O Ultimo Conto Maldito escrita por MANDAHSOARES


Capítulo 2
Capítulo Segundo-O Lago de nuvens frias


Notas iniciais do capítulo

Aos poucos leitores sedentos por misterio e sangue =)



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-Para onde estamos indo? perguntava a garota de botas de borracha a cada meio minuto.
-Cale a boca ou vou acabar com a sua vida sabendo ou nao do esconderijo de Nunes.
Ela silenciou e eu pude ver pelo canto dos olhos que seus olhos lacrimejavam e deixavam cair algumas lagrimas que rolavam por uma das bochechas magras,quase como uma concavidade bem ao estilo do resto de suas feicoes e de seu fisico.
Caminhamos lentamente ate os arredores de um lago escuro que aparentava ter vindo diretamente de um esgoto,a noite era quente mas das aguas subiam nuvens de vapor gelido.Todas as ruas daquele bairro eram largas e desembocavam naquele terrivel purgatorio de peixes,se é que vivia algum ser ali.Arrastei a menina ate uma daquelas largas ruas e fomos andando ate o fim.Parei.
-Se der um pio arranco a sua lingua fora. -disse naturalmente.
Ela apenas me olhou inexpressiva e desviou os olhos para o chao.
-Otimo.Vamos.
Adentramos um velho casarao caindo aos pedacos que se encontrava no meio da rua e seguimos para o quintal.Nao irei descrever a aparencia daquele mausoleu,voces nao gostariam de saber,acredito.O quintal estava tomado por uma grama muito alta e quase cortante,contei oito passos da ponta de um corredor do lado direito da casa e agachei tocando o solo com as maos.Em menos de um minuto achei o que procurava.Coloquei a mao dentro do sobretudo e de um dos bolsos internos retirei uma pequena chave,puxei uma corrente enterrada na grama e coloquei a chave num cadeado que prendia a corrente enferrujada a um pedaco grande de madeira quase podre,com um estalido o cadeado cedeu e eu levantei a tampa para cima.Nada se via la dentro,era apenas uma escuridao infinita.Um sopro frio tocou minha face.Entramos.
A garota nao se atrevia a falar e ate sua respiracao era discreta,eu podia sentir o seu medo no ar,notavel como a lua cheia e prateada que brilha no ceu em cidades longe daquela,onde ainda existe um pingo de beleza e cor na vida das pessoas.
Descemos por uma escada de madeira e paramos numa enorme sala,caminhei ate uma parede e apertei o interruptor.A moradia subterranea iluminou-se.
A casa era grande e nao possuia portas,sendo feita a divisao dos comodos apenas por uma fina cortina negra.Era muito frio morar ali,mas alguem como eu sinceramente nao se sentiria mais confortavel em qualquer outro lugar.
- Ahn,voce mora aqui? - perguntou a menina observando o ambiente ao redor.
- Sim.Espero que nao seja do seu agrado. - respondi friamente enquanto tirava meu sobretudo,deixando a mostra a leggin preta e a blusa da mesma cor que usava por baixo.
Ela ficou a observar-me durante um longo tempo.
- Porque usa tantas armas?- perguntou finalmente apontando para a minha pistola - Beretta U22 a minha favorita por sinal- que pendia do meu coldre fixo a cintura.
Sem desviar os olhos das laminas e adagas que retirava dos meus coturnos e sobretudo respondi:
- É o meu trabalho.
- Eu acho que ja notei isso - sorriu melancolicamente.
A lembranca de seus pais deveria estar queimando em sua memoria.Seu comportamento era muito estranho,mas ja havia visto diversas pessoas assim,que nao sentiam a morte na hora,o impacto demorava as vezes ate cinco dias,e no entanto vinha devastadora em todos os casos.
- Nao tente fugir ou fazer qualquer gracinha,eu nao durmo com frequencia e estarei de olho em voce durante toda a noite.Se eu fosse voce tentaria cochilar,nunca se sabe quando sera a ultima vez,nao é mesmo? - sorri amargamente e apontei para um quarto que ficava num corredor curto e escuro.
"O quarto era umido,as paredes pareciam transpirar e o chao frio era negro,quase querendo me engolir.A cama rangia e se lamentava." Foi o que ela me disse um tempo apos aquele primeiro contato com o meu mundo.Ainda hoje sorrio ao lembrar dessa descricao.

- Porque os matou naquela noite,Kei?-ele me perguntou seriamente.
- A sobrevivencia é a primeira regra na minha profissao,Alejandro...Devia saber.
Ele se levantou tranquilamente da cadeira e veio em minha direcao,grudou sua face na minha e me fitou nos olhos longamente.Eu podia prever aquele momento,nao apenas por conta do fogo odioso e sedento por sangue que ardia em seus olhos,mas sim porque ja havia presenciado e feito aquilo diversas vezes.
Ele agarrou meu pescoco com violencia e me puxou para cima.Permaneci inexpressiva e silenciosa.
- Nao precisa permanecer na sua personagem profissional aqui,meu amor - comecou ele com a voz melosa.Era apenas a introducao do que viria a seguir.
Sorri e cuspi na cara dele sem a menor afetacao por suas palavras.Seu sorriso e sua paciencia se transformavam em odio,mas dessa vez visivel ate para uma pessoa leiga na area de expressoes faciais.Ele me deu um forte soco no nariz e me soltou para sangrar a deriva.O sangue vermelho-rubi corria pelo piso branco tirando sua pureza como a uma virgem,e eu gargalhei freneticamente com aquele pensamento.
Vi quando seus homens colocaram as luvas e retiraram diversos materiais,estendendo-os num pano em cima da mesinha.
Ia comecar.E eu nem me importava.
Lembrei mais uma vez de seu sorriso infantil e daqueles olhos arregalados fitando as maos lavadas no meu sangue sujo.
Realmente,eu nao me importava.


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Notas finais do capítulo

continua ... e se gostarem ou tiverem ideias e opnioes,review please!



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