Nossa Eterna Usurpadora escrita por moonteirs


Capítulo 81
Por favor, Carlos Daniel.


Notas iniciais do capítulo

Quem é vivo sempre aparece não é?
Pois é, estou viva e apareci com mais um capitulo fresquinho, mas preciso confessar, quase desisti. Vou explicar. Durante esses três anos de fic, eu lutei para não desistir, em parte porque eu não podia deixar essa história sem fim, e principalmente, porque não poderia deixar vocês na mão (depois de tudo o que eu fiz vocês passarem, vocês iam acabar me matando). Enfim, eu tentei. Só que nesses ultimos meses, eu não consegui inspiração para escrever. Parte desse capitulo já esta escrito há tempos, mas eu não conseguia de forma alguma continuar. Foram inumeras vezes que eu abri o word e não consegui digitar uma palavra sequer. Foi a primeira vez que eu pensei seriamente em abandonar a fic ou simplesmente excluir ela.
Alo alo grazadeus não fiz. Ao contrário, eu pedi ajuda a um anjo da guarda que me ajudou, minha amiga e grande escritora Dayane Cristina. Ela foi e me ajudou a ligar todos os pontos que o bloqueio criativo estava atrapalhando. Se hoje vocês tem esse capitulo (que ta lindo, digo mesmo) é por causa dela. Obrigada amiga ♥
Bem, vocês já leram bastante meu desabafo. Agora podem ler o capitulo. ♥



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— Droga, Carlos Daniel! Eu pedi para que você me fizesse esquecer.

Paulina exclamou exasperada pela reação, ou talvez, a falta da mesma na face do homem a sua frente. Por um tempo, ele permanecera calado, sem mover músculo algum, com a respiração pesada e olhos vidrados em algo inexistente. Ela não poderia dizer se haviam se passado minutos ou segundos, os instantes que foram dominados pelo silêncio dele puderam ser apenas medidos pelo bater frenético do coração de Paulina.

Sua mente trabalhava tão aceleradamente quanto o ritmo cardíaco e, assim como aquele outro órgão vital, o que ficará responsável pela sua razão também a atordoava com pensamentos de culpa, medo, mas sobretudo angústia, tanto por não saber como Carlos Daniel trataria de todos aqueles problemas que, por insistência do mesmo, ela havia jogado em suas costas; como também por não saber que rumo sua vida tomara a partir daquele momento.

— Carlos Daniel, Carlos Daniel! Faz alguma coisa, fala alguma coisa, olha nos meus olhos, não me deixa sem saber o que estas pensando.

Ela tentara chamar atenção novamente e desta vez o fez com mais desespero. A natureza parecia angustiar-se junto com ela, os pingos de chuva tornaram-se mais fortes e os ventos, que antes mais pareciam com leves sopros, evoluíram para poderosas correntes de ar, capazes de espalhar a água da tormenta em todas as direções, ensopando os dois de baixo da copa da árvore. Sentindo as gotas cada vez mais constantes e violentas escorrendo por seu rosto, Carlos Daniel foi aos poucos recuperando o rumo e ligando-se a realidade. Dura realidade que era refletida no olhar angustiado e nervoso de Paulina.

— Vamos nos molhar.

"Vamos nos molhar" Definitivamente aquilo não era o que ela esperava ouvir, não depois de tudo o que lhe contou, não depois de confessar que continuava amando o marido e que seu filho nada mais era do que o filho biológico da pessoa culpada por todas as suas desgraças, sua irmã. Não! Depois de tudo, Carlos Daniel não poderia lhe olhar nos olhos e dizer simplesmente o óbvio.

— Já estamos completamente encharcados, Carlos Daniel — afirmou com o mesmo tato e paciência usada para explicar algo para uma criança.

— Então...não tem como voltar atrás?

O duplo sentido da pergunta arrepiou Paulina. Carlos Daniel parecia estar em choque, mas o modo como ele a questionara a deixou na dúvida se falava sobre a grande quantidade de água em suas roupas ou sobre a confusão que suas vidas haviam se tornado. Teria como voltar atrás? Voltar a um passado distante, a um tempo onde o casamento existia firme e forte, onde ela sem pestanejar afirmava o nome do amor da sua vida, sem dúvidas ou magoas. Era possível regressar a uma época em que seus filhos eram apenas crianças? Onde seus futuros estavam assegurados com amor e suporte de uma família feliz. Poderiam simplesmente seguir ali e esquecer que o presente existia e viver só do passado?

