Operação 30214 escrita por Words of a stupid girl


Capítulo 2
Capítulo 2- Jake


Notas iniciais do capítulo

uhuuul oie d novo!
segundo capítulo tá aí, eu acho q vou parar d postar por hoje
enfim divirtam-se.



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Com certeza não era desse jeito que Jake imaginava sua calma tarde de quarta-feira.

Em meio a todo aquele cinza típico de delegacia, ele era apenas um pequeno pontinho dourado obstruído por grossas grades de ferro, sentado de pernas cruzadas no chão enquanto examinava a cela na qual estava detido. Não era muito grande, tinha espaço para umas duas ou três pessoas. Tinha também dois bancos em um canto e, no outro, um beliche, o que o fez pensar que talvez passasse um pouquinho mais de tempo do que desejava naquele lugar. Ah, e não vamos esquecer a privada encostada na parede, que dava a toda a cela um delicioso cheiro de esgoto. Mas ele não se importava muito com o cheiro. Estava mais preocupado com o que falaria ao seu pai quando chegasse.

Jake esperava que o pai já estivesse acostumado com a situação, afinal já era a terceira vez essa semana que era pego grafitando nos túneis do metrô. Mas, por outro lado, quanto mais dizia isso para si mesmo, mais crescia em sua cabeça a certeza de que ia levar uma senhora bronca.

Enquanto remoía esse momento nos seus pensamentos, passava uma latinha de grafite pelas grades, fazendo um barulho insuportável, em parte por causa do nervosismo, em parte porque era bem cinematográfico e legal de fazer. Além do mais, foi preciso muita luta para impedi-la de ser confiscada, como todas as outras latinhas coloridas.

A mesma luta que seria preciso para mantê-la, levando em conta o olhar que o policial grandalhão agora lançava para ele.

Jake desviou o olhar da lata por alguns segundos para amarrar o cadarço do seu tênis preto e, ao voltar, percebeu uma coisa diferente acontecendo: um homem alto e forte, trajando um uniforme de policial, exceto por um distintivo dourado de delegado pendurado no bolso, caminhou até a cela em que ele se encontrava com um chaveiro particularmente grande. Demorou um pouco até ele achar a chave certa, mas logo a porta da grade estava aberta e o garoto, livre.

-Pagaram sua fiança. –disse ele, com um tom de voz não muito satisfeito. Jake, então, se levantou do chão e ajeitou o folgado casaco verde escuro e o jeans que usava, para em seguida sair para o corredor.

-Valeu, Stanley! Mesma hora amanhã? –perguntou, segurando o riso enquanto o policial respondia.

-SUMA DA MINHA FRENTE GAROTO!!!! –ele gritou, Jake conseguiu notar uma veia em seu pescoço saltando de raiva. Como queria chegar em casa com pelo menos metade do rosto intacto, obedeceu à ordem e saiu correndo pelos corredores longos e tristes até chegar à entrada. Lá, um homem muito bem vestido esperava com um semblante de preocupação e, ao mesmo tempo, raiva. Muita raiva. Muita raiva mesmo. Que ótimo, ele estava ferrado. Só por precaução, escondeu a última latinha dentro do seu casaco.

Ele continuou andando até chegar ao seu lado. Assim que chegou, foi recebido calorosamente por uma grande mão apertando seu braço com força, impedindo-o de mexê-lo. Falava com um dos policiais parados na porta.

-Pronto! Pode deixar que agora esse pequeno delinquente está nas minhas mãos. –ele riu, mas alguma coisa dizia a Jake que ele não ia ser tão divertido em casa.

-Ah, com licença. –chamou Stanley, que tinha chegado logo depois de Jake, e mostrou-lhes uma mochila velha e surrada preta. –O que fazemos com isso?

-Pode ficar com isso. –disse o homem, para logo depois desviar seu olhar para o garoto muito loiro parado ao seu lado. –Vamos, Jake? Me desculpe, delegado. Isso não vai acontecer de novo.

-Acho que já ouvi isso antes. –ele olhou para Jake, que retribuiu com um sorriso amarelo.

