Uma chuva com amor escrita por Noah Taylor Calhoun
Notas iniciais do capítulo
Espero que gostem! (HISTÓRIA EM 3 CAPÍTULOS)
O cinema Capalloti funcionava somente nos finais de semana, porque eram os únicos dias que ele lucrava. Décadas atrás, na sua estreia, o cinema estava em seu auge. Casais, famílias ou até mesmo solitários guardavam um pouco do tempo para assistir a uma bela filmagem, enquanto comiam pipoca e sorriam uns para os outros. Parecia bobo, mas era divertido para todos eles.
Sofrera uma drástica mudança na venda de bilhetes com os shopping-centers ou fliperamas que funcionavam regularmente, duplicando dia após dia o dinheiro do dono que tivera a magnífica ideia de montar algo como aquilo em uma cidade pequena. Parecia que todas as noites a população jovem da cidade marcava para ir ali, fizesse chuva ou não. O proprietário Peter Capalloti ainda se lembrava quando um homem sorridente e engravatado, junto de um potente carro e alguns sócios, analisava o terreno no final da esquina onde se instalara o cinema. Ele parecia ver um futuro brilhante por ali, por uma razão que só homens como ele deveriam saber.
– Ora, ora. Está fechado! Podemos providenciar tudo até o final do ano. Vai ser brilhante. Nessa cidadezinha não tem nada, e todos virão para cá gastar uma fortuna com o trabalho miserável dos pais.
– Claro que sim. Vai ser um sucesso, sr. James. Vai ser um grande sucesso. - os olhos dele brilharam quando disse.
Assinou alguns papéis ali mesmo, pois era um homem ocupado e não podia mais gastar do seu valioso tempo comparecer a um escritório para ter uma conversa séria e calma. A vida do dono do terreno, Josh Carlos, foi totalmente diferente desde aquele dia. Passou a sorrir para as pessoas, fazer gentilezas, como se estivesse agradecendo a Deus pela benção que atingiu sua vida. Peter e Carlos sempre conversaram. Por ter uma vida relaxada e um ótimo salário, acabaram fazendo amizade, exibindo um para o outro histórias e conquistas de família. Às vezes emprestavam dinheiro para o outro, e tinham certeza de que seriam pagos - ou recompensado por coisas valiosas que tinham.
A vida parecia seguir calma para todos. Mulheres cuidavam dos filhos, da casa e da comida, enquanto o marido trabalhava em alguma obra, suando pesado durante as 12 horas que ficavam na construção. Era o único recurso que tinham. Donos de supermercados tinham poucos funcionários, todos eles membros da família; pensavam eles que era um modo de lucrar, pagando pouco, fazendo-os pensar que estavam sendo muito gentis por contribuírem no desempenho e crescimento do estabelecimento.
A cidade tinha uma especie de olheiros, que, como toda cidade pequena conhece, sabe muito da vida do outros. Ficavam empacados na janela da casa, observando atentamente tudo o que se passava em volta. Se percebessem qualquer coisa estranha, toda a cidade ficava sabendo da anormalidade. Uma jovem-adulta na rua passava enquanto uma curiosa a fitava:
– O que você está me dizendo? Como assim não vai poder voltar? Espere aí, o quê? Não! - Ficou sabendo que o marido daquela loira, da Melanie, vai dormir fora hoje? É, pois é! Eu ouvi tudo. Estavam na maior discussão no telefone. Sim, eu acho que ele está com outra.
E a vida seguia assim.
– Minha filha, eu não aguento mais! - disse Melanie, quase chorando.
– O que houve, mamãe? É o papai, não é? O que ele fez desta vez? - disse Anna.
– Você sabe, ele vai dormir fora de novo. Maldito trabalho que ele fora arrumar tão longe daqui!
– Confie no papai, ele não tem escolha. Ele foi parar lá por nós, para nos dar comida e pagar nossas contas. No final da noite, ele já está cansado, e temos de entender que não é culpa dele não conseguir voltar todos os dias.
O telefone tocou.
Anna soltou as mãos de sua mãe num gesto carinhoso e atendeu o telefone, pregado na parede a sua frente.
– Oi, minha amada!
– Ah, seu bobo! Pare com isso, sou só sua amiga. - Anna sorria, como se não soubesse que a mãe estava triste.
– Me desculpe, então... Hoje é sábado, vamos ver alguma coisa no Capalloti? Você disse que queria ver um filminho lá, e eu recebi hoje. Não tem como dar errado.
O modo como Brian falava, fazia Anna se estremecer completamente.
– Não sei, minha mãe está mal, e tenho que cuidar dela. Meu pai não vai voltar hoje, e tenho que dar uma força. Pode ser amanhã?
– Tem certeza? Queria tanto te ver. - toda a alegria do dia dele se fora com as palavras de Anna.
– Sim, eu tenho.
Conversaram mais um pouco, porque Anna não queria demorar muito no telefone para que a mãe dela pensasse que ela já tinha deixado de se importar. Marcaram para o dia seguinte, depois de Anna insistir para que ele entendesse, e acabaram se resolvendo.
Voltaram a conversar, quando o telefone foi desligado.
– Quem era, filha? - a voz dela pareceu alegre.
– O Brian, me chamando para sair, mas eu disse que não podia, tenho que ficar com a senhora. Ele entendeu, e vamos amanhã.
– Filha, eu vou ficar boa. Pensei melhor, e tenho de entender seu pai. Eu fui errada de gritar com ele daquela maneira, e estarei sendo errada ocupando seu tempo enquanto você pode se divertir. - Melanie sorriu, apertando a mão de sua filha, com brilho nos olhos, como se estivesse se lembrando das vezes que ia ao cinema na época que namorava.
Anna teria recusado a oferta da mãe se não tivesse tão ansiosa para encontrar Brian. Não foi difícil somente para ele, para entender que a mãe dela estava mal, foi para Anna também, que disse com um aperto no coração, ouvindo a voz dele de maneira triste.
– Obrigada!
Assim que recebeu a notícia, o dia dele voltou a ficar alegre.
– Mas que ótimo. Eu estava esperando por um telefonema como esse, sabia? 20h? Te pego aí então, beijo, Anna!
Faltavam duas horas para o encontro. Brian ficou sorrindo por quase uma hora, na mesma ansiedade que Anna estava.
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