evoluiu? Não eram amigos de infância como ela representava, então era dispensável tanto ciúme!

Mesmo assim, Kojiro repetiu a si mesmo que um “amigo” nunca sentiria vontade de beijar a “amiga” como acontecia ao ver Gabriele. Pensou em dar meia volta e ir para a cabana, mas era bem tarde: a garotinha o avistou do outro lado da rua e avisou a acompanhante. Gabi sorriu e o tigre se desarmou por completo. Suspirou profundamente antes de entrar na praça e se aproximou a passos lentos até o trio. As crianças sorriam empolgadas e Gabi espremeu os lábios por um instante.

Kojiro – Oi. – ele cumprimentou, se agarrando ao saco de pães e pondo uma mão no bolso.

Gabriele – Oi. – ela retribuiu o cumprimento quase suspirando – Fazendo compras?

Kojiro – É. O Ken tá lá na casa do técnico, então eu vim comprar alguma comida.

Gabriele – Então ele se meteu lá... Deise estava querendo saber onde tinha ido.

Kojiro – É possível que ela esteja preocupada? Eu posso dizer isso a ele.

Gabriele – É bem possível sim. – os dois riram até a garotinha puxar a manga do agasalho de Gabriele, chamando sua atenção – Ah sim! Você ainda não conhece meus amigos, Décio e Iara.

Kojiro – Ah... – ele sorriu e se curvou um pouco para ver os pequenos – Muito prazer. – eles sorriram encabulados – São os filhos da senhora que tem um alojamento onde você e Sanae estão?

Gabriele – Isso mesmo. São os filhos do meio, mais ou menos.

Décio – Eu tenho dez e a Iara tem nove. Ainda temos mais dez irmãos.

Kojiro – Eu soube. Devem ser um time e tanto! Todos vocês gostam de jogar futebol?

Iara – Gostamos, mas o Cauê é o melhor de todo mundo. – Kojiro e Gabriele riram – Senta! – o tigre corou com o convite, mas Gabi deu espaço para sentar e ele aceitou – Você é amigo da Gabi?

Kojiro – Sou. – pelo canto dos olhos, conferiu se a moça concordava – Jogava no Fuji.

Décio – A gente sabe. A Gabi fala muito de você. – a garota corou no mesmo instante, sem as ousadia e coragem de sempre para olhar nos olhos de Kojiro – Vai assistir o desfile dela?

Kojiro – Vou. Sento em uma das filas de cima, pra ver os carros alegóricos. Vocês vão?

Iara – Claro! Mamãe fez as fantasias e vai acompanhar a Virgem de Ipanema de perto, junto com os outros organizadores, então nós vamos ficar com a tia Sanae, o tio Oliver e os outros.

Kojiro – Tia Sanae e tio Oliver? – ele virou-se risonho para Gabriele e ela riu também.

Gabriele – Na terça-feira ainda tem as escolas de samba mirim, que desfilam mais cedo sendo no mesmo processo das grandes escolas da sua comunidade. As crianças estarão lá, com o vizinho e amigo deles, o Pedro. Às sete: avise ao Ken! – Kojiro confirma com a cabeça.

Iara – Nossas irmãs fizeram uniformes pra gente também. Viu? – ela apontou a jaqueta rosa e segurou a jaqueta azul do irmão, mostrando o símbolo de uma bandeira com dois tucanos – É esse o emblema da escola de samba da mamãe, mas atrás tem nossos nomes e números, como um time de verdade! – os dois viraram de costas – Tia Gabi tem uma jaqueta também. – Gabriele suspira e abre o agasalho para Kojiro ver a roupa laranja por cima da blusa branca decotada.

Décio – Nós também ajudamos a fazer as fantasias dela e das meninas para o desfile.

Gabriele – O que me lembra de perguntar a sua mãe por que roupas de animais fazem tanto sucesso. Vou nesse desfile parecendo uma fugitiva do zoológico! – as crianças riram – Mas admito: a fantasia ficou bacana, bem produzida. – Kojiro abriu um sorriso malicioso.

