Uma chuva com amor escrita por Noah Taylor Calhoun


Capítulo 3
Um beijo com amor


Notas iniciais do capítulo

Por fim acabei...



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Há momentos em que desejo fazer o tempo voltar e apagar toda a tristeza, mas eu tenho a sensação que, se o fizesse, também apagaria a alegria. Assim, revivo as memórias da forma como vêm, aceitando todas elas, deixando que me guiem sempre que possível. Isso acontece com mais frequência do que as pessoas percebem. - Um Amor Para Recordar


19 de junho


"Capalloti nos espera"

Depois de ter suado durante um mês, consegui o dinheiro necessário para sair com ela. Meus pais fizeram um delicioso almoço hoje (meu prato preferido). Espero que Anna goste de ficar comigo. Veremos um filme romântico, porque é desses que ela gosta, e não me incomodei quando aceitei. A voz dela estava linda no telefone, como sempre esteve. Ela me encanta profundamente com aquele jeito doce que vem me encantando desde o dia que a conheci, e me lembro profundamente como aconteceu. Olhamos um para o outro, ela sorriu e me tocou. Meu pai veio conversar comigo sobre ela. Ele sabe de tudo que sinto, e nunca contou para ninguém, nem mesmo para mim mãe, e até hoje sou grato pela confiança que ele me dá. Me ajudou a escolher uma blusa, bem parecida com aquelas que ele usava quando ia se encontrar com minha mãe, na época de sua adolescência. Não faz muito tempo, mas eu nunca me senti tão bem como me sinto hoje. A lua está brilhante lá fora, radiante, intocável e penetrante. Parece que atrás dela, há uma lanterna gigante, que aumenta seu brilho ainda mais. Preciso contar uma coisa para Anna hoje, e espero que ela ao menos me entenda, ou que não me dê razões para que eu me arrependa de ter dito o que vou dizer

...


Lá fora, um ruído aumentava a medida que se aproximava. Estacionou em frente a casa, saiu do carro e bateu a campainha, em um movimento rápido e preciso. Estava suando um pouco, pela ansiedade, tentando parecer o mais natural possível, na busca da expressão mais apropriada que fosse para aquela noite. Treinou alguns sorrisos em casa, diferenciando e se auto-disciplinando para que não usasse o que achava de mais exagerado. Através do vidro, na parte superior da porta, observou o pouco que conseguiu pelo embaçado; viu alguém se aproximar, que abriu a porta e cumprimentou-o gentilmente.

Melanie sorriu e segurou as flores que Brian havia trazido. – Muito obrigada, fiquei muito feliz pelo presente, galã. 

- Agradeço eu, por você ter um filha tão abençoada.











A conversa entre os dois fluiu fácil, com a intimidade que ganharam ao decorrer dos anos.

– Onde ela está? - perguntou Brian, curioso. 

Melanie olhou para trás por um instante a fim de ter certeza: - Está lá em cima, quase descendo. E você chegou mais cedo, não chegou? Acho que é por conta disso que ela ainda não se aprontou.


– Sim, me desculpe! Não consegui esperar mais em casa, por isso vim mais cedo.

– Quer esperar no sofá?

Brian estava acostumado com esse tipo de pergunta. Entreolharam-se, ele sorriu e entrou um pouco envergonhado, dirigindo-se ao sofá depois de observar alguns detalhes que não notara da última vez que apareceu na casa.

– Posso subir e ver se ela está pronta?

– Sim, eu fico aqui. Demore o quanto quiser, senhora.

...

– Você está linda, Anna. E muito cheirosa, também.

Seu rosto se ruborizou.

– Obrigada. Você também está muito elegante.

Mais uma vez entreolharam-se, misteriosamente com o segredo que mantinham, hesitando ao pensar quando revelariam. O cabelo castanho de Anna sobrevoava no carro, e Brian aproveitava para olhar as pernas dela quando os olhos dela, distraídos, se mantinham em alucinação com a vista da rua.

– Faltam poucos quarteirões, tudo bem?

– Oh, sim, claro, me desculpe, eu estava meio distraída. - Anna endireitou a postura e aproveitou para arrumar um pouco do vestido.

