Card Master Sakura escrita por ghost of Sparta


Capítulo 22
Capítulo 13 - A estranha perfeita (PT4)


Notas iniciais do capítulo

Sakura enfrenta uma batalha inesperada! E o Mestre resolve sair das sombras!



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(CONTINUANDO)

Galathea: Acabe com ela da mesma forma que acabou com aquela besta!

Shaoran aponta sua espada para Sakura. A herdeira de Clow baixa seu báculo, ainda não acreditando no que estava vendo.

Shaoran: Dragão do vento, obedeça ao meu comando!
Sakura: Ahhhhhh!

Sakura é carregada por uma violenta ventania e atirada contra uma árvore.

Sakura (se levantando): Ai, ai... espera, Shaoran... sou eu!
Shaoran: Dragão da terra, obedaça ao meu comando!

Um pequeno tremor surge repentinamente e uma fenda se abre no chão.

Sakura: SALTO!

Sakura se afasta uma instante antes de ser engolida pela fenda.

Sakura: Você precisa superar isso! Eu preciso de você ao meu lado!

Shaoran acerta outra rajada de vento, fazendo Sakura capotar no chão. Galathea fica rindo da situação.

Galathea: Você é muito nova e ainda não sabe, não é? Não se pode confiar nos homens. Eles sempre vão acabar te traindo. Então você tem que ser mais esperta e dominar eles antes!

Shaoran aponta sua espada mais uma vez.

Shaoran: Dragão do fogo, obedeça ao meu comando!

Uma rajada de fogo é lançada contra a herdeira de Clow.

Sakura: TERRA!

Parte do chão se move e se ergue, formando uma parede na frente de Sakura que a protege do fogo.

Galathea: Tolinha... você não vai a lugar nenhum se continuar só se defendendo. Se quiser me pegar, vai ter que acabar com seu namoradinho!
Sakura: Eu nunca machucaria o Shaoran!

Shaoran salta sobre a parede e tenta um ataque com sua espada. Sakura consegue se esquivar bravamente, mas sente um estranho calor no rosto. Ao colocar a mão sobre sua bochecha, a menina percebe que havia um pequeno corte de onde começava a brotar sangue.

Sakura: Shaoran, por favor... eu não vou conseguir... não vou conseguir machucar você...

Galathea caminha até o altar e recolhe a faca que deixara lá anteriormente. Um segundo feixe de luz surge dos céus e começa a banhar Galathea com seus raios. O corpo de madeira da vilã vai ficando mais novo aos poucos, como se estivesse rejuvenescendo.

Galathea: Falta pouco agora...

Shaoran segura sua espada com firmeza e parte para cima de Sakura.

Sakura: SALTO!

Sakura impulsiona seu corpo para longe, procurando se afastar dos ataques do garoto chinês.

Shaoran: Dragão do gelo, obedeça ao meu comando!

Shaoran posiciona sua espada na horizontal. Da arma começam a surgir diversas esferas de gelo que atingem Sakura em pleno ar, derrubando-a. A menina cai de mão jeito no chão, capota e colide com uma árvore. Ao tentar se levantar, Sakura sente uma dor imensa tomar conta do braço direito.

Sakura: Arghhh!

Sakura não era médica, mas tinha quase certeza de que havia acabado de fraturar o braço. Ela, entretanto, não tem nem tempo de respirar. Shaoran surge correndo e tenta um novo golpe com sua espada. Sakura se esquiva com sucesso e a árvore acaba sendo cortada ao meio e desabando.

Sakura: Shaoran... por favor...

Shaoran gira sua espada no ar e tenta um novo golpe.

Sakura: ESCUDO!

Sem saber o que fazer, Sakura ergue um escudo mágico ao redor de si. Shaoran tenta um golpe contra o escudo, mas não consegue rompê-lo.

Sakura (lágrimas escorrendo do rosto): Por favor, pare... por favor, pare...

Shaoran começa a golpear o escudo com violência.

Sakura: Por favor, pare... por favor, pare... por favor, pare...

Os golpes do garoto chinês começam a vir com mais violência. Sakura cobre os olhos, não querendo mais ver aquela cena. Ela queria poder acordar e perceber que tudo aquilo havia sido um sonho.

Shaoran: ME DERRUBE!

Sakura baixa suas mãos, ainda incerta do que havia escutado.

Shaoran: ME DERRUBE!

Sakura olha para Shaoran. O garoto chinês ainda agredia o escudo mágico com sua espada, tentando rompê-lo, mas havia algo diferente. Lágrimas escorriam dos olhos de Shaoran e o garoto tremia um pouco. Parecia estar se esforçando ao máximo para conversar com Sakura.

Sakura: Shaoran...?
Shaoran: Você precisa me derrubar!
Sakura: Eu não posso! Não posso ferir uma pessoa que amo!
Shaoran: Por favor, Sakura... eu te imploro... me derrube... se você não fizer, eu vou acabar te machucando...
Sakura: Mas, Shaoran...

O garoto dá um grito. Um dos golpes da espada gera uma pequena rachadura no escudo mágico.

Sakura (respirando fundo): Me perdoe...

Shaoran finca sua espada na rachadura do escudo.

Shaoran: Dragão do trovão, obe...
Sakura: TERRA!

Um pilar de terra emerge do solo e lança Shaoran no ar. O garoto chinês dá uma cambalhota no ar e já prepara um contra-ataque. Sakura desfaz seu escudo mágico e correm em direção a Shaoran.

Shaoran: Dragão de fogo, obedeça ao meu comando!

Uma rajada de fogo surge da espada de Shaoran assim que o garoto pousa no chão. A rajada viaja pelor em direção a Sakura, que já tinha uma carta mágica preparada em sua mão.

Sakura: ÁGUA!

Um jato d'água vai de encontro a rajada de fogo. Ambos os ataques se anulam e acabam gerando uma nuvem de fumaça. Shaoran finca sua espada no chão.

Shaoran: Dragão da terra, obedaça ao meu comando!

Um forte tremor começa a abalar aquela àrea.

Sakura: SOMBRA!

Shaoran é pego de surpresa quando sua própria sombra se ergue para o agredir. O garoto tenta contra-atacar, mas sente como estivesse lutando contra si mesmo. O primeiro golpe desarma Shaoran, jogando sua espada longe. A arma gira no ar e acaba fincada numa árvore. O segundo rompe sua defesa, tornando-o vulnerável a um ataque certeiro e mortal. Mas esse ataque acaba não vindo. Ao invés disso, a sombra se agarra às costas de Shaoran e tapa a boca e o nariz do garoto. Shaoran se debate com todas as suas forças, tentando até se jogar contra uma árvore. A sombra, entretanto, não abandona sua posição. Em questão de instantes Shaoran acaba desmaiando, vítima da falta de ar. Assim que isso acontece, o tremor pára e a sombra do garoto volta a seu estado original. Sakura corre até seu namorado para checá-lo.

Sakura: Eu sinto muito... eu sinto muito...

