Ilhas Ocultas escrita por Eduarda Bertoldo


Capítulo 1
Tal Caixa




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Outra vez eu me acordo sem animo algum pra ir ao colégio, porque sei que vou ter que enfrentar muita coisa lá, já que estou na sétima série e tenho milhares de coisas para conciliar. Logo quando desligo o despertador que enlouquece meus neurônios volto a dormir. Não queria de maneira alguma ir ao colégio, mas escuto algumas batidas na porta, aliás, fortes batidas:

  - Kate acorda! Você tá atrasada!

  - Argh! Me deixa! – E jogo o travesseiro na porta, como se fosse atingir minha irmã.

  Levanto antes que meu pai ou minha mãe venham aqui, porque se não, seria BEM pior. Vou para o banheiro, e bato a porta para que todos percebam que eu acordei e não estou de bom humor hoje. Quer dizer, eu NUNCA estou de bom humor. Me arrumo rapidamente, mas passo um tempo dentro do banheiro para quando chegar lá em baixo, ter saco pra aguentar meus pais falando e perguntando coisas. Desço as escadas ruidosamente, chego à mesa da cozinha e me jogo na cadeira, parecendo mais um garoto de 7 anos.

  - Bom dia querida! – Fala minha mãe com seu melhor sorriso – Como vão as coisas?

  - Oi mãe – Digo eu, com meu humor de velho rabugento – Tudo perfeitamente em seu lugar. É… Me passa a manteiga? – Tento mudar de assunto rapidamente já que esse negócio de “está tudo bem” não me agrada muito. – E o trabalho, como está?

  - Tudo perfeitamente em seu lugar – Diz ela sorrindo sarcasticamente e me entregando a manteiga.

  - Engraçadinha – Falo eu irritada. – Aqui, partiu, tchau. Tenha um bom dia mãe.

   - Você também filha, tchau.

  Saio rapidamente de casa, não querendo mais encarar ninguém, mas quando chego logo na esquina me encontro com meu amigo Josh.

  - E aê Josh – Falo eu, fazendo nossa batida estranha.

  - Fala aê Kate – Responde ele rebatendo. – Mais um ridículo dia no colégio.

  - Pois é, e agente só tá em Maio. Falta tanto tempo para o ano acabar e eu sair logo dessa cidadezinha ridícula.

  - Kate…?

  - Sim?

  - Quando você for embora… Será que… Nós vamos continuar sendo… Amigos?

  - Claro Josh! Você é meu melhor amigo desde a 3ª série onde eu vivia longe de todo mundo e só você foi lá até mim e me fez de sua amiga, claro que vamos continuar sendo amigos, se depender de mim, tudo vai continuar.

 - Se depender de mim também – Diz ele com um grande sorriso no rosto.

  Apesar de Josh ser excluído como eu, ele é incrivelmente bonito. Olhos azuis, pele branca, cabelo castanho sempre com um moicano perfeitamente discreto, corpo muito bonito também, era um dos melhores jogadores de basquete do colégio, mas não era muito prestigiado pelas meninas, já que ele deixou bem claro o tipo de menina que ele gosta. Ele odeia aquelas lideres de torcida que ficam atrás de garotos do futebol ou do basquete só para ter mais popularidade.

  - Desculpa pelo atraso de hoje Josh, é que eu… Não queria ir para o colégio.

  - Tudo bem, mas vamos indo porque estamos atrasados. Que tal uma corrida, quem perder…

  - Quem perder…?

  - Paga um shake para o outro no final da aula!

  - Feito! – Falo eu já correndo.

  - Hey! Eu nem disse um dois três!

  - Não importa! – Grito eu virando a esquina já – Se você é bom o bastante, você vai me vencer!

  E ele começa a correr.

  No final da aula quem pagou o shake como sempre fui eu, mesmo saindo em vantagem ele é milhares de vezes mais rápido que eu, é impressionante como aquele garoto corre.

  - Aula chata – Diz ele.

  - Novidade.

  - Eu não tenho nenhuma, e você? – Diz ele rindo

  - Também não.  – Falo entendendo a piada ridícula que ele tentou fazer.

  - Acho que cheguei em casa – Falo eu em frente de casa.

  - Já eu tenho certeza – Diz ele sarcasticamente.

  - Idiota.

  - Idiota, eu? Sério?

  - É sério sim!

  - Também concordo com você! – E começamos a ri.

  - Vou indo Josh, até qualquer hora.

