2 Seres da noite, membros da escuridão, companheiros das trevas e abandonados pela luz, chegavam sorrateiramente à cidade que um deles, há 6 anos atras, se atreveu a chamar de casa. Chegava à cidade de Londres, dois belos demónios. Um deles com uma aparência de um homem de mais ou menos 25 anos, alto, pele pálida, olhos mais vermelhos que o sangue e cabelo tão negro quanto sombras. Encontrava-se vestido com um terno preto e luvas brancas, tal e qual um mordomo inglês. O outro, ligeiramente mais baixo, era um rapaz de 19 anos. Seus cabelos, de cor azul-marinho, estavam ligeiramente mais compridos; o azul do seu olho esquerdo encontrava-se brilhantes, mas ao mesmo tempo sombrio e melancólico, já o direito…. Esse preferia permanecer no anonimato. Nele estava o típico tapa-olho que o rapaz usava desde que fez o pacto com o demónio. Desde os seus tempos… de humano.

Amanheceu. Não se lembrava da última vez que vira um nascer do sol tao belo, tao incandescente e tão irritantemente brilhante. Enervou-se. De nada, soltou um grito d frustração, assustando o seu companheiro. O sol… durante milhares de milhões de anos fora livre. Livre de obrigações, livre de responsabilidades, sempre a luz, sobrepondo-se sobre a escuridão, acabando assim com a noite, enquanto ele, sempre preso, por obrigações e responsabilidades, preocupações e trivialidades, sempre encarcerado e apenas vivendo para o seu propósito: se vingar daqueles que o humilharam. Sabia que, no passado, quando aquilo acabasse, ele teria tido a sua alma devorada por aquele que se diz ser o seu mordomo. De repente, uma enorme vontade de destruir o sol se abateu sobre si.

?????????- Acalme-se, bocchan (jovem mestre)- falou calmamente, baixo e de forma extremamente sedutora, ao ouvido do menor.

????- DAMARU (cala-te) Sebastian. Anda, depois de 6 anos fora, muita coisa deve ter mudado. Quero ver como andam as coisas na mansão. A companhia Phantom provavelmente faliu depois da minha suposta “morte”- o mais jovem olhava para o horizonte com a cara de tacho que ele sempre fazia, mais possuía um brilho triste no olhar e falava com certa… incerteza- vamos ver o quanto as coisas mudaram.

Sebastian- yes, my lord.

E assim desapareceram.

Encontravam-se agora no grande e belo jardim da mansão Phantomhive, escondidos nos ramos das árvores, quando de repente ouviram risos infantis. Arregalaram os olhos. Naquela mansão, desde que os pais de Ciel morreram, nunca mais ninguém sorriu naquela mansão (tirando os empregados), até mesmo Ciel tinha-se esquecido de como era sorrir. Lizzy como prima, amiga e noiva, fazia de tudo para que ele voltasse a sorrir outra vez, mas isso muitas vezes resultava de uma face irritada de um pequeno garoto de 13 anos. O lugar que nunca mais se encheu de sorrisos, agora transbordava deles. E… eram infantis. Olharam para a porta e repararam que de lá saia uma pequena criança, que parecia ter 5 anos, loirinha de cabelos arrepiados e olhos castanhos. O menino aproximava-se ada vez mais, e mais, e mais, e mais, quando por obra de um fiozinho de nome destino (ou não), o rapaz olha para cima e os vê. Curiosamente pergunta:

????????- olá, meu nome é Cielian, hajimemashita (prazer em conhecer-vos). Quem são vocês?

“Cielian?” pensaram os dois demónios, arqueando uma sobrancelha.

Sebastian- eu sou Sebastian e este rapaz ao meu lado é o meu bocchan.

Ciel- garoto, o que faz aqui?

Cielian- eu vivo aqui.

Ciel- vive aqui? Vive aqui com quem moleque?

Cielian- vivo aqui com a mama; o papa; a madrinha; o oji-san; a oji-san e o Tanaka-san.

Ciel- quem são seus pais?- perguntou raivoso, pois quem quer que eles fossem, não tinham o direito de ocupar a sua mansão como se fosse um hotel.

Cielian- bem, eles são…- não terminou de falar, pois ouviu uma voz bastante doce, chamando por si.

??????- Cielian, Cielian, doko da? (aonde esta?)

Cielian- MAMAAA- berrou a criança, indo a correr em direcção a pessoa que o chamou

??????- ande você se meteu, mocinho?? Deu maior trabalho te achar. Jessica-san e Bard esta quase arrancando os cabelos e o seu pai está desesperado- falou tudo isso batendo o pé e com as mãos na cintura.