O feixe de luz termina seu trabalho sobre o corpo de Galathea e desaparece. O corpo de Chiho começa a flutuar no ar, cercado por uma forte ventania. Galathea solta uma estrondosa gargalhada.

Galathea (erguendo a faca no ar): As estrelas estão alinhadas! É hora de terminar meu retorno triunfal!

O feixe de luz que desce ao altar se torna branco. A ventania se intensifica. Sakura observa tudo aquilo, incerta sobre qual ação tomar. Os cabelos loiros e as roupas de Chiho se moviam com velocidade, guiados pela força do vento. Sakura nota que havia algo mais, um estranho brilho junto as orelhas da pobre Chiho.

"Os brincos!"

Galathea gira a faca no ar e tenta perfurar seu próprio peito com ela.

Sakura: FLECHA!
Galathea: O que?


Uma flecha branca atinge o pulso de Galathea , que acaba derrubando a faca encantada. O objeto se perde em meio a alguns arbustos. A vilã olha para trás e nota que Sakura estava com um arco mágico em suas mãos, preparando-se para disparar mais flechas.

Galathea: Menina idiota! Vou acabar com você eu mesma!

Ignorando o melhor que podia a dor lancinante em seu braço direito, Sakura dispara mais duas flechas. Galathea dá um salto e uma cambalhota no ar, esquivando-se do ataque. A vilã atinge Sakura com um chute e pousa sobre ela, seu joelho pressionando o peito da herdeira de Clow.

Galathea: Patético! Não conseguiu nem ao menos me acertar! Vou acabar com você e terminar o ritual e...
Sakura (murmurando): Eu não...
Galathea: O que? Não consigo te ouvir.
Sakura: Eu não mirei você...

Galathea olha para trás e nota os brincos amaldiçoados fincados numa árvore por duas flechas brancas.

Galathea (se afastando, as mãos na cabeça): Não! Não! Não! Não!

O feixe de luz branco desaparece e a ventania se dissipa. Os céus voltam a seu estado natural. O corpo de Chiho volta a cair no chão. Sakura se levanta e se afasta alguns passos de Galathea.

Galathea: Não! Não! Não! Não!

O corpo de madeira de Galathea começa a pegar fogo e ela grita, desesperada.

Galathea: Não... eu estava tão perto dessa vez...

Galathea se desfaz em milhares de partículas, que são carregadas pelo vento. Duas pequeninas esferas de luz permanecem onde antes estivera a vilã. As esferas voam até os brincos e se mesclam a eles. Exausta, Sakura cai de joelhos.

Sakura (respirando aliviada): Acabou...
Shaoran: SAKURA!

Shaoran havia despertado. Ele corre até Sakura e a abraça com força. Lágrimas descem dos olhos de Sakura quando ela sente o carinho e aflição por trás daquele abraço.

Shaoran: Você está bem? Me desculpa! Eu não conseguia me controlar...
Sakura: Eu vou ficar bem...
Shaoran (analisando o braço direito de Sakura): Seu braço está ferido... temos que fazer alguma coisa e...

Sakura coloca as duas mãos no rosto do garoto chinês, forçando-o a olhar diretamente em seus olhos verde-esmeralda.

Sakura: Eu vou ficar bem. Estou feliz de ter você de volta.
Shaoran: Sakura...
Kero: O que aconteceu?

Sakura e Shaoran notam que Kero havia despertado e voava em direção ao casal com um olhar preocupado.

Sakura: Eu consegui, Kero. Derrotei a Galathea.
Kero (suspirando aliviado): Ufa. Essa foi por pouco. Bom trabalho, cardmaster.
Sakura (sorrindo, sem graça): O-obrigada...
Shaoran (olhando para todas as pessoas congeladas): Vamos ter trabalho para arrumar essa confusão...
Sakura: Primeiro temos que ver a Chiho!

O grupo se move até Chiho, que estava desmaiada próximo ao altar de madeira. Shaoran levanta a menina e checa seus sinais vitais.

Shaoran: Ela está bem. Está respirando.
Sakura: Ainda bem.
Shaoran: É uma surpresa que toda essa confusão não atraiu curiosos...
Kero: Pode ser que estejam a caminho. Talvez estivessem apenas com medo de se aproximar, mas agora que tudo voltou ao normal, eles vão querer saber o que aconteceu...
Sakura: Ninguém vai se aproximar.
Shaoran: Como você pode ter tanta certeza?
Sakura: Porque eu conjurei um feitiço de espaço restrito.

Kero e Shaoran se entreolham, surpresos.

Kero: Você conseguiu executar esse feitiço?
Shaoran: Mas você o treinou tão poucas vezes...
Sakura: Bem... eu não sei se ele está perfeito, mas no calor do momento, eu resolvi arriscar...
Shaoran: Cada vez eu me surpreendo mais com sua força...
Kero: Isso significa que ainda temos algum tempo. Agora podemos nos livrar dos brincos amaldiçoados.

O grupo olha para os brincos fincados na árvore. Shaoran se levanta e recolhe sua espada.

Shaoran: Eu vou baní-los. Fiquem aqui com a Chiho.

Shaoran arranca as flechas e segura os brincos em sua mão direita, erguendo-os no ar. Em seguida, ele toca os objetos com a lâmina de sua espada.

Shaoran: Deuses dos relâmpagos e das tempestades, mestres dos cinco elementos, concedam-me o poder necessário para b...
Desconhecido: Receio que eu não possa permitir isso.

Shaoran é atingido por dezenas de estacas feitas de um cristal enegrecido e é lançado no ar. O garoto capota no chão e colide com uma árvore. Sakura e Kero vão até o garoto para ajudá-lo.

Sakura: Shaoran!
Kero: Você está bem, moleque?
Shaoran: Sim... mas quem me atacou?

Antes que os brincos atinjam o chão, eles são seguros por uma pessoa misteriosa. A pessoa parecia ser não mais do que um vulto, havendo momentos em que parecia ficar levemente transparente. Tinha a altura de um adulto, mas não era possivel dizer seu sexo. Usava roupas largas negras, sendo totalmente surradas e sujas, praticamente trapos. Um capuz ocultava seu rosto, mas seus olhos vermelhos brilhantes se destacavam mesmo com essa proteção. Quando a figura misteriosa falava, sua voz parecia vir de todas as direções. Sakura sentia uma aura negativa assustadora emanando daquela pessoa. Ela não tinha nenhuma dúvidas de quem era.

Sakura: É o Mestre... é a pessoa que vêm liberando a magia do caos em nosso mundo...
Shaoran: O que?

Shaoran se levanta rapidamente e ergue sua espada, ficando em posição de combate. Kero conjura uma bola de fogo e fica preparado para atacar.

Shaoran: Você tem certeza, Sakura?
Sakura: Sim. Já nos encontramos em sonhos antes.
Mestre: É um prazer finalmente conhecê-la pessoalmente, jovem Sakura.
Kero: O que você está fazendo aqui?
Mestre: Eu soube que a alma de Galathea havia vindo a esse mundo e resolvi verificar. Agradeço a ajuda de vocês. Vou ficar com esses brincos.
Shaoran: Nem pensar!