— Não, não tem como voltar atrás — ela afirmou sentindo o peso de suas palavras refletido nas lágrimas que insistentemente tentavam escapar de seus olhos.

Tragado por aquelas palavras, Carlos Daniel foi levado à realidade, um presente complicado de ser encarado. Sem olhar para Paulina e sem se importar com nada, ele se levantou com rapidez, saiu da proteção da árvore e caminhou sem direção pela mata.

— Carlos Daniel!

Paulina o seguiu, ignorando a grossa chuva que os molhava ainda mais e a fraqueza que seu corpo ainda sentia.

— Carlos Daniel, por favor! Para! Vamos conversar.

— Conversar, Paulina? Não! Não quero conversar, só quero achar alguma saída daqui ou alguém que possa nos ajudar.

— Você não pode se fechar e ignorar o que eu te disse — vendo que Carlos Daniel nada falava, Paulina parou de andar e suspirou — Carlos Daniel me olha! – Ele não a olhou e Paulina se viu dominada por um desespero que a muito não sentia. — Olha pra mim! - Mais uma tentativa frustrada — Encara essa realidade por favor! – As mãos de Paulina fecharam e ela remeteu sua voz no mesmo tom de seus sentimentos — CARLOS DANIEL! - O nome dele em um grito de emoções.

— Desculpa, Paulina, não consigo. – Ele podia imaginar as suas expressões e isso o feria, mas não conseguia acatar seu chamado.

— Não consegues? Não podes nem ao menos me olhar?

Admirar a beleza de Paulina e adorar cada pedacinho de seu corpo com o olhar era o que mais ele desejava, observa-la não era uma vontade e sim sua maior necessidade, mas a dor em seu peito e confusão em sua mente tornava aquilo demais para ser suportado. Mesmo sentindo que não deveria fazer, Carlos Daniel virou-se em direção a ela e firmou seus olhos no chão molhado.

— O que eu menos queria era te olhar agora, e sabe o porquê? Porque dói, Paulina. Dói te ver e saber que tenho que dividir teu coração com outra pessoa, outra pessoa que te deu amor e carinho quando eu só fazia te decepcionar e magoar, outra pessoa que te beijou pela noite e pela manhã e que teve o privilégio de ver o brilho no teu olhar ao acordar, outra pessoa que pôde por 15 anos sentir teu aroma e te fazer rir, que pôde te abraçar e, por mais que eu queira tirar da minha cabeça essa imagem, essa outra pessoa pôde tocar na tua pele, beijar cada parte do teu corpo, te amar...

Lagrimas salientaram dos olhos castanhos de Carlos Daniel fazendo com que Paulina estremecesse. Carlos Daniel desviou sua mirada da terra, já transformada em lama, e encarou os olhos verdes da mulher a sua frente.

— Eu tentei não pensar nisso. Quando prometi à nossa filha que iria lutar por ti, eu tentei ignorar a voz que ecoava na minha cabeça e que dizia que já era tarde demais, eu juro que tentei. E quando te senti novamente em meus braços, quando senti o sabor viciante dos teus beijos, do aroma da tua pele e de como ela reagia ao meu toque, eu tive esperança de que tudo podia recomeçar de onde parou, que nós, nossa história poderia existir novamente. Mas te ouvir dizer que o ama, fez com que tudo que eu sonhei, por um breve momento, desaparecesse. Não sei o que estou sentindo, se é dor, revolta, raiva de mim mesmo por não perceber o que estava na minha frente. Claro que a mudança não poderia ser algo vindo de um trauma, não! Como fui estupido, meu Deus. Como um anjo, o meu anjo, poderia se transformar em um demônio. Ai Paulina, se eu tivesse percebido antes, se eu pudesse ter descoberto antes, se...se... Eu podia ter corrido atrás de ti, podia ter evitado que te apaixonasse por ele... podia... tudo podia ser diferente.

— Carlos Daniel. - Paulina mais uma vez suplicou. — Para.

— Você o ama? Tem certeza que o ama? – Havia esperança nele, Paulina sabia.

— Não faz isso.

— Me responde.

Paulina respirou fundo antes de confirmar a sua verdade que a fazia sentir-se desprezível.

— Amo, tenho certeza. Mas eu também te amo, eu amo você, Carlos Daniel. Me sinto horrível por estar confusa, por...por...

— Por não saberes quem amas mais?

