As Long As You Love Me escrita por Natyh Chase Jackson


Capítulo 15
Décimo Quarto.


Notas iniciais do capítulo

Oie, genteeeee.
Tudo bem com vocês?
Eu espero que sim, pois eu estou muito feliz com os resultados do capítulo anterior. Vocês são simplesmente demais, sério mesmo, eu amo todos vocês que dão atenção as baboseiras que eu escrevo. Muitíssimo obrigada.
Obrigada aos 45 LEITORES QUE DEIXARAM REVIEWS, gente para vocês terem noção, foi o maior número de reviews que eu já recebi em todas as minhas fics.


PROMETO RESPONDER A TODOS, MAS É QUE EU ESTOU SEM TEMPO.

Esse capítulo é dedicado a três pessoinha que fizeram os meus dias muito mais felizes, já que recomendaram a fic, e bateram a META QUE EU TINHA FEITO. Cara, vocês são demais.


* GarotaDoVadez

* AS Malfoy

* Allis

Muito obrigada pelas recomendações, eu amei cada uma.

Espero que gostem do capítulo.

Boa leitura.



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Bip, bip, bip.

Acho eu que esse barulho constante e irritante queria sinalizar que eu ainda estava viva, e isso era uma droga.

Abri meus olhos, lentamente, já que minhas pálpebras pareciam feitas de chumbo, e analisei quarto de hospital em que eu me encontrava. Sim, eu estava em um quarto de hospital e isso era tão óbvio quanto somar dois mais dois.

– Filha! - a voz de uma mulher exclamou de forma feliz e aliviada do meu lado esquerdo.

Tentei virar o rosto para olhá-la, mas doía demais, acho que abusaram um pouquinho da anestesia em minha pessoa.

– Mãe? - chamei mexendo a mão, sinal que ela tomou como um pedido de aproximação, já que a segurou e entrou no meu campo de visão.

A mulher era bonita, cabelos dourados e cacheados como os meus e o olhos cinzas, algo me dizia que eu me parecia física e emocionalmente com ela.

– Eu não me lembro. - informei com a voz arranhada devido a sede e por não ter falado por algum tempo. Ardia tudo.

– A médica disse que isso poderia acontecer já que você sofreu grandes emoções. - ela me respondeu e secou algumas lágrimas que teimavam em descer pelo seu rosto alvo.

– Grandes emoções? - questionei tentando me lembrar de algo, mas isso só vez com que a dor de cabeça, antes quase que imperceptível, se intensificasse gradativamente, ao ponto de quase atingir o insuportável.

Atena, tenho a certeza de que aquele era o seu nome, pareceu perceber que eu estava com alguma dor, já que pediu:

– Não se esforce muito. Eu vou chamar a médica para te examinar. Tudo bem? - assenti com a cabeça e ela apertou um botão vermelho ao lado da minha cama hospitalar.

Apesar de minha mãe ter falado que não era para me esforçar, tentei, em vão, lembrar-me do motivo que me fizera parar naquele hospital, mas tudo que eu via eram imagens deturbadas e sem nexo que tomavam conta da minha cabeça, tudo muito irrelevante.

– Percy? – perguntei olhando para Atena, e a expressão que ela fez me deixou com o pé atrás em relação ao motivo d’eu estar ali – Ele não veio me ver?

– Não. – a resposta fora seca e mal-humorada, mas sua voz deu uma falha no meio da pequena palavra.

Antes que eu pudesse questioná-la, uma enfermeira entrou no meu quarto acompanhada de uma médica, estas que sorriram ao me ver acordada.

– Vejo que a Srtª já está bem, não é mesmo? – a médica questionou com um sorriso convidativo, e a única coisa que eu pude fazer foi devolvê-lo, mesmo que esse simples gesto fizesse com que todo o meu corpo doesse. Como? Eu não faço a mínima ideia.

Enquanto a Drª Underwood preenchia algo na prancheta que estava ao pé da minha cama, a enfermeira analisava meus batimentos cardíacos, e o soro com sedativo que estava quase no final.

– Bom, Srtª Chase, pode me dizer do que se lembra? – a médica era bonita, longos cabelos castanhos e olhos extremamente verdes, mas não o verde-mar intenso igual ao do meu namorado, mas um verde folha, igual a grama na primavera.