Shaoran parte para cima do Mestre, sua espada em punho pronta para o ataque. O vilão sorri e efetua um assopro demorado. De sua boca emerge uma fumaça negra que envolve Shaoran.

Sakura: Cuidado!

Antes que Sakura e Kero possam fazer algo, eles também se vêem envolvidos pela mesma fumaça negra. Shaoran sente seu corpo ficar repentinamenterígido e nota que estava impossibilitado de se mover. O mesmo acaba acontecendo com Sakura e Kero. Os corpos dos três acabam presos em blocos de cristal negro que deixam apenas suas cabeças de fora. Kero fica incrédulo ao perceber que haviam sido subjulgados tão facimente.

Sakura: Essa não!
Shaoran: Droga!
Mestre: Não adianta se esforçarem. Vocês não tem como escapar daí.
Shaoran: Não tenha tanta certeza! Eu vou acabar com você!
Mestre: Ah. Eu adoraria vê-lo tentar.

O Mestre aproxima-se ameaçadoramente de Shaoran.

Mestre: Eu tenho planos para a jovem Sakura, mas você é totalmente descartável. Me dê um motivo e cessarei sua existência agora mesmo.
Shaoran: Me liberte e eu lhe darei mais de um...

Shaoran trinca seus dentes. Aquela pessoa a sua frente tinha sua vida nas mãos e ele não podia fazer nada a respeito. O Mestre coloca sua mão esquerda no pescoço do garoto chinês e começa a enforcá-lo. Sakura grita, desesperada, temendo pela vida de seu namorado.

Eriol: Eu acho que isso já basta.

Um feixe de luz atinge o mestre e lança-o contra uma árvore. Sakura respira aliviada ao perceber que Eriol e Yue haviam chegado a reserva. O guardião, cujos poderes são baseados na lua, conjura seu arco mágico e liberta Sakura, Shaoran e Kero dos blocos cristalinos. O Mestre se levanta lentamente.

Mestre: Clow...
Eriol (com um sorriso amistoso): Vejo que está em vantagem. Eu ainda não conheço seu nome. O que acharia de se apresentar formalmente?
Mestre: E encerrar a diversão tão prematuramente? Não. Vamos manter a aura de mistério por mais um tempo. Eventualmente você vai descobrir tudo, embora creio que será tarde demais.

Os dois podersos magos ficam se estudando por alguns instantes. Sakura, Shaoran e Kero se posicionam ao lado da reencarnação de Clow, preparados para auxiliá-lo em combate. Eriol aponta para os brincos nas mãos do Mestre.

Eriol: Esse artefato é perigoso demais para ficar em mãos despreparadas.
Mestre: Estou mais do que preparado para lidar com esse tipo de magia.
Eriol: Vejo que pretende usar Galathea. Devo alertá-lo de que essa feiticeira é extremamente perigosa...
Mestre: Eu estou ciente deste fato, mas Galathea possui conhecimentos sobre magia do caos que podem me ser muito uteis. Como você já deve saber, preciso encontrar uma maneira de reverter minha situação atual...
Shaoran (parecendo confuso): Situação? Que situação?

Eriol fica quieto por alguns instantes. Então ele ergue seu báculo mágico, passando a emitir uma forte luz. O Mestre recua, acuado. A luz parecia estar o ferindo severamente.

Eriol: Você sabe que não permitirei que parta com esses brincos. Desista.
Mestre: Maldito seja, Clow.

O Mestre converte todo o seu corpo em uma grande nuvem negra, que levanta vôo e passa direto por Eriol e seus aliados. Sakura e Shaoran chegam a fechar seus olhos brevemente, mas se acalmam ao perceber que o vilão simplesmente fugira.

Sakura: Para onde ele foi?
Eriol: O Mestre fugiu.
Shaoran: Por que não o deteve? Nós poderíamos terminar tudo isso aqui!
Eriol: Não é fácil deter um espírito preso num estado de semi-vida, meu caro descendente. Eles são terrivelmente ardilosos.
Shaoran: Semi-vida?

Eriol caminha alguns passos e recolhe os brincos que estavam caídos no chão.

Sakura: Você vai baní-los?
Eriol: Não creio que isso seria sensato. Eles acabariam retornando a esse plano e poderiam acabar em mãos erradas antes que pudessemos fazer algo a respeito.
Sakura: Entendo...
Eriol: Providenciarei um local secreto e seguro onde possa guardar este artefato amaldiçoado para sempre.

Eriol faz um gesto e todas as pessoas congeladas acabam livres, mas ainda desacordadas. Em seguida ele pega o braço ferido de Sakura, tocando-o levemente com seu báculo.

Eriol (sorrindo gentilmente): Isso deve ser o bastante.
Sakura: O que você fez?
Eriol: Conjurei um feitiço para aumentar a capacidade de regeneração de seu corpo por um breve período. Deve ser o bastante para curar seus ferimentos, desde que vocêrepouse adequadamente.
Sakura: Obrigada.
Yue: O que faremos? As pessoas vão fazer perguntas sobre o que houve aqui.
Kero: Devemos apagar suas lembranças?
Eriol: Não é prudente alterar tantas vezes as memórias de uma pessoa num curto espaço de tempo. E nós andamos fazendo isso bastante desde que começamos a lidar com os efeitos da magia do caos. No ritmo que caminham as coisas, eventualmente as pessoas vão notar que algo está errado com seu mundo.
Yue: E o que você sugere?
Eriol: Eu ficarei aqui com Sakura e Shaoran. Contaremos uma divertida história a policia e a imprensa.
Shaoran: Dezenas de alunos e alguns funcionários da escola Tomoeda foram vistos andando por aí como se fossem zumbis. Como vai explicar isso?
Eriol (com um semblante tranquilo): Vou dizer que foi obra de uma seita religiosa de caráter duvidoso usando drogas alucinogenas. Para nossa sorte, seus integrantes fugiram assustados ao notarem o estranho fenômeno no céu.
Kero: E como você vai explicar aquilo? Um feixe de luz surgiu do nada no céu!
Eriol: Um fenômeno meteorológico inédito.
Sakura: O que?
Eriol: Tenho alguns contatos com meteorogistas locais. Tenho certeza que eles ficarão felizes em inventar alguma tese cientifica que torne o que aconteceu plausivel.
Yue (erguendo uma sobrancelha): Eles lhe devem favores, não é?

Eriol se limita a sorrir para Yue.

Sakura: E quanto as pessoas que foram hipnotizadas por Galathea?
Eriol: Elas não se lembrarão de nada, então acreditarão no que a policia disser.
Shaoran: Você acha mesmo que essa história vai dar certo? Acha mesmo que eles não achar que existe um algo a mais nessa história?
Eriol: Se pudermos escolher entre o fantasioso e o racional, certamente escolheremos a segunda opção. Está na natureza do ser humano. Todos ficarão aliviados em encontrar explicações para suas dúvidas e felizes em poder perseguir "os caras maus", mesmo que, nesse caso, eles não existam.

