Nossa Eterna Usurpadora escrita por moonteirs


Capítulo 58
Desabafando parte 1


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, estou de volta com outro capitulo quentinho.
Vou confessar para vocês, não tinha a intenção de postar ele hoje, mas aconteceram duas coisas que me estimularam a fazer.
Eu estava lá no estagio, decido checar como estava a fic, e para minha surpresa me deparo com duas recomendações. Sim, socidade brasileira, DUAS recomendações.
Obrigada a Miih Santos e a Gislainewp que escreveram textos lindos que me fizeram chorar lá no escritorio, muito obrigada meninas. Vocês fizeram o meu dia.
Também queria agradecer a Lêh Juca que postou um review que me emocionou. Muito obrigada por acreditar em mim linda.
Mas chega de tanto falatorio não é verdade? Vamos ao capitulo.
Boa leitura ^^



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Ver Gabriela chamando Paola de mamãe foi a pior dor que o meu coração já debilitado pode suportar. Meu mundo inteiro havia caido e tudo ao meu redor estava em trevas. Não pude controlar meus sentidos, minhas pernas já não possuiam mais sustentação e meu corpo foi atrapado pela angustia de uma perda. Minha vista escureceu e minha mente perdeu a consciencia. Quando abri meus olhos uma forte claridade foi sobre mim.

Paulina: Onde estou?

Alejandro: Paula! Ainda bem que você reagiu...

Paulina: Alejandro... o que esta acontecendo? Onde estou ?

Alejandro: Você está na minha casa.

Paulina: O que ? Como?

Alejandro: Calma Paula, não se assuste. Você desmaiou lá no almoço e eu não podia ficar sem fazer nada, como o hospital fica muito distante e não temos seus documentos para dar entrada em um hospital mais perto, eu tomei a liberdade de trazer você para minha casa.

Naquele momento pude observar mais atentamente o lugar onde eu estava. Deduzindo pelo arrange dos móveis concluir que se tratava de uma sala de estar. As paredes com cores escuras e o mobiliario de grande refino me fizeram lembrar de outra sala muito parecida com aquela, a sala da casa Bracho, a minha casa. Recordar tudo o que perdi injustamente trouxe consigo toda a angustia que estava arramazenada em meu corpo gritando para sair. Não pude evitar, chorei. Desafaguei minhas dores, medos e aflições bem ali, sentada naquele grande sofá de cor escura e com os olhares assustados de Alejandro sobre mim.

Alejandro: Paula, desculpa Paula, eu não queria te causar nenhum dano, foi a única alternativa que eu encontrei, me perdoe, não chore por favor.

Paulina: Não choro por isso...

Alejandro: Então porque? O que esta acontecendo? Pode contar comigo para o que quiser! Além de seu medico, sou seu amigo também não é?

Paulina: Sim, sim, claro. É que tem tantas coisas acontecendo na minha vida que eu não consigo mais suportar, não mais, é maior que eu...

Alejandro: Paula...

Paulina: Tem tanta coisa que você não sabe sobre mim, sobre minha vida, sobre o meu passado.

Alejandro: Calma Paula calma.

Paulina: Eu não posso me acalmar não posso. Minha mente esta confusa e eu estou vivendo em um eterno labirinto que eu não consigo achar a saida.

Alejandro: Paula, calma. Você precisa se libertar de tudo isso. Desabafe. Fale tudo o que te angustia, quero te ajudar.

Olhei para a mirada azul de Alejandro e senti segurança com o que ela me passava. Bastava de mentiras e mistérios, optei por contar toda a verdade para ele, mesmo que com isso eu me arriscasse a perder aquela amizade.

Paulina: Primeiramente o meu nome. Não me chamo Paula Martins como disse, meu nome verdadeiro é Paulina. Paulina Martins... Paulina Martins de Bracho.

Alejandro: Como?

Paulina: Isso mesmo Alejandro, meu verdadeiro nome é Paulina Bracho. Sou, ou pelo menos era a mulher de Carlos Daniel Bracho.

Alejandro não falava nada, sua boca fazia movimentos como se quisesse pronunciar algo, mas nenhum sonido era ouvido. Ele definitivamente estava em choque ou pensando que eu era uma completa louca ou ambas as opções.

