Eu ia à frente de Josh abrir a porta, mas como ele é um completo idiota…

  - Deixe que vá à sua frente Kate, pode ser perigoso.

  - Perigoso um caramba Josh, eu enfrentei 11 monstros sozinha e não morri, enquanto você foi fechar a caixa e quase ia morrendo.

  - Mas, sabe o que aconteceu Kate – Eu interrompi.

  - Claro que eu sei o que aconteceu Josh, você é um completo idiota que não sabe fazer nada direito!

  - Kate, dá pra parar de reclamar de tudo que eu faço! Que carma você! Nossa! Me deixa te ajudar.

  - Awn, que meigo. Sai dessa Josh.

  - Sai dessa você Kate! Você só faz me – Sua fala é interrompida por mais batidas na porta.

  - Kate, acho melhor nós pararmos de brigar.

  - Bem recomendável agora – Falei olhando para porta. Abri o trinco aos poucos sem fazer barulho algum. Abro mais a porta, olho para um lado e para o outro, mas não vejo nada. Viro para Josh e digo a ele – Está vendo Josh, não tem nada de – Algo me empurra para baixo e caio no chão. Tudo está rodando, e só ouço Josh gritar

  - Kate! Corra! Rápido! Droga de bastão que não aparece agora, ele estava aqui agorinha! Onde foi se – Ele encontra o bastão – Aqui está você! Hey! Monstro feioso, olha para cá, vem encarar o rei Memphis, vem seu idiota!

  Uma das coisas mais idiotas que Josh fez foi ter insultado o monstro, o monstro me pegou pela gola da camisa me jogou contra a escada, sai descendo ela, na verdade sai me embolando nela, quando cheguei lá embaixo bati fortemente minha cabeça na parede. Senti uma coisa quente descendo minha cabeça, algo pinga sobre meus olhos, e ainda não consigo acreditar que é sangue. Ouço muitos rugidos vindos do monstro como se tivesse sendo atingido. Olho para cima da escada ainda deitada no chão, minha visão muito turva e vejo Josh descendo com o monstro sobre sua guarda.

  - Kate, ele quer lhe deixar um recado.

  O monstro começa a falar.

  - Olá pequena Kate! – Diz ele com uma voz maléfica.

  - Fale logo seu monstro estúpido! – As minhas palavras doem minha cabeça e tento me acalmar.

  - Fui mandando diretamente das trevas das Sete Ilhas, e o rei das trevas quer falar com você. Quer que você vá logo para as Sete Ilhas, você tem algumas contas a acertar com ele. Na verdade as contas que sua avó deixou de pagar.

  - Nossa, vovó é boa gente! Paga tudo em dia. Luz, água…

  Josh solta uma pequena risada.

  - As contas que ela não pagou lá Kate! Preste atenção em que falo sua insignificante – Fala ele em alto em bom tom, como se fosse um dos meus professores estressados.

  - Sim, senhorita Kaly! Fiz meu dever de casa sim! Mas só dessa vez.

  Josh solta mais uma risadinha enquanto segura o monstro.

  - Kate! Escute-me! – Gritou mais alto o monstro.

  - Estou te escutando seu idiota! Fale!

  - Sua avó Lucy, não fez boas coisas nas partes das trevas lá nas Sete Ilhas. Meu amo está aguardando este momento há 50 anos! E hoje será o momento triunfante que mais uma geração da família Kennedy vai para as Sete Ilhas.

  - Ah ok, pois então diga a seu amo, que ele vai esperar mais uns… 50 anos até que a próxima geração vá, porque eu, Kate Kennedy, não estou nem um pouquinho a fim de ir para esse inferno que vocês chamam de Sete Ilhas. Lugar mais ridículo.

  - E se eu dissesse que se você não fosse poderia acontecer isto… – Ele olha bem em meus olhos e eu viajo em algum lugar. Vejo cenas, todos os Estados Unidos sendo destruída por criaturas horrendas, minha irmã Anna assustada, chorando como nunca vi na minha vida, servindo de escrava para os monstros, minha outra irmã a Denise estava sofrendo amarrada pelos braços e pelas pernas, ela estava vendo a morte da mamãe, uma morte dolorosa mais devagar, onde seus membros eram partidos de um em um, até não lhe sobrar mais nada, papai não sei se foi o que sofreu mais, mas ele estava como se… Como se estivesse hipnotizado, ele estava em uma grande fila de humanos hipnotizados, aonde todos iam a uma só direção: um buraco enorme aberto o mais profundo possível, levava para um grande mar de larvas, morte na certa, sem chances de sobreviver.

  Percebo que volto a realidade, olho para Josh, Josh olha para o lado e ele percebe que o monstro já não está mais lá. Choro como se nunca tivesse chorado em minha vida, choro pelo menos por durante horas e horas. Josh me abraça durante pelo menos uns trinta minutos, nesse momento não me senti tão sozinha. Logo após ele me carrega nos braços até o quarto de visitas e me deita na cama, pega a caixa de primeiro socorros e começa a cuidar do meu corte na cabeça.

