Suspeita escrita por Bruno Moura


Capítulo 3
3ª suspeita: Facebook assassino.


Notas iniciais do capítulo

Terceiro capítulo para vocês galera. Esse foi tão trabalhoso quanto os outros, revisei três ou qiatro vezes e mudei a cena final uma vez, tudo isso para lhes proporcionar uma boa leitura, então... Boa leitura XD.



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Era difícil imaginar o que se passava pela mente dos detetives juvenis. Com apenas quinze anos ver dois de seus colegas simplesmente combinando a melhor forma de se matarem mutuamente e levarem consigo mais duas garotas. Até o momento, isso era simplesmente inconcebível.

– Deus do céu... Esses moleques são loucos. –Afirmou Daniel.

– Alguma coisa os levou a fazer isso. Nós vimos as outras conversas deles aí mesmo e até agora eles era garotos normais. Como isso foi acontecer? – Completamente absorto pelo que viu, Davi não conseguia achar uma solução plausível para tamanho enigma.

Um silêncio tenebroso tomou o quarto de Davi. Os dois jovens já tinham resolvido centenas de casos, desde descobrir o paradeiro de bandidos famosos, até mesmo a evitar uma série de assassinatos em massa que seriam orquestrados por terroristas mundialmente procurados, mas aquilo era um crime de proporções enormemente diferentes. Além de se matar, os réus levaram mais duas vítimas consigo, mas com que propósito? Qual motivo levaria dois rapazes que mal começaram a vida a acabar com a mesma de uma forma tão inesperada? Era um caso aparentemente sem resposta, o que não significava, de forma nenhuma, que eles não tentariam achar as respostas para essa investigação. E quando a pausa feita para pensarem estava quase os matando de tanto raciocinar, Daniel novamente interveio.

– Espera... É isso!

– O que foi Daniel?

O loiro tirou o celular do bolso e se pôs a discar.

– Para quem você vai ligar?

–Gabriela.

–Gabriela? E você tem o número dela?

– Você acha mesmo que eu ia perder tempo com ela? Ontem mesmo peguei o telefone fixo, celular, MSN, facebook e o blog, dela e de Adriana

–Mesmo assim, já é meia noite e vinte. Acho que está um pouco tarde pra você ficar paquerando ela por telefone não?

– Xiu, fica quieto que ela já está atendendo

Do outro lado da linha Gabriela dormia, estava exausta, pois acabou de acordar ao ouvir o toque de seu celular, pôs o telefone na orelha e com muita relutância atendeu ao chamado do amigo.

–alô, Daniel? O que você quer a essa hora? – Ela não estava nervosa, mas o sono acabava completamente com seus modos.

–Oe gabi, desculpa incomodar a essa hora, apesar de saber que eu nunca sou um incomodo, mas tem como você me dizer que dia da semana nós temos aula de sociologia?

– Amanhã. Das quatro e vinte até as seis da tarde.

– Certo, obrigadão mesmo, beijo na boca.

– Besta, tchau.

Ao terminar a ligação Daniel mostrava claramente que estava satisfeito com o resultado e ao olhar para o amigo percebia que ele nada entendia ao ouvir a ligação.

– Beleza, temos aula de sociologia amanhã mesmo, vamos poder tirar algumas dúvidas.

–Dúvidas? Mas ao que eu sei o professor nem marcou prova nenhuma.

– Caramba, mas você é lerdo mesmo, né? Vamos tirar dúvidas sobre o caso que estamos analisando agora- E falando isso, deu um tapa nas costas de Davi.

– Não, eu não entendi. O que é que você vai descobrir na aula de sociologia amanhã?

– Poxa, parece que eu vou ter que explicar mesmo, né? Tudo bem, como não tem jeito mesmo... Raciocine comigo, o comportamento desse tal de Augusto mudou, segundo a mãe dele, a mais ou menos um mês, certo?

–Certo.

–Pois bem – Continuou a explicação para o amigo de cabelos castanhos. – É exatamente esse o período em que começaram as aulas, daí tudo se encaixa.

– É, Daniel, eu finalmente consegui chegar a uma conclusão.

–Sério?