Só agora Ciel e Sebastian repararam na mãe da criança. Longos cabelos (ate à cintura) vermelhos arroxeados e olhos castanhos-escuros. Corpo escultural, mais parecia ter sido esculpido pelo mais belo dos escultores gregos. Até as mais belas deusas do Olimpo se remoeriam de inveja. Vestia um tradicional vestido das empregadas da época e usava uma fita branca em seus longos cabelos.

Cielian- desesperado??  Desesperado porque? Foi o papa que me disse para me esconder aqui.

??????- ele o quê?

?????- Meirin….

Uma voz máscula chamou o seu nome. Parecia séria, mas extremamente segurada, como se estivesse a fazer muita força para não rir. Enquanto isso, os olhos de Ciel e Sebastian (que assistiam tudo de camarote) quase saltavam da cara. Aquela era mesmo a Meirin?? Tipo, a Meirin era bonitinha e tals, mas a fim de 6 anos, ela tornou-se um mulherão. Alem disso, eram mãe, o que tornava o choque dos 2 demónios ainda maior.

Meirin- Finny

Cielian- PAPAA- gritou saltando para o colo do homem

O.O WTF?? Apaputaquepariuagorasimfudeutudo. Era a cara dos dois. Quase caíram da árvore em que se encontraram ao ouvir a criança gritar aquilo. Aquilo não podia ter acontecido, quer dizer, era estranho, e ao mesmo tempo constrangedor, até porque no passado, eles eram como irmãos e agora…. Tinham um filho. Que tipo de irmãos tem filhos? Ok, tipo, eles não eram mesmo irmãos, mas ainda assim era estranho. Decidiram, apenas, continuar a observar.

Meirin- com que então foi você Finny- falou com a voz ameaçadora

Finny *engolindo em seco*- isso é porque você queria pegar o pobre menino. O que ele fez?

Meirin- bagunçou todos os quartos.

Finny- ok campeão. Você bagunçou, agora vai ter que arrumar- falou para depois sussurrar ao ouvido do menino- da mama, pode deixar que eu cuido.

O menino sorriu e afirmou com a cabeça para depois pedir para ir para o colo de sua mãe.

Graças ao seus ouvidos de demónios, Ciel e Sebastian puderam ouvir o que Finny sussurrara para a criança e ficaram paralisados. Como ele era capaz de dizer uma coisa dessas a uma criança?? (eles provavelmente pensaram besteira) como ele mudou tanto? Pelo que se lembram, Finny era shota. De alguma forma, Sebastian não se sentiu muito confortável com o que Finny disse. Ele tinha mudado muito, estava mais alto que Meirin, mais definido, os cabelos cresceram um pouco, parecia mais maduro (mas ainda possuía a mesma cara de garotinho) e mais feliz, mas talvez isso se devesse ao facto de se ter tornado pai. Ao voltarem a “este planeta”  tanto mordomo como bocchan reparam que a pequena família se retirava alegremente e conversando. Ouviram uma pequena parte de uma outra conversa que se tinha iniciado. Eles se surpreenderam com o tema da conversa.

Finny- como está lady Elizabeth?

Cielian- kondomasa (madrinha) vai ficar melhor?

Meirin- hai, claro que sim, alem disso, ela vai ficar o resto do dia com você e eu vou pedir para Bard para fazer sua comida favorita.

Cielian-  ebaa, mama daisuki, daisuki, daisuki (mamãe eu te amo, eu te amo, eu te amo) – gritava agitadamente para logo depois se acalmar e deitar sua cabeça no ombro de Meirin, fechando os olhos e apertando levemente roupa na região do peito, mais precisamente, o coração dela. Meirin olhava para ele com um semblante triste, abatido. Finny puxou levemente Meirin pela cintura, aproximando-a de si. Meirin deitou a sua cabeça no ombro dele. Ele disse qualquer coisa nela, e ela por sua vez, permitiu-se rir. Mas, aquele sorriso… era melancólico, como se se estivesse a lembrar de algo que queria para sempre esquecer. O pequeno havia adormecido, mas ainda apertava aquela região como se faltasse algo… ou talvez,… houvesse algo ali que ele queria proteger a todo o custo.

Afinal, o que raios se passava ali? Onde estava aquela família feliz de a pouco tempo atras? Que ar pesado e vazio era aquele? Era como se aquela imagem fosse só isso mesmo. Uma imagem. Uma imagem que servia para tapar um buraco que parecia ser… apenas… dor. E lizzy? O que tinha acontecido com ela? Ela estava bem? Ela podia ser chata e irritante, mas ainda assim se preocupava com ela, por isso, diante destas perguntas sem resposta, Ciel decidiu:

Ciel- Sebastian, vamos nos disfarçar, infiltrar na mansão Phantomhive e descobrir que segredos esconde. É uma ordem.

Sebastian- yes, my lord.