Eriol se volta para Yue e Kero.

Eriol: Vocês devem partir agora, antes que as pessoas daqui despertem.
Yue: Está certo. Nos avisem se precisarem de algo.

E então Yue e Kero levantam vôo e desaparecem em meio as nuvens. Eriol, Sakura e Shaoran ficam se entreolhando, num silêncio incômodo. O clima estranho é quebrado quando Chiho começa a gemer.

Sakura: Ela está despertando!

Sakura rapidamente vai até Chiho e a ajuda a se sentar sobre um tronco derrubado. A menina se assusta ao notar que estava num local desconhecido, cercada por pessoas que nunca vira antes. Ela tenta se levantar, mas, ainda um pouco tonta, acaba caindo sentada.

Shaoran: Vai devagar. Tente recuperar suas forças primeiro.
Chiho: Quem são vocês? Onde estou? Como vim parar aqui?

Chiho põe a mão na cabeça, indicando que estava sentindo um pouco de dor.

Sakura: Calma. Respire devagar. Nós somos colegas de classe da sua prima Chiharu.
Chiho: Minha prima também está aqui?
Sakura: Ainda não, mas deve deve estar a caminho. Sua familia estava muito preocupada te procurando.
Chiho: Por que não consigo lembrar de como cheguei aqui? A ultima coisa de que me lembro é de entrar numa loja de jóias quando voltava de umas compras... depois tudo é um grande branco...
Sakura: Nós vamos explicar tudo, mas primeiro você precisa se acalmar e...
Chiharu: CHIHO!

Chiharu surge correndo e vai até Chiho, abraçando-a com força. Shaoran se aproxima de Sakura para cochichar em seu ouvido.

Shaoran: Você não tinha dito que havia erguido uma barreira?
Sakura: Ela já deve ter desaparecido... afinal, foi a primeira vez que fiz algo do gênero...

Chiharu desfaz o abraço e se ajoelha diante de sua prima.

Chiharu: Onde você esteve? Estavamos mortas de preocupação! Te procuramos por todo o lugar!
Chiho: Desculpa, prima... eu nei sei o que dizer... não sei explicar o que aconteceu...
Chiharu: Sakura? Li? Eriol? O que estão fazendo aqui?

O grupo nota as outras pessoas que despertavam e também se encontravam confusas.

Eriol (com um sorriso amistoso no rosto): Creio que talvez seja melhor reunir todos para tentar explicar tudo.

E então, conforme Eriol, Sakura e Shaoran reuniam todos, policiais e curiosos chegavam a reserva Saijou, ainda incertos do que encontrariam.

HOSPITAL GERAL DE TOMOEDA - HORAS MAIS TARDE

Médico: ... basta você evitar esforço com esse braço por um tempo e logo, logo estará boa.
Sakura: Que bom. Fico aliviada. Faço parte de dois clubes na minha escola e já estava preocupada imaginando se teria que ficar muito tempo afastada...
Médico: Vai ficar tudo bem.

Sakura se levanta da cadeira, recolhe sua mochila e ajeita levemente a tipóia azul em seu braço direito. O médico a conduz até a saída do consultório.

Médico: Você já prestou seu depoimento?

Sakura olha para uma sala com uma grande janela de vidro logo em frente, onde alguns alunos de sua escola estavam esperando para conversar com os policiais locais.

Sakura: Já sim.
Médico: Então, por favor, aguarde na recepção A. Os policiais já convocaram os pais de todos os alunos.
Sakura: Certo. Muito obrigada, doutor.
Médico: Não foi nada. Se cuide.

Sakura caminha até a recepção, que se encontrava levemente movimentada. Ela via alguns rostos conhecidos, colegas de classe conversando com seus pais. Num canto mais afastado da recepção estava Shaoran Li. O garoto estava sentado numa cadeira próxima a uma máquina de vendas. Estava bebendo um refrigerante e ostentava um olhar preocupado. Sakura se aproxima do namorado e se senta ao lado dele.

Shaoran: Sakura! Como foi? Está tudo bem? Ainda está doendo muito? O que o médico falou?
Sakura: Calma, calma. Não foi nada grave. Em breve meu braço já vai estar completamente curado.
Shaoran (ficando cabisbaixo): E-entendo...
Sakura: Ei. Se anime. O médico disse que sou uma garota forte. Não vou ser derrubada tão fácil.
Shaoran: Foi minha culpa.
Sakura: O que?
Shaoran: Galathea usou nosso elo para te atacar... depois me fez te atacar... me fez te machucar...
Sakura: Shaoran...
Shaoran: Eu deveria ser forte... deveria ser capaz de superar o controle dela... deveria, mas não pude. Sou um fracasso.
Sakura: Pára com isso.

Sakura puxa as bochechas de Shaoran de forma a assemelhar um sorriso.

Shaoran: S-Sakura?
Sakura: Eu não quero ouvir isso de você. Não quero te ver triste desse jeito. Eu quero que você sorria comigo, que se divirta comigo. Eu quero aquele Shaoran que não se abala com nada de volta.
Shaoran: Eu... eu não posso... eu me sinto inútil nesse momento...
Sakura: Shaoran...

Shaoran arremessa a lata de refrigerante numa lixeira próxima com precisão.

Shaoran: Eu consigo entender agora...
Sakura: Entender o que?
Shaoran: Entendo porque você não confia em mim.

Aquelas palavras atingem Sakura como se facas fossem cravadas em seu peito.

Shaoran: Entendo porque você mantém seus segredos. Não precisa se sentir mal por isso. Eu também não confiaria em alguém fraco como eu... eu também ficaria receoso em ter alguém como eu ficando ao seu lado, lhe dando cobertura...
Sakura: Shaoran, isso não é verdade, eu...
Touya: Sakura!

Touya e Fujitaka se aproximavam às pressas de Sakura. O pai chega primeiro e abraça a menina.

Fujitaka: Você está bem, minha filha? O que houve com seu braço?
Sakura: Não se preocupe. Foi só um machucado leve. Está tudo bem.
Touya: Claro que a gente tem que se preocupar! Ouvimos um monte de histórias absurdas! Estão falando até de terrorismo!
Fujitaka: Você vai precisar nos contar o que aconteceu, filha. Quase morremos de susto.
Touya: Que idéia foi essa de se colocar numa situação perigosa dessas? Você é só uma criança!

Touya finalmente nota Shaoran sentado ao lado de sua irmã.

Touya: Com certeza isso é influência desse moleque.
Shaoran: Tem razão. Talvez eu seja um problema para a Sakura.

Touya fica sem reação quando o garoto chinês concorda com ele.

Touya: Mas que diabos...?
Sakura: Shaoran?
Shaoran: Com licença.

Antes que Sakura possa dizer algo, Shaoran se levanta e caminha até o outro lado da recepção, onde é recebido por Wei e Feimei. O garoto chinês recebe muitos abraços e carinhos de sua irmã mais velha. Geralmente ele reclamaria dos exageros de sua irmã, mas ele não estava no clima para isso. Shaoran apenas diz que está tudo bem e segue para a saída. Confusos, Wei e Femei apenas seguem andando atrás dele.