O garoto sentiu uma forte pressão no braço à medida que era puxado para fora do prédio. Ele e o pai pararam na calçada e esperaram. Por sorte o verão estava chegando, então tinham muito mais táxis que o normal na cidade. Com um simples aceno de John, um táxi bem amarelo parou bem na frente deles. Ele abriu a porta para Jake, que entrou sem mais protestos, sendo logo seguido por ele.

Dentro do táxi era meio apertado, mas os dois se acomodaram com facilidade. O vidro que separava os passageiros do motorista era meio escuro, por isso dava para ver vagamente seu reflexo nele.

Jake não era muito parecido com seu pai. Diferente de seus de seus cabelos pretos e bem arrumados, ele tinha os cabelos bem loiros e muito bagunçados depois da longa tarde, e sobrancelhas tão claras que, ao contato com sua pele também clara, e um pouco suja no momento, pareciam quase inexistentes. Também tinha um rosto fino e magro, bem menos anguloso do que o outro, e era um pouco mais baixo e magro. Mas uma coisa tinham em comum: os expressivos olhos azul-claro que se destacavam em seu rosto.

-Upper East Side, 1508. –disse John, e o taxi pôs-se a andar.

Permaneceram calados a viagem toda. Durante o percurso o pai quase não olhou para ele, e se olhava, tinha uma expressão de repreensão no rosto. Obviamente estava esperando os dois chegarem em casa para, enfim, falar com Jake, então o garoto não viu problema em ignorá-lo também. Passou o tempo observando pela janela as imensas ruas de Manhattan, que naquele dia pareciam duas vezes mais lotadas do que o normal, seja por carros, táxis, ou ônibus de excursão, esse último estando em um número surpreendentemente considerável, por causa do verão que logo chegaria. O céu se encontrava pintado por um crepúsculo azul-cinzento e laranja, e não demoraria a escurecer. Vez ou outra até passavam por um outdoor e anúncios das indústrias Frieman, empresa de seu pai que fabricava aparelhos eletrônicos como computadores e celulares. Seu pai costumava dizer que, embora hoje em dia suas vendas terem caído um pouco, eles já foram um dos maiores fornecedores de celulares de Nova Iorque, e que um dia esperava que Jake trouxesse de volta o sucesso para as indústrias.

Esse pensamento o fez bufar. Sempre tivera seu futuro traçado: crescer e assumir as indústrias Frieman. Agora que já estava quase se formando, ele pensava se era isso que realmente queria. Quer dizer, é até legal, ficar rico e tal, mas alguma coisa parecia errada nisso, como se tivesse certeza de que o trabalho na empresa não fosse deixá-lo realmente feliz ou realizado.

De repente ouviu-se um barulho de freio indicando que haviam chegado.

John pagou rapidamente o taxista, que seguiu seu caminho deixando os dois para trás, logo ao lado de um alto prédio cinzento de luxo, salpicado de janelas que já acendiam as luzes por causa da escuridão. Entraram.

O saguão era um lugar grande, com paredes pintadas de bege e chão de granito, muito bem iluminado e decorado com plantas, quadros... Enfim, um saguão normal de Nova Iorque. Assim que entraram, o porteiro, que por algum motivo Jake nunca soube o nome, cumprimentou gentilmente John com um “boa noite”, enquanto todas as outras pessoas na sala olhavam para Jake como se dissessem “de novo?”. Pois é, parecia que elas também estavam um pouco familiarizadas com suas eventuais saídas de casa.

Entraram no elevador. Como moravam na cobertura do prédio, não foi a subida mais rápida do mundo, mas não demorou muito para estarem, enfim, em casa. Jake foi entrando na sala de estar. Pôde notar alguns cacos de vidro no chão, provavelmente restos de alguma coisa quebrada que esqueceram de limpar, mas o quê? O som de uma porta sendo trancada foi seguido pela mesma pressão no braço que sentira na delegacia. Olhou para trás e se deparou com o rosto zangado do seu pai.

-O QUE VOCÊ TEM NA CABEÇA?? –gritou ele. –VAMOS, ME DIGA!!! O QUE VOCÊ ESTAVA FAZENDO NA DELEGACIA DE NOVO??!

-Nada! Eu não fiz nada de errado! –respondeu, soltando seu braço. –Bem, nada de muito errado.