– Não me lembro de muita coisa, é como se tudo que eu vivi nos últimos dias tivesse sido apagado da minha cabeça. – respondi sincera, e ela meneou a cabeça como se já esperasse por isso.

– Annabeth... Posso te chamar assim? – questionou voltando-me a olhar nos olhos, e eu apenas assenti com a cabeça, esperando que ela me contasse o que eu tinha. – Você sofreu um grande trauma, e essa perda da memória é muito comum em pacientes que tiveram fortes emoções, por assim dizer. Isso chama-se Perda da Memória Recente, nada muito preocupante, já que você se lembrará de tudo em breve, talvez quando o efeito do sedativo passar.

– E se eu não me lembrar? – questionei com medo.

– Não se preocupe, você irá. Mas antes eu preciso saber do que você lembra, exatamente. – ela pediu e eu fiz um esforço para me lembrar.

– Eu estava na escola... – comecei por onde eu tinha certeza. – Me lembro de estar agitada, como se algo importante estivesse para acontecer. – revelei puxando tais memórias em minha cabeça. – E, de repente, é como se tudo tivesse sido apagado da minha cabeça. – repeti minhas palavras, a fim de enfatizar, que eu não me lembrava de nada.

– Lembra-se de que estava grávida? – a mulher fora direta, sem rodeios, e isso me assustou um pouco.

– Grávida? – perguntei com os olhos arregalados e institivamente, minhas mãos correram para o meu ventre, com medo do que teria acontecido com aquela criança.

– Sim. – a médica confirmou, e sua expressão logo mudou para algo semelhante a pena. E um fato sobre a minha pessoa, eu odeio que sintam pena de mim. Odeio. – Você teve um aborto espontâneo, e infelizmente, nós não pudemos fazer nada para salvar seu bebê. Eu sinto muito.

Antes que ela terminasse a frase que anunciava a morte do meu filho não-nascido, eu já me debulhava em lágrimas silenciosas, como se uma grande parte do meu coração tivesse sido tirada de mim. E, realmente, tinham tirado isso de mim, antes mesmo que pudesse se tornar algo palpável.

– Não. – murmurei me curvando para frente, segurando minha barriga com firmeza, tentando acreditar que o que saia da boca daquela mulher era mentira. Tentando me enganar, mas em vão. – Não.

– Annabeth, minha filha. – minha mãe se pôs ao meu lado e meu abraçou por cima dos ombros, fazendo com que eu chorasse em seu colo.

– Por que, mãe? Por quê? – questionei-a como se ela tivesse a resposta.

– Eu não sei, filha. Eu não sei. – ela murmurou beijando-me na testa e nos cabelos. – Mas eu lhe garanto que ficara tudo bem. Eu prometo.

Juro que tentei confiar nela, mas algo dentro de mim não deixava, e aquilo me assustou. Aquela ali era a minha mãe, como eu podia não confiar nela? Me expliquem.

– Vou deixá-las sozinhas. Daqui a pouco eu volto. – a Drª Underwood disse e saiu acompanhada da enfermeira baixinha.

Continuei a chorar no colo de minha mãe baixinho, a dor me sufocava de uma forma que eu não consegui colocar a minha raiva e minha frustação para fora em forma de gritos, eu apenas deixava com que as lágrimas liberassem um terço do que eu estava sentindo, e aquilo não era o suficiente.

Meu choro perdurou até a hora que a dor fora mais forte e o cansaço mais intenso, fazendo com que eu caísse em um sono sem sonhos por um longo período de tempo, como se eu tivesse entrado em estado vegetativo, ou pelo menos fora isso que a Drª me falara quando eu acordara um dia depois dela me dar a notícia.

– E então, Annabeth, como está se sentindo? – Mellie, esse era o primeiro nome dela, me perguntou, enquanto acariciava os meus cabelos.

– Quebrada. – resumi meus sentimentos em uma única palavra e ela apenas assentiu com a cabeça, como se me entendesse. O que eu duvidava um pouco.

– Conseguiu se lembrar de algo? – ela voltou a questionar e eu apenas neguei com a cabeça. – Acredito eu que agora que você acordou, se lembrará rapidinho do que aconteceu.

– Não sei se quero lembrar. – resmunguei e ela soltou um muxoxo, como se já tivesse ouvido aquela frase milhares de vezes.