  - Até Kate. – Diz ele me dando um abraço rápido e seguindo direto pra sua casa.

  Agora chegou minha vez de encarar o almoço, sorte que quem almoça só sou eu, minha irmã menor Ana e minha irmã maior Denise.

  - Tem algum ser vivo nesta casa? – Pergunto eu sem animo.

  - Oi Kate! – Fala Ana entusiasmada com minha chegada.

  Ana é um doce de pessoa, diferentemente de mim e Denise que vivemos brigando uma com a outra.

  - Oi meu amor – Digo eu a pegando no braço e girando no ar. Com ela eu sou um pouco mais… Meiga. – Vamos almoçar? Aposto que está morrendo de fome!

  - E estou mesmo!

  - Denise! – Grito eu.

  - Que é?

  - Podemos almoçar, senhorita Denise?

  - Claro que pode, para quê minha permissão?

  - Porque na semana passada quando eu e a Ana fomos almoçar, e deixamos você de lado porque você estava lá em cima na maior paixão com seu namorado ao telefone, você quase me engoliu diante da mesa, em vez de engolir seu frango frito.

  - Eu não “quase te engoli” e aliás, ele não é meu namorado!

  - E é o quê então? Noivo? Porque isso já pode dar casamento!

  - Cala a boca Kate!

  - Você não manda em mim Denise!

  - Isso não importa, aqui, hoje, nessas circunstâncias eu sou a mais velha e você tem que me obedecer!

  - Você não manda em mim, podia ter 70 anos! Você não tem meu respeito de maneira alguma!

  - Parem vocês duas! – Grita a pequena Ana. – Podemos almoçar? Estou morrendo de fome!

  - Claro querida, vamos. – Digo eu andando pra cozinha junto a ela.

  - E você Denise, não vem? – Pergunta Ana.

  - Perdi a fome.

  - É, vai chorar lá no telefone com seu namoradinho. – Quando Denise vai abrir a boca para me responder Ana grita mais uma vez.

  - Kate! Já chega!

  Denise sobe a escada, e bate a porta do quarto com tanta força, que fui até a beira da escada pra ver se a porta não teria passado pro outro lado.

  Após o almoço subo para meu quarto faço o dever de casa, vou para o computador, e tomo banho. Logo anoitece e meus pais chegam do trabalho. Já sei que vem bronca para meu lado porque Denise vai fazer o maior drama do mundo contra mim, é capaz até dela dizer que eu bati nela.

  - Kate! – Grita meu pai lá da cozinha.

 Desço as escadas, já me preparando psicologicamente.

  - Kate, pode ir ao porão pegar umas coisas para mim? Vou trabalhar numa coisa hoje a noite na garagem, preciso de algumas coisas de lá, mas não sei onde estão já que da última vez que ficou de castigo, seu trabalho foi organizar as coisas por lá.

  - Claro pai. – Estranho eu meu pai não ter falado nada sobre hoje, acho que a Denise não falou nada porque ela realmente deve estar namorando e papai e mamãe não sabem de nada. Iria ser pior para o lado dela, já que papai não permite namoros dentro desta casa, muito menos fora. Ele me dá uma lista de objetos, com essa lista tento descobrir o que ele vai fazer, mas não consigo descobrir.

  Chego ao porão que parece mais assustador a noite do quê pela manhã, e vou procurando cada objeto da lista. Quando estou prestes a encontrar o último me deparo com uma caixa, que nunca esteve ali. Mas não era uma caixa qualquer, era uma caixa pequena, que parecia mais uma porta joias, sua cor era de uma azul escuro, que tinha um símbolo na frente dourado, onde podia-se descrever um número que se parecia com um 7. A pego, mas mesmo sendo pequena é incrivelmente pesada, parece que carrega um mundo dentro dela. Com um grande esforço pego ela com as duas mãos e levo para meu quarto, coloco em cima da cama para logo após o jantar a investigar. Volto rapidamente para o porão esperando que ninguém tenha me visto com o estranho objeto. Quando estou quase entrando no porão, alguém me chama:

  - Kate

 Dou um pulo de susto onde minha mão puxa a porta do porão e atinge meu rosto.

  - Ai! Ai! Ai! Que dor, meu Deus, que dor! – Falo eu gritando.

  - Xiu! Antes que papai e mamãe venham aqui, quero falar com você. – Depois de um tempo que meu cérebro voltou ao seu devido lugar percebi que quem me chamou foi a Denise.

  - Fala o que você quer.

