Suspeita escrita por Bruno Moura


Capítulo 9
9ª Suspeita: Beijo de sangue.


Notas iniciais do capítulo

Opa, fala pessoal, tudo em cima? kkk
Voltamos aí com mais um capítulo de suspeita, a sua série favorita (ou não) de mistério.
Esse capítulo promete, o fim foi o que mais gostei, espero que possam gostar tanto quanto eu.
Enfim, boa leitura!



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Dia 15 de maio de 2013, quarta-feira, sol, Simões Filho, IFBA, 14h57min da tarde.

– Estamos aqui à procura de dois caras muito conhecidos por aqui, os nomes deles são Daniel e Davi, eles estudam no primeiro ano de eletromecânica durante a tarde. – Disse o zodíaco que acabara de assassinar uma garota.

O clima estava tenso. Os dois detetives estavam suando frio. Repentinamente uma voz irrompeu da multidão.

– SÃO ELES! – Disse o jovem que apontara para os dois amigos.

Todos os olhares voltaram-se para Daniel e Davi.

– Há, há, há – Gargalhou o zodíaco que falara a pouco – Ora, ora, se não são meus detetives favoritos. Venham aqui, desçam, quero vê-los de perto. – Seu sorriso maquiavélico deixava mais do que claro quais eram suas intenções.

Sem escolha os dois jovens desceram respondendo ao chamado do assassino.

– E agora? – Disse Daniel.

– É nossa chance, finalmente vamos ver cara-a-cara os autores das ligações do zodíaco. Vamos arrancar o máximo de informações que conseguirmos, isso vai ser útil mais tarde. – Apesar de aparentar estar calmo Davi suava frio.

–Isso é, se nós sobrevivermos, claro. – Daniel descia os últimos degraus até chegar a aquele que os chamou.

– Vamos sobreviver... Acho.

Por fim os dois detetives chagaram até onde a dupla de vilões os chamou.

A situação não era nada agradável e qualquer deslize acarretaria na morte dos estudantes, a coisa ia de mal a pior.

O zodíaco não tinha um pingo de pudor quanto a esconder sua diversão com aquele momento.

– Vocês não sabem o quanto eu esperei para vê-los... Apesar de que eu sempre achei que fossem mais altos, afinal, pra matar nosso companheiro touro vocês certamente deveriam ter um bom condicionamento físico.

– DANIEL, DAVI, SAIAM DAQUI! – Gritou Órion ao ver os amigos, o bandido apertou com mais força a arma em sua cabeça assim que o rapaz gritou.

– Quando se tem uma arma em mãos pouco importa o condicionamento físico – Davi tomou a frente. – Vocês mesmos são exemplos disso, fazendo de refém toda uma escola apenas com dois revólveres, o que se mostra um ato pra lá de covarde.

– Ora, cada um usa as armas que tem, garoto. Um leão não se preocupa se uma zebra tem presas quando parte para a caça. Assim são os humanos, tão sujos e selvagens quanto os animais. – Enquanto falava isso ele apertava a clavícula de Daniel com o revólver segurando Órion com mais força com o braço que o prendia.

– Vamos parar de rodeios. Digam logo o que vocês querem. – Daniel simulava a total ausência de medo.

– Nada de mais, apenas viemos fazer uma visitinha, passar nosso recado aos seus colegas de escola e ver pessoalmente a cara de vocês, afinal, precisamos saber até onde vocês são bons.

– O que quer dizer com isso? – Perguntou o loiro.

O zodíaco revirou os olhos, a única parte do rosto que sua máscara deixava a mostra. – Misericórdia, você realmente não lembra? Vamos lá, me mostre do que são feitos os “maiores detetives juvenis do mundo” – Disse em tom de ironia. – Nós já falamos que nosso próximo ataque, no caso este, seria em um momento em que jamais esperariam, e assim foi, estamos aqui em plena luz do dia, em um evento onde várias pessoas estão testemunhando isto...

– Seria “um ataque triplo muito bem bolado”. – Completou Davi.

– Exatamente, não acham que falta alguma coisa?