– Bom, hoje você já pode receber algumas visitas. Posso pedir para que entrem? Ou você ainda quer ficar sozinha? – questionou-me em um tom compreensivo, e eu apenas assenti com a cabeça, deixando que meus parentes viessem me ver.

– Espera. – pedi, quando ela colocou a mão na maçaneta – O Percy está ai? – questionei com a curiosidade corroendo-me por dentro, mas a médica franziu o cenho e disse:

– Como ele é?

– Moreno, alto, olhos verdes. – descrevi um tanto quanto apreensiva, e ela deu de ombros como se pedisse desculpas.

– Não tem nenhum rapaz com essa descrição na sala de espera. – disse e saiu, deixando-me arrasada.

Nem minha mãe, nem o meu pai, que estava no meu quarto quando eu acordara naquela manhã, me disseram se Percy tinha me procurado ou não e eu estava começando a achar que ele tinha me abandonado, porém, essa minha parte chamada de irracional não se sobrepujava a racional, esta que me alegava com toda a certeza do mundo de que ele não estava bem.

Queria dizer que as visitas dos meu parentes e amigos me alegraram um pouquinho, mas para ser sincera, eu me irritei assim que Tia Afrodite entrou com Tio Apolo em meu quarto de hospital, depois seguiram-se Tia May e Tio Hermes, depois Tia Artémis sozinha, e todos me desejavam melhoras regadas de sorriso e desvios de assunto quando eu perguntava o que tinha acontecido, além das piadinhas sem graça, que tinham como objetivo aumentar o meu humor, mas, infelizmente, tiveram o efeito contrário, já que a vontade de me matar era imensa.

Depois deles vieram alguns amigos da escola, e me comoveu saber que eu era tão querida na Goode, já que muitos que não estavam ali tinham feito cartas e um depoimento em vídeo que eu veria depois, quando só estivesse meu notebook e eu, sozinhos, sem que ninguém pudesse ver o quanto aquilo me afetaria.

A única visita que, realmente, fizera alguma diferença no meu dia, fora a última, onde Silena e Luke passaram pela porta com um enorme urso de pelúcia branco e sorrisos de alivio estampado nos rostos.

– Como está a minha prima favorita? – Luke questionou depois de me dar um beijo na testa deixando o enorme ursos na poltrona aonde meus pais se revezavam, e Silena que estava ao seu lado, apertou a minha mão e deu-lhe um tapa estalado no pescoço.

– Pare de iludir a pobre Annie, seu descarado. Todos nós sabemos que a sua prima favorita sou eu. – a morena disse com um tom de petulância na voz, o que me fez rir e Luke debochar.

– A iludida aqui é você, Silena querida. – meu primo passou um de seus braços entorno dela, e Logo deu um beijo na bochecha dela, um bem babado por sinal, que fez com que minha prima fizesse um careta e o empurrasse para longe.

– Quer saber, Luke? Fica longe. Okay? – Silena perguntou mudando-se para o outro lado da minha cama, e a única coisa que eu podia fazer naquele momento era rir.

– E então, Annie, melhor? – Luke questionou-me e deu um sorriso, um tanto quanto forçado, detalhe que não passou despercebido pela minha pessoa.

– Vocês já sabem o que aconteceu? – perguntei referindo-me ao meu bebê.

– Infelizmente, sim. E sentimos muito por isso. Essa criança seria muito amada, tanto por você, quanto pelo Percy. – Silena afagou a minha mão em um aperto de encorajamento, e isso fez com que eu desse um sorriso mínimo.

– Percy. Ele não veio me visitar. – introduzi o assunto que me atormentava desde que eu acordara.

– Ele não pôde vir. – Silena respondeu rápido demais, e Luke fechou a cara.

– Por que ele não pôde? Pensei que faríamos de tudo pelo bem-estar do outro. – podem me chamar de egoísta, mimada, patricinha e o caramba a quatro, mas... Poxa vida, eu tinha perdido o nosso filho e ele não se dignara a vir me visitar, o que de tão grave teria acontecido com ele?

– Ele... Ele teve que resolver outros problemas, Annie. – Silena tentou de novo, e Luke, pela segunda vez, fechou a cara. Então, resolvi questioná-lo, já que ele me escondia algo. Algo muito sério.

– Luke, você que é amigo dele, o que aconteceu? – minha prima mandou um olhar congelante para o loiro, e eu tive a certeza de que ele mentiria para me provar de alguma preocupação, mas antes que a mentira escapulisse pelos seus lábios, pressionei. – Não minta pra mim, Luke. O que aconteceu com o Percy? Ele arranjou outra?

