Diabolic Lover escrita por Marie Lolita
Notas iniciais do capítulo
Oi gente, primeiramente, me desculpem por não ter postado nada semana passada, eu realmente não pude e o computador não ajudou nada. Estou ficando sem tempo até para ir no banheiro - ok, vocês não precisavam saber disso.
Espero que vocês gostem desse capítulo, eu estou trabalhando no próximo. E quero agradecer a todos que estão lendo, cada vez mais gente está lendo essa fic, isso me deixa feliz.
Aproveitem o capítulo...
Sento rapidamente. Um grito esta sufocado em minha garganta e impede a minha respiração. Meu corpo está totalmente molhado de suor e meus olhos arregalados de horror.
Olho todos os cantos do meu quarto para ter certeza da onde estou, mas tudo que vejo é o meu quarto com todas as paredes de estantes abarrotadas de livros, junto com minha bagunça de livros por todos os cantos e percebo que estou sentada no chão enrolada no meu edredom preto com caracteres japoneses.
– De novo esse pesadelo? – pergunto para mim mesma, secando as lágrimas que ainda escorrem dos cantos dos meus olhos.
Nunca mais tive um sono sem a repetição do mesmo pesadelo. Posso pensar que isso é uma punição, mas não posso fazer mais nada para mudar isso.
Levanto do chão e jogo o edredom na cama. Subo até o outro andar do meu quarto e pego uma roupa qualquer para ir para o colégio. Pego peças aleatórias e me encaminho para o banheiro.
Tomo um banho de dez minutos, sem prestar atenção no ato relaxante da água caindo em minhas costas. Desligo o registro e me visto automaticamente.
Limpo o vapor no espelho do banheiro e vejo que as marcas roxas em meu pescoço estão menos perceptíveis, mas ainda terei que cobri-las com maquiagem e meu rosto esta inchado por tanto chorar que parece que um lutador de box me deu uma surra de madrugada.
Termino de me arrumar e passo maquiagem no pescoço e a contra gosto, no rosto, só para deixá-lo mais humano.
Ando até a cozinha e vejo Alicia com o seu longo cabelo avelã preso em um coque alto na cabeça e com um avental com estampa de cupcake atrás do fogão.
– Bom dia, bebê – ela diz de costas para mim. – Fiz panquecas, cupcakes e cookies.
Ela pega um prato no armário e se vira para olhar para mim pela primeira vez. Sento na banqueta do balcão da cozinha e a estudo com os olhos.
– Vejo que continua tendo os pesadelos – ela deduz olhando a meu rosto.
– Nada com o que eu não possa lidar, madrinha – pego o prato e loto de panquecas com calda de chocolate, cupcake de quatro sabores diferentes e cookies com gotas de chocolate.
– Meu amor, isso não é bom para você. Nem um adulto conseguiria lidar com tudo que você passou, quem dirá você que é só uma adolescente.
– Estou ótima Alicia, já disse que não precisa se preocupar comigo – digo dando uma garfada monstro em todo aquele paraíso de glicose. – Em falar em adolescente, onde esta a sua filha? – pergunto com a boca cheia.
Alicia dá um suspiro em derrota e tira o avental, jogando-o em cima do balcão e se senta na bancada ao meu lado, pegando um garfo e assaltando o meu parto.
– Cassei não dormiu em casa, de novo – diz cansada.
– Outro encontra relâmpago?
– Não. Eu disse a ela sobre os Anfitriões e ela enlouqueceu quando eu falei que um deles era o Ian. Cassie me disse que vocês tiveram um encontro e um desses garotos era o Ian. Depois disso, ela saiu de casa e não voltou até agora.
– Eu disse a você que ele quase abusou de mim e ainda não consegui castrá-lo, mas esta na minha lista de prioridades – falo de boca cheia.
– Marie! – ela me repreende –, você disse que iria mudar esse seu jeito agressivo e ser mais sociável.
– Eu vou, por você, mas isso não quer dizer que não devo fazer justiça. O Ian merece pelo menos uma lição.
Alicia revira seus olhos castanhos e dá um meio sorriso para mim, meio que se divertindo com a situação.
