Sentado num banco de praça sem ninguém por perto, olhando fixo para frente, meus olhos enchem-se de lágrimas e escorrem por minha face. Mas aquelas lágrimas de dor, que se sente uma a uma escorrendo pelo seu rosto e espatifando-se no chão. Minha dor era imensa, a dor da perda. Ele era tudo que eu tinha, nem sei o que farei agora. Estou desorientado, perdido e sem rumo. Por uma atitude primitiva de minha parte perdi o meu bem mais precioso, o meu amigo.
Ah, qual o problema cara? Nunca fez isso?, falei a ele, O problema, é que algo pode dar errado., ele me respondeu, Qual é? Não confia em mim? Ninguém vai morrer... falo num tom sarcástico, Tá bom, cara. Vamos., me responde com ar de reprovação. Saímos então, completamente bêbados em um carro, para qualquer lugar.
Vamos conversando, jogando palavras ao vento e fazendo manobras arriscadas. Rimos demais aquela noite, foi a melhor da minha vida, sem dúvida. Chegamos em casa. Eu não te falei, cara? Deu tudo certo! eu falo, Pois é, foi divertido e muito arriscado. Mas pretendo fazer mais vezes. Responde aliviado.
Duas semanas se passam e resolvemos repetir o feito, exatamente como da última vez. Sair para uma festa, beber bastante e dirigir embriagado. Pegamos a mesma estrada, a mais tranquila e isolada. Fazemos o mesmo percurso, só que em uma curva, resolvo fazer diferente... Só que eu não contava que exatamente naquele ponto teria um poste. Bato com a traseira do carro, derrapamos e caímos em um barranco, durante a capotagem o pior acontece, meu amigo, aquele que sempre esteve ao meu lado e sempre foi o mais responsável, estava sem cinto de segurança, metade do corpo dele sai do carro e é completamente esmagada.
Saio com ferimentos leves, porém com uma séria lesão na consciência e um vazio no peito. Eu sabia o que tinha feito... EU MATEI MEU AMIGO! Eu fiz com que a coisa mais importante na minha vida acabasse. E agora estou aqui... Acabado, largado num banco de praça sem nada. Nada.

09/02/11