Acordei cedo e fui direto para o banheiro, Happy ainda dormia na cama da hospedagem, fiquei bastante tempo dentro da água tentando retirar toda a preocupação, Happy logo apareceu na porta do banheiro e veio tomar banho comigo, uma mania que ele adquiriu.

– Você vai mesmo levá-los para a guilda? - perguntou o gato, eu o olhei e fiz apenas que sim com a cabeça - Mas não vamos procurar o Igneel?

– Vamos, mas depois de deixar eles na guilda, eu nunca deixo de cumprir algo que falo - ele me olhou com um sorriso bobo no rosto, eu sabia muito bem o motivo - Esta louquinho para ver a Charles, não é?

– Hai - ele falou entusiasmado - Quero vê-la, vou levar um peixe para ela - eu dei longas risadas, Happy era incrivelmente bobo quando o assunto é amor, tão bobo ao ponto de acreditar que a Charles vai querer ficar com ele por causa de um peixe.

Sai da banheira e coloquei uma roupa simples a única coisa que mudou em mim nos últimos anos foram os cabelos que estão mais longos que antigamente, coloquei uma saia e camisa qualquer sem me importar muito, Happy estava logo atrás de mim.

Virei-me para ele que estava com sua cara pidona de sempre, eu não pude resistir e o peguei no colo assim nos dirigimos para fora da hospedagem, o gato sentiu o cheiro de café da manha e me guiou em direção do cheiro, nos deparamos com uma padaria, fui até lá e comprei algo para que eu e Happy nos alimentássemos.

Fui em direção ao parque onde a garota disse que iria me encontrar e logo comecei uma conversa com Happy, ele estava na minha frente, mas foi enquanto voava que ele parou bruscamente, eu o olhei curioso e ele falou.

– O que aconteceu Happy? - eu perguntei ao gato.

– Lucy, eu acho que estou vendo fantasmas - ele falou baixo para que apenas eu ouvisse, ele olhava fixamente para um ponto atrás de mim, eu fiquei curiosa e olhei na direção que ele olhava, meu coração deu uma pequena falhada.

Um homem de cabelos róseos mais compridos do que eu lembrava, com apenas um short, sem camisa parecia estar vindo da praia, o que não era impossível já que esta cidade ficava a beira mar, estava mais alto e também mais musculoso, continha uma expressão seria, mas ao mesmo tempo feliz, em seu pescoço estava o já tão conhecido cachecol dele.

Ele estava andando pelo parque distraidamente, mas ela não conseguiu segurar as lagrimas que insistiam em correr pelos seus olhos, aquele não podia ser o meu Natsu, eu o vi morrer, eu estava lá isso é impossível, mas de alguma forma não era, pois lá estava ele Natsu com o sorriso que Lucy muito bem conhecia com os olhos ônix ainda mais brilhante que o comum, mas algo em meio aquela visão não estava certa.

Seria por que a marca da guilda de Natsu não estava em seu braço? Por que Natsu parecia de certa forma serio? Que ele parecia não ter a aura brincalhona a sua volta? Por que tudo ali não era certo. Mesmo que Lucy implorasse todas as noites para que esse dia chegasse, ela não podia acreditar no que via.

Mesmo que ela quisesse acima de tudo acreditar que aquela cena era verdade, não podia, pois ela mesma o vira partir, quando ele virou o rosto para olhar em sua direção o coração da maga falhou, aquela pessoal era Natsu, ela vira e seu olhar, vira nele tudo o que via antigamente menos o afeto o amor e o carinho que ela estava acostumada encontrar naqueles olhos, mas não era apenas isso que lhe incomodava.

Era o fato de que quando seus olhos se cruzaram nada aconteceu, Natsu nem sequer se mexera quando a viu, apenas virou o rosto para outra direção sem se importar se a maga que estava a sua frente era sua antiga colega de equipe.

– Acho que também estou vendo fantasmas Happy - falou a loira, mesmo que tivesse forçado sua voz a sair normal não foi possível, ela falhou e Happy viu no olhar da amiga a certeza de que aquele homem a frente deles era se amigo Natsu - Vamos embora, essa cidade só esta me fazendo ter alucinações - a loira se virou algo lhe dizia para não seguir até o rosado, algo lhe dizia que se o fizesse sofreria muito mais do que quando o perdera.

Lucy percebeu que o amigo não lhe seguia, olhou para trás e constatou que o mesmo estava indo em direção ao rosado, quando o gato chegou ao lado do amigo este ainda não tinha se dado conta da presença do gato, foi até perto o suficiente e tocou o rosado que no mesmo momento se virou em direção do gato.

Quando Lucy se tocou de que o rosado não era uma miragem deixou as lagrimas rolarem por sua face, Happy começou a chorar e pulou em Natsu, Lucy foi caminhando para onde estava o mago e o gato, o gatinho ao ver a aproximação da loira largou do rosado, a loira foi andando até ele sem poder acreditar no que estava vendo, a verdade era que ela acreditava que estava em mais um de seus sonhos, onde ele voltava pra ela, mas no fim ela sempre despertava e constatava que era mais um de seus sonhos.

Foi andando de vagar, quando chegou ao lado do rosado que tinha o rosto apenas expressando curiosidade o tocou de leve com a ponta dos dedos no rosto, quando sentia a pele do rosado sorriu como não sorriu há cinco anos, e assim as lagrimas passaram a cair com mais intensidade, mas agora elas eram de felicidade, pois finalmente suas preces foram ouvidas, finalmente tinha o rosado a sua frente mais uma vez.

Mas algo lhe dizia que aquilo não estava certo, que faltava algo naquela cena, pulou no rosado e lá ficou por algum tempo, até ouvir a frase que colocou fim em sua felicidade, a frase que ecoou na mente da loira por muitos meses a frase que atormentaria os seus sonhos, ou melhor, seus pesadelos proferidos pela boca de seu amado, as gotas de chuva caíram sobre o rosto da maga antes de ouvir as palavras do amado, mas estas logo iam se fundir com as lagrimas de dor e sofrimento da loira.

– Quem é você? - perguntou o rosado com uma voz que fez o coração de Lucy falhar, repleta de repulsa e um frio que ela não sabia que ele era capaz de transmitir.