Paulina: Sei que parece loucura o que eu estou dizendo, afinal nós dois vimos hoje “a definição de casal feliz Paulina e Carlos Daniel Bracho” como os reporteres não cansam de dizer, mas você precisa acreditar em mim e na história que eu vou te contar agora.

Alejandro: Estou ouvindo.

Paulina: A história da minha vida e da minha familia é a mais surreal que poderia existir, assemelha-se a uma novela dessas que existem aqui no México de tal descabida. Bom, para inicio de conversa eu tenho uma irmã gemea, Paola. Acho que essa informação esclarece boa parte de suas duvidas não é?! Continuando, há muito tempo atras Paola era a mulher de Carlos Daniel, mas ela não o amava, nunca o amou. Ela saia pelo mundo com amantes enquanto Carlos Daniel ficava em casa apaixonado com saudades da esposa que ele pensava estar viajando para tratar de um problema de saúde. Em uma dessas viagens ela encontrou com uma moça surpreendentemente identica a ela, bom, nem tão identica. Ambas apenas possuiam o rosto como fator de semelhança, mas a ingenuidade, pobreza e simplicidade as diferenciavam. Aquela moça Alejandro era eu. Uma humilde campesina que foi obrigada a aceitar uma proposta descabida quando uma moça rica identica a ela lhe encurralou entre a cruz e a espada.

Alejandro: Não estou entendendo nada.

Paulina: Paola percebendo nossa semelhança se aproveitou disso. Ela me chantageou para que eu ficassem em seu lugar na casa da familia Bracho enquanto que ela viajaria para a Europa com o mais novo amante. E foi assim que entrei naquela casa, como uma usurpadora. Eu passava os dias angustiada, parte por estar ali ocupando um lugar que não era meu, mas também eu era devastada pela culpa de estar me apaixonando pelo marido que também não era meu. Esse foi o problema, eu me apaixonei por Carlos Daniel.

Alejandro: E ele correspondeu o seu amor? Digo, ele te amou como... como Paulina?

Paulina: Não, pelo contrario. Minhas constantes tentativas de o afastar de mim, fizeram com que ele criasse uma repulsa por aquela nova pessoa que sua mulher havia se transformado. E quando ele descobriu toda a verdade, me odiou ainda mais.

Alejandro: Continue.

Paulina: No meio disso tudo o filho dele que eu considero como meu sumiu. Ele soube da minha ida de casa e decidiu por conta propria ir atras da mãe, ou da mulher que ela achava ser a mãe dele. A busca por Carlinhos acabou nos aproximando, e ele acabou me perdoando. Com a aparição do menino, Carlos Daniel me propos para que eu voltasse para a casa Bracho apenas enquanto o Carlinhos se recuperava, ele havia perdido a memoria e ainda tinha um problema grave na perna.

Alejandro: E você ficou pelo menino?

Paulina: Sim, fiquei por Carlinhos. Mas durante esse tempo tive que novamente passar por Paola Bracho. Ninguém poderia saber que eu era uma usurpadora, muito menos a policia.

Alejandro: Você tinha medo de ir para a cadeia?

Paulina: Não, eu sabia que um dia ou outro eu teria que pagar pelos meus erros. Mas não queria me separar do Carlinhos, não antes da cirurgia que ele tinha que fazer. Entretanto, nem todos pensavam assim, alguns dos Brachos não me suportavam, ou não suportavam ver a minha face e se lembrar do que Paola os tinha feito. E sendo assim, fui denunciada e parei na cadeia.

Alejandro: Você foi para a prisão?

Paulina: Por pouco tempo mas fui, fiquei detida só até o meu julgamento. Carlos Daniel tentou evitar tudo aquilo, mas naquela altura do campeonato a Paola já havia voltado para a capital e não tinha mais como manter a farça. Fui julgada e declarada inocente.

Alejandro: Continue.

Paulina: Bom, no meio de toda a confusão do tratamento do Carlinhos, a minha prisão, o julgamento e a volta de Paola, Carlos Daniel me confessou que me amava. Ele também correspondia a aquele amor que eu sentia por ele. Mas naquele momento eu não poderia ama-lo, não deveria amar o então marido da minha irmã. Foram muitos dias de angustia, de renuncia, de luta contra aquele sentimento. Carlos Daniel não me entendia, ele não desistia da ideia de nós dois, mas os meus valores me impediam de me entregar a aquele amor. Mesmo depois da ‘morte’ de Paola eu me recusava a aceitar o seu pedido de casamento.

