Vergonha, isso é tudo que posso sentir agora, até a mais apertada corrente que me pusera pendurada nessa prisão sem fim são mais confortáveis que a dor que você me causou, era evidente o forte cheiro de esgoto no local mal iluminado que me pus, não sei quando tempo passei aqui, mas percebi que já passara e muito das vinte e quatro horas que um dia pode ter.




Eis-me aqui com trapos imundos, repleta de ferimentos, alguns leves e outros um tanto profundos, estará certo se pensar que os piores estão em meu coração. É triste saber que nada, absolutamente nada do que me fez mudou alguma coisa em relação a você, o que me faz sentir suja.




Lembro-me de quando já não tinha mais esperanças de te encontrar e traze-lo para casa, tentava inutilmente desistir deste amor sem fim, era desgastante saber que amei, amava e amo alguém tão funesto, logo tentei tirar-me a vida, mas você estava lá... E salvou o sentimento que teimava em me incomodar, pegou-me nos braços e trouxe-me para teu novo lar, um lugar detento de pouca alegria.





Como fora inebriante sentir teus lábios de encontro ao meu, no momento que menos esperei que fizestes, justo quando não tinha forças para continuar alimentando, cuidando e protegendo este sentimento por você. Não sei por quanto tempo nos beijamos, fiquei feliz em sentir que não seria a única a cuidar desse amor daquele momento em diante, pois agora Sasuke-kun ajudar-me-ia.



 

Mais uma vez a fraqueza me tirara de meus devaneios, ainda não sabia por que a vida ainda lhe preenchia o corpo... Não comia... Não bebia e só se mantinha em pé por conta das correntes que a obrigavam levantar-se, até então só esperava que a morte a levasse logo. Desde o dia que me salvou, eu sabia que escondia algo, não estava totalmente presente quando estávamos juntos, mas não ligava pelo simples fato de estar com você independente de qualquer coisa, eu já não era guiada pela razão. Afinal eu já tinha perdido este jogo antes mesmo de jogá-lo.




 

Poucas eram as vezes que o vi inteiramente meu. Como era bom ter seus braços percorrendo meu corpo, sua boca mapeando meus seios e nossos corpos inteiramente ligados em uma dança sensual, fora você o primeiro e único ao qual me entrei de corpo e alma, sempre a tua disposição quando procurava por mim e como prometi a muitos anos atrás, cuidei de você e do nosso lar, sempre que machucava-se em uma de suas batalhas velava teu sono, secava tuas lágrimas e cicatrizava tuas feridas, mas no fim você voltava a ficar distante, frio e muitas vezes arrogante, afinal eu não era nada para você, só mais um cômodo da casa que era útil quando precisava.

Sei que não é o único culpado, pois também fui cúmplice, lutei em uma guerra perdida... Quando o assunto era você, tinha certeza de eu perderia sempre.

Então agora estou aqui pagando por meus erros, esta prisão fora à única que achei para fugir de você e de mim mesma, pensei que a tortura ocuparia minha mente com dor ao invés de saudade, espero que a escuridão chegue antes de me ver estarrecida por você mais uma vez.




 

Às vezes me pego sorrindo ao lembrar de nossos momentos juntos, as brigas que terminavam na cama, das poucas risadas que dei por seus hábitos, dos seus abraços em noites frias e da saudade que tinha que demorava a voltar para casa. Você era tudo para mim e ainda é, mas eu não posso continuar nessa luta sem fim, sei que ganharás sempre.





 

Porque me salvou naquele dia se não parecia feliz ao meu lado? Porque não deixou que me matasse e levasse junto este sentimento que tanto nos fez mal? Precisei fugir de você para poder morrer em paz, o que não adiantou em nada, ainda permaneço viva e em caos, procurando seu cheiro, sua voz e seu rosto em qualquer vestígio.




 

A pouca claridade que ainda tinha naquele lugar sumia gradativamente em sua visão, finalmente a morte vinha a seu encontro, aliviou-se por pensar na liberdade que ela e Sasuke teriam...




 

Mas logo a luz voltou a seus olhos e pode ouvir seu nome ser nitidamente pronunciado por aquela voz tão conhecida, ele acabou a achando, como sentia vontade de abraçá-lo ali mesmo e não separar-se mais dele, dizer que tudo seria diferente agora... Porém não podia, aquilo tinha que acabar, estava consumindo aos dois, tinha que deixar queimar.




 

Olhou mais uma vez aquele olhos que tanto perturbava sua sanidade e entendeu por que a morte ainda não chegará, por que tinha que olhar pela última vez o motivo pelo qual vivera a vida inteira...



 

- Sasuke-kun... -