– Hum... – Daniel se pôs a pensar. – No momento existem apenas dois de vocês aqui, ou seja, ou vocês vão fazer mais dois ataques durante o dia ou mais um de vocês ainda vai aparecer hoje.

– Bingo, uma salva de palmas para o loirinho, no entanto, ainda tem mais um fator, seria muito sem graça se as coisas fossem tão simples.

– O que você quer dizer?

– Pense bem, idiota. Olhem o perfil do assassino que está perante vocês, nós somos cheios de caprichos, gostamos de emoção, de fazer as coisas ficarem sempre mais e mais divertidas, até por que matar por matar não tem graça, tem que ter um algo a mais. Apesar de estarem encurralados fisicamente seu psicológico ainda está totalmente sobre controle, vocês acham mesmo que nós íamos deixar isso assim?

– Não... – Daniel foi o primeiro a perceber. – DEIXE-AS FORA DISSO! – O loiro começou a tremer.

– HÁ, HÁ, HÁ, HÁ, HÁ, HÁ, HÁ, HÁ – a gargalhada maquiavélica do assassino parecia ser capaz de cortar corações. Seu som se propagava horrivelmente por todo o pavilhão. – Então você percebeu, que maravilha. Olhem só, já está tremendo, que ótimo, magnífico, não esperava menos de seu poder dedutivo, estou adorando sua reação.

– O que foi, Daniel? O que você percebeu? – Davi ainda não compreendia a situação e tocava o ombro do amigo a fim de acalma-lo.

– Não tenho tempo de explicar, cuida dele! – Daniel saiu em disparada subindo as escadas pelas quais descera há pouco.

–EI! – Gritou o zodíaco apontando a arma para o loiro.

– AGORA! – Gritou Órion ao perceber a brecha que foi aberta.

Aproveitando-se da distração do zodíaco Davi deu um chute na mão que estava armada fazendo com que o revolver saísse da mesma rodopiando pelo ar, a arma disparou, mas errou devido ao golpe que a mão que a estava controlando levou, com um salto o rapaz pegou a mesma apontando-a logo em seguida para o monstro.

– O tabuleiro virou, solte Órion! – A expressão de Davi mostrava que ele não estava de brincadeira.

– Muito bem, você venceu. – O zodíaco homem fez o que lhe foi mandado, Órion correu para junto de Davi assim que foi solto. – No entanto, ainda existem mais peças no jogo que você está ignorando.

–ISSO MESMO! – A garota mascarada que fazia todos de reféns pelas costas manifestou-se diante do risco que seu comparsa corria no momento e mirou a arma para Davi. – Agora sou eu que mando nessa zona, solte a arma!

–Nem pensar. – Davi mirou a pistola para o rosto do homem que prendia Órion até então. – Se você fizer alguma coisa ele morre.

– Hu – A garota deu uma leve risadinha, ela ficou impressionada com o quanto o jovem era perspicaz e a maneira com que ele conseguiu virar a situação. – Sem problemas, eu mato ele primeiro e depois mato você.

– Está blefando.

– Não estou, vamos logo com isso, solte a arma.

– Se você o matar terá que conter sozinha todo esse pessoal, as chances deles conseguirem fugir será grande, sem falar que podem te enfrentar, já que não terá mais ninguém apontando um cano de revolver atrás de suas cabeças. – Davi fez um sinal para que Órion se aproximasse, e colocou a mão do ruivo junto a sua na arma de fogo. - Se me matar Órion já estará com a arma em mãos e vai poder atirar em você no mesmo instante, por mais rápida que seja você não vai conseguir revidar antes dele, sem falar que eu conheço esta arma, ela tem capacidade para até seis balas, você já usou cindo mais cedo, só tem mais uma, vai ter que recarregar o que dará tempo suficiente para Órion explodir seus miolos.

– Boa. – Órion sorriu ao ouvir o plano do amigo.

Por um instante todos ficaram calados, ninguém esperava que algo assim viria a acontecer, nem mesmo a dupla do zodíaco, sorrisos e lágrimas estavam espalhados entre os rostos daqueles que estavam sendo usados de reféns, uma esperança surgia nos corações, talvez ninguém mais precisasse morrer naquela tarde.