Alejandro: Espere Paulina eu não estou entendendo nada. Você esta me dizendo que a Paola morreu, mas e a mulher que vimos hoje?

Paulina: Por isso que te avisei que a minha historia era louca. Deixa eu continuar e ao longo do relato você vai entender.

Alejandro: Tudo bem, continue.

Paulina: Paola morreu vitima de um acidente de carro. E depois de muito tempo eu aceitei me casar com Carlos Daniel. Vivemos felizes por 10 anos, e além dos dois filhos dele do primeiro casamento, nós dois tivemos mais 3 filhos. Minha vida era perfeita, estava com o homem que amava e meus filhos cresciam felizes e saudaveis, não poderia pedir mais nada. Mas minha alegria acabou quando em nosso caminho entrou uma mulher idêntica a mim, mas diferente de anos atrás que eu conheci em um banheiro de senhoras de um hotel no litoral, esta se identificou como Noelia Villareal. Quando fiquei cara a cara com ela, eu pensei que se tratava da própria Paola que havia regressado da morte, era a única explicação lógica e também a mais louca que a minha cabeça poderia pensar.

Alejandro: Mas as pessoas não podem regressar da morte...

Paulina: Isso que Carlos Daniel e eu tentavamos nos convencer. Não era possivel existir outra pessoa tão identica a mim...

Alejandro: A menos que...

Paulina: Exatamente. Nossa perguntas foram respondidas quando foi descoberto que quando a minha mãe foi dar a luz, nasceram três meninas e não duas como todos pensavam.

Alejandro: Então vocês são trigemeas...

Paulina: Sim! Você não sabe como eu fiquei feliz quando descobri que tinha outra irmã, sentia como se a vida tivesse me dado a oportunidade que não tive com a Paola. Por isso, me afetuei demais a ela. Confiava em Noelia de olhos fechados e também a defendia de tudo e de todos, inclusive do meu marido. Por alguma razão, Carlos Daniel não gostava dela, diziam que sentia que ela não era uma boa pessoa e não era digna de confiança. Tivemos várias brigas por causa disso até que eu o convenci a dar uma oportunidade para a minha irmã. Grande erro.

Alejandro: Porque grande erro?

Paulina: Porque no dia do aniversario da minha filha Lizete, eu os encontrei semi-nus na minha cama.

Alejandro: Ele te traiu com a sua irmã?

Paulina: Era isso o que eu pensava. Quando vi os dois juntos no meu quarto, senti duas cravadas no peito, duas traições. Eu havia sido traida pelas duas pessoas que eu mais amava no mundo depois dos meus filhos. Carlos Daniel ainda tentou me convencer de sua inocencia, mas como ele poderia negar a cena que eu tinha presenciado? Não, não havia como. Meu mundo caiu quando tempos depois eu descobrir que a Noelia estava grávida e ele era o pai.

Alejandro: Meu Deus Paulina...

Paulina: Você já deve imaginar como fiquei não é? Fiquei destruida, sem forças para seguir em frente e sem saber o que fazer. Naquela altura do campeonato, eu estava grávida da Gabriela e carregando o fardo de uma das piores decepções da minha vida. Sai da casa da familia Bracho naquela mesma noite, não aguentava mais ver Carlos Daniel nem nada que se relacionasse a ele. Fui morar em outra casa que eu tinha, e contei com o apoio de um amigo meu, um anjo que Deus me enviou para me ajudar.

Alejandro: Meu Deus Paulina, quanta dor você já suportou.

Alejandro disse aquelas palavras olhando fixamente em meus olhos e limpando os rastros das lágrimas de meu rosto. Seu olhar compacido me hipnotizou por alguns instantes. Aquela mirada me trazia paz e me fazia esquecer as dores e os problemas. Peguei a mim mesma olhando encantada para ele e assustada com aquilo voltei a contar a história. Tinha que me manter ocupada e não deixar que pensamentos sem sentido invadissem minha mente.