— Por favor me entenda... Em todos esses anos o que eu mais quis foi te magoar, quis te ferir da mesma forma que eu fui ferida, mas agora não quero mais isso. Não quero te ferir com os meus sentimentos, nem com que eu estou falando, sei que é tarde demais, posso ver nos teus olhos o quanto estas sofrendo, mas não quero ficar longe de ti.

Enquanto falava Paulina andou a pouca distância que os separava.

— Pode me julgar de egoísta, Carlos Daniel, mas não se afasta de mim, e não me olha do jeito que estas me olhando agora, não faz isso comigo... Eu não posso ficar longe de ti, droga, não posso. Essa é a verdade. Eu fiquei por muito tempo tentando me curar do que sentia por ti, tentando matar esse sentimento que pulsa aqui. – Paulina pegou uma das mãos de Carlos Daniel e ainda o olhando a depositou sobre o seu peito. – E não consegui. E agora eu sei que de verdade nunca vou conseguir me curar de ti, e sabes o motivo. Você não é uma doença que precisa ser tratada e curada, Carlos Daniel, você foi, você é uma das melhores coisas que já aconteceu comigo, você me deu anos maravilhosos de casamento, me deu filhos lindos, me fez sentir amada e desejada. E eu te amo, juro que te amo. Nesses últimos dias que você reapareceu na minha vida, ou melhor, que eu reapareci na sua, o fogo desse sentimento que nunca deixou de existir renasceu e aumentou a cada dia. E o pior... – A mão livre dela tocou os lábios de Carlos Daniel com ousadia. – Quanto mais eu quero me afastar, quanto mais eu tento jogar um balde d'água fria nesse fogo, mais ainda os teus beijos me fazem incendiar... - Paulina engoliu em seco. — Me fazem te querer, me fazem... Droga, Carlos Daniel, eu te odeio por me fazer te amar tanto.

A mão de Paulina foi substituída por seus lábios sobre os de Carlos Daniel, ela os colou nos dele cheia de fome e paixão, ele a correspondeu como se dependesse daquele ato e a aproximou ainda mais em seu corpo conforme sua língua a explorava do mesmo modo que ela o fez desde que deram início aquela troca. Minutos no céu, mas o respirar era necessário e ele a afastou já esperando uma reação contraria como ela já vinha fazendo logo após se render.

— Por favor, não me deixa. Eu preciso te sentir. – Paulina pediu em mais uma suplica.

As mãos de Carlos Daniel deslizaram do rosto de Paulina até a cintura delgada dela, ele a sentiu estremecer e a olhou nos olhos e viu que ela era a mesma de sempre, a sua Lina. Decidida ela começou a desabotoar a camisa dele, e enquanto seus dedos tocavam de leve a pele que começava a ficar exposta Paulina entendeu que jamais entregou todo aquele prazer a mais ninguém.

— Me faça sua. – Ela pediu assim que terminou o ultimo botão e suas mãos logo se direcionaram ao cinto que se prendia a calça dele.

— Não me peça isso... Por favor. — Aquela foi a hora de Carlos Daniel suplicar.

— Eu preciso te sentir.

Os lábios dela selaram no peitoral de Carlos Daniel e ela sentiu-se encher de um sentimento único, indescritível... Uma Paulina liberta de tudo.

— Lina... — A voz de Carlos Daniel soou inaudível.

Paulina subiu beijando o seu pescoço, sua mandibla, até que novamente entregou os seus lábios aos dele enquanto seus dedos continuaram a despi-lo. Carlos Daniel apenas deixou-se dominar momentaneamente, ele sentia Paulina tão quente sob suas mãos mesmo com a chuva sem trégua que os molhava, e céus ela estava prestes a ficar intima dele, e como era maravilhoso a ter assim, como ele a desejava, como ele a queria, mesmo que de fato ela não fosse somente dele... A verdadeira realidade o fez voltar.

— Lina... — Ele a afastou — Isso significa o quê? Nós?

— Eu não sei o que isso significa Carlos Daniel... — Ela viu a frustação nos olhos dele.

— Como não sabe? Droga, Paulina, o que isso significa? Diga que você nos escolhe?

— Não... Eu sinto muito, mas não sei.

— Você precisa...

— Escolher? Sim, eu sei. Mas não agora, não quero pensar agora, só quero esquecer, me faz esquecer, me deixa te sentir, eu preciso de ti, por favor.

Paulina o abraçou forte e seu vestido já não parecia mais ser relativo, ou o meio que os separasse. Ele sentia os bicos dos seios dela intumescidos sobre sua pele, ela a acariciou nas costas e suas mãos ganhando vida desceram até próximo as suas nadegas e a sua excitação o traiu em fim.

