Não Arrisque escrita por Angie Ellyon


Capítulo 6
O Beijo da Morte


Notas iniciais do capítulo

Mais um pouquinho de açao pra vcs..^^
Mandem reviews, please!
aproveitem..



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Acordei sentindo uma coisa vibrando nas minhas costas.

Meu celular dizia que havia uma mensagem.

Tudo certo, né? Animação! A festa vai te ajudar a esquecer os problemas!

Li o SMS de Lissa sem acreditar. Então eu me lembrei: a festa de Anne sábado à noite. Eu não estava nem um pouco afim de ir.

Quando levantei da cama, me deu aquele baque. Um dejavú me veio de repente. Noite anterior...moto...andaime caindo...carros desgovernados...

Eu arquejei. Estava de pijama. Mas como? Eu não me lembrava de nada. Leon.

Ele.

Lembrei-me de Leon e a perseguição na avenida. Mas era algo fragmentado; como uma memória muito antiga. Tudo no meu quarto estava normal. Não era possível. Agora meu cérebro voltava a funcionar. Eu me lembrava sim da noite anterior - só que em partes.

Leon havia feito algo comigo.

Só me lembrava de fitar seus olhos inebriantes e azuis-turquesa. Ele havia... apagado minha memória? Realmente poderia haver algo de errado nele? Algo comigo?

– Pensei que iria acordar só meio-dia mesmo.

Minha mãe estava parada na porta, sorrindo. Como ela poderia estar sorrindo? Não se lembrava do nosso desespero? Por que parecia tão tranquila?

– Pode dormir mais; é sábado. - disse ela. - Vou fazer compras, então...

– Vou com você - disse de uma vez, e ela se surpreendeu. Iria investigar o que estava errado ali.

– Ai! - murmurei ao esbarrar o ombro na porta do banheiro. Ao olhar com mais atenção, notei que havia um corte ali, que estava dolorido. Então eu percebi. A noite macabra da perseguição havia ocorrido. Havia machucado o ombro ao me espremer na fresta pela ponte. Era uma prova. Leon iria me explicar.


– Se lembra de ontem? - perguntei à Miranda já dentro do supermercado que ficava dentro do shopping; empurrando o carrinho.

– Claro que sim. - ela respondeu naturalmente, pegando uns biscoitos. - Você me deu um susto.

Parei.

– Como assim?

– Depois que o andaime caiu e você sumiu, eu procurei por você nos hospitais. Estava desesperada; pensando que estava morta. Ninguém sabia de nada. - ela abaixou a cabeça e continuou. - Até que um rapaz apareceu com você desmaiada nos braços. Ele disse que tinha encontrado você caída na rua, e pensou que tinha sido atropelada. Ele parecia muito preocupado e não deixou que ninguém o ajudasse a levar você pra maca. - sorriu brevemente. - Ele ficou um tempo, até que foi embora de repente.

Engoli em seco. Ela não tinha me visto subir na moto? E a horrorosa perseguição na avenida? Ninguém tinha visto?

– E...foi só isso mesmo? – falei, receosa.

– Sim - disse, dando de ombros. - A não ser um acidente na avenida, mas nada mais que envolvesse você.

Então tinha acontecido! As coisas estavam mais claras...E Leon sabia o que era. Agora eu estava mais perto.

Ao olhar para cima, já no caixa, vi o noticiário, que informava o dia da minha perseguição. Depois, passou outra notícia que me chamou a atenção:

Jovem de 19 anos desaparecido em floresta após acampar com a família - dizia a repórter. - Testemunhas afirmam que ele sumiu misteriosamente, mas a irmã mais nova argumentou que ele havia reclamado ultimamente de estranhas aparições, e afirmou convictamente de ter visto um vulto antes do sumiço do irmão. Polícia ainda apura o caso, mas tudo indica que pode haver alguma gangue rondando a cidade...

Abaixei a cabeça. Distraidamente, avistei alguém conhecido em um caixa próximo perto do setor das bebidas. A cabeleira loira não me deixou enganar.

– Já volto. - disse à minha mãe. Leon não demorou muito para me avistar.

– Ora, ora, está me seguindo? - disse ele, sorridente.

– Eu que o diga. - falei. Ele segurava algumas cervejas e um pacote de batatas chipps. - O que foi aquilo?

Ele me olhou sem entender.

– Aquilo o que?

– Não se finja de desentendido! - eu falei um pouco alto. Fui obrigada a tirá-lo da fila, e ele protestou, resmungando. Algumas pessoas nos olharam, provavelmente achando que éramos namorados brigando; mas continuei - Você sabe muito bem do que estou falando! Daquela perseguição esquisita!

Ele fez muxoxo, se divertindo com algo que eu não sabia.

– Não sei do que está falando, pequena.

Massagiei minhas têmporas, nervosa. De súbito, abaixei a manga da minha blusa e mostrei-lhe meu ombro nu e machucado, além de uma parte do meu sutiã.