Paulina: Douglas foi um grande amigo, ele me apoiou em toda hora e a cada instante. Tendo ele como suporte, eu tomei uma das decisões mais dificeis de minha vida, uma decisão que mudaria para sempre o rumo da minha vida e da minha familia também. Mas apesar de dificil, era algo que eu não poderia mais evitar, tinha que ser feito para que eu pudesse seguir em frente e assim talvez parasse de sofrer. Eu já estava com quase 9 meses de gestação quando tomei a iniciativa de comunicar a minha escolha a Carlos Daniel. Fui até a Fábrica Bracho e ignorarando suas tentativas de explicação, eu pedi o divorcio.

Alejandro: Vocês se separaram?

Paulina: Não, o destino me pregou outra peça naquele instante. Quando estavamos no escritorio discutindo sobre o divorcio, porque eu queria e ele se negava, eu entrei em trabalho de parto. Foi tudo tão rápido, tão intenso, mas tão bonito. Gabriela, nossa pequena luz como Carlos Daniel a chama nos uniu quando tudo parecia perdido. Ele ficou ao meu lado o tempo todo, segurando minha mão, me apoiando e dizendo que tudo iria ficar bem. Apesar do meu ressentimento Alejandro, Carlos Daniel foi e ainda é o homem da minha vida, e na hora do nascimento de nossa filha só era ele quem eu necessitava ao meu lado.

Lembrar daquele momento fez meu coração render novamente meus olhos às lagrimas. Não estava apenas recordando um dos dias mais bonitos de minha vida, mas sim revivendo cada instante do nascimento da Gabriela. Fechando os olhos ainda podia sentir o calor da mão de Carlos Daniel sobre a minha, as palavras de conforto dele ao meu ouvido e o barulho de nossos corações pulsando sob a mesma melodia. Apesar dos problemas, brigas, desencontros e ressentimentos que existem entre nós dois, sei que é impossível arrancar ele do meu coração. Carlos Daniel roubou meu coração no momento que me beijou naquele aeroporto, nenhuma das lutas que travei contra esse sentimento adiantaram, nunca pude e infelizmente nunca poderei deixar de ama-lo.

Alejandro: Paulina...

Meu amigo me tirou da angustia que eu estava mergulhada por não ter meu amado ao meu lado com um simples chamado do meu nome. Com os meus olhos fechados e com as lágrimas escorrendo por dentre eles, eu senti quando ele levantou minha cabeça abaixada com um sutil toque de seu dedo no meu queixo. Aquele gesto fez com que eu obrigatoriamente olhasse em seus olhos azuis. Alejandro me olhava intensamente como se quisesse entender o que estava se passando comigo apenas pela leitura de meu olhar, e pela mudança em sua feição acredito que ele tenha conseguido.

Alejandro: Paulina... você ainda o ama não é verdade?

Sem permitir que a minha boca respondesse a sua pergunta, ele continuou a sua fala sem parar de me olhar nos olhos.

Alejandro: Não preciso que você me responda com palavras, a sua mirada grita com todas as forças por isso. Você ainda o ama, e esse amor tão grande esta te machucando neste momento não é verdade? Olha Paulina, eu não sei o que aconteceu entre vocês dois e também não entendo muitas coisas, mas posso te dizer uma coisa que eu conheço, a vida. Como médico eu aprendi a lidar não só com a vida, mas também com a morte. Eu vi pessoas morrerem em minha frente sem que eu pudesse fazer nada, vi pais chorarem a morte de suas crianças inconsolavelmente, vi também filhos que não puderam pedir perdão aos seus pais antes que eles partissem. Vi tudo isso Paulina. Sim é verdade, não conheço sua história, mas sei que quando lutaste contra todas as possibilidades e te recuperaste daquele coma, ali Paulina, era Deus te dando uma nova oportunidade, uma nova chance para viver. Então, por favor não chore, sei que a dor está muito pesada em suas costas, suas amargas lágrimas descrevem isso, mas não se deixe vencer. Você é uma guerreira, nunca se esqueça disso. E se você o ama como eu posso ver em seus olhos, lute por ele. O amor verdadeiro é algo único, não deixe ele escapar, não cometa o mesmo erro que eu cometi.


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Notas finais do capítulo

Meus amores, esse capitulo terá uma continuação que eu já estou escrevendo, espero postar ela até sexta feira. E novamente, muito obrigada por acompanharem minha história.
@deafmonteiro



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