– Claro que não, Annabeth. O Percy te ama. – Silena repreendeu-me e eu a olhei cética.

– Então, por que ele não está aqui? Comigo? – Luke socou a parede, o que acabou por me assustar e assustar a Silena, que tinha os olhos arregalados.

– O Percy está em uma cama de hospital igualzinha a sua, Annabeth. Por isso, ele não veio te ver.

– Luke! – Silena chiou, e eu permaneci calada, tentando entender o que ele tinha acabado de dizer.

– O que aconteceu com ele? – questionei com a voz embargada. E antes que Luke abrisse a boca nossa prima o repreendeu.

– A saúde dela está debilitada, não podemos jogar tanta informação em cima dela. Sem contar que prometemos que não contaría...

– Não contariam o que? Eu preciso saber. – pedi, e nenhum dos dois se pronunciou – PORRA. O que aconteceu com o meu namorado? Eu quero saber, AGORA. – gritei com raiva, e os dois se entreolharam, antes de Luke desabar na poltrona aonde meus pais passavam a noite, e colocar a cabeça apoiada nas mãos. – Luke, não minta pra mim. O que aconteceu? – pedi com os olhos cheios de lágrimas, pelo visto os hormônios de grávida ainda estavam presentes no meu corpo, já que a minha bipolaridade estava atingindo níveis alarmantes.

– Vocês iam fugir...

– Luke! – Silena voltou a repreender, mas meu primo não se abalou e continuou a narrar as minhas memórias perdidas.

– Ninguém sabia que vocês estavam planejando isso, mas seus pais ficaram sabendo e seguiram vocês. – Luke fez uma pausa, parecia tentar achar palavras para continuar o que tinha acontecido – Parece que o Tio Fred levou alguns seguranças com ele e eles bateram no Percy até ele perder a consciência e depois você começou a sangrar e... – meu primo estava com lágrimas nos olhos ao contar aquilo para mim, e eu já derramava inúmeras, silenciosamente.

Ninguém falou nada por um tempo, e com isso meu cérebro consegui recuperar as imagens que eu tinha perdido, fazendo-me lembrar de todos os gritos e berros que eu dera, todos os socos que eu desferira com o peito do meu próprio pai, e o empurrão que o mesmo me dera, o que talvez tenha ocasionado o meu aborto. Os gritos de agonia de Percy e os gemidos de dor retumbaram pela minha cabeça e a cena se repetira milhares e milhares de vezes, até que eu comecei a gritar, pedindo que aquilo tudo tivesse um fim.

Luke me abraçou e eu me agarrei a sua camiseta, como se me agarrasse ao meu salva-vidas em um naufrágio. Silena se sentou ao meu lado e passou a acariciar a minha cabeça, sussurrando palavras acalentadoras, que felizmente, surtiram um efeito calmante sobre as minhas emoções.

– Ele está bem? – questionei em um tom de voz quase que inaudível.

– Um dos seguranças se apiedou dele e chamou uma ambulância. Conseguiram encontrar os dois em uma estrada de terra quase que deserta, mas o acharam e o trouxeram para o hospital. – Silena respondeu-me acariciando os meus cabelos.

Ela dissera que ele estava ali, no mesmo hospital. Aquilo era um bom sinal. Maravilhoso.

– Mas vocês já o viram? – questionei tentando passar a ideia de que eu não tinha associado as palavras de Silena com as chances de ele estar bem próximo de mim, mas perto do que eu imaginara.

– Ele está todo arrebentado, mas o médico disse que não terá nenhuma sequela grave. Apenas alguns ossos quebrados. – agora fora Luke quem me dera a resposta e com ela voltei a chorar baixinho, culpando a mim mesma pelo seu sofrimento.

– A mãe dele? – perguntei entre fungadas e soluções, mas ele nada me disseram. Então, pressionei – Como está Sally?

– Arrasada, o filho dela quase fora morto pelos pais da namorada. – Luke disse de um modo um tanto quanto insensível e Silena o repreendeu com o olhar. – Que foi? Disse alguma coisa errada? – ele questionou a morena, e antes que ela pudesse dizer algo, me intrometi.