Kojiro – Qual é a fantasia? – Gabriele não teve coragem de responder, e muito menos tempo, pois logo foram interrompidos por Willem e Justin.

Justin – Vejam isso. O que estão fazendo por aqui? – eles pararam em frente ao banco.

Gabriele – Vim trazer as crianças pra tomar um pouco de ar fresco.

Willem – E o pequeno gato manhoso? – Kojiro logo se inflou, querendo ir pra cima dele, mas Gabi o parou segurando seu braço depois de ter levantado – Você fica nervoso tão fácil.

Kojiro – E você não perde uma chance de me provocar. Qualquer dia Willem, eu...

Gabriele – Ei, chega! – ela entrou no meio deles – Justin, você pode levar o Willem embora? E Kojiro, não tinha que voltar pra casa com os pães? – a moça entregou o saco para ele e se virou – Já está tarde. Vamos voltar pra casa crianças. Sanae deve ter terminado de fazer nosso café-da-manhã.

Os pequenos concordaram e saíram dali acenando para Kojiro e Justin, que pelo sorriso suave de Gabriele fez o tigre sentir confirmação nas suas suspeitas sobre a boa nova personalidade dele. E antes de ir embora, Willem deu meia-volta e sorriu confiante ao capitão nervoso.

Willem – Você tá louco pra ficar com ela, não é Kojiro?!

Kojiro – Não te dou intimidade pra se meter na minha vida Willem, e muito menos começar a me chamar pelo primeiro nome! – o moreno deu de ombros e se aproximou.

Willem – Só tô te fazendo um favor, como rival honesto. Fique atento! O Justin pode parecer um espectador inocente nessa disputa, mas já se armou contra mim quando nos vimos e declarou o interesse que ele tem de voltar com a Gabriele. Se bobear, eu também posso pegar ela.

Kojiro – A Gabriele nunca ficaria com algum de vocês! O Justin a rejeitou e ela tá brava com você por ter apoiado o presidente Carlo em me mandar pra Braja. – ele sorriu tentando omitir a sua insegurança – Se eu quisesse, venceria essa disputa de olhos fechados!

Willem – Não seja prepotente! Por acaso está se esquecendo da Natasha? – Kojiro perdeu seu sorriso – Vai larga-la agora que finalmente conseguiu ficar com ela? Como você é cruel Kojiro!

Kojiro – Seu...! – pelo canto do olho ele avistou Justin se aproximando e conteve um soco.

Willem – Se nem sabe o que você quer, não devia sair criticando as outras pessoas! – dito isso o moreno saiu andando ao lado de Justin na direção da rua dos hotéis onde se hospedaram.

{Flash Back Off}

– Detrás das árvores um barulho. Kojiro se vira para a esquerda e vê Ken se aproximando. –

Ken – Desculpa te atrapalhar. – o tigre dá de ombros e aceita a toalha que ele trazia nas mãos, enxugando seu rosto e a pendurando no pescoço enquanto senta na grama ao lado do amigo – Sabe, a Gabi tinha me falado, naquele dia que eu a trouxe aqui, de uma conversa com o treinador Mendes e o irmão dele, o senhor Ariga. Ela pegou uma carona com o Roberto para voltar pra casa depois do treino da escola de samba com o Rivaul e a Molly, e eles passaram na universidade. Os treinadores se interessaram em treinar o Oliver no tempo livre. – Kojiro o encara surpreso, parando de beber a água da garrafa trazida por Ken e o fazendo rir – É verdade! Será nesses dias de Carnaval.

Kojiro – Na verdade não me admira muito. O Oliver é bem equilibrado e bastante forte.

Ken – É... Bom, a Gabriele aproveitou pra ver como estava o seu rendimento físico e foi aí que o treinador Ariga contou do seu repentino interesse nisso outro dia. – o tigre cora e Ken reprime o riso – Depois disso ela me convenceu a mostrar a cabana do técnico e o resto você sabe.

Kojiro – Sim, mas por que começou com essa conversa?

Ken – Bem... A Gabriele também me disse que o Oliver estava junto quando vocês falaram de uma história antiga, sobre a família Montana, da antiga agência de modelos da empresa de talentos Legends of Sports. – Kojiro enrijece – Já sabe quem ela realmente é?