Ele sorriu discretamente.

– Fazer streap tease em público é proibido, sabia pequena? - ele bancou o engraçadinho, e até me senti ficar vermelha, mas continuei firme.

– Você estava lá - eu disse mais séria, e ele mudou a postura. - Não tente me enganar. Vai me dizer o que foi aquilo. Você, de alguma forma, apagou minha memória. Mas eu não esqueci. Você está metido com meus acidentes e me disse para esquecer e seguir em frente.

– Mas você não me ouviu. E vai pagar caro por isso. - ele disse bem próximo à mim, e me arrepiei dos pés à cabeça. Quando dei por mim, ele já não estava mais ali.

– Luna, com quem estava falando?

– Ninguém, mãe. - falei, suspirando. Ela continuou falando outras coisas, as quais não prestei muita atenção. Estava concentrada demais pensando no ocorrido. Minha mãe não tinha me visto na moto. E não havia nada sobre a perseguição. Era como se só eu tivesse visto - o que era muito estranho. E havia a notícia nos jornais de desaparecimento. Por que só eu poderia ver? Eu estaria sozinha?


Ao anoitecer, me preparei para a festa. Não que eu quisesse ir - seria uma forma de tirar aquilo da minha cabeça e tentar parecer alguém normal.

– Vai a uma festa? Mesmo depois de tudo isso? - perguntou Miranda. Eu usava um vestido azul simples com um decote sem ser vulgar. Deixei meu cabelo solto mesmo, e não pesei a mão na maquiagem. - Luna... - censurou ela.

– Mãe, é só uma festa, tá legal? - reclamei. - Além do mais, vai ter muita gente lá. Caso eu desmaie ou morra...

– Tudo bem - ela segurou minhas mãos, me interrompendo; enfim, se rendendo. - Você merece se divertir. Só...tenha cuidado.

A buzina de Lissa me fez apressar o passo.

– E aí, tá gata, hein? - comentou ela, que vestia uma calça colada preta e uma blusa solta com as cores amarelo e laranja misturadas. - Isso tudo é para o motoqueiro bonitão?

– Há,há - fingi o riso. - É claro que não. - Leon iria para a festa? Tinha esquecido de empurrá-lo contra a parede a respeito. - Eu preciso esquecer um pouco minha vida louca.

Ela riu, seguindo rumo à zona rural da cidade. A casa - ou melhor dizendo;mansão - de Anne, estava enfeitada com luzes hipnóticas e várias pessoas dançavam e bebiam na varanda, onde muitos carros estavam estacionados. Tocava uma batida contagiante; parecia ser alguma música de Kesha. Pelos corredores, casais se pegavam, quase entrando dentro dos quartos. Avistei Rachel mais adiante com um vestido curtíssimo tentando flertar com algum garoto.

– Luna.

Jason estava ao meu lado, vestindo jeans e uma camiseta cinza. Ele parecia triste.

– Jason, olha, não vamos...

– Eu fui um idiota, eu sei - ele me interrompeu sem se rude. - Não deveria ter feito aquilo. É que eu...estava com ciúmes. - ele disse, sem graça.

– Não precisava. - falei. - Somos amigos e...

– Não quero ser só seu amigo, Lu. - falou. - Quero voltar. Eu...eu ainda te amo.

Abri a boca, mas não disse nada. Meu silêncio pareceu ter aborrecido Jason, que se distanciou calado de mim.

– Isso responde... - murmurou ele.

– Jason, não...

– Deixa, Lu. - Lissa me puxou pra mesa das bebidas. - Vai passar. Afinal, o motoqueiro vem? - ela quis saber, espichando o pescoço pela multidão.

– Ora, ora, a Esquisita veio... - Rachel zombou. - Coitadinha...ela passa por tanta coisa, que nem pode se divertir... - e desatou a rir. - Que foi? Vai chamar o seu papai pra me enfrentar?

Cala a boca! – eu a fuzilei com os olhos. Notei Lissa encará-la, e vi que seus olhos estavam vermelhos. Estava com muita raiva de Rachel. As luzes da festa me fizeram piscar.

– Lissa, os seus olhos... - eu disse, e ela se assustou.

– Na-não foi nada... - ela garantiu. - Eu...foram as luzes, Luna. Eu vou...no banheiro. - e saiu apressada. Não entendi muito bem sua atitude. Pouco tempo depois, Rachel saiu rumo à piscina nos fundos.

Alguns minutos passaram até que um grito horrível veio de lá.

Fui a primeira a correr, e todos me seguiram. Foi quando todos arquejaram atrás de mim.

Havia um corpo boiando na piscina; misturando sangue ao azul da água. E era o corpo de Rachel. Haviam vários cortes profundos e grotescos em seus braços, e seu rosto estava marcado em pura expressão de horror.