-ISSO NÃO É BRINCADEIRA, JAKE!! DROGA, VOCÊ TEM DEZOITO ANOS! ERA

DE SE ESPERAR QUE AGISSE COMO TAL!

-EU JÁ DISSE PAI NÃO FOI NADA!!! –gritou, mas percebeu que ia piorar tudo então baixou o tom de voz. –Olha, eu podia estar matando, roubando, fumando maconha, mas não, eu só fui dar uma volta. Sinceramente, não sei por que me prenderam.

-Hm, tem certeza? Seus olhos parecem um pouco vermelhos.

-Pai, eu não fumo maconha.

-Não, eu sei. E eu também sei que você não foi para a linha K9 do metrô, claro que não, eu te proibi. E você me obedece, não obedece? –disse John, sarcástico.

-Olha, a linha K9 é abandonada. Não tem ninguém lá.

-Sim, e você está dizendo isso para me deixar mais tranquilo??

-Eu só estou dizendo que não faz sentido uma pessoa ser presa por grafitar nas paredes de uma estação que ninguém usa mais.

-Ah, não. É a história da grafitagem outra vez. –John disse, levando uma mão à testa.

-O que tem a grafitagem?

-Filho, você não pode sair por aí fazendo o que bem entender. Sabe, sua mãe fez o maior dos sacrifícios por você! E sair por aí grafitando em estações abandonadas, pondo sua vida em risco, quase ser preso, acha que esse é o melhor jeito de agradecer?

-É, mas quanto à mamãe, eu não tenho culpa. Sabe, eu nunca pedi para nascer. –John lentamente fechou os olhos e respirou profundamente. Pois é, ele tinha pego pesado.

-Para o seu quarto, agora. Está de castigo.

-Peraí, o quê? Não pode me botar de castigo.

-SE VOCÊ VAI AGIR COMO UMA CRIANÇA, ENTÃO VOU TRATÁ-LO COMO UMA CRIANÇA. PARA O QUARTO.

Jake não se encontrou em condições para questioná-lo. Deu uma rápida conferida no casaco, para ver se a latinha ainda estava lá. Estava. Depois virou-se e iria dirigir-se ao quarto, se não tivesse notado John sentado no sofá, a cabeça enterrada nas mãos.

Aquela cena o deixava extremamente culpado. Sua mãe, Lauren, tinha morrido há dezoito anos, no parto, o que deixara John desamparado. Aquele era um assunto muito delicado, por isso as pessoas na casa evitavam falar de Lauren sob qualquer circunstância. A menos, é claro, numa briga.

-Pai... –disse Jake enquanto se aproximava lentamente. –Desculpa, eu não queria ter dito aquilo. –o pai bufou alto, depois levantou a cabeça. Seus olhos se encontravam um pouco marejados.

-Tudo bem. Eu sei que não foi sua intenção. É que eu... Eu só me preocupo com você, Jake.

-Bom, se você quiser eu paro de ir lá pai, sério. –disse Jake enquanto sentava ao seu lado no sofá. –Só pare de se preocupar tanto.

-Nós dois sabemos que eu não posso fazer isso. –disse olhando bem nos olhos do filho. –Afinal, eu sou seu pai. E eu te amo acima de tudo. Tudo mesmo. Quer dizer, eu abriria mão dessa casa toda por você. Ou melhor, eu abriria mão da minha vida por você...

-Tá, pai. Não vamos exagerar.

-Mas é verdade. –ele pousou com gentileza uma mão no ombro de Jake. –Aposto que você nem tem ideia de o quanto é precioso para mim.

-Quanto?

-Muito precioso. –disse ele com uma risada. –Agora vá tomar um banho. Você está precisando.

Jake assentiu. Deu um tapinha amigável nas costas do pai, se levantou e rumou para o banheiro. Quase na curva do corredor, ele virou-se.

-Peraí, ainda estou de castigo?

-É claro que está. Até a segunda ordem. –os dois riram.

-Você é um ótimo pai, John. Nunca duvide disso. –Jake disse com um sorriso, para logo depois desaparecer no corredor.


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Notas finais do capítulo

reviews!!!!!!!!!!!!!!!!



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