– Eu sei, e estava ainda mais linda.

– Pare com isso, vai me deixar sem graça. Você não se cansa de me elogiar?

Brian ficou pensativo por um instante, quase cerrou os olhos e respondeu: - Não... nunca me cansei. Você está sempre linda, e sempre que estou com você, deixo de ser dono de minhas palavras, e elas passam a sair voluntárias, querendo sempre conquistar você.

Quase um minuto depois, haviam chegado ao destino. Exercendo seu jeito cavalheiro, Brian ajudou Anna a sair do carro, abrindo a porta e segurando sua mão para que pudesse sair com facilidade.

– Obrigada. - repetiu. Anna dizia isso várias vezes quando estava com ele.

Brian e Anna caminharam até a bilheteria. Rupert, o encarregado de vender os bilhetes, reconheceu-os assim que entraram. Enfrentaram uma pequena fila até que compraram o que desejavam.

– Tiveram sorte, estão quase acabando! - a surpresa para ele foi igual a que surgiu no rosto de ambos.

– Ainda bem que chegamos a tempo, então. Queremos ingressos para Uma noite com amor. - Brian apertou a mão de Anna.

Quase um minuto seguinte, ele pegou os ingressos e o troco, comprou refrigerante e pipoca, aguardando para sentarem nas poltronas e se relaxarem um pouco. Por trás de tudo que faziam, a preocupação os tomava, o nervosismo fluía mútuo para eles. Estavam tranquilos até demais, e o medo transparecia dos olhos de Anna e Brian.

– Está tudo bem, minha querida? - ele perguntou, atento as atitudes de Anna.

– Tudo ótimo. Por que não estaria? - respondeu, sorridente.

– Durante a viagem para cá, você estava estranha, não conversou muito comigo. Eu acho que você tem alguma coisa para me contar. E afinal, eu também tenho que dizer uma coisa, mas sei que não é sério, como o seu motivo deve ser.

Assim que o ouviu, muitas coisas se passaram na cabeça dela. "Será que ele gosta de mim, será que não gosta?", foi o que Anna se perguntou. Desde o momento, passou de tranquila para inquieta, e sua coragem se esgotou, determinada a contar somente depois que ele dissesse o que queria, assim, tudo iria ser mais fácil.

Faltava pouco para entrarem, e antes que perdesse a coragem, soltou:

– Eu... - Brian hesitou e desviou o olhar, até que continuou - é que tem uma pessoa.

– O quê? Pode falar, sou sua amiga. Eu não vou te julgar, independente do que for dizer.

A resposta parecia óbvia para ela. Ele sentia o mesmo, ele a amava, ele também queria ela para si.

– Estou namorando. Eu não gosto dela, mas resolvi dar uma chance. Ela é uma boa pessoa, eu sei. Eu não poderia sofrer mais, e decidi que minha vida tinha que mudar.

A fila para o filme começou a andar, e Anna não conseguia dizer sequer uma palavra. Desabou em lágrimas quando se sentou, ficou de lado, tentando entender porque aquilo havia acontecido com ela. Seu coração estava sofrendo, as lágrimas podiam confirmar.

– O que aconteceu, por que está chorando? Não quero te ver assim, me diga, por favor! - Brian sacudiu Anna em busca de respostas. - Meu amor, me fale.

– Não me chame de "meu amor"! Eu não quero ficar perto de você, estou decepcionada! - ela o afastou com um forte tapa no ombro.

A pipoca que estava nas mãos dela caiu, e rolou nas escadas, provocando tumulto entre as pessoas que passavam ou que olhavam aquilo. Anna se levantou e correu até a porta de saída, inconsolada pela situação. Brian, também ferido, a seguiu até a porta. - Me espere, Anna! Temos que conversar.

Sem perceber, Brian também começou a chorar, arrependido por estar com outra, por ter dito a verdade.

Um forte trovão explodiu no céu, causando calafrio em Anna, que arregalou os olhos e olhou para trás, notando que ele estava mais perto que antes. Brian acelerou um pouco, usando o descuido dela a seu favor, que felizmente o fez agarrá-la a tempo. - Não te deixarei fugir de mim, até que eu sabia exatamente o que aconteceu com você.