– Ele está certo, Si. Isso tudo é culpa minha. Eu o meti nessa confusão. – argumentei me sentindo o lixo, e minha prima bateu em Luke, fazendo-o resmungar.

Antes que pudéssemos quebrar o silêncio que se instalara, minha médica, a Drª Mellie entrou no meu quarto e deu um sorrisinho torto, antes de anunciar:

– Sinto muito, mas o horário de visitas acabou. – Luke e Silena soltaram um muxoxo, e eu agarrei a mão dos dois impedindo-os de se levantarem.

– Eles não podem ficar? – questionei olhando-a coma expressão mais pidona que eu já fizera em toda a minha vida.

– Infelizmente, não. Acompanhantes que passarão a noite devem ser responsáveis pelo paciente ou maior de idade, e somente uma pessoa pode ficar no quarto. – a Drª explicou e os dois se levantaram.

– Fique bem, Annie. – Luke pediu e me deu um beijo na testa, me fazendo dar um pequeno sorriso.

– Não se meta em confusão, Annie. – Silena pareceu ler que um plano se formava em minha cabeça, mas eu desviei o olhar antes que ela percebesse que estava correta. – E não se culpe, tudo bem? Todo esse caos fora culpa do Tio Fred e da Tia Atena. – ela alegou e também me deu um beijo na testa, seguindo Luke para fora do quarto.

– Descanse um pouco que daqui a pouco seu jantar será trazido. – Mellie me aconselhou e eu apenas assenti com a cabeça, enxugando as minhas lágrimas.

A porta se fechou e eu voltei a ficar sozinha. Dessa vez eu me lembrava exatamente de tudo o que acontecera naquela tarde, e apesar dela ter sido marcada pela covardia que meus pais fizeram, eu me atei ao último ato de amor que Percy e eu fizemos no banco de trás do meu carro. Aquela lembrança fez com que um calor característico de quando eu estava com ele se apossasse do meu corpo e me fizesse arrepiar dos pés à cabeça. Eu sabia o que era aquilo. Amor. Um amor que eu nunca deixaria morrer dentro de mim, mas que infelizmente não poderia ser vivido, já que este mesmo amor trazia risco e naquele momento eu não me permitiria dar uma de egoísta e ter o Percy para mim, sabendo que ele corria risco só por estar ao meu lado. Eu teria de deixa-lo partir, talvez assim fosse melhor.

– Annabeth? – a voz da minha mãe preencheu o meu quarto e o nojo fez com que a bile subisse e voltasse por um rápido momento. – Posso entrar? – nada respondi, apenas a fitei com raiva, esperando que ela percebesse o que eu senti naquele exato momento. Acredito eu que ela tenha interpretado o silêncio como sim, e logo entrou acompanhada do meu pai, o que fez com que o nojo se tornasse algo pungente.

– Sente-se melhor, minha filha? – Frederick questionou e tentou acariciar a minha cabeça, mas eu desviei de seu toque, deixando-os em alerta.

– O que foi? – Atena questionou e eu os olhei, cética.

– Resumindo, a minha memória voltou, sendo assim, eu me lembrei de tudo, de cada chute que você deu no Percy, de cada grito que eu dei pedindo para que parassem com aquela covardia, e principalmente, do empurrão que me fez perder o meu filho. – esclareci e me diverti ao vê-los arregalando os olhos. – Quero que uma coisa fique clara, eu odeio vocês. Nada, nem ninguém nesse mundo me fará mudar de opinião. Entenderam? – questionei e minha mãe tentou se aproximar.

– Minha filha, não seja tão radical. Tudo que fizemos foi para preservar você. Pra te proteger. – Atena tentou acariciar os meus cabelos, mas eu impedi.

– Me proteger? Do que? De alguém que me deu amor pela primeira vez na minha vida? Por eu ter alguém que realmente prestasse atenção em mim? Que cuidasse de mim, como vocês nunca fizeram? – questionei com raiva, e eles deram um passo para trás. – Se isso é proteção, eu nem quero saber o que seria a falta de proteção.

– Você só iria estragar o seu futuro se continuasse com aquele garota. Ele é pobre, Annabeth. Pobre. – minha mãe disse eu ri sarcástica.

– Ai é que está a questão, eu estou pouco me lixando para o quanto ele tem na conta bancária. – disse e eles me olharam com desdém. – Eu o amava, o amo e o amarei para sempre, e vocês não poderão fazer nada para mudar isso. Entenderam? – antes que eles pudessem dizer alguma coisa, eu apertei o botão que chama a enfermeira. – Agora saiam e me deixem sozinha.

