Apesar do clima no começo ser tenso, o jantar transcorreu bem. Contrariando as expectativas da família toda, Carlos Daniel foi simpático e até amigável com Miguel. Ele percebeu que assim como o caminho para ele e Paulina fora tortuoso e cheio de empecilhos, o amor deles foi mais forte e superou todos os obstáculos. Ao ver no olhar daquele jovem, o mesmo sentimento que ele sentia por sua esposa, decidiu não ser a pedra no caminho que impediria a felicidade da filha.

Paulina sentia um misto de emoções, por um lado estava muito feliz por Carlos Daniel ter sido simpático e agradável com Miguel. Mas também sentia orgulho do marido, pois mesmo sem dialogarem, ela conseguia decifrar o seu olhar, e naquela noite ela entendeu que o marido permitiria e apoiaria aquele amor. E que ele compreendeu que a felicidade da filha era mais importante que seu ciúme bobo.

Depois da noite do jantar, dias se transcorreram e finalmente chegará o dia do aniversário de 15 anos de Lizete. Após todas as situações que ocorreram, tantas revelações impactantes. A festa de aniversario de Lizete tornou-se o evento de felicidade, onde toda a família estaria reunida e todos esqueceriam as dificuldades que haviam enfrentado.

Mesmo com um estagio avançado na sua gravidez, Paulina cuidou de cada detalhe daquela festa, sentia-se obrigada a fazer aquilo, não de forma negativa, e sim, como agradecimento pela vida. Em todo instante lembrava-se da época que pensava que estava com câncer terminal, e que não poderia estar presente para acompanhar o crescimento dos filhos. E como graças a deus, o diagnostico havia sido equivocado, ela sentia a necessidade de passar por aquela etapa junto com a filha.

Os dias que antecederam a comemoração foram de extrema correria, tudo precisaria estar perfeito para celebrar os 15 anos da filha. Paulina não parava para descansar um só minuto, o que preocupava o gostosão, ele sabia que a gestação da esposa deveria ser regrada a descanso e calma, o oposto ao que nossa eterna usurpadora estava fazendo. Apesar de todas as tentativas em vão de Carlos Daniel em convencer a esposa a deixar os preparativos sob responsabilidade da equipe organizadora, Paulina se encarregou de todos os detalhes da festa.

CD: Meu amor, você não acha melhor os organizadores cuidarem disso? Você precisa de repouso minha vida.

Paulina: Eu sei meu amor, mas acho que ficaria mais angustiada se não estivesse fazendo nada. Sabe, no dia que eu descobrir que estava com câncer, bom, que pensávamos ser câncer...

CD: Sim, aquele médico me deu o maior susto da minha vida, não iria aguentar viver sem você Paulina, simplesmente não teria mais razão para continuar respirando.

Paulina: Não fale assim Carlos Daniel

CD: Mas é verdade. Bom, vamos mudar de assunto. Você estava falando que...

Paulina: Sim, naquele dia, entrei no quarto da Lizete e a vi dormindo. Ela estava tão calma e serena meu amor, e me angustiou saber que não a veria dançando sua valsa de 15 anos. E por isso, quero que tudo esteja perfeito minha vida.

CD: Ah sim, agora entendo seu empenho.

Paulina: Sabe, eu armei uma surpresa pra ela – Disse colocando os braços ao redor do pescoço do marido.

CD: Surpresa?? E eu posso saber qual é?

Paulina: Você saberá na hora.

CD: Nossa mais que mistério. – Disse sorrindo e colando o corpo da esposa ao seu.

Paulina: Ah meu amor, eu esqueci de lhe falar, eu convidei a Noelia pro aniversario da Lizete.

Ao ouvir o que Paulina havia dito, a face de Carlos Daniel mudou instantaneamente. Ele não conseguia esconder o fato de não gostar da recém descoberta irmã de Paulina, embora esse fosse seu desejo. Ele sabia que o aparecimento de Noelia fez a esposa mais feliz, como se recuperasse parte da família que havia perdido com a morte de Paola.

CD: Convidou? Não sabia que estava falando com ela

Paulina: Sim meu amor, depois que descobrimos que somos irmãs, passamos mais tempos juntas, ela também me ajudou a preparar os detalhes da festa.

CD: Hum... entendo.

Paulina: O que foi meu amor, vi que logo que falei o nome dela você mudou de expressão, não gosta dela?

CD: Para dizer a verdade Paulina, não gosto não.

Paulina: Mas meu amor, ela é minha irmã, sangue do meu sangue, minha família também.

CD: A Paola também era sangue do seu sangue, e olha quanto mal ela fez, você podia ainda estar presa por culpa dela.

Paulina: Ah então é isso, você está enxergando a Paola na Noelia e esta a julgando por isso. Carlos Daniel, paz aos mortos.

CD: Sim eu sei, não quero ferir a memória dela apesar de todo mal que ela nos tenha feito enquanto estava viva...

Paulina: Mas ela se redimiu Carlos Daniel, lembra? Você estava lá, você a perdoou.

CD: Sim eu a perdoei, mas isso não tem nada a ver com a Paola amor, não sei, só sinto que não podemos confiar na Noelia.

Paulina: Carlos Daniel, essa sua atitude é ridícula – Disse aumentando se tom de voz- Noelia é a minha irmã, e você está a julgando pelos atos da Paola. Você esta me entendendo? Você não lhe deu nem a oportunidade dela mostrar quem é, você nem a conhece...

CD: Paulina, não se exalte, olhe o bebê.

Paulina: Como você quer que eu não me exalte?? Você esta me dizendo que não gosta da minha irmã, isso sem ao menos conhece-la. Ela é o que sobrou da minha família Carlos Daniel.

CD: Não Paulina, sua família esta aqui com você. Somos eu, as crianças, a vovó piedade, todos te amam.

Paulina: Sim vocês são a minha família, assim como ela também é. Me diz um motivo para que você não goste dela? Apenas um motivo sensato.

CD: Bom... sei lá... eu não sei, apenas sinto que ela não é uma boa pessoa.

Paulina: Você se ouviu? Nem motivos racionais você tem para não gostar dela.

CD: Mas Paulina...

Paulina: Hoje não tem como conversar com você, você está sendo irracional e você sabe – Disse irritada e indo em direção à porta.

CD: Aonde você vai??

Paulina: Vou para algum lugar longe de você.