- Lia, você conhecia aquele garoto?

- Não!

- Como não? Você ficou dez minutos o encarando, até ele chegar na gente perguntando se tinha acontecido alguma coisa e você saiu correndo. Isso não é normal em você.

- A gente pode ir para casa agora Pedro? Desculpa, mas acho que eu não estou me sentindo muito bem. 

- Por mim tudo bem.

Cheguei às dez e meia da noite, e percebi que estava tudo silencioso em casa, tentei não fazer muito barulho para não acordar meus pais, até eu chegar na porta do quarto deles e ver que não tinha ninguém. Então me deparei com um bilhete: " Lia, eu e seu pai fomos sair, e só vamos chegar depois de amanha. A janta está no forno, fiz lasanha do jeito que você gosta. Qualquer coisa liga para nós. Beijos da mamãe e do papai. ". A janta está pronta, não tinha ninguém ninguém em casa e não tem nada de importante para eu fazer. Pensei em chamar a Fernanda ou o Pedro, mas não queria me preocupar com ninguém e com nada. Então fui fazer o que eu adorava fazer sozinha, tocar guitarra. Minha mãe odiava que eu tocava em casa por causa dos vizinhos, mas eu nunca dei conversa pra essa ideia dela, porque também ninguém nunca reclamou de nada, ao contrário, eles me elogiam e falam para eu investir em alguma coisa. 

Fui direto para a sala, e comecei a tocar paradise city pois tinha um solo perfeito. No meio da musica fui interrompida, a campainha tocou e eu pensei que naquele momento eu ia me ferrar. Fui atender lentamente pensando quem poderia ser, fui direto abrir a porta e ignorei totalmente o aviso da minha mãe para sempre olhar no olho mágico, e para a minha surpresa não era nenhum vizinho, mas sim era minha prima. O que ela poderia estar querendo à essa hora? E também ela não é muito de se comunicar a gente aqui em casa, e principalmente comigo, alguma coisa ela está querendo. Abri a porta com uma cara desconfiada e ela foi entrando me abraçando e perguntando como eu estava, se tinha falado com o resto da família ultimamente. Pra falar a verdade, eu estava bem até ela chegar, não falei com a parte da família dela e eu não lembrava o nome dela, a unica coisa que eu estava pensando naquele momento era o motivo dela estar parada ali na minha frente sorrindo. 

Eu a convidei para entrar, ela falou que não iria ficar aqui para dormir (como se eu a tivesse convidado), pois tinha acabado de voltar do shopping e passou aqui só para comer. COMO ASSIM? Isso só pode ser uma brincadeira, minha mãe deve ter planejado tudo isso para me ver feliz chegando em casa e do nada minha prima que eu não vejo a mais de cinco anos, chegar e falar que só veio aqui para comer e eu fechar a cara. Não tive como negar, falei para ela que ela chegou na hora certa, ela foi direto sentar na mesa, que por acaso já estava com a travessa da lasanha em cima. Eu estava na cozinha pegando mais um prato, enquanto ela não parava de falar, pena que eu não estava entendendo nada, até quando eu cheguei na sala de jantar ela falou:

- Você está toda arrumadinha, foi aonde?

- Eu estava no shopping. E você veio da onde?

- No shopping? Eu estava lá também. Fui lá pra ver um menino que estou ficando afim, não esta acontecendo nada entre a gente, mas acho que já estamos se aproximando bastante. Pena que quando eu sempre vou lá, ele esta no horário de trabalho.

- Ele trabalha lá?

- Sim, ele entra no final da tarde. Ele trabalha em uma loja perto da entrada principal. Não me lembro muito do nome, acho que é Ta-Ta..

- Taco.

- Essa mesmo. Ele é homem perfeito para mim. Cabelo bagunçado, bem escuro, mais ou menos da sua cor, barba bem rala e concentrada na lateral do rosto. Você tem que ver ele. Já estou em um passo bem grande de conquistar ele. 

- ...

- Falei alguma coisa de errado Lia?