Ilhas Ocultas escrita por Eduarda Bertoldo


Capítulo 3
Meu melhor amigo chamado bastão.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo passado: Kate tem uma estranha conversa com sua avó sobre a Terra das Sete Ilhas, descobre que seu melhor amigo, Josh, é o rei dessas Terras, eles encontram a chave que abre a caixa.



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Uma coisa não, na verdade seis saem dali. Não pude distinguir bem o que poderia ser aquilo, mas me deixaram horrorizada. Não sabia o que fazer, eles já estavam saindo do quarto quando Josh me empurra para a parede ao lado da porta e sussurra:

- Kate, temos que sair desta casa agora.

Ouço trovões e que pelo visto vem uma forte chuva vindo do Leste. Eu estava em estado de choque, olhei pro rosto de Josh e ele estava horrorizado tão quanto eu, mas pelo menos conseguia se mexer.

- Vamos Kate! – Sussurrou ele um pouco mais alto – Mexa-se! Temos que sair daqui o mais rápido possível! Antes que…

Consegui pronunciar:

- Antes que o quê Josh?

- Antes que eles nos matem.

Se eu fiquei mais horrorizada? Sim, claro ou obvio? Percebi uma sombra se mexendo dentro do quarto e ouvi que essas tais coisas que saíram da caixa estavam discutindo algo. Não entendi bem o que era, já que estava numa língua totalmente diferente da minha.

- Vamos Kate! – Sussurrou ele em um tom mais alto ainda, enquanto falava agarrou meus braços e começou a mexê-los. – Vamos Kate, você é bem melhor que isso!

Consegui me mexer, e descemos correndo as escadas até a sala. Percebi que já havia escurecido, não sei bem se era por causa da grande tempestade que estava por vir ou se já era noite mesmo.

- Kate, vamos sair logo dessa casa antes que – Sua fala foi interrompida, e ouvimos passos vindos da escada.

- Josh, não dá mais tempo, vamos nos esconder! – Olhei para o lado e o primeiro lugar que vi foi o sofá. – Venha, aqui atrás do sofá.

Esperamos os passos acabarem, e quando olhamos as tais coisas estavam na beira da escada, farejando alguma coisa.

- Eles estão procurando nosso cheiro – Sussurrou Josh no meu ouvido. Dei um pulo de susto e neste exato momento cai para trás em cima do centro da sala derrubando os jarros da mamãe. – Droga Kate! Será que – Sua fala foi interrompida novamente. Ouvimos o monstro vindo em nossas direções. – Droga!

A sala estava totalmente escura, vimos que eles estavam com algum tipo de arma na mão, e então eu e Josh ficamos de pé a fim de encarar os nossos próximos 15 segundos de vida. Mas acontece uma coisa totalmente inesperada, algo na mão direita de Josh começa a tremeluzir e quando ergue a mão está lá um grande bastão, ou sei lá o que aquilo seria. Os monstros olharam um para o outro e resolvem atacar contra nós.

- Kate! Abaixe-se! – O obedeci e me abaixei rapidamente olhando para o chão, só percebi algumas luzes no chão e quando me levanto novamente, já são doze daqueles monstros.

- Mas Josh, como isso é possível, me dá esse bastão idiota que você tá na sua mão, vai me dá! Essa porcaria criou mais monstros não foi! Me dá ag – Ele me interrompe

- Kate deixe de ser idiota! Mais monstros saíram lá do seu quarto do terror! Será que dá para usar a lógica!

- Que lógica coisa alguma Josh, foi a primeira coisa que veio em minha cabeça! – Logo quando Josh vai responder o monstro nos interrompe com um forte rugido ou sei lá do que aqui poderia ser chamado diante de todas as circunstâncias. Eu olho para Josh assustada e ele lança um feitiço de seu bastão que no mesmo instante denominei “bastão mágico”.

- Pode fazer isso mais onze vezes? – Pergunto.

- Acho que sim, mas vou precisar de ajuda. Precisamos de um plano rápido!

Penso por cinco segundos enquanto Josh destrói alguns monstros com seu super bastão ( não sei porque falei super bastão, é só um bastão mágico) olho para trás, e vejo uma espada bem em cima da lareira. Uma espada a qual meu pai tem todo o amor do mundo, até hoje não sei por quê.

- Já sei Josh! Faz assim olha – Nos abaixamos e conto tudo a ele. – Aquele negócio lá que você fez com a chave, você consegue fazer isso com você também?

- Posso tentar…

- Perfeito – Falo eu com um sorrisinho maléfico.

Corro para pegar a espada do meu pai e falo para mim mesma:

- Se esses monstros não me matarem, quem vai me matar é meu pai quando ver que eu estou com a espada dele.

Olho para Josh e grito:

- Pode deixar que com esses eu me viro! Vai lá em cima fechar a caixa.

- Mas Kate… – Fala ele com olhar do tipo “vou sentir saudades de você, já que você vai morrer imediatamente quando eu sair daqui.”

- Vai ficar tudo bem comigo, não se preocupe. Eu agora tenho uma espada. Aliás uma grande espada – A espada já pesava em minha mão.