– Não vamos te deixar aqui. – Frederick devolveu em um tom preocupado e eu apenas dei de ombros, esperando que a enfermeira chegasse.

– Pois não? – uma mulher gorda e baixinha colocou a cabeça para dentro e nos olhou cautelosa;

– Eu gostaria de ficar sozinha, poderia pedir para que esses senhores se retirassem, por gentileza. – minha mãe parecia não acreditar que eu estava, de fato, expulsando-os do meu quarto.

– Senhores, vocês poderiam, por favor, me acompanhar? – a senhora perguntou e minha mãe me fulminou antes de pegar sua bolsa e deixar o quarto com meu pai em seu encalço.

– Obrigada. – agradeci a senhora e ela apenas acenou com a cabeça, deixando o meu quarto.

Agora eu só precisava arranjar uma forma de deixar aquele cômodo e sair a procura do Percy.

...

Por sorte, as malas que eu usaria para fugir ainda estavam no hospital, então eu até pude escolher que roupa eu colocaria para sair atrás do meu namorado, e eu optei por algo que escondesse os furos que eu tinha no braços e a palidez do meu corpo. Coloquei uma calça jeans, uma blusa de manga cumprida e meu boné dos yankees, este que era um dos objetos que eu não abriria mão ao fugir.

Antes de sair, observei o corredor, e graças aos deuses, não tinha uma alma viva se quer ali. Também eram quase três horas da manhãs. Me esgueirei pelo enorme corredor e desci para a recepção, ao chegar lá, algumas atendentes conversavam entre si, já que não tinha nenhum movimento ali.

– Com licença. – pedi e uma mulher sorrindo se voltou pra mim. – Eu gostaria de saber sobre um paciente. – informei com a cabeça baixa já que ali passava alguns enfermeiros.

– Nome, por favor. – ela pediu e começou a mexer no computador.

– Percy. Percy Jackson. – informei e ela digitou o nome rapidamente, e depois me olhou.

– Ele já saiu da ala emergencial e agora está no quarto 35 no terceiro andar. – três andares abaixo do meu.

– Obrigada. - agradeci e ela me deu um aceno de cabeça, logo se voltando para suas colegas de trabalho e fofocando sobre o novo segurança do hospital.

Voltei para o elevador e apertei o botão com o número três e esperei que ele me levasse até o andar ode Percy estava internado. Não foi difícil achar o quarto onde ele estava. Difícil mesmo foi achar coragem para entrar ali.

Com calma girei a maçaneta e me deparei com o quarto semi-iluminado por um abajur que estava ao lado da cama de Percy, aonde ele ressonava baixinho e imóvel. Me aproximei e sorri ao constar algo em seu rosto:

– Você ainda baba enquanto dorme. – sussurrei para o nada e levantei minha mão para segurar a sua, está que estava gelada e enfaixada. Na verdade, ele todo estava enfaixado, as duas mãos, ao redor da cabeça, e era possível ver que o tórax também estava envolto em gazes. – Me perdoa? – perguntei deixando que as lágrimas voltassem a me atingir, e os soluços se fizessem presentes.

Como já era esperado, eu não recebi resposta alguma, mas saber que seu coração ainda batia era um enorme alivio para o meu. Sentei-me na poltrona que estava ao lado de seu leito e apoiei a minha cabeça em seu ombro.

– Eu te amo tanto, Percy. – segredei para o silêncio e ergui minha cabeça para olhá-lo de perfil. Seu rosto estava todo machucado, mas não deixava de ser bonito, e isso me impressionava. Corri meus dedos pela sua bochecha e ele não teve nenhuma reação, apenas continuou a ressonar de forma leve e calma.

– Annabeth? – eu juro que cheguei a achar que era ele me chamando, mas quando eu me virei dei de cara com a silhueta de uma mulher morena, que parecia assustada com a minha presença ali.

– Sally. – saudei me levantando e ela logo andou apressadamente para me abraçar.

– Oh, querida. – chorei em seu ombro, enquanto ela ainda me abraçava de um modo maternal. – Vem vamos conversar aqui fora. – ela pediu e olhou para o filho certificando-se de que ele ainda dormia.