Touya: O que deu naquele moleque?
Sakura: Ele... nós tivemos um dia dificil...
Chiharu: Sakura!

Sakura nota sua amiga e colega de classe Chiharu se aproximando. Ela estava acompanhada de Chiho e Chise e de uma mulher de longos cabelos negros presos com um diadema amarelo. Chiharu pede liceça a Fujitaka e Touya e abraça Sakura.

Chiharu: Eu queria te agradecer por ajudar a minha prima. Não sei o que seria dela se você e Shaoran não tivessem a encontrado. Muito obrigada!
Sakura: Que isso, Chiharu. É para isso que servem as amigas, não é?

Chiharu sorri. Ela puxa suas duas primas para frente, puxando-as pelo braço.

Chiharu: Ei, vocês não têm nada a dizer?

As duas meninas coram levemente, um pouco sem graça com a situação.

Sakura: Nossa. Vendo vocês uma do lado da outra dá para ver o quanto são parecidas. Parecidas não, são idênticas.
Chiho (e Chise): Muito obrigada por nos ajudar!

As duas meninas fazem uma reverência para Sakura.

Sakura: Não foi nada, meninas. Fico feliz em poder ajudar. Você está bem, Chiho?
Chiho: Sim. A médica disse que está tudo bem comigo.
Sakura: Que bom... bem... espero que possamos ser amigas daqui pra frente.
Chiho (sorrindo): Claro.
Chise: Desde que aquela menina irritante não esteja junto, por mim tudo bem.
Sakura: A Amane pode se mostrar uma boa menina se você der uma chance, Chise.
Chise: Hmmm. Talvez.
Mulher: Bem...

A mulher toma a frente.

Chitose: Deixe eu me apresentar. Eu sou Chitose Mihara, a mãe das gêmeas.
Sakura: É um prazer conhecê-la.
Chitose: Também quero agradecer por ajudar minhas meninas. Não sei o que faria se algo acontecesse a elas. Ficarei eternamente em gratidão com você.
Sakura (coçando a cabeça, sem graça): Vocês estão exagerando. Parece até que eu salvei o mundo... eu fiz apenas o que deveria fazer. Ajudei o próximo.

Chitose sorri. Ela então acena para Fujitaka, que estivera apenas observando a cena silenciosamente.

Chitose: Você fez um bom trabalho com sua filha. Ela é uma menina de ouro.
Fujitaka: Eu sei disso e tenho muito orgulho dela. Sou o pai mais feliz do mundo.
Sakura (corando de leve): Papai! Você está me deixando sem graça!
Chitose: Não vamos mais tomar o seu tempo. Mais uma vez obrigada. Adeus.
Chise: Nos vemos por aí, Sakura.
Sakura: Claro.
Fujitaka: Vão com cuidado.

Após a despedida, a familia Mihara se afasta em direção a uma das saídas. Sakura ainda consegue ouvir um resquicio de uma conversa antes delas saírem completamente de seu campo de visão.

Chise: Depois temos que agradecer a Tomoyo também. Ela foi muito legal.
Chiharu: Claro. Vou ligar para ela depois.
Chise: Eu nem lembrava que nós já nos conhecíamos...
Chiho: Mamãe...
Chitose: Que foi?
Chiho: Onde está o papai?
Chitose: Seu pai vai pegar o primeiro avião para cá... ele estava no meio de uma conferência sobre robótica quando consegui contatá-lo...

Fujitaka estende sua mão para Sakura.

Fujitaka: Acho que já está na hora de irmos para casa também, não é?
Sakura: É... tem razão.

Fujitaka pega a mochila da filha e Touya vai na frente guiando o caminho. A familia Kinomoto usa a saída principal do hospital e acaba dando de cara com um grupo de reporteres ávidos por maiores informações do incidente.

Reporter: Só algumas perguntas, por favor...
Touya: Saiam da frente!
Fujitaka: Não temos nada a declarar. Com licença.

Após uma certa luta, a familia se livra dos reporteres. Touya coloca Sakura sentada na sua bicicleta e vai conduzindo-a pela calçada. Eles deixam o terreno do hospital e seguem caminho pelo centro, rumando para sua humilde casa amarela.

A noite já tomara conta da cidade e o céu estava apinhado de belas e brilhantes estrelas. Ainda havia bastante movimento nas ruas, principalmente de pessoas se dirigindo a lanchonetes e restaurantes. A maioria das lojas já estavam fechadas, embora algumas ainda estivessem para fechar suas portas.

"As coisas estão estranhas entre Rika e Meiling. As coisas estão estão estranhas entre Chiharu e Yamazaki. As coisas não estão nada bem entre mim e Shaoran. Eu nem sei como a Kazuko está. Eu queria tanto que tudo voltasse a ser como antes. Sinto como se nosso grupo estivesse se desfazendo... queria que nossa amizade pudesse superar isso..."

Sakura balança a cabeça energicamente.

“Não! Nossa amizade é muito forte e não vamos ser derrotados pela magia do caos. Vou fazer tudo que puder para manter meus amigos unidos... eu só preciso lembrá-los do quanto somos bons quando estamos juntos...”

Os pensamentos de Sakura são interrompidos quando ela nota algo que lhe chama a atenção numa loja que estava prestes a fechar. A menina salta da bicicleta e corre até a loja, colando seu rosto na vitrine para conferir o preço de um objeto.

Touya: Ei! Sakura! O que está fazendo?

Fujitaka e Touya se entreolham, confusos. Sakura se aproxima do vendedor, que já havia começado a guardar os produtos que ficavam expostos na calçada.

Sakura: Hã... com licença...
Vendedor: Pois não... como posso ajudá-la?
Sakura (apontando para a vitrine): Eu gostaria de comprar aquilo...

ESCOLA TOMOEDA – UM DIA DEPOIS

Naoko Yanagisawa estava parada próximo a entrada da escola, fitando o céu com um olhar perdido. Ainda havia poucos estudantes nos terrenos da escola.

Chiharu: Ohayo, Naoko.

Sem resposta. Parecia que Naoko estava muito concentrada em seus pensamentos.

Chiharu (acenando para a amiga): Ei! Naoko!
Naoko: Hã? Ah! Ohayo Gozaimasu, Chiharu.
Chiharu: Estava viajando, não é?
Naoko: Bem... eu acho que sim...
Chiharu: Você também chegou cedo.
Naoko: Cheguei?

Naoko consulta seu relógio e se assusta ao perceber que horas são.

Naoko: Nossa! Cheguei muito cedo.
Chiharu: Você também recebeu o convite?
Naoko: Convite?
Chiharu: Da Sakura. Ela me mandou uma mensagem dizendo que queria conversar comigo antes das aulas e marcou um encontro aqui na entrada.
Naoko: Ah. É verdade. Foi por isso que cheguei cedo.
Chiharu: Você está meio esquecida hoje, não é?
Naoko (sorrindo sem graça): Deve ser o sono...
Rika: Ohayo!