– Por falar em Ian, como foi ontem em sua primeira aula de socialização? – pergunta ela toda animada.
Dou um sorriso para ela com os dentes todos sujos de chocolate.
– Foi tudo ótimo – digo toda animada. – Eles falaram para pedir as horas para um estranho e eu consegui.
– Que maravilha Marie! Isso é um avanço e tanto! – Ela dá um pulo da banqueta e fica com um sorriso de orelha a orelha olhando para mim.
– Depois eu soquei o cara, porque ele tentou ver meus peitos – continuo declarando com meu sorriso sujo de chocolate. – Eles falaram que eu tenho raiva e que deveria ser vacinada imediatamente.
– Você o quê? – pergunta Alicia incrédula.
– Eu apenas dei um soco no estômago do cara. Poxa, Alicia, ele realmente tentou olhar meus peitos – tento convencê-la.
Será que ninguém entende que fui assediada e que foi legítima defesa? Qual o problema de socar uma pessoa que tentou ver meus peitos?
– Marie, você não pode sair por aí socando as pessoas só porque elas tentam ver seus peitos.
– Claro, Alicia, vou me lembrar disso na próxima vez que alguém tentar me assediar e prometo ficar quietinha enquanto sou estrupada – digo com sarcasmo.
Dou a última garfada no meu café da manhã e pulo da banqueta, dando as costas para a mulher vestindo um vestido azul marinho coladinho.
– Volte aqui Marie, ainda não terminei – Alicia resmunga me seguindo para a sala, mas já estou pegando a minha mochila surrada.
– Desculpe, estou atrasada para a tortura adolescente ou como é mais conhecido, colégio. De noite a gente continua. Tchau.
Dizendo isso saio sem mais delongas e pego o elevador.
Minha vontade é ir de bicicleta, mas como nasci com problema de asma, parece que só o esforço de soltar um pum é muito para os meus pulmões asmáticos. Como não quero ir de carro com motorista e chegar lá como uma riquinha esnobe, muito menos pegar a minha amada moto Harley que ganhei depois que fiz minha besteira, eu decido ir simplesmente de metrô.
Ando até a estação mais próxima e embarco em um dos vagões, prestando muita atenção para ver se não acho mais um possível tarado para terminar de acabar com a minha manhã. Como não vejo ninguém meio suspeito, sento em um dos bancos e tiro um livro da minha mochila. Rapidamente sou absorvida pela leitura.
Só paro de ler perto da minha estação. Guardo meu precioso livro e me levanto, descendo assim que o vagão abre as portas.
Coloco meus fones de ouvidos e cubro as orelhas com meu gorro preto. Escolho uma música aleatória em meu Ipod e saio da estação para a rua.
Depois de dez minutos estou na frente do colégio Harderbrook. Nem pense em começar a fantasiar aquelas escolas americanas ricas, tipo Gossip Girl; cheias de caras com músculos e garotas que se acham prefeitas porque compraram a última bolsa da Chanel – não que aqui também não tenha –, mas a Harderbrook é apenas um prédio de concreto com cinco andares, cheio de salas, com um gramado bem cuidado para aumentar os zeros da mensalidade e gente que adora falar de si mesmo. Bem-vindo ao ensino médio!
Reviro meus olhos e entro pelas portas duplas de vidro. Sou apresentada a um oceano de adolescentes com hormônios saindo pelos poros e que esperam loucamente uma oportunidade para agirem como os primatas que são.
Aumento o volume da música, agora escutando Sweet Dreams e como uma ninja treinada pelo mestre do Kung-fu Panda, pego meu livro dentro da bolsa. No mesmo segundo grudo a cara nas páginas e ando pelos corredores ignorando a existência de cada imbecil dali.
– Sua cega, você não olha por ande anda, não? – resmunga uma garota que esbarro sem querer.
Paro de andar, ficando de frente para onde acho que esta a garota, mas não interrompo a minha leitura.
– Eu não tenho culpa se sua presença é tão significante que eu não veja – levanto uma sobrancelha, sem desviar a atenção do livro.
– Sua vaca! Eu vou te ensinar uma lição! – Ela grita irritada.