Vou para cima dos monstros. É, foi a pior coisa que eu fiz em toda minha vida, tirando a opção “nascer”. Pego a espada com as duas mãos e passo na barriga dos três primeiros monstros de uma vez. Eles viram pó e algum tipo de vento os leva para fora de minha casa. Ok então, pelas minhas contas agora faltam… Oito. Isso ai. Faltam oito. Vamos lá né Kate! Começo a passar a espada pelo pescoço, cabeça, pernas entre outros membros dos monstros, até não haver mais nenhum, e também nenhum objeto de enfeite mais na minha casa. Olho para um lado e para o outro e lembro-me de Josh. Corro para meu quarto e quando chego na porta ele está no chão ao lado da cama. Ele tinha conseguido fechar a caixa como o combinado, mas estava com um grande arranhão no braço direito. Me abaixo do lado dele e largo minha espada do lado. Quer dizer a espada do meu pai… Ah! Tanto faz.

- Mas que droga Josh! Acho que quem deveria está ferrada aqui era eu, não você.

- Eu ajudo a fechar essa caixa estupida e você ainda está brigando comigo? Você não tem jeito mesmo Kate. – Ele arregala seus olhos azuis - Kaaaaaaate!

- Eu estou bem aqui não precisa gritar.

- Atrás de você!

Olho para trás e um monstro está pronto para me atacar. Quando estou prestes a ser comida pelo monstro, vejo que ele vira pó diante de meus olhos. Olho para Josh e ele está com o bastão apontado por cima do meu ombro.

- Tô te devendo essa cara.

- Tô sabendo.

- Você é tão idiota! – Percebo que Josh começa a suar, e engolir em seco. Quando estou prestes a medir sua temperatura ele agarra meu braço.

- Me deixa Kate!

- Deixe de ser idiota pelo menos por cinco segundos Josh! – E insisto em colocar a mão na sua cabeça. Ele estava queimando em febre. Mas não era uma febre qualquer, ele estava parecendo um forno assando frango, estava muito quente, nessa temperatura qualquer um poderia ter morrido. Percebo que começa a sair algo verde de seu machucado. Minhas conclusões finais: Se você é atingido por algo sobrenatural, seus sintomas são sobrenaturais. – Josh, acho melhor irmos até a casa da minha vó. Acho que ela saberá cuidar disso.

- Kate, me deixa. Eu estou bem. Vou para casa porque amanhã tem – Enquanto ele falava ia tentando se levantar, mas logo quando tentou ficou tonto e caiu no chão.

- Josh, pode parar de ser idiota por mais uns cinco ou seis segundos? Talvez seria melhor pela vida toda.

- Kate, pode parar de ser implicante por cinco ou seis segundos? Talvez seria melhor pela vida toda.

- Idiota!

- Implicante!

Pego ele, chamo um táxi e vamos para casa de vovó Lucy. Chegando lá bato na porta dela desesperadamente, porque estava vendo a hora de Josh desmaiar nos meus braços, e ele era duas vezes mais pesado que eu, acho que não conseguiria aguenta-lo por mais tempo, principalmente inconsciente.

- Aguente só mais um pouco Josh, vovó está quase – Alguém abre a porta da casa, e claro que era a dona dela. – Vovó Lucy! Me ajude com Josh. Aconteceu tanta coisa!

Conto-lhe tudo que aconteceu na minha casa enquanto ela cuida de Josh que está deitado na cama tremendo. Olhava para o rosto de vovó enquanto contava a história, mas ela não parecia nem um pouco impressionada.

- Isso só é o começo querida – Fala ela. – Se você continuar com essa sua teimosia de não querer fazer sua missão, vão acontecer coisas piores. Percebeu que está havendo tempestades quase todas as noites? Essas suas decisões não só abalam você, a nossa Terra também é afetada por essas forças vazias das Sete Ilhas.

- Mas vovó… É tão terrível tudo lá. Só este monstro que eu vi hoje, vai ficar em minha memória para sempre, vou ter pesadelos todos os dias até eu enlouquecer com aquela cena dele quase me comendo. – A essas horas da conversa, Josh já estava dormindo feito um anjo na cama, vovó tinha colocado algum tipo de folha em cima dos ferimentos dele e dado um remédio com ingredientes das Sete Ilhas.

- Querida, quando você acaba sua missão com sucesso e volta para a Terra sua memória é apagada.

- Mas como a senhora lembra de tudo?

- Cada ilha tem sua função a servir ao rei e ao resto das ilhas, com tudo, existe a ilha medicinal, eu tive uma conversa com as curandeiras de lá e elas me disseram que existia uma porção que eu poderia trazer para a Terra e quando chegasse aqui a tomava e lembraria tudo nitidamente todos os dias como se tudo tivesse acontecido ontem mesmo. Demorei muito para consegui-la tive que fazer vários favores para as curandeiras até conseguir a tal porção.

- Nunca vou querer ficar com lembranças torturantes em minha cabeça.