Rika e Yamazaki haviam acabado de passar pelos portões da escola. Haviam se encontrado no caminho e optaram por caminharem juntos.

Naoko: Ohayo, Rika! Ohayo, Yamazaki!
Yamazaki: Ohayo.
Chiharu: Ohayo...

Yamazaki e Chiharu mal se olham e começam a se evitar. Um silêncio incômodo se forma e acaba quebrado, instantes depois, por Rika.

Rika: Vocês chegaram cedo hoje, não é?
Naoko: A Sakura marcou um encontro aqui.
Rika: Hã? Ela chamou vocês também? Será que ela chamou todo mundo?
Yamazaki (bocejando): Eu só sei que ainda estou com um pouco de sono...

Os quatros colegas se abrigam embaixo da sombra de uma árvore e se concentram em algumas conversas triviais. O grupo, então, nota a chegada de Kazuko e Tomoyo. As duas meninas se aproximam juntas, embora Kazuko parecesse incerta de entrar no pátio da escola. Rika toma a frente do grupo e abraça Kazuko, deixando a menina um pouco sem graça.

Rika: Há quanto tempo, Kazuko. Já estava com saudades de você.
Naoko: O que você andou fazendo, hein?
Chiharu (cruzando os braços): Ficar matando aula é errado, sabia? Prejudica suas notas e ainda deixa seus colegas preocupados...
Yamazaki (murmurando): Falou como uma legítima representante de classe...
Kazuko: Sinto muito. Não queria ser um problema para ninguém. Eu só tive uns probleminhas... precisava de um tempo...
Tomoyo: Deu trabalho para encontrá-la e arrastá-la para a escola, mas com certeza valeu a pena.
Kazuko: Eu... eu não achei que fossem sentir muito a minha falta...
Tomoyo (segurando as mãos de Kazuko): Não seja boba. Claro que sentiríamos sua falta. Você é uma pessoa especial.

Kazuko encara o sorriso meigo de Tomoyo e sente seu rosto corar. Ela vira de costas repentinamente e pigarreira.

Kazuko: E por que temos que estar aqui antes das aulas, afinal?
Meiling: Isso é coisa da Sakura!

Meiling havia se esgueirado sorrateiramente e abraçado Tomoyo e Kazuko por trás. A menina não estava usando seu uniforme escolar. Shaoran estava ao lado dela, apenas observando tudo com um semblante sério.

Kazuko: Ei! Não assuste as pessoas desse jeito!
Meiling: Desculpa. Me empolguei. Ohayo, pessoal.
Naoko: Eu achei que você tinha sido suspensa.
Meiling: E fui. Mas eu sabia que vocês sentiriam imensamente a minha falta...
Shaoran (murmurando): Eu não vou sentir...
Meiling (abrindo os braços): ... então vim garantir a dose diária de “Meiling” de vocês! Não se acanhem, eu sei que todos vocês me amam.
Shaoran: Dose diária? Você virou algum tipo de remédio agora?

Os olhares de Kazuko e Shaoran se encontram. O garoto chinês lança um olhar de raiva para a garota, que baixa a cabeça, se sentindo intimidada. Rika também nota que Meiling parecia estar a evitando e aquilo a incomoda bastante. Ela pensa em inventar uma desculpa para entrar na escola e se livrar daquele desconforto, mas acaba não tendo tempo para isso.

Yamazaki (apontando para o portão): Olhem. A Sakura chegou.

Sakura entra no pátio correndo e pára diante dos amigos, ainda bufando um pouco de cansaço.

Sakura: Ohayo, pessoal. Desculpem pelo atraso.
Meiling (rindo): Não tem problema. Veja pelo lado bom... hoje você vai finalmente chegar na hora certa à aula.
Shaoran: Meiling...
Sakura: Obrigada a todos por responderem ao meu convite, por estarem aqui hoje...
Chiharu: Sem problemas... mas o que você queria falar?
Sakura: Eu queria entregar isso a vocês.

Sakura abre sua mochila e retira um objeto de dentro dela. Era um círculo prateado, um disco com vários desenhos entalhados nele, sendo os desenhos kanjis representando diversas qualidades como coragem e liderança. Era uma espécie de lembrancinha. Sakura estende o disco para os amigos, para que eles possam enxergá-lo bem.

Yamazaki: O que é isso?
Sakura: É um presente para todos vocês.
Rika: Pra gente?

Sakura segura o disco junto ao peito e fecha seus olhos.

Sakura: Sabe... meu pai me disse uma vez que muitas pessoas vão passar pela minha vida, mas que apenas algumas delas ficarão guardadas em minha memória e ganharão um espaço em meu coração. Talvez seja apenas por cruzarem meu caminho ou por me dizer uma palavra de conforto quando eu precisasse, o motivo não importa. Meu pai me disse que eu saberia reconhecer essas pessoas especiais quando as visse.

Sakura abre seus olhos e sorri para os colegas que a rodeavam.

Sakura: Essas pessoas são vocês. Meus amigos de verdade. Eu amo todos vocês como se fossem da minha familia. Vocês são muito importantes para mim.
Chiharu: Sakura...
Sakura: Eu sei que muita coisa aconteceu, que algumas relações estão estremecidas, mas eu queria lembrar todos vocês do valor da nossa amizade. Mesmo que algumas coisas ruins tenham sido ditas, mesmo que algumas verdades tenham sido escondidas, nós ainda somos amigos. Uma coisa ruim não pode apagar todas coisas boas que já aconteceram. No fundo, nós sabemos que podemos confiar uns nos outros, que podemos contar uns com os outros, não importa o que aconteça. Só de saber que vocês estão por perto, eu já me sinto muito mais segura. Nós dividimos alegrias e tristezas, vitórias e derrotas, aplausos e puxões de orelha. Compartilhamos boas lembranças e ainda podemos compartilhar mais momentos incriveis. Nossa união é forte demais para ser abalada tão facilmente. Então...

Sakura segura o disco com firmeza e destaca um pedaço dele. O grupo, então, percebe que o disco, na verdade, se dividia em vários pedaços, sendo cada pedaço um kanji específico. Sakura distribui os chaveiros entre seus amigos.

Sakura (algumas lágrimas escorrendo no rosto): ... então eu comprei esse pequeno presente. Não é nada excepcional, até porque minha mesada não é lá essas coisas, mas eu espero que ele sirva como um símbolo. Quero que esses chaveiros sirvam como uma lembrança de que somos um time, que somos como esse disco, que nunca estará completo se todas as partes não estiverem unidas.

Sakura dá dois passos para trás e faz uma reverência para seus amigos.

Sakura: Eu espero que possamos superar nossos problemas e que continuemos amigos! Espero que fiquemos juntos para sempre!

Os amigos de Sakura se entreolham, surpresos. A herdeira de Clow fica incerta do que fazer a seguir.

Meiling: Sua boba!