– Você é bom, muito melhor do que eu imaginava, mas nós também temos armas na manga. – A garota apontou para cima.

– Daniel... Droga.

Daniel a muito tinha parado de correr, pois assim que chegou a outra ponta do primeiro andar do pavilhão estudantil avistou aquilo que temia. Zodíaco, mais um assassino, o último, aquele que enfim completaria o ataque triplo. Ele era um homem alto e forte, usava uma camisa regata preta, calças e botas de igual cor e não estava sozinho, com as mãos na nuca e ajoelhadas no chão estavam Adriana, Gabriela e Clara, o terceiro apontava sua arma para as cabeças das moças, Adriana chorava, Gabriela desesperou-se ao ver Daniel, Clara gritou.

– DANIEL!

– O príncipe encantado chegou em sua carruagem. – Disse o terceiro zodíaco – Pensei que não chegaria a tempo de salvar a princesinha em apuros. – E assim que o disse lambeu o rosto de Clara num tom pervertido de provocação.

– Se você tocar mais um dedo que seja nela, eu... – Daniel irou-se, seus olhos estavam cheios de veias.

– Você o que? Vai me bater? Por favor... Dê graças a Deus que eu ainda não pude fazer nada com ela... Ainda – Daniel ficou ainda mais irritado e ameaçou avançar no criminoso, mas parou assim que o mesmo fez um gestão de calma com a mão a fim de o fazer ouvir, sua face demonstrava o quanto ele estava sadicamente divertindo-se com aquilo .- Então vamos começar o jogo, escolha uma delas que imediatamente eu matarei as outras duas. Se quiser um palpite eu pouparia à ruiva, pois ela é mais encorpada, he, he, he...

O maligno estava a encarar o detetive loiro com sua sádica expressão de prazer.

Todos ficaram calados, as garotas se entreolharam, Adriana e Gabriela sabiam que não tinha mais volta e que certamente Daniel escolheria Clara, no entanto, ele mesmo já não tinha tanta certeza, não que ele não a amasse, mas o fato de ter que escolher alguém para sobreviver, ou melhor, escolher quem vai morrer era um desafio para o garoto, ele não podia simplesmente dizer que preferia que a namorada continuasse viva, pois jamais conseguiria viver com o fardo de ter feito uma escolha que matou suas amigas, sua cabeça já estava tonta de tanto pensar, quando, de repente, ele fez a escolha mais louca e também a mais irresponsável.

– AAAAAAAAAAAAAH! – Furiosamente gritou Daniel ao avançar a toda em seu inimigo.

– O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO, IDIOTA? – O zodíaco deu dois disparos antes de cair, em vão, pois Daniel conseguiu segurar o braço do mesmo antes que ele tivesse a oportunidade de balear o garoto o que fez com que as balas não o atingissem.

Os dois começaram a digladiar-se, Daniel segurava os dois braços de seu adversário fazendo com que eles pudessem valer-se apenas das pernas da luta. Chutes, cabeçadas, rasteiras, pontapés... Os golpes pareciam não ter fim e Daniel parecia não ir bem, já estava bem machucado e sangrando enquanto o zodíaco ainda demonstrava o mesmo vigor que tivera desde o começo da luta.

– Aceite o seu fim, moleque, não tem jeito pra você, me solte que eu lhe prometo pensar em não abusar da sua namorada na sua frente!

O zodíaco estava quase soltando suas mãos, e sorria predizendo sua vitória, as garotas começaram a gritar e o desespero subia a garganta do jovem detetive, foi quando sem opções ele valeu-se de uma medida impensada.

– NÃÃÃÃÃÃOOOO, DAANIEEEEEL!!! – Clara estava desesperada com a cena.

Daniel usou o peso de seu corpo saltando sobre seu inimigo fazendo com que ambos caíssem da sacada do primeiro andar.

Clara vomitou sangue assim que viu a cena, Adriana estava paralisada, simplesmente sem ação e Gabriela não parava de chorar, o bandido se fora, mas levou Daniel junto com sigo, um minuto de silêncio se seguiu, até que elas avistaram uma mão que parecia pendurar o peso de seu corpo no chão da sacada.