Saímos do quarto de Percy e nos sentamos em duas cadeiras que eram acompanhadas de outras cinquentas ao longo do enorme corredor. Sally deixou que eu chorasse em seu colo e isso foi, de fato, muito gratificante.

– Eu sinto muito, Sally. Isso tudo foi culpa minha. – pedi desculpas, e ela apenas me dirigiu um sorriso complacente, enquanto passava a acariciar meus cabelos.

– Você não tem culpa, Annabeth. Você foi tão vitima quanto o Perseu nessa história, vocês só estavam tentando viver um amor, não são culpados por isso. – ela tentou me livrar da culpa, mas eu sentia que era por minha causa que ele estava ali, naquela cama. – Como você está se sentindo? – ela me perguntou e eu franzi o cenho, mas logo a sua mão correu para a minha barriga, fazendo-me entender ao que ela se referia.

– Quebrada. – resumi da mesma forma que respondi a Mellie.

– Eu teria adorado ter um neto que fosse seu filho. – ela segredou-me e me direcionou um sorriso cúmplice.

– Quem te contou? – questionei, devolvendo o sorriso, e ela riu.

– Luke não é a melhor pessoa para guardar segredos. Ele me contou sobre a perda do meu neto e da sua viajem para a Inglaterra quando veio visitar o Percy.

– Inglaterra? – questionei e ela assentiu.

– Pelo que Luke me contou, seus pais pretendem se mudar para a Inglaterra. Você não sabia? – Sally contou e minha boca se escancarou.

– Eles não podiam ter feito isso. – murmurei, mas ela ouviu.

– Annabeth querida, eu não sou contra o seu namoro com o meu filho nem nada parecido, ao contrário, acho que vocês combinam demais e se amam de verdade, mas se vocês tentarem continuar com este relacionamento ambas as partes sairão com mais do que cicatrizes físicas, e você é um claro exemplo disso, você perdeu um filho, Annie, isso não é algo fácil de se esquecer. E, talvez, você carregue essa perda para o resto da sua vida. – Sally começou seu discurso de forma carinhosa, mas eu sabia que ela estava de acordo com a mudança que meus pais queriam fazer. – Eu só espero que eu um futuro não muito distante, quando vocês já forem donos de seus próprios narizes, possam se encontrar e viver o que realmente fora escrito para vocês, uma bela história de amor, com direito à um felizes para sempre.

– Talvez, seja melhor assim. – murmurei baixo, mas fora alto o suficiente para que a mãe de Percy ouvisse e assentisse com a cabeça. – Posso te pedir uma coisa? – perguntei e ela concordou. – Conte a ele que eu o amo muito e por favor, não fale que eu estava grávida. Tudo bem?

– Annabeth, eu acho que você deveria... – a interrompi ao abrir a boca.

– Será melhor assim. Se ele não souber de nada. Meus pais e eu já o fizemos sofrer demais, não quere que ele viva coma sombra do que poderia ter sido se conseguíssemos fugir. Entende?

– Entendo. – Sally disse e me abraçou em um claro sinal de despedida.

– Espero que a senhora alcance tudo aquilo que deseja.

– E eu espero que você encontre o seu caminho para a felicidade. – ai fica fácil, já que ele está atrás dessa porta. Foi o que eu tive vontade de responder, mas apenas assenti com a cabeça e me levantei.

– Não esqueça de dizer que eu o amo. Okay? – Sally riu, uma risada leve, que também me fez sorrir.

– Não se preocupe eu direi a ele. E como eu sou mãe, e todas as mães conhecem seus filhos como a palma da mão, lhe garanto que ele também te ama. – sorri com as suas palavras e dei-lhe um último abraço, me virando em seguida em direção ao elevador.

– Boa sorte, Annabeth. – “Eu realmente precisarei de sorte, Sally.” Pensei antes de entrar na caixa de metal que me levaria ao meu andar.

...

Na manhã seguinte recebi alta e deixei o hospital acompanhada dos meus pais, e ao invés de passarmos em casa, fomos direto para o aeroporto e eu acredito que eles tenha estranhado o fato d’eu não ter feito nenhuma objeção sobre a viagem, já que a aceitei assim que eles me informaram que nos mudaríamos para Londres.