  - Eu queria te pedir um favor Kate.

  - Nossa que legal, um favor.

  - É. Queria que você não contasse a mamãe muito menos ao papai, que eu estou namorando o Peter.

  - Então é verdade, você estão – Ela me interrompe.

  - Xiuuuuu Kate! Fale baixo! Poderia me fazer esse favor?

  Lembrei que ela poderia ter me visto com a caixa estranha, já que ela poderia muito bem está me esperando fora do porão pra vir falar comigo.

  - Hum… Poderia.

  - Ah Kate! Você é implicante, mas as vezes é demais! – Ela dá seus ridículos pulinhos de felicidade, e depois me dá um beijo na bochecha.

  - Sai garota. – Falo me afastando. – Mas… Você me viu quando eu sai do porão agora… E estava voltando…?

  - Não.

  - Ah ok, vou voltar para pegar as coisas que o papai pediu. E depois cuidar disso no meu rosto.

  - Está bem. Você é demais Kate, você…

  - Tá bom Denise, já entendi!

  Desço pego as coisas do papai, entrego a ele lá na garagem. Janto rapidamente, ansiosa para subir no quarto para investigar a tal caixa.

  Chegando no quarto me deparo com Ana na minha cama.

  - Ana! O que você está fazendo aqui? Já para seu quarto!

  - Mas Kate, você sempre me deixa ficar em seu quarto!

  - Hoje não meu bem, eu tenho que…

  - Tem que?

  Olho para a caixa em cima de minha cama, bem ao lado de Ana e me pergunto como ela não tinha perguntado nada sobre a caixa.

  - Tenho que estudar, amanhã tem uma prova super chata, que eu não sei o assunto super chato, porque a professora é super chata.

  Ana começa a ri de minha piada idiota.

  - Ana… – Resolvo perguntar.

  - Sim Kate?

  - Você… Não viu… Por ai… Uma caixa azul, do tamanho de uma porta joia?

  -Não vi não Kate, por quê? – Eu tinha que inventar uma boa mentira, Ana era esperta, muito esperta.

  - Porque…Eu vou dar ela de presente para uma garota que faz aniversário amanhã lá no colégio. Acho que a Denise pegou, como sempre….

  - Ah… Boa noite Kate.

  - Boa noite Ana – Dou um beijo e um abraço nela, tranco a porta, e vou investigar a caixa.

  Azul… Do tamanho de uma porta joia… Que tinha um símbolo que mais parecia um sete… E que estava trancada com um cadeado de ouro. Mas que ridículo! Essa mania que as pessoas tem de trancar tudo dentro desta casa! Coloco força no cadeado, mas não adianta de nada, tento tudo que uma pessoa pode imaginar pra abrir o cadeado, mas não adiantou.

  - Porcaria!

  Coloco-a em cima da mesa do computador e resolvo ir dormir.

  Eu nunca tenho sonhos, mas aquele foi estranho. Eu estava em um imenso salão branco, cheio de pilastras, onde só havia uma cadeira, na verdade um trono. Um trono vazio. Após essa cena vejo uma cela escura e sombria, iluminada somente pela a Lua e tinha uma garota loira muito branca com vestes mais brancas ainda muito fraca para dizer se estaria assustada, com medo, raiva. Ela levanta a cabeça para meu rosto e sussurra:

  - Ajude-me. Preciso de sua ajuda. – E desmaia como se tivesse usado toda sua força para falar essas simples palavras.

  Depois vejo-me em cenas diferentes: batalhas, criaturas estranhas, um grande navio junto ao oceano, Josh… JOSH! O que ele faz em meus sonhos? E ele… Ele está sendo morto! Morto por um monstro que nunca vi em filmes, nem desenhos animados.

  Acordo assustada, olho o relógio e são 3:45 da madrugada. Olho para a caixa azul, e ela está brilhando por entre as brechas a qual agora o cadeado luta para manter fechada. Levanto-me e quando vou tocar na caixa, ela começa a se mexer, cai no chão, mas não quebra. Não sei o que faço agora, se a jogo pela janela, ou se eu grito para meus pais vir aqui me salvar… De uma caixa! Vamos lá Kate… Você é bem mais corajosa que isso. Pego a caixa com as duas mãos e parece ainda mais pesada, vou indo com ela para cima da cama buscando apoio. Coloco em cima da cama e quando a solto minhas mãos estão brilhando, brilhando como se eu tivesse algum tipo de poder. Mas qual seria esse poder? Eu não sei.


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