Declínio escrita por BillyJ


Capítulo 2
Capítulo 1 - Receita do amanhã




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O Bolo de Fubá

 

            Ao escutar as primeiras palavras do rapaz ao motorista, o cobrador teve pensamentos inseguros sobre sua segurança.

            O que este moleque esta planejando? Eu não vou esperar ele fazer o que quer, meus receios me estraçalham todos os dias neste meu terrível emprego decrépito. Não vou deixar ele brincar deste jeito com meu maior medo: o de não ver mais a minha família.

            O cobrador procurou algo, em um fundo falso de seu assento, enquanto o motorista tentava uma aproximação.

            —Vai pra sua casa, que eu quero ir pra minha!

            Sorrindo, o rapaz disse:

            — Hoje ninguém vai pra casa.

 

——oOo——

 

            No dia anterior, Alan estava sentado em sua cama molhada, com o colchão esburacado e sem lençol. O quarto escuro, com as paredes imundas e cheias de sangue espirrado.

            — Preciso de alguém para limpar isso aqui. Será que é fácil conseguir uma faxineira para arrumar a casa de um louco masoquista?

            — Creio que não... mas é tão simples, por que você mesmo não limpa isso?

            — Isso o quê?

            — O carro do papai!

            — Mas o papai não tem carro!

            — Como não? Foi lá que você o viu traindo a mamãe, não foi? Maldita prostituta da estação 13. Até que era bem gostosa. Ela vem hoje?

            — Quem? A prostituta?

            — Não, a mamãe! Se ela vier, o que faremos com esta bagunça?

            — Ela não vem nos visitar!

            — Por quê? Eu adoro a mamãe. Ela sempre traz bolo de fubá. Mas... por que ela não vem?

            — Por que nós matamos ela,  esqueceu?

            — Ah! É verdade. Que pena... eu gostava tanto do bolo de fubá!

 

 

            Vestido um jaleco branco, Alan estava dentro de uma sala bem iluminada, cheia de armários e gavetas demarcadas. Ele guardava um frasco de pílulas nomeado X-18 enquanto anotava algo na prancheta que tinha em uma das mãos.

 

         Descrição do medicamento: A droga denominada X-18 causa alucinações espontâneas no usuário, como amigos imaginários de si mesmo, e também traz à tona fatos e pensamentos do passado, que há tempos foram esquecidos.

 

         OBS: Eu não lembrava que gostava tanto de bolo de fubá, mas após provar a X-18 tive de ir à padaria comprar um.

 

            Enquanto anotava as características da sua nova droga, o telefone tocou em outra sala. Ele pôs tudo sobre a prateleira, junto ao último pedaço sobrevivente de bolo, tirou as luvas coladas em suas mãos e apressado foi atender.

            Tarde demais, o telefone se silenciou após três toques. Ele esperou mais alguns segundos, mas quem ligou não estava muito a fim de esperar, muito menos tentar de novo. Decidiu então voltar ao trabalho, mas depois de alguns passos escutou alguém bater em sua porta. Estranhou. Ele estava sim com encontro marcado, mas seria daqui a três horas. Deslocou-se calmamente para a porta, ainda ouviu baterem mais duas vezes. Cuidadoso ele olhou pelo olho mágico, mas não viu ninguém. Abriu a porta olhou para os corredores do lado de fora de seu apartamento, ninguém! Parou um pouco para pensar e deu um pequeno sorriso de canto, como se soubesse o que estava acontecendo.

            Ele voltou à sala de estoque, abriu uma gaveta e retirou uma pancheta nomeada como “X-15” e leu o seu próprio diagnóstico.

 

A X-15 causa alucinação por efeito retardado. Em meu teste tive visões realistas de acontecimentos predestinados.

 

Ex: Sentei no sofá as 18:00h e assisti ao jogo do Brasil contra a Argentina, que passaria após a novela das oito. Quando voltei a mim, estava na privada bebendo cerveja às 18:15. O curioso foi que os 15 minutos de jogo que assisti, enquanto estava sob o efeito da droga, foram iguais aos do jogo real. Ou seja, a X-15 prevê o futuro.

 

            Alan pegou a prancheta da X-18 e adicionou mais um parágrafo:

 

Acredito que a X-18 tenha um efeito parecido com a X-15,  mas ainda não entendi como ele funciona.

 

——oOo——

 

            Na delegacia de polícia da cidade, uma dupla de detetives trabalhava em um caso importante. Um novo tipo de droga rolava pelas ruas, os vendedores chamavam-na de A droga do Eco. Causava a sensação de ver a vida em câmera lenta, por [alguns/muitos?] minutos, depois tudo acelera de uma vez. Isso acontece até a droga desligar o cérebro do usuário por algumas horas, por diminuir seu raciocínio e aumentar a adrenalina ao mesmo tempo. Em alguns usuários, os efeitos da droga eram mortais. Paralisia cerebral, o texto estampado nos diagnósticos.

            O detetive corria pelos corredores da delegacia. Tinha uma boa notícia para seu parceiro, que buscava fazia ligações para seus contatos e informantes em busca de qualquer informação sobre o caso.

            —Temos uma pista — disse o detetive, com um endereço em mãos.


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Notas finais do capítulo

Agradeço ao killdream pela revisão e ajuda.
Vocês acabaram de entrar no Mundo de Declínio...

Não percam a continuação, pois a historia ainda nem começou.



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