  - Depois eu que sou o idiota que me machuco – Diz ele.

  - Mas é diferente Josh, você é idiota por natureza.

  Ele dá uma risadinha rápida.

  - Até quase morrendo você é implicante.

  - Eu não estou quase morrendo!

  - Está sim, tive que te carregar no braço até aqui porque mal conseguia se mexer.

  - Dessa vez, você venceu Josh.

  - Finalmente!

  Ficamos em silêncio por alguns poucos minutos e ele diz:

  - Ganho o quê?

  - O quê o quê? – Falo eu não entendendo sua pergunta.

  - Já que eu venci, eu ganho o quê?

  - Deixe de ser estúpido Josh! Se toda vez que eu ganhasse essas disputinhas de bate boca de nós dois, eu já tinha um Shopping Center!

  - Mas é uma vez ou outra que eu ganho essas disputas! Vamos lá Kate! Mereço ganhar alguma coisa!

  - Tipo o quê?

  - Tipo…

  - Fala logo!

  - Tipo um beijo.

  - Um beijo? Cê pensa que é quem Josh! Pode ir esquecendo! Mas que loucura, você nunca – Ele começa a olhar nos meus olhos e paro de falar.

  - Eu nunca o que Kate? – Fala ele com a voz serena.

  - Você nunca…

 - O quê Kate, fala.

  Sem eu perceber ele vai chegando perto do meu rosto, com aqueles olhos azuis bem concentrados nos meus. Mas foi sacanagem também, ele praticamente me hipnotizou com aqueles seus olhos. E ele foi chegando mais perto, até que sentir seus lábios nos meus. Fiquei totalmente paralisada. Demoraram apenas uns cinco segundos. Quando ele saiu dos seus contos de fadas, e voltou para a vida real, rapidamente ele voltou a sua posição de “médico da Kate” e agiu dali por diante como se nada tivesse acontecido. Fiquei totalmente calada, e ele também. Algum tempo depois Josh percebeu que eu estava exausta, tanto porque eu não tinha dormido nada esta noite quanto porque bati minha cabeça na parede e sofri fortes emoções.

  - Kate, pode ir dormir. Sei que você está exausta, vou ficar de guarda, pode deixar.

  - Obrigada Josh. – Digo eu já procurando uma boa posição na cama e caindo em um sono profundo.

  Acordo com alguém me balançando delicadamente

  - Kate? Kate acorda! Kate!

  Abro os olhos e é Josh me chamando.

  - O que houve?

  - Tenho uma notícia para te dar.

  - Fala.

  - Sua avó Kate…

  - Minha avó o quê?

  - Ela está morta.

  Eu entro em estado de choque como um dia atrás quando vi os monstros

  - Ma-mas, co-como ela pode está mo-morta?!

  - Aquele monstro… Matou ela Kate. Eu sinto muito.

  E começo a chorar.

  Vou até o quarto da minha avó, e ela está lá em sua cama deitada, morta. Por causa de um monstro da porcaria das Sete Ilhas. Quando isso iria acabar? O que eu iria dizer para meus pais, sobre a morte da vovó? Eu não aguentaria nada, mais nenhuma morte, mais nenhuma dor, mais nenhum sofrimento.

  - Josh?

  - Sim Kate?

  - Vamos indo para minha casa.

  - Fazer o quê lá Kate?

  - Ir para as Sete Ilhas.

  - Você tá maluca?

  - Maluca vou ficar se eu continuar aqui nesse mundo vendo as pessoas que eu mais amo morrerem e se ferirem. Você não faz ideia do que eu vi, antes de chorar feito um bebê durante horas.

  - Então me conte!

  - Depois eu te conto, vamos logo para minha casa. Antes que eu desista dessa ideia.

  - Então vamos continuar aqui, porque eu, Josh, não vou.

  - Então vá para sua casa. Fique pensando o que pode estar acontecendo com sua melhor amiga, enquanto você está na sua casa seu idiota. – Saio do quarto de minha vó, desço as escadas rapidamente e saio de lá. Quando estou quase na esquina, percebo que alguém está me chamando, escuto um pouco melhor e ouço que é a voz de Josh. O ignoro. Corro o mais rápido que posso, esperando que nada de ruim esteja acontecendo com ninguém na minha casa.

  Abro a porta de casa devagar e fecho sem fazer barulho algum. Subo para meu quarto, e a caixa está no mesmo lugar que a vi pela a última vez. Mas, existe um problema. A chave não estava lá.

  - Que porcaria! Logo agora que eu estou precisando da chave. – Começo a procurar por todo o meu quarto, gavetas, guarda roupa, debaixo da cama. Como se meu quarto fosse o melhor lugar para procurar… É uma total bagunça. Escuto portas se abrindo e passos, falo comigo mesma “droga, acordei mamãe, lá vem bronca por eu ter destruído sua sala de estar entre outros lugares junto com meu queridinho amigo Josh”. Os passos param, dai então eu continuo procurando, e quando estou indo para o lixeiro em baixo da minha mesa de computador ouço uma voz falando:

  - Você está procurando isto aqui?