Só por alguns segundo tiro a atenção de livro para ver a loira vestida de pink dos pés a cabeça avançar em minha direção com os olhos castanhos pegando fogo. Sem me preocupar, calculo todos os movimentos que ela irá fazer e volto a ler meu livro. Centímetros antes de ela me tocar, eu desvio e coloco um pé na frente dela, fazendo-a ir direto para o chão, como merda de cachorro.
– Como eu disse: insignificante – murmuro, antes de dar as costas e sair da confusão de pessoas que não podem ver o começo do que acham que vai ser uma briga que já se amontoam para incentivar a violência.
Pego o elevador só para funcionários e desço no terceiro andar, quando o sinal toca, indicando o começo da aula.
Até que enfim estou aqui, penso aliviada.
O corredor está mais deserto que o Saara. O que é muito bom para mim e desejo que continue dessa assim até eu me formar. Ando até o final do corredor e paro de frente das portas dublas de madeira da biblioteca. Assim que abro a porta, o cheiro das folhas dos livros invade as minhas narinas e eu me sinto absorvendo uma droga muito tentadora.
Dou um sorriso de canto e fecho às portas atrás de mim.
– Hora de começar a estudar – digo para mim mesma, me encaminhando para um corredor de estantes cheias.
A biblioteca é a minha sala de aula, onde os meus professores são mais inteligentes que os de verdade. Meus amados livros têm muito a me ensinar; apesar de já ter lido muitos livros da biblioteca em um mês e meio, o que acho que em números deve estar por volta de 3.500 livros, senão mais, ainda estou longe de chegar à metade do arsenal.
Uma vantagem de sempre estar lendo é que realmente você fica mais inteligente, por isso não preciso frequentar turmas cheias de gente indesejáveis.
Pego uma pilha com trinta livros e vou até a área de leitura. Coloco os livros no tapete felpudo ao lado do puff preto de couro que sento.
Pego o primeiro livro; um romance com fantasia e abro na primeira folha, mas assim que meus olhos se pregam nas letras, a frase irritante do Derek invade meu inconsciente.
“Vamos te transformar em uma pessoa sociável e quase em uma dama, Marie.”
– Haha. Quero ver como, carinha com falsa cara de bebê – inclino a cabeça para trás e dou uma risada de vilã barata.
Tento afogar a imagem de Derek e Ian em minha mente e voltar a ler o meu livro. Com muito esforço e depois de imaginar passando um tanque de guerra em cima dos dois eu consigo me concentrar no livro.
– “É melhor nós sairmos daqui antes que eu ignore tudo o que disse justamente agora. Vou andar com você pela casa ―, ele disse, pegando nossos casacos e minha bolsa. Abriu a porta e esperou por mim.” – leio em voz alta uma das falas do livro Die For Me, da Amy Plum, que estou lendo. Esse já é trigésimo nono livro que leio hoje.
– Oi, la cousine – escuto uma voz feminina dizer em um sotaque francês bem mal feito.
Deixo minha leitura e olho para cima, vendo um cabelo liso curto roxo e olhos cor de avelã puxados. Olho atentamente a roupa da minha prima, que não sei porquê, mas esta vestida com um macacão de panda e uma tiara com orelhas pretas.
– Por que você esta vestida de panda? – pergunto sem entender.
– Gosto de pandas – dá de ombros, como se aquilo fizesse algum sentido para alguém se vestir de panda.
Eu gosto de livros, mas nem por isso saio vestida como eles, penso, revirando os olhos, se é que tem como.
– Você não deveria estar em aula?
– Acorda Marie, já estamos no intervalo – ela balança a cabeça, como se eu fosse uma alienígena. – Você fica lendo e nem percebe as coisas ao seu redor. Eu poderia ser uma assassina com uma serra elétrica e ter te matado se quisesse – diz Cassie se jogando no puff ao meu lado.
Eu realmente perdi a noção do tempo, para não perceber que já é hora do almoço, mas meu estômago nem protestou com fome, por isso nem liguei.
– Não, você não me mataria, nem tem como você entrar com uma cerra elétrica no colégio – dou um sorriso de canto e balanço a cabeça. – E como foi à aula?