- Eu fiquei querida, mas foi para quando a próxima geração de nossa família conseguisse a missão eu ajuda-la, mas mesmo com todas as ajudas minhas, cada missão é diferente e tudo que aprendi pode não servir de absolutamente nada.

- Mesmo assim não ficaria com nenhuma lembrança. – Falei eu intrigada.

- Mas me conte meu bem sobre a espada que você usou.

- Era uma espada do meu pai que ele guarda em cima da lareira sobre um suporte e que não deixa ninguém toca-la.

- Hum… – Minha vó estava pensativa, como se estivesse lembrando-se de algo.

- Porque a pergunta vovó?

- Nada demais querida, só que essa espada que você usou e que é do seu pai na verdade é a espada que usei na minha missão. Você só conseguiu matar todos aqueles monstros por causa daquela espada porque ela é feita por operários da própria ilha e abençoada pela princesa. Quando acabei a missão guardei a espada, e quando seus pais se casaram dei de presente, disse a seu pai que era uma raridade e que tinha conseguindo em um leilão por um valor totalmente alto. Sabe como seu pai gosta de relíquias…

- Como sei! Vovó… Estou com medo. Medo de ir para essa tal das Sete Ilhas e acabar o Josh se machucando mais ou eu mesma me machucando ou chegar ao ponto de um ou outro morrer… Imagine meus pais, como seria a vida deles se eles soubessem que a filha deles está morta em outra dimensão que quase nenhum humano tem conhecimento.

- Vai parecer egoísta mas… Se você morrer lá, uma nova “você” aparece aqui na Terra. Da mesma idade que você, com o mesmo estilo…

- Ual! Quem fez essas regras idiotas dessa terra? – Falei tentando parecer indiferente.

- O pai de seu amigo Josh. O verdadeiro pai.

- Será que dá para me deixar descansar! – Diz Josh.

- Querida, podemos conversar lá na cozinha, é melhor. Realmente Josh precisa de um pouco de descanso. – Faço que sim com a cabeça vovó vai saindo do quarto enquanto estou bem atrás dela. Olho para Josh e vou bem perto do seu ouvido e falo:

- Qual parte do “a vida toda” você não entendeu?

Ele abre um leve sorriso ainda de olhos fechados. Vou para cozinha e me junto a minha avó na mesa.

- Ainda não aceitei muito bem essa ideia de outra dimensão, outro mundo ou seja lá o que vocês chamam. Pode acontecer tudo por lá?

- Pode acontecer absolutamente tudo por lá. Se você for até a parte escura desse mundo, todos os seus pesadelos ou as coisas que você mais tem pavor podem virar realidade. É recomendável você não ir até essas partes vazias.

- Bem recomendável. Tem coisas boas lá vovó?

- Tudo tem seu lado bom querida, a maioria das coisas por lá são boas.

- Conte-me um pouco sobre elas.

- Só você indo por lá para ver com seus próprios olhos. – Disse minha vó com um sorriso no rosto.

- Estava pensando seriamente em ir nessa tal Terra das Sete Ilhas. – Digo eu pensativa.

- Que ótimo querida! Posso lhe ensinar como – A interrompo.

- Eu disse que estava pensando, não disse que iria. – Percebo que ela muda de assunto rapidamente.

- Quer dormir aqui hoje? Apesar de amanhã ser sexta e você ter aula…

- Aceito sua oferta vovó. Com tudo que anda acontecendo preciso de uma folga da escola, e acho que o Josh também. Ele pode ficar por aqui também?

- Você sabe que na casa da sua vó Lucy sempre tem lugar para todos. Vou ligar para sua mãe e para a mãe do Josh, dizer que vocês vão dormir por aqui hoje, e que vão para uma casa de férias pela redondeza e que vamos passar o fim de semana por lá.

- Tudo bem. – Vovó resolve tudo com minha mãe e a mãe do Josh, prepara a minha cama e a do Josh no quarto de visitas imenso que ela tem. – Obrigada vovó, estamos bem por aqui.

- Eu gostaria de um copo de leite – Disse Josh.

- Não vovó! Você não gostaria de coisa alguma Josh! Já demos muito trabalho para a senhora hoje, pode ir para sua cama.

- Mas eu queria um – Interrompo a fala de Josh.

- Boa noite vovó.

- Tem certeza querida, porque se precisar eu pego o copo de leite e ainda – Interrompo a fala da minha vó também.

- Não vovó! Está tudo bem, qualquer coisa eu pego!

- Tudo bem Kate. Boa noite. Boa noite Josh.

- Boa noite dona Lucy. – Responde Josh.

Vovó fecha a porta do quarto e Josh fala:

- Agora eu quero o copo de leite que você disse que ia pegar para mim!

- Não quer coisa alguma, vai dormir!

- Não vou não, eu quero meu copo de – Alguém bate na porta.

- Desculpe vovó! Não vamos mais brigar! – Grito eu de dentro do quarto. – Logo após escutamos uns barulhos de vidro e mais batidas na porta. Olho imediatamente para Josh e pergunto:

- Você tá ai com seu bastão mágico?

- Tô sim.

- Acho que vamos precisar dele.


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