Kojiro – Você... Descobriu a verdade? – Ken sorri e olha para o céu.

Ken – Duvido que alguém do nosso grupo não saiba. Comentei isso com a Deise e ela disse na mesma hora que fez essa associação quando soube da aversão da Gabi por quermesses.

Kojiro – Os pais a levavam quando era pequena. Até o acidente...

Ken – Quem já sabe não disse nada por respeito... E eu acho que por medo. – Kojiro ergue sua sobrancelha e Ken o encara sério – Kojiro, se alguém descobrir sobre isso, seria o caos! Muita gente ficaria louca pra conseguir essa informação. A história dos Montana é um caso de polícia inacabado e muitos repórteres pagariam bem para descobrir sobre a criança desaparecida. Dependendo até dos fatos, os parentes da Gabriele voltariam a persegui-la pra tentar apaga-la, porque ela é a prova viva de uma tentativa de assassinato, ou de abandono! Isso depende de como ela foi parar num orfanato. Mas a Gabi poderia até ser chantageada por quem soubesse do seu passado!

Kojiro – Pensando nisso tudo, eu entendo por que ela nunca disse nada pra ninguém. Porque deve ter um trauma a mais além das quermesses. Depois de fugir com medo de qualquer pessoa, dá para compreender a desconfiança e o jeito dela usar o sarcasmo e a ironia como arma. – suspira – E se depender de mim, a Gabriele não vai mais se machucar. – Ken o olha surpreso e observa o amigo levantar cerrando o punho com determinação – Posso não ser mais parceiro dela, mas pela amizade que nós temos prometo protege-la de qualquer um! – o outro dá um sorrisinho de lado.

Ken – Tem certeza de que não está fazendo isso por outro motivo? Talvez... Você goste dela.

Eu sei em que sentido ele quis dizer isso. Não sei se eu gosto da Gabriele “desse” jeito. Prefiro a presença dela à de muitas pessoas em certos momentos, e acredito que possa ser consagrado como seu confidente. No futebol nós nos demos bem jogando juntos, e isso não acontece desde o Forni e o Takeshi, meu primeiro parceiro! Sempre me concentrei na minha carreira e deixei o resto da minha vida de lado por um tempo, com exceção da mamãe, dos meninos e da Naoko, mas e agora?

Kojiro – Sabe Ken... Pra falar a verdade, eu acho que o Willem estava certo numa coisa. Nem sei quais os meus desejos agora. Estou com a Natasha, mas não tenho certeza se é o certo. Os meus irmãos não gostam dela, as garotas estão me ignorando e mais algumas pessoas torcem o nariz com esse namoro. Eu mesmo percebi aquela repórter fazer quando nos entrevistou! – Ken ri.

Ken – Sem desculpas Kojiro! – ele levanta – Não importa o que os outros pensam. E você?

Kojiro – Eu gosto da Gabriele! – o tigre cora e pausa, refletindo – Gosto muito, mesmo... Mas depois da minha rejeição, acho difícil ela me perdoar.

Ken – Achei que vocês já tinham voltado a serem amigos.

Kojiro – Isso é uma coisa, e outra bem diferente é começar um namoro no nosso estado! Eu fiz cara feia para ela, várias vezes, por causa da sua implicância com a Natasha. Pra falar a verdade, as duas só têm me enlouquecido desde que se conheceram e Gabriele não parou de brigar comigo desde então! Segundo minha mãe ela gosta de mim, mas agora eu sou comprometido e vou morar por três anos em Braja ainda, me preparando até a Copa. Dificilmente vou poder visita-los. Como isso fica?

Ken – Bem, eu lamento te deixar mais nervoso capitão, mas ainda tem o Willem.

Kojiro – Eu sei. Ele mesmo me disse que está de olho na Gabriele, assim como o Justin!

Ken – Melhor agir na frente deles. O ex da Gabi pode até ganhar, agora que tá com uma nova personalidade. – Kojiro torce o nariz e Ken recua – Desculpa, mas as meninas estão dizendo isso!