– Não é possível. – Gabriela enxugava as lágrimas. – Daniel deu a vida pra nos proteger e você ainda está vivo? – Ela se levantou. – Não vai ter tanta sorte dessa vez.

Gabriela saiu correndo na pretensão de terminar o trabalho que seu amigo havia começado, em sua cabeça borbulhavam milhares de pensamentos e emoções, aquele garoto tão tosco e arrogante que ainda a pouco brigara com ela parecia valer mais do que qualquer tesouro, seu coração estava apertado, uma mistura de tristeza e ódio, uma alquimia pra lá de perigosa. Ela corria e levantou o pé a fim de pisotear a mão do zodíaco até que ele caísse, mas assim que as lágrimas deixaram seus olhos permitindo que ela enxergasse melhor ela viu algo que jamais esperou.

– Da... Daniel? – Sua expressão passava de surpresa a felicidade.

– Por favor, não faça isso de novo, por um momento pensei que você realmente ia me fazer cair de vez. – Ele sorria e fazia sinal de positivo com a mão que estava livre. – Vem, me ajuda a subir!

Prontamente e muito feliz a amiga fez o que lhe foi pedido e Daniel subiu sem mais problemas.

A tristeza que outrora tomava os corações que presenciaram a cena agora parecia jamais ter existido, um sentimento de alívio e de alegria geral tomou conta de todos... Até agora.

– CLARA! – O loiro gritou ao ver sua namorada. – O que foi que houve?

Ele ajoelhou-se junto a ela e percebeu a situação horrível da qual a pobre se encontrava. Uma das balas que foram desviadas a pegou em cheio no ombro direito, e agora ela sangrava horrivelmente pelo mesmo. Daniel a pegou em braços e a suspendeu junto a seu peito com todo o carinho e atenção do mundo a fim de não a ferir ainda mais. Os olhos dos dois encheram-se de lágrimas, e a alegria que rapidamente tinha chegado aos seus corações foi embora com a mesma velocidade que veio.

– Clara... Meu Deus... Eu não queria... – As frases não conseguiam sair completas da garganta do rapaz.

– Eu sei... COF! – ela tossiu expelindo mais uma onda de sangue pela boca. – Eu sei, amor... Ninguém queria...

–CHAMEM A AMBULÂNCIA! RÁPIDO, CHAMEM A AMBULÂNCIA! – Ao ouvir o pedido de Daniel as duas amigas desesperadamente pegaram o celular de seus respectivos bolsos.

– Calma, não é preciso. – Clara interveio. – Eu trabalho com gente morta todo dia, sei quando não tem mais jeito. COF! COF!

– Não fala assim Clara, tudo tem jeito sim, a gente vai dar um jeito, a gente vai... – Clara elevou os dedos aos lábios do namorado fazendo-o carinhosamente calar-se.

– Que engraçado, não é? Parece até conto de fadas, até que a morte os separe... – Serenamente ela sorria.

O rosto de Daniel estava vermelho de tanto chorar. – Sua boba... Eu... – Ele aproximou seus lábios aos dela. – Eu te amo.

Um longo beijo de despedida foi concretizado naquele momento, os lábios de ambos estavam delineados com sangue. Igualmente aos seus lábios as lágrimas dos dois se encontraram e enfim, como tudo acaba, até mesmo a vida, o beijo cessou.

– Eu te amo, Daniel... Te amo...

Ela fechou pesadamente os olhos e uma serena e calma expressão tomou conta de seu rosto.

Clara está morta.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Pois é gente, agora só semana que vem, se você curtiu o capítulo dê um like, marque a história nos favoritos e deixe seu comentário, com sua sugestão/crítica/ elogio, só assim pra suspeita continuar crescendo.
Ah, não deixem de conferir o blog de suspeita, lá eu aviso sempre que sai capítulo dentre outras coisas que vou postar com o passar do tempo, como curiosidades, ilustrações e material extra da série:
brunomouraart.blogspot.com

Então, até semana que vem galera!



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