Broken escrita por AmaiMaboroshi


Capítulo 1
Broken


Notas iniciais do capítulo

Me baseei no capítulo em que Ciel tem a memória misturada com a do Alois. Eu fiquei PUTA com o Claude, e foi aí que começou meu ódio por ele.
Enfim, tá um dramalhão total - porque eu sou de fazer drama por quase tudo, literalmente xD - e... Leiam. o/
Erros de concordância e/ou gramática, me avisem. Já escrevi "Elisabeth" e ninguém me avisou :c



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Estava frio. O garoto de cabelos azulados fora jogado em um líquido extremamente gélido, enquanto as memórias de seu próprio ser desvaneciam pouco a pouco, cada vez mais rapidamente.

Sua essência estava desaparecendo.

E, como ele mesmo dizia, quando se perde algo, este nunca retornará; não importa o quanto o busque, nunca mais haverá um como o original.

As lembranças em sua mente se tornavam menos nítidas. Tudo estava sendo consumido pelas chamas. Era um incêndio na mansão... Não, na aldeia? Ciel chorava pela morte dos pais, ou seria do irmão? Fora molestado por um velho pedófilo, de olhos sujos e nojentos?

Ouve-se uma voz decidida a traçar o seu passado:

– Um demônio provocou o incêndio.

Os aros dos óculos brincavam no rosto do homem, movendo-se para cima e para baixo com o apoio da mão direita.

– O demônio é o alvo da sua vingança. - aquela mesma voz proferia com convicção e paciência.

– Vingança.... - O garoto repetiu como um eco, pouco consciente do que falava no momento.

– Este demônio é Sebastian.

Num ímpeto, Ciel recobrou a consciência e ergueu a cabeça, deslizando o confuso olhar a todos os cantos do pequeno e lúgubre cômodo.

– Sebastian...? Aonde estás? Sebastian...

Os óculos do outro não se moveram mais.

– Por que chama por esse demônio, quando fora este o responsável por todas as desgraças de sua vida?

Ciel, com seu olhar assustado e perdido, finalmente avistou o outro, que levantou-se decididamente.

– Deixe-me dizer-te duas verdades.

*****

O demônio ajeitou os óculos.



Amor é um sentimento exclusivamente humano.



Ciel fitou-o, perplexo; no fundo, sabia que isso fazia completo sentido, mas nunca se deixou aceitar. Afinal, depois de tantos anos, Sebastian e ele confiavam um no outro, estavam sempre juntos, faziam... Amor. O garoto nunca teve a coragem de perguntar se demônios eram capazes de amar, provavelmente porque tinha medo da resposta.

–Demônios não amam. No entanto, vocês, humanos, adoram isso, não? - Claude olhou para o canto inferior esquerdo, pensativo. - Talvez eu devesse ter fingido que amava "ele"; sua alma ficaria melhor, com um gosto um tanto excêntrico, mas... Sinto repulsa só de imaginar tal sentimento... Demônio, amar? Me poupe. - falava consigo mesmo. - Foi um prazer imenso matá-lo...

Sim, demônios são traiçoeiros, ludibriam a todas e quaisquer pessoas sem se importarem com os sentimentos, ou melhor, até tiram proveito disso, se lhes forem conveniente.

Notando o rosto estupefato do jvem, logo partiu para a segunda frase:



Demônios são mentirosos.



Ciel começou a recuar, ainda fitando-o.

– N-não... Sebastian é diferente, ele não... Por causa do contrato...

- Contrato? - riu, debochando. - Contratos não significam nada para nós. É apenas uma forma de convencê-los de que estamos submissos e faremos todas as suas ordens. - Claude deu dois passos para frente. - O diálogo e a convivência fica mais fácil, tanto para nós como para vocês.

Ciel's P.O.V.~

Minha vida é uma farsa; e agora, minhas verdades são ilusões?

O que restou de mim, neste mundo?