Kojiro – Estão? – ele pausa e pensa – Qual a sua opinião? Eu devia consultar o Oliver?

Ken – Ele parece mesmo um psicólogo. Tá ajudando todo mundo com seus pares. Sabia que o Benji e a Lupita tão quase ficando juntos? – o tigre sorri surpreso – É! E o Karl e a Flora andam se escondendo de nós ultimamente. Eles somem quando não estamos olhando; dá pra suspeitar. – eles riem – A casa do Carlos encheu de flores pra ter uma noção, ideia da Selena para aumentar o clima!

Kojiro – Bom, eu volto para casa amanhã. Minha família deve estar preocupada. E Natasha...

...

Natasha – KOJIRO! – o susto do rapaz é tão grande que ele pula – ONDE ESTAVA?

Kojiro – Natasha? – a garota rígida anda a passos pesados até ele e chama a atenção do grupo de jogadoras e jogadores reunidos no restaurante do hotel para o almoço – Você me chamou...

Natasha – Sim, chamei! – ela o corta, aborrecida – Ninguém te vê a mais de cinco dias! Onde você e o técnico Kira estavam até agora? – o homem cutuca a orelha com o dedo mindinho e sai dali com tédio, se aproximando da mesa self servisse – Fiquei preocupada! Willem e Justin disseram que te viram ontem pela manhã com a Gabriele. – Kojiro olha ao redor e as cabeças curiosas se abaixam.

Kojiro – Aqui não é lugar para discutir Natasha! Vamos lá pra fora. – os dois caminham com pressa até o hall de entrada, se escondendo num vão entre a porta e uma planta – Eu fiquei na casa do técnico Kira nesses dias. Não estava com a Gabriele.

Natasha – E como se explica os outros capitães te verem com ela?

Kojiro – Foi uma coincidência! Eu tinha saído para comprar pão! Não posso controlar quem vou encontrar na rua! – a moça torce o nariz e suspira, cruzando os braços.

Natasha – Por que não me ligou nesses dias? Melhor ainda, por que nem apareceu aqui?

Kojiro – Estava treinando. – ela ri com desdém.

Natasha – Grande desculpa! Também treinamos muito! Papai reservou o campo da Sonore e os times rivais jogaram lá varias vezes, mas você precisava treinar sozinho?

Kojiro – Eu me sinto melhor sozinho. – a moça descruza os braços e abre a boca, indignada.

Natasha – Quer dizer que prefere ficar só? Então não gosta da minha companhia?

Kojiro – Não Natasha! É só que... É diferente, ok?! Todo mundo precisa de privacidade.

Natasha – Sim, eu entendo, mas estou questionando o fato de você ter desaparecido!

Kojiro – Certo, tem razão, foi errado! Desculpe por isso. Agora, pode parar de fazer escândalo e chamar atenção de todo mundo? – ela olha para o lado e percebe algumas pessoas olhando.

Natasha – Tudo bem... Vai assistir ao desfile com a gente ainda?

Kojiro – Claro. Na verdade, foi pra isso que viemos. – Natasha ergue uma sobrancelha.

Natasha – Você sabe as reais intenções do papai e do presidente Carlo. – desconfiado, o Kojiro olha para os lados e se aproxima dela – Nem adianta disfarçar, porque eu sei de tudo!

Kojiro – Já desconfiava. É difícil você não saber de alguma coisa. Mas não contou pra...

Natasha – Ninguém descobriu. – ela o corta novamente – Poderia ser por isso, mas não tinha certeza. Agora que você está aqui eu vou perguntar... Estava se escondendo do meu pai?

Kojiro – Eu não preciso me esconder de ninguém! – Natasha suspira – Mas sim, eu o evitei.

Natasha – Para proteger a Gabriele? – o tigre desvia o olhar e cora, entristecendo a namorada – Você a ama, Kojiro? – nervoso, ele abre a boca algumas vezes sem saber como responder.

Kojiro – Não! Quer dizer... Eu estou com você Natasha!