Meiling, Tomoyo, Shaoran, Yamazaki, Chiharu, Naoko, Rika e Kazuko abraçam Sakura afetuosamente. A herdeira de Clow percebe que cada um de seus amigos havia prendido seus chaveiros em suas mochilas, com exceção de Meiling, que havia prendido o seu chaveiro em sua pulseira.

Rika: Não precisar chorar.
Naoko: Nós vamos estar sempre ao seu lado.
Chiharu: Você não vai se livrar da gente tão fácil, Sakura.
Sakura (enxugando as lágrimas): Pessoal?
Yamazaki: Você tem razão. Nossa união é forte demais para ser abalada.
Tomoyo: Somos melhores quando estamos juntos.
Shaoran: Vai ficar tudo bem.
Sakura: Obrigada por entenderem... e desculpe se isso pareceu meio estranho...
Kazuko (piscando): Nem sempre o estranho é ruim, não é?
Naoko: Que tal irmos para a sala de aula agora? E na hora do intervalo, lancharemos todos juntos.

Todos acenam positivamente com a cabeça, concordando com a idéia. O grupo começa a se dirigir ao prédio da escola, mas Shaoran acaba fazendo uma pausa e se voltando para sua prima.

Shaoran: O que você está fazendo?
Meiling: Indo para a sala de aula. Não está vendo?
Shaoran: Você está suspensa, Meiling.
Meiling (sorrindo, sem graça): Ah. É verdade. Tinha esquecido. Então nos despedimos aqui. Vou curtir minha suspensão.
Sakura: Até depois, Meiling.

Todos acenam e despedem de Meiling. Rika também se despede, embora de maneira tímida.

Meiling: Ah!

Meiling corre até Rika e puxa a menina para longe dos amigos.

Rika: Meiling?
Meiling: Eu soube por fontes anônimas que você está tendo problemas com seu namorado. Isso é verdade?
Rika: Bem... pode se dizer que sim...
Meiling (se apoiando no ombro): Hoje é seu dia de sorte! Você pode contar com a ajuda de uma expert no campo do amor.
Rika: Uma expert? Quem?
Meiling (colocando um cartão na mão de Rika): Meiling Li, conselheira amorosa. Meu cartão.

Rika pega o cartão e o analisa.

Rika: Isso é um cartão de biblioteca.
Meiling: Wow. Cartão errado.

Meiling pega o cartão na mão de Rika e troca por outro. Rika volta a analisar o cartão. Era muito simples. Tinha o fundo preto e o desenho de um coração rosa no centro junto com o nome de Meiling. Todos os outros apenas observam toda a cena rindo.

Rika: O que isso quer dizer?
Meiling: Quer dizer que eu vou te ajudar, bobinha.
Rika: Sério?
Meiling: Pode ter certeza que sim. Duvido que você ache conselhos melhores que os meus.
Rika: Então você não está mais com raiva de mim?
Meiling: Bem... só um pouquinho, mas tenho certeza que ela vai sumir por completo se você for muito gentil e trouxer doces para o meu lanche por um mês.
Rika: Pode deixar!

Rika guarda o cartão no bolso e abraça Meiling para selar a reconciliação.

Rika: Obrigada, Meiling.
Meiling: Não foi nada. Mais tarde eu te visito para começarmos o aconselhamento.
Rika (sorrindo): Vou aguardar ansiosa.

E com um ultimo adeus, Meiling se despede e deixa a escola. O grupo de amigos volta a se dirigir a sala de aula. Todos conversam animados. Sakura caminha lado a lado com Shaoran e nota que ele é o único que não parecia totalmente feliz. Ela se agarra ao braço do garoto chinês.

Shaoran (surpreso): Sakura?
Sakura (cochichando): Precisamos de um tempo a sós depois. Tenho algumas coisas que preciso te contar.
Shaoran: C-claro.

“Eu vou contar para ele. Vou falar sobre o ataque de Belial. Vou contar sobre o Mestre e sobre as suspeitas do hospedeiro. Vou contar sobre meus estranhos sonhos. Sem mais segredos. Vou mostrar o quanto confio nele.”

APARTAMENTO EM TÓQUIO – TARDE DA NOITE

Yuriko Yanagisawa estava sentada num sofá aconchegante num apartamento nos arredores de Tóquio. Era um lugar bem simples, com uma mobilia de bom gosto, certamente não escolhida pelo homem que estava sentado numa poltrona ao seu lado. O homem estava na casa dos 20 anos, tinha cabelos castanhos e olhos verde-claro. Estava usando roupas casuais. Tanto Yuriko quanto o homem estavam terminando de assistir a uma reportagem na televisão. Uma repórter do canal 92 estava diante de uma delegacia, bem como dezenas de outros colegas de profissão, terminando um relato.

Reporter: “... ainda não há pistas dos sequestradores, embora o delegado adjunto tenha informado que a policia já está trabalhando com uma lista de seitas suspeitas. Os alunos e funcionários da escola Tomoeda passaram por exames médicos e foram liberados sem problemas. As drogas utlizadas, entretanto, ainda não foram identificadas pela perícia. Os três bravos jovens que localizaram os desaparecidos também passam bem e já retornaram as suas rotinas normais. Seus nomes estão sendo mantidos em sigilo pela policia para preservar as familias.”
Âncora: “Obrigado, Fukube. A seguir, nosso time de especialistas em meteologia analisa o estranho fenômeno registrado numa reserva natural...”
Homem: Deve ser a vigésima vez que vejo uma reportagem sobre isso. Devem existir outras noticias importantes para anunciar.

Bocejando e visivelmente entediado, o homem recolhe o controle remoto numa mesinha e desliga a televisão. Sobre essa mesma mesinha havia um jornal com uma manchete falando sobre o incidente na escola Tomoeda.

Yuriko: Se eu estiver certa, Oreki... então esse incidente está relacionado com minhas suspeitas.

Oreki encara Yuriko e dá um sorriso sarcástico.

Oreki: Certo. Deixe-me ver se compreendi direito... os terremotos que causaram pânico na cidade, os misteriosos sequestros numa fazenda em Yomiyama, e a tentativa de sequestro de dezenas de alunos da escola Tomoeda... você está me dizendo que tudo isso está relacionado, Yanagisawa?
Yuriko: Exatamente.
Oreki: Você tem idéia do quão absurda é essa idéia?
Yuriko: Eu também acharia loucura, mas eu tenho acompanhado tudo de perto.
Mulher: Você nunca me pareceu louca, Yuriko. Um pouco rude às vezes, mas nunca louca.

Uma mulher de longos cabelos negros e olhos na cor violeta entra na sala carregando uma bandeja. Ela serve chá e biscoitos para Yuriko e Oreki e, posteriormente, senta-se no mesmo sofá que Yuriko.

Yuriko: Agradeço o voto de confiança, Chitanda.
Chitanda: Não foi nada. É um prazer ajudar uma velha amiga da familia, mesmo que talvez só possamos ouvir o que você tem a dizer.
Oreki: Supondo que você esteja certa... qual seria a explicação para esses eventos?

