Sozinho, no paraíso dourado do deserto, seguindo em frente e sem rumo, mas com a esperança de encontrar algum lugar melhor para viver. Venho de um lugar destruído pelo orgulho e pela ganância, no qual só restam ruínas, que são habitadas por mendigos e disputadas por ricos da área.
Estou fugindo do verdadeiro deserto, que não há nada, nem compaixão e amor próprio, buscando encontrar a felicidade, no seu modo mais simples e sincero, sem máscaras.
A máscara da felicidade é um dos modos mais tristes de se ser feliz. Todos a sua volta acabam sendo contagiados pela sua felicidade, mas ninguém sabe que por dentro desta mascara de alegria há alguém triste e ferido. Muitas vezes essa máscara serve como autoproteção, só que, acaba ferindo mais ainda ao ver todos felizes a sua volta.
Já passei por isso, uma boa parte da minha vida, até que tive a sábia decisão de quebrar a máscara e mostrar a minha verdadeira face, dizendo que não estava feliz naquela situação. Todos me deixaram, pois eu não levava mais felicidade a eles. Por isso estou aqui, estou procurando a minha felicidade.
Já estou há muito tempo nesta busca, neste deserto sem fim, procurando o que parece não existir. Só que, em mais um dia de procura, vejo algo diferente no deserto, uma família. Um pai, uma mãe e uma criança, provavelmente filho do casal. Eles estão cansados e desidratados, só que há algo neles incomum, um sorriso no rosto. Fico me perguntando qual o motivo daquele sorriso.
Resolvo parar e descansar, não aguentava mais minhas pernas, sento e olho pro horizonte, e vejo o céu tocar à areia dourada, uma mistura linda de cores, me deito na areia, e acabo descendo a duna rolando. Já lá em baixo, reparo um ramo de alguma planta e tento avistar algum lugar, de onde ela tenha vindo. Não encontro, então caminho na direção mais provável, contra o vento. Acabo tropeçando e caindo em algum lugar, escuro...
Caio em algo, provavelmente um córrego. Desesperado vou pra margem, logo vejo uma mão estendida para me ajudar, agarro-a e subo em terra firme. Agradeço, e logo o outro me dá às costas e some no escuro. Vejo uma placa, logo ao lado de onde caí, "Seja Bem-Vindo à Felicidade".
Será que encontrei o que queria, ou é um nome de uma cidade qualquer? Tanto faz, agora já estou aqui, vou seguir em frente. Conforme caminho, noto que cada pessoa que passa por mim, tem um sorriso especial no rosto e sempre está acompanhada de alguém, como o mesmo sorriso misterioso. Cansado, recosto-me na parede, e deslizo até sentar-me no chão.
Noto que há um garoto, do outro lado do córrego, sem aquele sorriso. Então ele olha à sua esquerda, e o sorriso se abre. Vinha alguém na direção dele, logo ele corre e a abraça, os dois dão-se as mãos e saem juntos.
Foi aí que descobri o que é a felicidade no seu modo mais simples e sincero. É a companhia de quem se ama.

19/02/11