Illusion escrita por Harmonie


Capítulo 7
Então, você só queria atenção mesmo?




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– Você fez um bom trabalho se livrando da sua identidade. - a agente disse, logo que entrou no quarto onde o falso policial repousava. O homem sorriu sem mostrar os dentes e sem olhar para a dupla que lhe fazia uma visita menos inesperada do que agradável. - Ainda não sabemos quem você é. - ela se colocou em seu campo de visão, bloqueando a vista para o lado de fora que a janela proporcionava ao homem ferido.

– Que bom que notou. - ele olhava em seus olhos, uma vez que fora forçado a olhá-la. - Era essa a intenção. - manteve o olhar inexpressivo fixo nos olhos de Kate.

– Precisamos da sua ajuda. Posso lhe oferecer alguns acordos mais tarde caso venha a precisar, mas precisa nos fornecer algumas informações. Você concorda?

– Então a moça bonita não é capaz de fazer o trabalho sozinha? - sorriu e em seguida olhou para Daniel que permanecia próximo à porta, silencioso, tirando suas próprias conclusões em silêncio. - E seu amigo estranho, quem é?

Kate olhou para Daniel sem ter certeza se deveria intervir e falar por ele, que parecia desconfortável por ter sido colocado em evidência. Porém, fazendo-a livrar-se de suas preocupações, o professor se aproximou e, demonstrando uma calma que havia estado ausente naqueles minutos que haviam passado no departamento anteriormente, começou a falar: - Sou o Dr. Daniel Pierce, professor de neurociência.

– Um professor... - o homem comentou. - É seu namorado, gracinha? Você traz seu namorado para interrogar um suspeito? Acho que isso não é muito profissional.

– Ok. Ele não é meu namorado. E não me chame assim. - Kate se aproximou e pressionou seus dedos sobre o curativo aparentemente recém colocado no ombro do suspeito. - Você vai nos ajudar ou não?

A dor que sentiu se fez transparecer em seu semblante de maneira discreta, mas não emitiu som algum. Permaneceu olhando-a com seriedade. - Pergunte o que quiser, respondo se for conveniente. É o máximo que posso oferecer.

Kate havia reunido todas as informações que havia coletado em uma pasta de cor parda que carregava consigo. Assim que conseguiu a cooperação daquele homem tão impertinente, abriu-a e retirou de lá um dos recortes de jornal que noticiava a morte da família em Londres. - Sabe alguma coisa sobre isso? A garota que procuramos é a mesma que nunca foi encontrada? - mostrou os dizeres do jornal ao homem que não precisou observá-los por muito tempo para responder.

– Sim, é ela. - disse inexpressivamente.

– Qual sua ligação com ela? - Kate tinha em mãos a fotografia dos dois juntos.

– Nenhuma. Ela é apenas alguém que conheci.

– Se concordou em fazer um acordo é melhor que diga a verdade. - Daniel, que observava tudo atentamente, disse.

O homem suspirou e se preparou para dizer algo novamente. - A conheci há muito tempo. Quando ainda éramos as pessoas dessa fotografia.

Kate e Daniel se entreolharam, curiosos a respeito do que ele tinha a dizer e satisfeitos com sua cooperação.

– Os nomes Elizabeth Jones e Emma Lund te dizem alguma coisa?

Seus olhos brilharam e se turvaram novamente em tamanha velocidade que alguém desatento dificilmente notaria. - Sim. E é tudo o que tenho a dizer.

– O que aconteceu? - Kate perguntou, desviando do assunto para que não corressem o risco de perder sua cooperação.

– Tragédias.

– Por que você está atrás dela?

– Proteção.

– Como a conheceu?

– Trabalho.

– No que trabalha?

– Sou policial.

– Sabemos que não é. - Daniel se manifestou novamente. - Sabemos que sabe disso.

– Sou policial. Posso ter mudado de identidade, mas nunca mudei de profissão. - sua voz era firme, assim como seu olhar que estava em Daniel.

– Então você é um policial um pouco desonesto, não? - Kate perguntou.

– Faço o que preciso fazer. Não sou eu quem estou forjando assassinatos e fugindo. Na verdade, me considero um suspeito bem prestativo.

– Assassinatos?

– Você sabe que não é a primeira vez que ela faz isso.

– Certo. Onde presta serviços, já que é um policial? - Kate perguntou, desconfiada.

– Aqui.

– Aqui? Na América?

Ele concordou com um aceno de cabeça.

Kate e Daniel se olharam novamente, confusos. - Obrigada por sua cooperação. Voltaremos caso precisemos de mais informações. - Kate guardou a fotografia que ainda tinha em mãos em sua pasta e saiu do quarto acompanhada por Daniel.

A mesma enfermeira negra que os havia recebido de manhã – e que, novamente, havia permitido a entrada dos dois com contrariedade - estava ali, olhando-os como uma mãe olharia alguém que perturbasse o sono de um de seus filhos.

– Sou só eu ou as coisas estão mais estranhas agora do que estavam antes de falarmos com ele? - Daniel disse enquanto avançavam pelo corredor do hospital em direção à saída.

– Ao menos conseguimos fazer com que ele dissesse alguma coisa. E apesar de termos conseguido informações vagas, temos algumas diretrizes. Além de que podemos ter certeza de que ele está tão interessado nela quanto estamos. Agora procurarei informações a respeito dele e você irá para casa, assim como combinamos.

– Mas Kate... - começou.

– Nada de “mas”. - atravessava o estacionamento ao lado de Daniel e, rapidamente, alcançaram o carro estacionado em um dos muitos espaços vazios daquele amplo espaço. - Foi o que combinamos. - disse enquanto entrava no carro. Já lá dentro, olhou para Daniel e continuou: - Ou você vai ser teimoso e me fazer te tirar do caso?

Ele suspirou. - Certo. Podemos ir.

Transitar pelas ruas de Chicago estava incrivelmente fácil àquela hora da noite e, consequentemente, chegar à casa de Daniel não levou muito tempo. Dessa vez não havia ninguém esperando pelo professor, este então se apressou em chegar à porta, logo após desejar boa noite à Kate.

– Vida agitada, professor? - Lewicki, que o esperava na sala de estar, comentou logo que o viu entrar.

– Não começa, Lewicki. - Daniel pretendia ignorar seu assistente, como sempre fazia e, então, começou logo a subir os degraus que o levariam ao andar de cima.

– Daniel! Estou aqui pra me preocupar ou ser ignorado? - Max se levantou e permaneceu em frente aos degraus, observando Daniel lhe dar as costas. - Certo, então serei obrigado a jogar a correspondência no lixo.

O professor parou e olhou para trás. - Isso é verdade ou é só você querendo atenção?

– Você está bem, Dr. Pierce?

Daniel suspirou, contrariado pela pergunta feita constantemente, mas resolveu responder, compreensivo. - Estou. Um pouco agitado: por isso Kate me obrigou a ficar em casa e dar um tempo na investigação. Estou bem. - observou seu assistente que parecia satisfeito. - Então, você só queria atenção mesmo?

– Não. - lançou-lhe um olhar de desaprovação. - Aqui. - entregou-lhe o envelope que segurava, sem ter certeza de que agia certo e teve certeza de que não havia tomado a melhor decisão ao ver a expressão de Daniel ao ler o conteúdo da correspondência, principalmente se o objetivo era mantê-lo afastado da investigação.


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