–É, pode ter certeza que de duas é uma. Ou é o sono que está afetando minha mente e eu não estou conseguindo entender nada, ou você ta viajando na maionese e está falando coisa com coisa.

– Caraca, você é burro mesmo, viu? – Indignou-se Daniel- Está tudo mais do que na cara. Na certa, com o início do ano letivo, Augusto também passou a ver as aulas de sociologia junto com seu amigo e foi lá que ele teve o primeiro contato com os ensinamentos de Marx, daí as coisas se encaixam, por algum motivo eles passaram a ser adeptos maníacos pelos pensamentos do filósofo e alguém na certa os levou a esse maniqueísmo louco ao ponto de fazer com que ambos se matassem, com isso já fica na cara que nosso primeiro suspeito só pode ser...

– O professor de sociologia. – Completando a frase do amigo, Davi por fim entendeu o raciocínio de Daniel e estava convicto de que ele estava mais do que certo. O próximo passo da investigação era saber qual era a real índole do professor de sociologia.

– Está vendo, quando você se esforça um pouco até mesmo com sono você pode manifestar um mínimo de inteligência.

Juntos, os dois amigos decidiram que Daniel dormiria ali mesmo, na casa de Davi, já que pelo horário as ruas de Salvador estavam perigosas. Ao acordarem, estavam determinados a investigar o professor de sociologia a qualquer custo, e se houvesse algo de errado nele, eles descobririam na hora.

Às onze horas e trinta minutos da manhã os jovens, já arrumados, desceram as escadas que ligavam o corredor do quarto de Davi e a sala, se despediram da Mãe de Davi, pois sei pai já tinha ido trabalhar, saíram pela porta da frente e pegaram o primeiro dos dois ônibus que eles ingressavam para ir para a escola, Iguatemi.

Ás meio dia e quarenta os dois jovens chegaram ao seu destino. Assim que chegaram avistaram Gabriela e Adriana e logo se apressaram em saldar as amigas.

– Oi gabi, conseguiu dormir bem depois que eu te liguei?- Perguntou Daniel.

– Fiquei com insônia pelo resto da noite e não consegui dormir mais, sabe, eu adoro quando atrapalham o meu sono à meia noite por causa de uma aula de sociologia.- Disse a ruiva em tom irônico.

– Desculpe a ligação de Daniel ontem à noite, Gabriela, mas é que ele estava tão empolgado com a investigação que não podia esperar pra hoje.-Davi explicou.

– E o que isso tem haver com a investigação?

– Muita coisa, Adriana, mas depois nós conversamos sobre isso. Então, tem como me dizer o endereço da casa do outro garoto, o Rodrigo?- Continuou Davi.

– Sim, tenho. Vocês vão lá agora?

–Não, primeiro vamos bater um papo com o professor de sociologia.

E assim, com o passar do tempo, as quatro primeiras aulas se foram e a tão esperada aula de sociologia se aproximava. O professor entrou na sala, com um andar imponente e uma cara de poucos amigos e os dois detetives, assim que o viram, trataram de examiná-lo. Ele era um homem alto, de físico um tanto avantajado, usava uma camisa salmão justa e uma calça jeans com um par de tênis da Nike. O homem mostrava em seu andar toda a sua imponência e o respeito que desejava que tivessem para com ele. Com o início da aula o professor logo se pôs a escrever alguns esquemas no quadro para que pudessem o auxiliar na aula e assim que o viram, os dois jovens logo perceberam do que se tratava o discurso que vinha a seguir.

– Hoje vamos dar seguimento à aula sobre Marx, weber e Durkheim.

Uma aula normal, um assunto normal a ser dado ao primeiro ano e um discurso normal. Aquela aula que antes parecia ser a chave para todos os enigmas guardados para aquela escola do nada foi reduzida a apenas mais um dia com dois horários de sociologia, no entanto, ainda existia muitos fios soltos nessa trama e os dois amigos fariam de tudo pra saber a verdade. A aula terminou, todos estavam saindo da sala com o intuito de pegar o escolar, porém, Daniel e Davi permaneceram no local e assim que viram que não tinha mais ninguém na sala, começaram o interrogatório.

– Olá professor. – Davi se adiantou. – Gostamos muito da sua aula e queríamos fazer algumas perguntas.

