Why?! escrita por Mira


Capítulo 1
She was my world, I'm living on the space now.


Notas iniciais do capítulo

Bom, é uma original bem estranha para falar a verdade, eu tive a ideia do nada, acho que nessas horas a escrita vai me levar, então não esperem lógica.
Obrigado pela atenção e boa leitura.
Mira.



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Meus olhos vagavam pelas marcas que as dobras do lençol faziam, claro, aquele não era o meu lençol, não era minha cama, não era a cama dela, era de uma garota qualquer que eu encontrara em um lugar qualquer, nada demais.

Nunca me lembrava dessas coisas, eu estive com cocaína nas veias por muito tempo para lembrar de alguma coisa, e por mim, não fazia diferença nenhuma.

Levantei-me repugnando o perfume da garota com a qual eu havia passado a noite, tinha um cheiro doce e enjoativo, era até mesmo dolorido de sentir.

Me vesti de modo rápido esforçando-me ao máximo para não acordar a garota que ainda dormia.

Incrível como eu me prendia a qualquer coisa que fizesse me lembrar dela, quando olhei para a garota, que agora estava deitada na cama, pensei que talvez fosse quem eu procurava, mas estava enganado.

Coloquei o tênis, procurei pela chave do meu carro, a carteira e o celular, não que eu precisasse desse último, não tinha amigos, e se algum dia eu tive, eles se foram da minha memória, assim como o rosto dela.

De nada eu lembrava daquela pessoa, somente o perfume, e talvez se a visse eu recuperaria tudo, mas por enquanto tudo o que me lembrava é que ela tinha ido, ela tinha me deixado, e então, com o coração em pedaços eu me afundei em qualquer droga que vi pela frente, qualquer coisa que me fizesse esquecê-la.

Meu coração continuou em pedaços, mas minha mente se quebrou, e um dia eu simplesmente não lembrei quem era ou onde morava, só lembrava de seu sorriso e de seu perfume, e tudo o que me restou foi correr por aí, e procurá-la.

Procurá-la para curar meu coração, para me lembrar de minha vida, para tê-la de volta, para pertencer a algo, mas não foi assim por muito tempo, eu simplesmente me esqueci do que estava procurando, seu sorriso sumiu de minha mente, e eu me esqueci do quanto amava-a, eu só queria saber o porque estava fazendo aquilo, e porque estava lutando tanto para que seu cheiro não desaparecesse de minha mente como ocorreu com todo o resto.

Deixei a casa da garota entrando no carro, fechei a porta do mesmo já dando partida, coloquei o pé na embreagem engatando a primeira marcha, pisei no acelerador e me senti livre, aquilo era algo que eu descobrira ser como a droga, a velocidade, a adrenalina, era algo bom, não me fazia esquecer, era como se o tempo parasse, como se eu pudesse procurá-la em qualquer lugar, como se tudo que eu esquecia dela aos poucos não fizesse diferença, porque o cheiro dela ia continuar ali, o tempo não ia passar.

Virei o carro em uma rua, aquilo me deu uma sensação estranha, como se aquele lugar fosse especial.

Me senti como se minha mente tivesse saído de órbita.

Como se minha consciência tivesse pego uma passagem só de ida para Saturno.

"-Sorvete é algo que te torna rei por alguns momentos! Você se sente feliz, e então dói porque você quis demais, é tão irritante.- Ela poetizou com o rosto amargamente encaretado, mas eu não podia ver o rosto dela.

–Talvez, se consumir aos poucos, não doa, não machuque e não lhe deixe irritada.- Disse a ela.

–Como esperado de você, tão inteligente, tão intrigante, gosto disso, definitivamente. Ela entoa, novamente não pude ver seu rosto.

–Você gosta bastante de elogiar as pessoas, talvez devesse parar de fazer isso, o mundo é cruel.- Discursei, quase como uma lição de vida, ela riu, era extremamente intrigante, quase como se eu não pudesse ouví-la.

–Você sabe que eu sei mais que ninguém como é esse mundo, quem deveria pensar nisso é você, você não sabe o que meu mundo pode fazer, ele vai te destruir! - Ela disse, eu pode sentir o quão indignada ela estava.

–Eu sei disso, mas se eu estiver ao seu lado não importa. Enquanto eu puder olhar pra você todos os dias, ouvir sua voz e ver seu rosto, vai continuar tudo bem pra mim.- Eu recito, ah, essas palavras, que ironia, aquilo doía bem no peito.

–Eu entendo, sabe, o mundo em que eu vivia era muito bom, até eu conhecer você, você é como uma droga, é viciante, cada vez mais eu quero te ver, e te ver e de novo, e eu sinto uma vontade enorme de te beijar!- Ela disse e depois beijou-me, ah, aquilo foi pura agonia, eu não podia senti-la, eu não via o rosto dela, eu não sentia sua pele, somente o seu cheiro, era tudo.

Agonia, era o que definia seu corpo agora, a agonia, doía tanto, era como se um buraco negro tomasse forma ali mesmo, no meu peito, ia sugando tudo, tudo, e de repente o tempo parou novamente, eu não me lembrava mais, não... NÃO. NÃO!

Ele não estava mais ali... Ela havia mesmo existido?!

"–Porque você continua comigo? Porque você fere a si mesmo?!- Ela gritava.

–Eu te amo! Que droga! Porque porra eu estaria com você se não fosse isso? Acha que eu ia te usar!? - Gritei, bati a mão na mesa de modo a um barulho ensurdecedor ser ouvido.

–Talvez... Talvez você quisesse algo, ou... Eu... Eu não s-sei, mas você não pode entrar nesse mundo, não! Não pode!- Ela começou a frase gaguejando, mas terminou-a gritando.

–Eu já disse que eu tenho que estar perto de você! - Esbravejei, ela se levantou e simplesmente deixou-me ali, desse dia em diante nunca mais encontrei-a, e trancou meu coração, fugi de tudo procurando-a, esquecendo quem era, e aos poucos esquecendo ela.

BOOOOOOOOOOOM!

Carro com carro, um enorme choque, eu apaguei, acordei alguns milésimos de segundo depois, algo pesado estava debruçado sobre mim, consegui ver o que era, era uma garota, ela falava coisas, mas eu não entendia nada, ela balançou a cabeça, eu tentando entender o que ela queria, e foi quando senti o perfume, o cheiro dela! O cheiro que a pouco eu tinha esquecido estava ali de novo, eu podia vê-la, me esforcei para ouvir sua voz.

–...tem que ficar acordado! Entendeu?! Você não pode morrer! O que eu fiz?!– Eu podia ouvi-la novamente, será que poderia senti-la também? Eu tentei me levantar para tocá-la, mas senti uma dor enorme, agonizante, horrorizante, olhei para meu abdomen, havia sangue, muito sangue, ah, então eu estava morrendo?

Com muito esforço eu toquei seu rosto, abri um sorriso e ela me olhou incrédula, parecia que não sabia o que eu estava fazendo.

–E- eu... E-u t-te amo.

Meus olhos fecharam-se devagar, eu vi seu rosto diminuindo aos poucos, ah, sim, doía saber que não mais ia vê-la, mas eu tinha achado ela, tinha ouvido sua voz, eu tinha tocado-a, tinha sentido seu cheiro, isso era o suficiente!

Meus olhos fecharam-se completamente, a imagem dela veio a mente uma ultima vez, minha última vez.


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Notas finais do capítulo

Bom é isso, por favor deixem reviews, até mais gente.
~Mira



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