– Um garoto colocou fogo no cabelo de uma imbecil, professor assediando aluna, patricinhas que me encaram; ah, a mesma merda de sempre... que se você frequentasse as turmas normais saberia e não precisaria me perguntar.
– Você iria me contar mesmo se eu frequentasse as turmas normais – falo com meu tom de sabichona.
– É, tem razão.
– Agora me conta, onde você passou a noite, moçinha? – pergunto me virando para ela, fechando meu livro, mas tendo a decência de marcar a página com um dedo.
– Na casa do Charles.
– Charles, do encontro desastroso daquele dia? Esse Charles? – levanto as sobrancelhas e inclino a cabeça para ela.
Deve ser outro Charles. Cassie nunca sai duas vezes com o mesmo cara, nunca.
– É, Marie, esse Charles – responde mal-humorada. – Por que o espanto?
– Você nunca, jamais, em hipótese alguma, sai duas vezes com o mesmo garoto.
– Esta me chamando de piriguete, garota que gosta de hibernar na biblioteca? – pergunta ela franzindo a testa em irritação.
– Eu diria que piriguete é muito forte... Acho que você esta mais para pegadora ou algo do tipo – digo com meu tom brincalhão.
– Sou inteligente o bastante para saber que essas duas coisas significam a mesma coisa – ela levanta uma sobrancelha, em desdém. – Enfim, não vim falar com você sobre com quem estou saindo, mas se a história que mamãe me falou é verdade – olha para mim com suas vendas que são olhos orientais em expectativa e raiva misturada.
– Sim, é verdade. O Ian faz parte desse plano maluco dela de Anfitriões – declaro com um suspiro cansado.
– Não é possível Marie! – exclama Cassie, quase gritando. – Você se esqueceu o que esse maldito... como é mesmo que você o chama?
– Vampiro pervertido.
– Isso mesmo, vampiro pervertido. Ele quase abusou de você.
– Ah, agora você quer defender a minha honra?
– Mas é claro, você é minha la cousine.
– Sei – digo com tom sarcástico. – E pare de tentar falar francês, japa, você é horrível. Mesmo tentado só falar a palavra prima.
– Que seja. Só não aceite isso. Você não pode, ele irá se aproveitar da situação para abusar de você – seu rosto angelical se contorce em preocupação, o que acho muito tocante da parte dela.
– Tudo bem, Cass. Eu vou ficar bem – tento acalmá-la.
– Por que você esta aceitando isso numa boa?
Se ela tivesse visto o que fiz com o Derek ela não falaria que estou aceitando numa boa, na verdade é bem o contrário, penso.
– Porque Alicia esta preocupada comigo, por causa daquela história toda que aconteceu e de todas as pessoas no mundo ela é a que mais me ajudou, então devo isso a ela. Se posso fazer algo para retribuir tudo que ela já fez por mim, eu vou, não importa o que for – digo séria e com um olhar duro.
– Não importa o que minha mãe fez a você, essa situação é ultrajante – Cassie se levanta do puff com um pulo, muito irritada. – Bem, já dei a minha opinião, se você vai mesmo fazer isso o problema é seu Marie – Cass me encara, esperando que eu concorde com ela, mas não faço isso.
Ela dá as costas para mim, com seus pequenos ombros rígidos e posso sentir que ela preferia que eu tivesse cedido a sua opinião, mas não posso fazer isso. Devo muito a minha madrinha para impor os meus desejos antes de qualquer coisa.
– Oh, panda – a chamo e ela se vira para me olhar sob os pequenos ombros. – Agradeço por se preocupar comigo. E você esta linda vestida de pandinha – dou um sorriso para ela.
No mesmo segundo Cassie devolve o sorriso dez vezes mais intenso e sei que ela continuará preocupada, mas me ajudará se eu precisar de algo. Se eu matasse uma pessoa, ela seria a primeira que eu pediria ajuda para esconder o corpo e sei que ela faria com um sorriso de orelha a orelha. Cassie não é só a minha prima, mas uma irmã que escolhi. Ela sempre me ajuda, seja para o que for.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
E ai vocês gostaram? Eu mereço comentários? Espero muito que sim *-*