– Você me diz aquelas coisas e espera que eu não sinta nada? Você me iludiu, Brian. Não passou pela sua cabeça que você estava certo quando pensou que eu estava diferente? Eu amo você, a muito tempo, e era isso que eu iria te dizer. E se você não me soltar agora, eu chamo a polícia, entendeu? - disse, soluçando entre lágrimas.

Surpreendido com as palavras, e com a hipótese dela denunciá-lo a polícia, a soltou, consentido, sentindo a enorme cratera negra em seu peito, que o deixou sem ar, paralisado. Anna fez um sinal de não com a cabeça, andou em direção a rua de braços cruzados, coberta por uma vasta sensação de decepção; primeiramente por ele tê-la enganado por tanto tempo, e depois que o viu soltá-la, levando em maior consideração a ideia de ser preso do que perdê-la, ela pensou. Outro trovão nasceu e dissipou-se rapidamente enquanto finas gotas de água caíam do céu negro e encantado. A mistura de tudo provocou um solavanco em Brian, que sem hesitar, foi a encontro dela, na tentativa de dizer o que sentia quanto a tudo que ocorrera naquela noite.

Anna, ciente de que se aproximava, não desatou a correr, querendo, mesmo que fosse pela última vez, ouvi-lo.

Brian ficou à frente dela, segurando-a nas mãos, com as palavras prontas para serem ditas. As gotas engrossaram um pouco, mas não o impediu de ficar ali, e nem ela, apesar da dor.

– Eu te amo, minha amada, mais ainda do que você pode me amar durante a sua vida. Eu não estou com outra por simples vontade, e sim porque quero te esquecer. É sempre difícil falar com você ao telefone, ou mesmo me encontrar com você, como fazemos agora, porque não consigo deixar de ver seus lábios, seus lindos olhos azuis, ou seu corpo protuberante, que sonho um dia que seja meu. Eu choro quando me lembro de você, e o problema disso é que acontece a toda hora. Eu não consigo ficar com outra pessoa, a não ser você, e, este meu novo relacionamento, serviu para que eu não sofresse tanto como eu imaginei que sofresse no futuro, sem você, sem o meu amor. Tente me entender, esqueça tudo o que aconteceu com nós antes. Me dê uma nova chance, eu vou te fazer feliz, realizarei todos seus desejos e jamais deixarei que sofra, pelo menos quando eu puder sanar sua dor. Fique comigo, agora e para sempre. - confessou Brian, feliz por dizê-la aquilo, coisa que estava empacada fazia tempo.

Seus olhos brilharam quando disse, e soube disso ao vê-la sorrir, certo do que aconteceria com eles agora. Ficariam juntos. Era só ele terminar o erro que tinha cometido, e, o futuro deles juntos, permaneceria eterno. Mas não podia esperar mais, já havia perdido muito tempo. Não poderia abraçá-la e levá-la até em casa, para que no dia seguinte, resolvesse tudo. A noite os aguardava, a lua brilhava para eles, e a chuva, transformara-se em um fortaleza que martelava o chão com a ajuda do vento que as carregava.

– Eu aceito. - disse Anna, esperando pelo momento que eternamente se repetiria em sua mente e que seria contado durante gerações.

O momento chegou. As gotas desceram tranquilas, e depois, desaguaram forte até os pés de cada um, tornando-os imutáveis e parte daquela chuva incessante.

Os lábios de Brian encontraram os dela, e ela o permitiu para que fizessem o beijo. Um gosto doce, de toque molhado e viciante escorreu entre eles, durante aquela primeira ligação. Foi a coisa mais maravilhosa que perceberam ter acontecido, e, assim, tiveram a certeza de que seria impossível um viver sem o outro.


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Notas finais do capítulo

Agradeço a Eduarda, por dividir esse sonho comigo, a Diani, que me ama e nunca me abandonou, e a Thienio, que é meu melhor amigo. Obrigado também a todos que leram; o tempo de vocês foi importante para mim.
Com amor,
D.



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