Paulina tomou o seu membro em nas mãos e ele pensou que fosse desfalecer, ele fez com que as alças do vestido dela abandonassem os ombros e deslizassem até a altura de seu quadril. Linda, ele a fez se afastar o suficiente para olha-la, ela estava ainda mais linda do que se lembrava. Paulina terminou de tirar a peça de roupa que usava sem parar de mira-lo e ficou apenas com a sua roupa intima inferior. Lábios famintos e cheios de luxuria se encontraram segundos após entenderem a sua entrega que ia muito além da carnal, beijos inesquecíveis, toques de lembranças. Ambos se exploraram por um tempo indeterminado, faltava apenas a entrega total para que novamente fossem um.

— Eu te quero... — Ela falou em meio as caricias. — Eu te quero tanto, eu te quero mais do que, mais do que... – Aquela sentença não saia e ela sabia o que significava. Carlos Daniel também.

— Você não sabe.... Você não sabe...

— Ainda não, mas eu quero saber.

Paulina tentava a todo custo enganar a confusão que existia em sua mente. Não queria pensar, não queria hesitar, estava disposta a se entregar completamente ao homem a sua frente, mas precisava fazer calar a voz que ecoava em sua cabeça gritando que aquilo era errado.

Talvez a mesma voz também gritasse na mente de Carlos Daniel, mesmo querendo com cada fibra do seu ser a fazer sua novamente, ele não podia, não devia permitir que acontecesse naquelas circunstâncias. O momento mais tortuoso foi quando obrigou-se a afastar a mulher de sua vida para longe de seu corpo.

­— Não, Paulina. Desculpa, mas não posso.

Três diferentes tipos de frio atravessaram seu corpo quando o contato com o de Paulina se dissipou. O primeiro, mais ameno, se fez presente pelo cair das gotas d’agua e pelos ventos fortes que não paravam de os atingir. O segundo foi sentido pela abstinência do calor dela, como se a energia que emanava de sua amada como vício, não algo ruim, mas indíspensavel para seu corpo. O último, o pior, lhe atingiu quando, depois de afasta-la, a olhou e viu sua linda mirada verde tomada de frustação, raiva e decepção.

— Lina...

Sem dizer uma palavra sequer, ela pegou sua roupa no chão, a vestiu, deu-lhe as costas e caminhou de volta em direção à árvore que os abrigava daquela tempestade. Andou o mais rápido que conseguiu em meio a lama, aos ventos, a chuva e as lágrimas que humilhação fazia brotar mais e mais em seus olhos. Ela o escutou seu chamado, mas recusou-se a olhar para trás, parar ou simplesmente diminuir seus passos, seu único objetivo era chegar logo em sua proteção e torcer para que Carlos Daniel não a seguisse.

Contrariando seu orgulho ferido, a seguir foi exatamente o que ele fez. Chegando perto da planta, o homem de olhos castanhos viu Paulina sentando-se no chão e apoiando suas costas no tronco de madeira, o mais longe possível do paletó preto que ele havia deixado ali antes de sair como um louco pelo meio da mata.

— Posso me sentar do teu lado?

Ele perguntou já imaginando que ela não o responderia. Acertou. Nenhum palavra nenhum olhar foi direcionado a ele. Paulina deixava claro que manter uma conversa amigavel não era um de seus planos.

Carlos Daniel respirou fundo e se sentou do lado dela, ganhando de imediato mais distância. Paulina se afastou, virou de costas e deitou no chão desconfortável próximo às raizes do vegetal. O que menos a importava era o seu bem-estar naquele momento, só queria ficar quieta e chorar em silêncio.

— Lina?

Carlos Daniel ganhou novamente o silêncio como resposta para o seu chamado e para a certeza de que sua negação fora talvez o tiro no pé para o bom convívio com sua amada.

— Não me trata assim, você iria se arrepender depois.

Novamente apenas o barulho das gotas d'agua se chocando com o solo ecoou ali. Paulina não fazia nem menção de movimenta-se para ficar frente a ele. Carlos Daniel não conseguia ouvir nem o som da sua voz, nem ver as lágrimas que escorriam por seu rosto.

— Você não sabe a tortura que foi te dizer não, ah Paulina, minha Paulina, te ter em meus braços é o que eu mais quero nessa vida. Quero te amar, te fazer minha novamente, beijar cada parte do teu corpo, ouvir teu gemido clamando meu nome quando nos tornamos um só...