Yuriko retira um livro de capa negra de sua bolsa, colocando-o em cima da mesa.

Yuriko: Magia.
Oreki: Você está falando sério?
Yuriko: Tem uma pessoa que eu conheço que está relacionada a todos esses eventos. Eu a vi fazer coisas impossiveis.
Chitanda: Que tipo de coisas?
Yuriko: Por exemplo... no dia dos terremotos, eu vi essa pessoa saltar do topo de um prédio e pousar na rua sem sofrer um arranhão sequer.
Oreki: Isso é impossivel. Você devia estar assustada com os terremotos e sua mente lhe pregou uma peça...
Yuriko: EU SEI O QUE EU VI, IDIOTA!

Yuriko se levanta abruptamente ao gritar. Assustada, Chitanda quase deixa sua xicara de chá cair.

Oreki: Acalme-se, Yanagisawa. Gritar como louca não ajuda a provar seu ponto de vista.

Yuriko respira fundo e se senta novamente.

Yuriko: A pessoa de quem estou falando finge ser normal, mas esconde algum segredo. Eu tentei seguí-la, mas tudo que consegui foi ouvir pedaços de algumas conversas... ela falava sobre possessão, feitiços, esse tipo de coisas...
Oreki: Ela pode ter amigos que gostam desse tipo de coisa. Existe gosto para tudo.
Yuriko: Ela não é nenhuma garota gótica como você deve estar pensando. Ela parece uma garota normal, mas no fundo deve ser algum tipo de aberração.
Oreki: Então você acha que essa pessoa está por trás desses eventos?
Yuriko: Sim. Ela estava presente em todos os eventos e eu tenho testemunhas que confirmam isso. Essa pessoa é um problema e eu quero expôr a verdade sobre ela. Eu quero derrubá-la. E é aí que você entra...
Oreki: Não estou interessado.
Yuriko (agitando os braços no ar): Mas você é um detetive!
Oreki: Não. Eu trabalho numa biblioteca. Os bicos que faço como “detetive” são mais um hobby do que qualquer outra coisa.
Yuriko: Mas você analisou os eventos, você viu que todos eles têm algum mistério envolvido, que tem coisas que não se encaixam...
Oreki: Sim. Tenho certeza que a policia viu isso também. Isso é trabalho deles, afinal.
Yuriko: Você não precisa provar que estou certa. Só precisar descobrir o segredo da pessoa que falei e ver se existe alguma relação com os incidentes. Você pode pesquisar os incidentes e tentar resolvê-los. Eu quero respostas, não posso dormir direito enquanto não conseguí-las.
Oreki: Você devia comprar alguns remédios para dormir, então.
Yuriko: Ah. Vai me dizer que você não ficou nem um pouco curioso com tudo o que discutimos?
Oreki: Curiosidade não é a força que me move, Yanagisawa. Mesmo que fosse, tudo que você contou não me deixou curioso o bastante. Tenho um lema muito importante que me ajuda a evitar desperdício de energia: “Eu não faço nada que eu não precise fazer e...”

Oreki pára de falar ao notar que Chitanda olhava fixamente para o jornal na mesinha. Os olhos dela pareciam estar prestes a soltar faíscas. O semblante de Chitanda mostrava que ela estava pensando muito sobre algo.

Oreki (colocando sua xícara na mesa): Essa não...
Chitanda: Um terremoto que ninguém sabe como começou ou parou... pessoas que foram misteriosamente salvas dos escombros...
Oreki: Não... não... não...
Chitanda: Pessoas sequestradas numa fazenda repentinamente reaparecem... uma plantação condenada ganhando vida do nada...
Oreki: Não... não... não...
Chitanda: Dezenas de pessoas são sequestradas de uma escola, agindo como se estivessem hipnotizadas... um estranho fenômeno acontece no céu logo acima de uma reserva natural... pessoas com amnésia...
Oreki (receoso): Eru...?

Chitanda dá um salto do sofá e se aproxima de Oreki, os rostos ficando bem próximos. Oreki podia sentir a respiração de Chitanda atingir seu rosto como uma brisa quente e não conseguia encarar aqueles grandes olhos violeta que o fitavam com determinação.

Chitanda: Eu estou curiosa... não consigo parar de pensar sobre isso!
Oreki: Droga.

Oreki baixa os ombros, se sentindo derrotado. Yuriko sorri, vitoriosa.

Yuriko: Isso significa que posso contar com a ajuda de vocês?
Chitanda: Sim!
Oreki (suspirando): Que escolho eu tenho, não é? Mas vou logo avisando que não acredito em magia. Vou analisar tudo me prendendo apenas a razão.
Yuriko: Tudo bem. Eventualmente você vai perceber que estou certa.
Oreki: Então... quem é a pessoa misteriosa que você acha que está por trás de tudo?

Yuriko retira uma foto de sua bolsa e a entrega para Oreki. Era uma foto de um festival que acontecera na escola Tomoeda há alguns meses. Havia uma pessoa circulada na foto.

Yuriko (apontando para a foto): É dessa menina que falo... o nome dela é Sakura Kinomoto...

FIM DO CAPÍTULO

No Próximo Capítulo: "Ai, ai, ai. Minhas notas em matemática estão muito ruins e a professora me deu um ultimato: ou eu tiro uma boa nota na próxima prova ou serei forçada a deixar os clubes em que estou participando! Mas como vou conseguir estudar em paz se a cidade de repente entrou numa misteriosa onda de pânico?!? Ah. Eu espero que vocês estejam comigo no próximo capitulo de Card Master Sakura para dizermos juntos... LIBERTE-SE!"


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Notas finais do capítulo

Chegamos ao final deste capítulo. O final foi um pouco tenso, mas a Sakura mais uma vez superou tudo. Espero que tenham gostado dos novos personagens apresentados. Alguns deles vão ganhar mais espaço, a medida que alguns dos antigos vão ter seus caminhos separados do caminho da Sakura...

As gêmeas Chiho e Chise foram uma participação especial nesse capítulo. Elas possuem o mesmo sobrenome que Chiharu, a amiga de Sakura. Certa vez li em algum lugar uma teoria de que elas poderiam ser primas da Chiharu, a amiga de Sakura. Achei a idéia interessante e resolvi usá-la hehehe.

Espero que continuem acompanhando essa história. Assim que possivel, posto o proximo capitulo!

Até a proxima!

Obs: Opa. Peraí. Faltou dizer uma coisa. Ao longo das 4 partes deste capítulo eu coloquei (como às vezes faço) referências a outros animes / mangás. Será que vocês conseguem adivinhar quais são?

Curiosidades:

— Chiho Mihara e Chise Mihara são personagens coadjuvantes no mangá / anime KOBATO.
— Elas também participam do mangá / anime CHOBITS, também uma publicação do CLAMP. Nesse mangá, elas atendem pelos nomes de Chii (que faz par com o protagonista) e Freya respectivamente.
— Chitose Mihara, a mãe das gêmeas, também participou de Chobits e Kobato.