Alguém chamou a polícia. Procurei sair dali e encontrar Lissa. Primeiro Donnie; agora Rachel, estavam mortas por minha causa. Quando esbarrei em alguém de costas, Lissa tapou meu grito.

– Temos que dar o fora. - foi o que disse, me puxando para o carro.

– Foram eles, Lissa! - eu me desesperei. - Os assassinos que querem me pegar! Eu...eu quero ir pra casa...!

– Calma. - ela entrou em uma estrada escura e deserta em alta velocidade. Engoliu em seco. - Luna, eu...não sei o que dizer. Só peço que me perdoe. Eu...preciso fazer isso.

– Hã...? - balbuciei. - Do que está falando?

Lissa dirigia muito rápido. Os faróis do carro eram a única fonte de luz. Observei que as portas e vidros do carro estavam trancados.

– Lissa, pelo amor de Deus, o que você está fazendo!

– Eu não queria que fosse assim. - ela continuou falando grego pra mim e enigmaticamente para si mesma. - Mas tem que dar certo. Perdoe-me; de verdade. Você foi a pessoa mais incrível que conheci. E uma grande amiga.

Olhei para ela em horror.

– Lissa, está muito rápido!

Ela segurava o volante com força e muita tensão, e não houve tempo para processar o que veio a seguir.

Com uma força descomunal, Lissa girou o volante. O carro derrapou e capotou inúmeras vezes. Me cortei, me ralei, girei e gritei; para, no fim, sentir algo quente escorrer pela minha testa.

– Lissa! - choraminguei, fraca. Tentei me mexer, mas estava presa nas ferragens, e de cabeça pra baixo, num ângulo doloroso.

Sinto muito, Lissa me disse na cabeça. Como ela havia saído do carro e escapado ilesa?

Comecei a tossir por causa da fumaça, e notei que o carro estava pegando fogo. Desesperada, ignorei a queimação que as feridas me causavam, e procurei, com minhas últimas forças, sair dali. Me arrastei pra fora com muito esforço, e, fraca, mal levantei e caí na calçada. Minha visão estava embaçada, e eu estava tonta. Meu vestido estava rasgado.

Estava sozinha na rua escura e deserta. Me abracei devido ao frio extremo; tropeçando e chorando, ansiando por qualquer chance de esperança que poderia me restar.

Uma figura apareceu da mata, e vi a silhueta de um homem. Pensei em pedir ajuda, mas meu cérebro trancou, e algo me alertava perigo.

– Uma gatinha dessas sozinha aqui? - observou ele, com um pouco de malícia; se aproximando. Ele sacou um canivete.

– Me-me deixa em paz... - sussurrei, sem forças. - Por favor...

Ele me olhou de cima a baixo, ainda com o canivete em riste. De repente, ele o pressionou na minha garganta, me segurando forte. Um capuz lhe cobria o rosto.

– Vai pedir ajuda pra quem, hã? Está sozinha... - e riu.

Um forte barulho de motor ecoou pela estrada, cada vez mais próximo. Do nada, uma moto preta apareceu furiosamente. O homem me jogou no chão bruscamente, e fugiu correndo. Escutei passos perto de mim, mas não podia fazer nada pra me defender. No chão, vi coturnos chegarem mais perto, até que o motoqueiro se abaixou.

Na escuridão, reconheci o brilho dos olhos azuis-turquesa de Leon.

– O que houve, pequena? - ele se abaixou até mim. Sua voz grave soava realmente preocupada.

– Me deixe morrer de uma vez... - sussurrei, e depois tossi. Ele segurou minha cabeça mole, e me apoiou em seu colo, já se preparando pra me levantar. - Vá embora...por que se importa comigo, afinal...? - disse fracamente.

Com cuidado, e sem dizer uma palavra, ele limpou com os dedos macios a mistura de sangue, suor e lágrimas que estavam no meu rosto. Ele me fitou com um pouco de compaixão.

– Não vou deixar nada acontecer a você, pequena.

Meu celular tocou. Como estava lerda demais para alcançá-lo, Leon foi ágil e o colocou no alto-falante.

– Filha! - minha mãe gritou. Ela parecia estar correndo; estava ofegante. - Você precisa fugir agora! Aah! - ela exclamou, e algo do outro lado se quebrou. - Eles não podem pegá-la! Fuja! Seu pai...seu pai... - a ligação caiu.

– Mãe...! - falei, nervosa. - O que tem o meu pai? Mãe!

Leon me olhou nos olhos e, pela primeira vez, eu o vi alarmado.

– Você precisa vir comigo agora. Só eu posso ajudá-la.

– Como assim? - eu disse. - O que vão fazer com a minha mãe?

– Escute - ele segurou meus ombros, muito sério. - Eu tenho as respostas que você precisa. Se não vier comigo agora, tudo o que você conhece será destruído para sempre.



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Notas finais do capítulo

Viishh, o q vai ser da Lu, gente??
ñ percam o prox cap! já teremos algumas revelaçoes..¬¬
Kisses e até lá!



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