Eu estava perturbada com o cheiro ruim e o horror daquela casa, cuja rua era a mais tenebrosa da cidade, a rua 626. Era a casa mais horrível que eu já tinha visto e eu estava dentro dela.

Aquela casa assombrava-me desde pequena. Sempre que brincava no jardim de casa e olhava na direção da segunda janela do terceiro andar da velha casa, um homem estava a me observar. Entrava em casa assustada, gritando: "O homem, mamãe! Aquele homem estava me olhando de novo!" Mas, quando íamos ver, ele já não estava mais lá.

À noite, quando íamos todos dormir, algo assustava os meus amigos. Exatamente à meia-noite, Charles, meu melhor amigo, começava a gritar em seu quarto, na sua casa que ficava na esquina. Seu grito dava início a uma sequência de crianças gritando em toda a vizinhança, até chegar na outra esquina, na qual eu morava. Eu era a única menina da vizinhança.

Ele aparecia para todos nós, mas assustava apenas os meninos. Ele não fazia mal algum à mim. Apenas me fitava como se eu fosse uma refeição deliciosa. Desde aquela época, os meninos começaram a morrer misteriosamente. Um a cada dois anos. Sobramos apenas eu e Charles naquele lugar, então resolvemos investigar o caso.

- Alice...vamos embora...esse lugar me dá arrepios! - choramingou Charles.

- Não! Eu quero saber porque ele levou meus amigos embora.

De repente, escutei algo quebrando no terceiro andar. Subi o mais rápido possível pela casa. Chegando lá, a única sala que estava destrancada era a da segunda janela.

Em uma das paredes da sala, um quadro grande em que meninos bem vestidos estavam pintados e seus olhos estavam riscados. A mesma quantidade de meninos no quadro havia em bonecos de porcelana, iguais aos do quadro, só que sem as cabeças. Com exceção de um.

Um grito de arrepiar todos os pelos do corpo tomou a casa. A cabeça co último boneco explodiu e os olhos dele foram riscados no quadro. Era uma lista.

- Charles! - sussurrei assustada. Desci correndo até a porta de entrada. Meu amigo estava a beira da morte. - Fale comigo! Fique acordado!

- Eu te amo...Alice... - foram as últimas coisas que eu ouvi.

- Todos eles souberam porque morreram. - uma voz tenebrosa tomou a casa - Todos eles souberam a verdade antes de morrer. Mas, para você, a verdade nunca virá à tona.