Natasha – Está e não está. Só namoramos no título! Há semanas não saímos mais e você nem se lembrou de que tínhamos combinado de visitar o Rio de Janeiro juntos quando chegássemos!

Kojiro – Ah, droga! Desculpa por isso. – a garota suspira de novo.

Natasha – O que há com a gente? Estamos discutindo direto e mal começamos a namorar.

Kojiro – É só uma fase, não se preocupe. – ele sorri e ela retribui o sorriso fracamente – Quer ir a minha casa hoje? Meus irmãos vão ver o segundo desfile das escolas de samba do Grupo A.

Natasha – Não sei. Eles nem gostam muito de mim.

Kojiro – É impressão sua. – o tigre beija a testa da namorada – Tudo bem?

– Ela concorda com a cabeça e Kojiro volta para o restaurante. Perto do entardecer, os dois se preparam para ir à casa do rapaz, mas Natasha recebe uma estranha ligação e logo cancela a visita. Conformado com o silêncio, o tigre se vai. – Espero que nada esteja acontecendo nas minhas costas.

Masaru – Oi irmãozão, você chegou! – o mais novo abre a porta sorrindo.

Kojiro – Oi Masaru. – ele faz um cafuné no cabelo do irmão – Cheguei mãe!

– Oi meu filho! Estou na cozinha! – o tigre tira a mochila com alguns objetos dos ombros.

Masaru – Cadê a Natasha? – o menino põe a cabeça do lado de fora e procura.

Kojiro – Não veio. Ela teve um compromisso... Oi Takesu.

Takesu – Fala Kojiro! – o segundo mais velho desvia o olhar da TV e acompanha o tigre pôr a mochila no sofá antes de sentar ao seu lado – Começou aquele programa Um Dia Com Estrelas.

Kojiro – Auditório? – Takesu confirma e de repente dois braços o cercam por trás – Naoko!

Naoko – Oi Kojiro! – ela o abraça, animada – A Camila ligou para você. Disse que a Sanae te procurava pra conversar sobre a Gabi. – Kojiro se contorce para ver melhor a irmã.

Kojiro – Conversar? Sobre o quê? E por que a Sanae não ligou pra mim?

Naoko – Ela me disse. Não pôde te ligar porque estava botando aquelas crianças de quem está cuidando para dormir. Mas a Camila me contou o assunto: a Gabi vai aparecer nesse programa!

Takesu – O quê?! E por que você não disse nada pra gente logo? – levanta-se, abrindo a porta corrediça branca da sala para ir ao banheiro do corredor.

Naoko – Ninguém perguntou. – ela ri com a cara feia dos irmãos mais novos e dá língua pros dois, soltando Kojiro e indo para o lado de Masaru, sentado no chão frente à mesa japonesa – Gabi vai aparecer falando de um caso antigo, alguma coisa sobre o acidente no aeroporto de Braja.

Kojiro – COMO É? – o grito surpreso dele assusta aos outros – Desculpem... Naoko, isso que você disse é certo? Camila falou mais alguma coisa? – a mãe deles surge e senta do outro lado.

– Ora, nós só vamos saber assistindo. Por que toda essa afobação Kojiro? – ele suspira.

Kojiro – Nada mãe. – basta o rapaz se levantar, com a intenção de ir para a cozinha, e Takesu retornar que o programa volta dos comerciais, então o mais novo fica parado a porta e o tigre atrás de Naoko, todos esperando o fim da apresentação do casal de repórteres no sofá para Gabriele falar.

“- Então Gabriele, você nos disse que tem uma grande notícia. Qual é?” – a mulher sorri.

“Gabriele – Na verdade são duas grandes notícias. A primeira é que minha futura tia, Talita Petrovity, está grávida!” – a plateia no auditório vibra, mas logo Gabi tira o sorriso dos lábios – “A segunda notícia é que...” – ela suspira e olha para a câmera – “Meu nome é Gabriele Montana.”.


Continua...


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Notas finais do capítulo

Obs: Takeshi é o parceiro do Kojiro no primeiro time do qual ele participou, Meiwa Futebol Clube. Ele será destacado na continuação desta fanfic.



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