Sim, minha vida até então foi uma farsa. Mas... Ele me enxergava através de minhas mentiras.

Ele sabia tudo sobre mim. Já eu, o que sabia sobre ele? Se, de alguma forma, nos desligassemos, Sebastian não passaria de um estranho para mim.

Eu queria conhecê-lo melhor, afinal, quando se ama, esta é uma das vontades; mas em nossa situação de mestre e servo, o pouco que sei dele me basta, e é esse o impasse: Tudo o que preciso é ter ciência de que ele será fiel a mim e não me abandonará, até o final. Selamos um pacto para isso.

"Contratos não significam nada para nós", aquele demônio de óculos disse.

Nunca perguntei dos detalhes de nosso contrato, eu apenas confiei tudo a ele.

Confiança.

Sim, era esta a nossa relação; um trato de confiança, e nada mais.

Eu não o conheço o suficiente para julgar o seu caráter. Acreditei em seus princípios de devoção e de não mentir. "Ao contrário de vocês, humanos, nós não sabemos mentir." Ouvi essas palavras sairem de sua própria boca.

Então, por quê escondeu a verdade sobre o incêndio na vila, por quê matou meu irmão e meus pais, por quê destruiu minha vida?!

Ah, entendo... Para reconstrui-la, sob seu controle, sua total manipulação, não é? Assim, o gosto da minha alma será da forma que desejar.

*****

Ciel desatou a correr em qualquer direção; atravessava os intermináveis corredores daquela estranha mansão. Estava fugindo, não sabia exatamente do quê; mas fugia.

Todas as suas convicções giravam em torno de Sebastian, desde o dia em que abrira mão da felicidade eterna para a vingança. Sua zona de conforto era Sebastian. Era o único com que contava.

Estava correndo, queria encontrá-lo, mas tinha medo. Então, demônios não amam? Demônios mentem? Aquilo tudo era demais.

*****

Sebastian caminhava até seu encontro, quando Claude o interrompe.

– Você e seu bocchan não eram afinal tão próximos... Ele acredita mais em mim, do que em você. - logo, explicou-se. - Demônios são mentirosos, eu disse a ele.

– Existe uma exceção que é capaz de mentir, e você se encaixa nela.

– A mentira é uma ferramenta humana muito útil.

– Não preciso disso para pegar uma boa alma, ao contrário de certos cretinos... Isso apenas cria uma sensação de segurança. Você se agarrará tão firmemente em suas mentiras e se esconderá atrás delas, que um dia enfim, se tornará fraco e dependente das mesmas.

– Demônios que desenvolvem o sentimento de amor também tornam-se fracos. - exibiu um sorriso - E dependentes.

– Então, estamos ambos regredindo, não? Por causa de reles humanos, estamos nos tornando mais semelhantes a eles.

– Exatamente.

******

Ciel ainda corria. Relembrava o que aquele homem lhe dissera.

"Vocês, humanos, adoram essas coisas, não?"

Sim; paixão, amor, afeto... São inúteis, no entanto, nos deixamos levar. Sebastian não devia ter despertado-lhe tais sentimentos.

No fim, só resta a dor.

"Talvez eu devesse ter fingido que amava 'ele'."

'Ele'

Aquela voz ecoava em sua mente.

Ciel tropeçou em seus próprios pés e caiu no carpete vermelho.

Olhou para seus dedos; o anel dourado trazia um rubi que reluzia em um tom escarlate, triste.

Sem mais, seus olhos lacrimejaram, e não sabia o porquê.

Era a alma de Alois que chorava.


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Notas finais do capítulo

Um demônio mentiroso e um apaixonado, e duas almas desesperadas.
Sou dramática, fala sério =3=
Reviews? :3 Sinceramente, fiz isso muito rápido, não é sempre que a inspiração aparece.
Como devem ter percebido, ESTOU COM PROBLEMA EM RELAÇÃO AO ESPAÇAMENTO '-' esse editor de texto tem vida própria, ele não me obedece :c