–Não acredito que uma garota como você vai estudar nesse colégio.

–Nem tudo pode ser como queremos não é?!- ela abriu um belo sorriso.

–Bom, uma coisa eu te digo, essa foi uma péssima escolha gata.

Ela começou a rir, me deixando um pouco mais encantado por ela. Então se aproximou mais no banco.

–Meu nome é Mellanie, pode me chamar de Mel.

–Alex – Ela me deu um beijo suave no rosto.

Nesse exato momento a porta da coordenação se abriu, interrompendo completamente o clima, e minha mãe saiu com rosto satisfeito.

– Vamos Alex.

–Ou ou, você sai assim me atrapalhando e ainda por cima não vai me contar o que aconteceu?!

–Resolvi deixar minha linda menina aqui- Falou, e virando-se para Mel disse- Não se deixe levar por ele, o sangue é forte, prazer mãe do Alex.

–Mel- Disse, ainda rindo discretamente.

–COMO ASSIM DEIXAR ELA AQUI?! VOCÊ FUMOU?! E a propósito Mel, eu sou um amor de pessoa.

–Te explico no carro, vamos - Disse praticamente na porta.

–Adeus Sr amor de pessoa, foi ótimo te conhecer- Mel não parava de sorrir, aquilo me deixava meio fora dos sentidos.

–Tchau Melamore- Eu sei que foi péssima, mas não podia deixar passar.

Pensei em pedir o número dela, mas nesse exato momento ela se levantou para entrar na sala da coordenação, sussurrando um Adeus.

Fui para o estacionamento, minha mãe já estava dentro do carro. Entrei determinado a descobrir por que motivos minha mãe fez aquilo.

–Começa.

– Nossa, assim rápido?! Não quer me contar sobre Mel primeiro?- Disse com um sorriso malicioso.

–Não, me explica de uma vez antes que eu volte naquele colégio e tome a decisão por mim mesmo.

–Nossa estressadinho. – Disse ainda no estacionamento- A coordenadora me prometeu tomar providências a respeito disso tudo. Matheus mudará de sala, na hora do intervalo não poderá ficar no refeitório, e sim em uma sala vaga que eles têm ali. Além do fato de que seus pais serão chamados, e os seguranças também ficaram muito bem informados sobre o ocorrido. Não há necessidade de alertar a polícia, além do mais, eles não fariam nada além de expor nossa família.

–Você acha isso o suficiente para proteger Mickaella?!?! Isso não é nada mais que a obrigação deles! Fariam o mesmo se o caso fosse Bullying e não tentativa de estupro. Ela não esta protegida.

–Alex, eu confio na Mickaella, e confio no colégio. Podemos deixar ela ali por algumas semanas, se ela disser que prefere mudar, eu a mudo de colégio sem pensar duas vezes.

–Mick é cabeça dura, e orgulhosa demais para isso.

– O assunto está encerrado Alex.

–Pode estar encerrado para você, mas para mim não é o suficiente.

Me levantei e sai do carro, foi ótimo ela não ter dirigido enquanto falava. Corri para a secretaria novamente sem olhar para trás.

Passei por Janet facilmente, e entrei sem bater na sala da coordenadora. Mel não estava mais lá.

–Você acha que só isso vai proteger minha irmã!? Minha mãe pode ser ingênua, mas eu não.

–Alex, isso não cabe a você decidir, você não é o responsável por ela.

–Quem disse? Eu sou o homem na minha casa. Meu pai nos abandonou quando éramos crianças, desde então eu cuido da minha família, minha mãe e Mick são as únicas pela qual eu dou a vida. Quem é você para dizer que eu não sou o responsável?!

–Bom, o que você sugere então? – Disse, dessa vez um pouco sem graça.

–Eu quero que você o expulse. É ele ou Mick nunca mais pisa nesse colégio.

Saí da sala batendo a porta com toda força, me sentia mais aliviado com essa decisão. Me permiti ficar ali no corredor por mais alguns minutos.

Foi quando olhei para o lado que meu coração acelerou.

Mel estava parada de costas para mim no final do corredor. Havia derrubado todos os formulários que estava segurando. Ela estava com uma blusinha solta, e quando se abaixou suas costas ficaram totalmente a mostra, de súbito andei até ela.

Ela se levantou sem notar o quão perto eu estava dela. Estava de salto, permitindo que ficasse na minha altura. Cheguei o mais próximo que conseguia, segurei sua cintura e aproximando minha boca de seu ouvido sussurrei:

–Você acredita em amor à primeira vista?

(...)

–Posso te chamar de Mickey? – Nick disse com um sorriso divertido, pegando em meu cabelo e o levantando como se fosse orelhas.

–COMO ASSIM!? EU POSSO TE CHAMAR DE NICKELODEON?!

Eu realmente não sei como chegamos nessa situação, há poucas horas estávamos abraçados como se aquilo pudesse durar a eternidade, mas não foi bem assim. Lembrar-se do que havia acontecido apertava meu coração.

Nick tinha me abraçado, e a dor que eu estava sentindo passou instantaneamente. Soltei meus joelhos e deitei sob seu tórax, sua pele era quente e macia. Me permiti limpar minhas lágrimas em seu corpo, e fechar os olhos para eternizar aquele momento.

Porém o que veio a seguir foi o primeiro passo para as coisas saírem completamente do lugar, completamente diferente dos meus pequenos sonhos.

–Desculpa Mick, eu não posso fazer isso. – Disse, com seu rosto visivelmente triste.

Ele se levantou, fazendo com que eu me sentasse. Por incrível que pareça, eu consegui ficar pior que antes.

–Me desculpa.

– Não diga isso Mick, a culpa é completamente minha. Tem coisas sobre a minha vida que você ainda não sabe. – Sentou-se em uma cadeira olhando para as escadas novamente.

–P-pode confiar em mim Nick.

–A minha história é um pouco complicada.

Você não é o único, pensei. Aquele momento estava tornando a minha história ainda pior.

–Mickaella, eu sou militar.

Aquilo foi como uma navalha em meu peito. Daquilo eu entendia muito bem. Eu nunca terei nada com Nick, nunca. Eu não conseguia pronunciar nada.

Me virei, não queria que visse o quanto aquilo havia me atingido. Esperei imersa em lágrimas pelo que viria há seguir.