— Para! Você não quis quando eu estava me humilhando implorando por ti. Vai me dizer o que agora? Se arrependeu? — a ironia se fez presente em cada palavra proferida por ela.

— Não, não me arrependi. Quero te ter, todo o meu ser convulsiona só com proximidade do teu corpo ao meu. Mas não devo, não posso tocar-te sabendo que não és inteiramente minha. Paulina se vira para mim e me olha por favor.

Assim como ele pediu, ela virou-se para ele, encarando aqueles olhos castanhos que tanto amava.

— No momento que você se decidir, no momento em que você sim a nós dois, no momento em que a certeza de que teu amor pertence a mim, somente a mim, nesse momento eu vou te amar. Vou te amar com toda minha alma, toda minha essência, até acabarem as forças no meu corpo. Vou te amar como deveria ter feito em cada dia dos últimos quinze anos. Mas até lá, eu infelizmente tenho que esperar. Eu te conheço bem demais pra saber que se tivéssemos nos rendido a esse amor, a essa paixão, você ia se sentir culpada assim o dia amanhecesse. Não te quero desse modo.

Paulina não falou nada, não esboçou nenhuma reação, nem revolta, nem comoção, apenas virou-se de costas para ele e distanciou-se ainda mais de seu corpo.

— Tudo bem. Você está brava e pelo jeito não vai mais querer falar comigo, mas você sabe que tem que chegar mais perto pro paletó te cobrir também não é?!

Sim, ela sabia, mas não, aquilo não importava. O frio ou o respingo das gotas de chuva pareciam algo melhor do que ter que sentir o calor emitido do corpo de Carlos Daniel. Sentir tão perto e não o ter por completo a frustava, aliado a isso, seu orgulho ferido era mais forte que sua auto-preservação, só não esperava que seu corpo a traísse daquela forma.

— Lina, você está tremendo. Eu não vou deixar você ter uma hipotermia só porque você está brava comigo. Se você não vai se aproximar, sinto muito, mas eu vou.

Carlos Daniel fez o que disse e colou seu corpo ao da mulher de sua vida. O calor compartilhado emanou imediatamente. Como alguém tentando executar um delito muito grave, ele, temerosamente, passou seu braço ao redor da cintura de Paulina, a abraçando e juntando seus corpos ainda mais.

— Você não quis, então agora não se aproveite.

— Nunca.

A tensão entre os corpos desapareceu alguns minutos depois. O cansaço, a fraqueza de seu corpo e o peso em pálpebras ganharam a batalha contra o seu orgulho ferido. A respiração tranquila de Paulina sinalizou que ela já havia caído no sono, sua face serena e o doce sorriso em sua boca mostravam que ela estava em paz.

Tranquilidade esta que não era compartilhada por Carlos Daniel, seu coração batia com loucura por saber que, de forma ou outra, ela estava de volta em seus braços. Ele a ficou observando, por uma duração que não sabia precisar, parecia um piscar de olhos e uma eternidade ao mesmo tempo.

Ele só foi desperto do transe de observa-la, no momento que a inconsciência dela decidiu agir e matar a saudade. Paulina virou-se em direção a Carlos Daniel, deixou que seu braço contornasse o tronco dele, e aconchegou seu rosto na curva do pescoço do seu ex marido, sentindo assim aquele perfume que tanto ela sentiu falta.

Carlos Daniel sorriu com o ato, ela havia sido traída por seu próprio sono que a levou a repetir a posição em que dormiam anos atrás. A lembrança da explicação dela para isso ainda nos primeiros anos de matrimônio estava fresca em sua mente, como se tivessem passado apenas dias e não anos. "Eu gosto de sentir seu perfume, meu amor, me acalma. Por que você acha que eu durmo cheirando seu pescoço?". Ele riu com a lembrança e agradeceu a Deus pela oportunidade de tê-la novamente em seus braços.

Não sabia se aquilo era um sinal de que as coisas iriam mudar ou só um doce momento que nunca mais aconteceria, mas ele preferiu viver aquela magia antes que acabasse. Cobrindo mais o corpo dela com o paletó, ele beijou sua testa e a abraçou para poder dormir, mas sem deixar de proferir algumas palavras antes.

— Boa noite, meu amor


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Notas finais do capítulo

O que vocês acharam? Realmente preciso do feedback de vocês até para poder saber se os capitulos estão tendo o impacto que eu esperava. Eu sei que estou em divida na resposta de alguns reviews, mas de hoje pra amanhã eu dou um jeito nisso.
Enfim, comentem!!!
@deafmonteiro