Estávamos na sala de embarque, esperando que nosso voo fosse anunciado e entrássemos no avião que transportaria a primeira classe. Eles estavam longe de mim, e eu não fazia a mínima questão de me aproximar. Meu celular estava na minha mão, esperando que algo acontecesse, talvez fosse que eu criasse coragem e ligasse para ele, ou talvez, que um meteoro caíssem em minha cabeça.

– Voo 8526 para Londres, Inglaterra, com conexão na Espanha. Embarque autorizado. Portão 13. – a voz um tanto quanto que profissional da aeromoça anunciou pelos autos falantes da sala de embarque e meus pais se levantaram e foram andando a até a pequena fila que ser formava no portão treze, eu apenas continuei sentada.

Respirei fundo e disquei o número um da minha chamada rápida.

– Annie! – sua voz me saudou com alegria e um sorriso involuntário se espalhou no meu rosto ao saber que era ele do outro lado da linha. – Você vai vir me visitar hoje?

– Percy, como é bom ouvir a sua voz. Você não tem noção. – eu disse e ele deu uma risadinha fraca. – Eu não vou poder ir te visitar.

– Seus pais não deixam vir me ver, não é mesmo? – ele questionou triste e eu apenas fiz um barulho de concordância.

– Na verdade eu liguei para te pedir uma coisa. – introduzi o assunto e ele gemeu de dor.

– Peça o que quiser, farei de tudo para cumprir a não ser que seja impossível. – ele disse de modo cavalheiro e eu ri com isso, mas logo minha expressão se fechou ao lembrar-me o que eu pediria.

– Me esqueça. – falei sem papas na língua e os olhos cheio de lágrimas.

– O quê? – ele perguntou assustado e gemeu de dor, pela segunda vez, talvez ele tenha se virado bruscamente. – Eu não posso te esquecer, Annabeth.

– Por favor, não faça isso parecer mais doloroso do que já é. – eu pedi.

– Não me peça o impossível. – ele disse. Sua voz era repleta de dor, e eu sabia que além da dor emocional a física também se fazia presente. – Me fale onde você está e eu vou te buscar!

– Para ele fazer aquilo de novo com você? Não. – eu disse chorando. Eu estava certa em não querer me despedir.

– Então, me prometa que nunca irá me esquecer? – ele pediu e um soluço alto escapou de minha garganta.

– Não. Eu preciso que você me esqueça. – eu disse. – Eu preciso te esquecer.

– Lá vem você de novo. – ele murmurou - Já disse para não me pedir coisas impossíveis. – o meu moreno disse.

– E por que isso seria impossível? É só me imaginar como mais uma.

– Você sabe que é diferente das outras, e também sabe o motivo: Eu te amo.

– Mas até quando esse amor vai durar? – eu perguntei receosa. Aquela pergunta fora totalmente desnecessária, até porque eu sabia a resposta.

– Sempre.

Com isso eu desliguei o telefone e o deixei no banco aonde estava sentada. Em momento algum me virei para trás ou hesitei em entrar no avião, eu apenas precisava afastar o perigo que eu mesma representava na vida de Percy. Ele seria muito mais feliz sem a minha pessoa ao seu lado, disso eu tinha certeza, tanta certeza quanto achar que o meu amor também duraria para sempre.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Espero, que tenham gostado.
Eu achei esse capítulo meio deprê e tals, mas não tinha como se diferente, não é mesmo?
Espero a opinião de vocês nos reviews, que eu responderei assim que ler, talvez desse jeito eu não acumule rios de reviews.

Se odiaram detonem a fic nos comentários,
Se acharam algum erro, comentem, me avisem, pois eu não revisei.
Se acharam que estava bom, mas dava para melhorar, me avisem, se AMARAM recomendem.

Bom, acho que vou ficando por aqui, e se vocês querem me ver de novo na semana que vem, já sabem a fórmula, não é mesmo? Se não aqui segue, anotem que é muito importante, cai na prova - encarnei um professora agora, Credo capeta, sai de mim -brincadeira- REVIEWS+RECOMENDAÇÕES=CAPÍTULOS MAIS RÁPIDOS. Entenderam? Espero que sim.

Beijos e até o próximo, este que eu acredito sairá em breve, já que semana que vem eu quase não terei aula, mas isso só vai depender de vocês, ou seja, reviews.

P.S: Pelas minhas contas mais três ou dois capítulos e bye, bye ALAYLM, então VOCÊ que NUNCA APARECEU, ainda tem CHANCES de me deixar FELIZ. OKAY?