– Podem falar, mas sejam breves por que logo eu tenho um compromisso do qual tenho que comparecer.

– Que seja. – Daniel interrompeu. – O senhor pode falar sobre os dois alunos assassinos e suicidas que coincidentemente eram seus aprendizes?

– Augusto e Rodrigo? Sim, eles eram bons alunos, viviam me perguntando sobre o assunto, entendiam muito bem tudo que eu explicava e quando levantavam a mão para dar a opinião sobre alguma coisa eles iam tão longe que algumas vezes eu mesmo tinha que interrompe-los senão não conseguiria dar continuidade a aula, eram dois maravilhosos alunos.

– Sério? O senhor por um acaso sabia que os dois morreram gritando ”viva Karl Marx!”?- Daniel perguntou já com o intuito de abalar aquele professor que mais parecia uma rocha impenetrável em seus mistérios.

– Onde querem chegar com isso? Acham que eu, de alguma forma, influenciei os meninos a fazerem alguma coisa? Que provas vocês tem disso?

– É mais do que evidente que alguém influenciou aqueles dois a fazerem o que fizeram, e tomando base pelo que eles gritaram antes de morrer, o senhor é o primeiro da lista de suspeitos. – Sem medo das injúrias que estavam por vir, Davi iniciava seu julgamento.

– Isso é um absurdo! Eu sou um professor mais do que renomado nas áreas sociais. Me formei na Inglaterra e vim para o Brasil para fazer com que o grande Marx ajudasse ao menos um pouco aos meus jovens contemporâneos, e o que recebo em troca? Uma investigação medíocre vinda de dois moleques que mal saíram das fraldas. Não sou obrigado a responder nada do que eu não quiser e é exatamente isso que eu vou fazer.

– Espera aí! – Daniel barrou o professor e tratou de tirar o visto especial do governo para investigação do bolso.

– Isso aqui – Falou enquanto apontava para o visto. – É um visto especial que nos permite interrogar qualquer um a qualquer momento em nossas investigações. Somos detetives juvenis e não simples estudantes do ensino médio, professor. Se não responder as nossas perguntas só vai levantar mais suspeitas de que você é realmente o culpado por trás disso tudo.

– Calem-se! – imperativo, o professor gritou. – Eu sei muito bem quais são os meus direitos, e tenho total consciência de minha inocência nesse caso, não quero e não vou responder a nada do que perguntarem. Adeus. – E falando isso se pôs a subir as escadas, passar pela porta e ir embora em direção ao estacionamento onde pegaria seu carro.
Os garotos o seguiram com a intenção de ver se achariam, nesse curto percurso, mais alguma pista que incriminaria o sociólogo. Ao chegarem lá, viram que Adriana vinha correndo ao encontro dos dois.

–Davi, Daniel, venham ver.

– O que foi que houve?- Davi perguntou.

– Aquele homem ali – A loira apontou para um homem de preto. – é o pai do Rodrigo. Ele veio aqui para poder levar o corpo do filho e conversar com a diretoria sobre o ocorrido, é uma ótima oportunidade de conversar com ele. Vamos logo!

Todos os quatro se põem em disparada ao ouvir o que Adriana disse. Chegando mais perto daquele que supostamente era o pai de uma das vítimas do massacre ocorrido no auditório, logo eles perceberam que aquele homem não era apenas um senhor de preto, era um homem de classe. Aparentava ter trinta anos, carregava em seus lábios um cigarro importado qualquer e trajava um terno preto tão luxuoso e bem cuidado quanto seus cabelos penteados para trás com o pigmento das trevas. Ele olhava calmamente para o corpo do filho que estava, além de coberto por um largo pano branco, preso dentro de um caixão com a frente de vidro (provavelmente usado com a intenção de prevenir que o mau cheiro de carne podre se espalhe pelo ambiente) que possibilitava ver o rosto encoberto pelo pano.

– Muito obrigado por todo o cuidado que teve para com o corpo de meu filho e a investigação que já está providenciando no momento, diretor, estou em eterno débito para com o senhor e se puder fazer alguma coisa para ajudar eu o atenderei de muito bom grado.- Era incrível a forma sedutora da qual aquele homem utilizava para falar, ele tinha classe, educação e modos exemplares para qualquer pessoa ficar boquiaberta perante tamanha elegância.

