Há alguns anos atrás, eu tinha que fazer um apresentação em frente a escola inteira. Foi muito constrangedor. Além de ter que falar em frente a pessoas que eu não achava muito agradáveis, eu era extremamente tímida. E, mesmo sabendo de meus problemas, os professores me colocaram para ser a oradora. Eles diziam que sabiam que eu tinha a capacidade de ser uma pessoa muito carismática se quisesse. Eles acreditavam em mim. Ok, talvez eu tivesse xingado eles um pouco. Tá, tá ,tá. Um monte. Mas hoje eu agradeço, porque sem seus conselhos, eu não consiguiria lidar com situações complicadas. Mas hoje... Foi tudo totalmente diferente. EU NÃO FUI PREPARADA PSICOLOGICAMENTE NEM FISICAMENTE PARA ISSO. NÃO MESMO. Claro, claro, que eu amava o Léo mais que tudo. O problema é que.. Eu não queria que nosso amor ficasse desgastado, igual a de outros casais que namoram, e são o casal mais apaixonados do mundo, mas casam...e perde-se tudo.

– Ér.. Fani? Você está começando a me assustar um pouco... Mulher quando pensa demais não é muito bom, né? - Léo disse, um pouco preocupado. Não.. Muito. Preocupado.

– Hum? - falei, saindo de meus devaneios - Ah, desculpa. É que.. Você me pegou de surpresa, Léo. - ri pelo nariz.

– Ah.. Acho que essa era a intenção, né? - Ele disse, tentado quebrar a tensão que estava no ambiente.

– Pois é, né...

– Então, você ainda não me respondeu. Você aceita ser a senhora Santiago?

– Léo... - tentei dizer. Mas você acha que esses homens escutam?

– Ah. Auch. - ele disse, visivelmente surpreso e magoado. - Parece que você não quer um compromisso bem sério. Só namorados. Hum. Ok, quem sou eu para falar alguma coisa? - Ele fez menção de ir a porta, só que antes o segurei pelo braço.

– Não, Léo! Você está entendendo tudo errado. Não é que eu não queira compromisso.. Você sabe que nosso amor é a coisa mais importante do mundo para mim. Só que..

– Só que o que, Fani? Se nosso amor é tão importante assim, não entendo o porquê de não casarmos. O porque de não mostrarmos na frente de todos, o para sempre. Porque?

– É que... É complicado, Léo. Você não entenderia..

– Claro, claro. Eu não entenderia. Só que você poderia ter me feito um favor. Não ter me feito de tolo. Para que? - Nesse momento, ele já estava com lágrimas nos olhos, e passou por cima da bandeja que estava em cima da cama e saiu do quarto batendo a porta furiosamente. Eu não estava acreditando. Tudo estava tão perfeito. Por que fora feito aquele pedido? Não é que eu não quisesse passar o "para sempre" com ele. Óbvio que queria. E, acredito, que havia deixado isso muito claro. Só que eu não queria que esse casamento acabasse igual ao dos meus pais. Acomodados, sem paixão visível.. Argh. Homens.

Após toda essa turbulência, fui tomar um banho. A Maria com certeza ainda não havia chegado. O que seria de minha vida sem ela? Ela diz que é uma simples empregada...Mas não. Ela é minha segunda mãe. Acho que a única coisa que eu realmente precisava era conversar com alguém. Desabafar. Mas quem iria atender o telefone ás 8:45, sem me xingar? Bom.. Isso mesmo. Ninguém. Como não tinha filmagens hoje, na verdade era sábado, e o Léo não tinha dado o ar da graça, decidi tirar o dia para pensar. Fui ao parque, pensei muito, comi brigadeiro, fui comprar roupas e terminei alguns ajustes no script.

Já eram 20:30 quando percebi. Hoje eu e o Léo iríamos no meu restaurante preferido. O Cabana's. Só que ele ainda não havia chegado.. O que era estranho. Ele não era de fazer essas coisas. Onde esse homem se meteu? Como se lessem meus pensamentos, o telefone tocou.

– Alô? - disse

– Senhorita Estefânia? - uma voz de mulher disse.

– Uhum. - Porque as pessoas continuavam me chamado desse nome desgraçado?

– Aqui é do Hospital Deep. Por acaso Leonardo Santiago é seu parente ou coisa parecida?

– Sim. Ele é meu namorado. - eu estava começando a ficar preocupada - Está tudo bem com ele?

– Sinto lhe informar, mas ele sofreu um acidente de carro. Está inconsciente no momento, e, antes do carro explodir completamente, um policial conseguiu pegar o celular dele. Como as últimas ligações eram para você...

– Tá. Desculpa, mas eu realmente não me importo como vocês conseguiram meu número. Qual é, realmente, a situação dele?

– Ér.. - a mulher suspirou. - Ele está em coma.