Ao se virar, o homem de terno logo percebeu os quatro jovens que ali estavam de pé a esperar a conclusão de sua conversa com o diretor para iniciarem seu discurso.

– Boa noite, meus caros jovens. O que desejam?

–olá. – Disse Davi em tom seco – Nós somos detetives juvenis – Falou enquanto levantava o visto especial do governo. – E viemos aqui para interrogar o senhor.

– Interrogar? Mas eu sou o pai da vítima.

– Você poderia ser a pobre cabritinha doente e indefesa dele, se fosse de proveito para a nossa investigação nós iríamos te interrogar.

O homem de preto deu uma leve e educada risadinha ao ouvir o que Daniel disse, e fazendo um sinal com as mãos, pediu para que o diretor se retirasse para que ele e os jovens pudessem conversar tranquilamente. De início o diretor ficou um pouco relutante em sair do local, já que ele não gostava nem um pouco daquela atitude imponente de “simples alunos”, mas como ele bem conhecia a fama dos dois rapazes não tardou em voltar aos seus afazeres.

– Pois bem – disse o homem. – meu nome é John Richard, sou o pai do Rodrigo. O que desejam com esse interrogatório, senhores?

– Nós fazemos as perguntas aqui, senhor Richard. – Daniel tomou a frente. – O senhor poderia nos dizer se o seu filho apresentou algum comportamento estranho antes da sua morte?

–Não sei lhes informar grandes coisas – John levou a mão ao queixo – eu fico pouco tempo em casa, a maior parte do ano estou viajando a trabalho, mas sempre que eu me encontrava com meu filho parecia estar tudo bem.Sinceramente senhores, eu sou o pai da vítima, fui um dos que mais arcou com as consequências desta tragédia, a forma com que vocês tem usado para falar desde o começo deste interrogatório é muito deplorável, até parece que estão tentando me culpar de algo.

–Senhor Richard, acho que não está levando a sério a investigação – Davi afastou Daniel e ficou cara-a-cara com o homem. – não somos crianças, já resolvemos mais casos do que o senhor é capaz de imaginar. Cada um que se relacionou ou desejava se relacionar com a vítima é imediatamente um suspeito nosso. Uma das garotas, inclusive aquela que foi morta pelo seu filho, é filha de um chefe de uma empresa que é rival da sua, acho que seria conveniente até que demais que a morte dela fosse causada pelas mãos do seu filho, não acha?

Daniel ficou boquiaberto ao ouvir o que seu amigo disse, nem mesmo ele sabia que seu parceiro tinha chegado tão longe em suas investigações.

– Huhuhuhuhu... – Em resposta ele riu – admito que são muito sagazes e que não se deixariam enganar fácil, afinal essa é a especialidade de vocês, descobrir o que os outros estão fazendo ou fizeram, mas como acabei de falar eu passava pouco tempo com meu filho e não tenho como dizer para vocês nada do que desejam.

–ESPERE!- Davi exclamou –Nós ainda não acabamos nosso interrogatório, tenho perguntas a faz...- Daniel interrompeu a fala do amigo.

–Calma Davi, o “senhor Richard” não quer mais responder ao interrogatório, nós já sabemos de tudo que precisamos saber e o escolar acabou de chegar, vamos embora.

Sem pestanejar ou até mesmo entender a situação, Davi decidiu seguir o conselho do amigo, confiante de que Daniel tinha uma carta na manga ele subiu junto aos seus colegas no escolar indo embora no mesmo. Richard também já entrando em sua negra e belíssima Mercedes quando pegou o celular e fez uma misteriosa chamada.

–Sim, sou eu, como você avisou aqueles dois moleques já se intrometeram, mas ainda não sabem de nada... uhum, sei... Certo, vamos deixar uma bela lembrancinha para eles amanhã. Aumente a dose... Em breve este colégio estará tingido de sangue.

E entrando no carro foi embora.

continua...


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Notas finais do capítulo

Mais uma vez agradeço por aqueles que leram até aqui, por favor pessoal, deixem comentários, façam críticas, sugestões, dicas... Enfim, o autor quer saber sua opnião, então, vamos lá cambada, bora comentar lol



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