Minha Aventura Lésbica Com Mello escrita por Lenka Volkovesque


Capítulo 1
Pedaço I


Notas iniciais do capítulo

Shh!! Por favor, não conta pra minha mãe!!!



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Durante o intervalo entre uma aula e outra, saí e fui direto à um canto um tanto isolado do colégio. Não era longe da escola. Ia ficar perto de uma grade de arame. Ver uma amiga que vejo todos os dias. Mellanie. Mais conhecida como Mello.



Era a garota-problema da escola. Mais ou menos, não como as pessoas diziam. Ela se segurava. Parecia briguenta. E era mesmo. Mas só quando era perturbada ou quando faziam algo que ela não gostava. Geralmente era tranquila. Garota de poucos amigos. O sorriso dela me cativava, me prendia. Mesmo que por poucos segundos.


Mello era loirinha, com os cabelos lisos e franjados. Curtos, na altura do pescoço. Era mais alta que eu, obviamente, e tinha o corpo estreito, apesar de definido. Vestia-se sempre em couro e preto, como se estivesse fazendo cosplay da Selene, de Underworld. Numa versão mais verão, já que as roupas eram bem curtas. Usava quase sempre umas correntinhas com crucifixo. E eu nunca a via sem que ela estivesse devorando uma barra de chocolate.

Ela estava a dois anos à minha frente em questão de turma. E de idade, talvez. Tinha uns 16 ou 17.

Vê-la todos os dias na escola era meu mais novo hobbie.

Mello, de praxe, estava ali, me esperando. Vestia uma calça comprida resinada feito vinil e um curto colete de couro. Quando me aproximei, me contive no impulso de tocar a pele tão exposta de sua barriga. Ou de olhar por muito tempo. Não seria educado olhar o dia inteiro para o corpo de uma pessoa ao invés do rosto dela enquanto conversávamos.


Prosa vai, prosa vem. A conversa se desenrolava espontaneamente. Eu ria e gostava de falar com Mello, e gostava de ouví-la falando comigo.



Ainda assim, tinha algumas lacunas entre nós que haviam de ser preenchidas. Eu meio que sentia isto.



– Mello - perguntei - você tem um lado feminino?



Mello parou por um segundo. Nenhum movimento, a não ser o dos olhos. Eles se voltaram pra mim, direto do vazio. Depois, virou a cabeça alguns graus pra mim.


– O que quer dizer? - perguntou com sua voz aveludada.

– N-nada. Eu só..

– Não, me fala. O que você quis dizer perguntando isso?

Olhei para os lados, apreensiva. Estava tão constrangida por ter feito aquela maldita pergunta.

– Desculpa a grosseria. Eu já vou indo--

Girei o corpo para sair rapidamente quando fui cercada por um braço na parede, impedindo a minha passagem. Mello a poucos milímetros da ponta do meu nariz. Seu hálito era adocicado com uma leve e inebriante ardência refrescante. Chocomenta.


– Onde pensa que vai, gatinha?


Gatinha. Mamífero da família Felidae, animal de estimação. Os tais neko-nekos. Neste caso, fêmea e no diminutivo.



Gatinha. Também usado como gíria para descrever e chamar meninas bonitas e atraentes, que despertam o interesse no locutor que assim a denomina.


Eu já gostava - secretamente - quando ela dizia meu nome. Agora a sensação de ela me chamar de algo como "gatinha" causou uma descarga que me percorreu a espinha e bamboleou minhas pernas.

Reparei em sua mão na parede ao meu lado. Unhas pintadas de preto. Caprichadas. Mesmo marrenta, ela tem uma inquestionável feminilidade. Sua mão é delicada e pequena, do tamanho da minha. Mesmo podendo me encurralar quando bem entender.


– Eu tenho um lado feminino - falou. Mello me dava um sorriso torto.



– Eu sei que sim - falei. Contei com certa dificuldade em fazer poucas palavras passarem por minha garganta.


Me vidrei naqueles provocantes olhos azuis. Azul turquesa. Já havia os olhado por muito tempo, mas nunca o bastante para ter certeza sobre o tom. Agora sei exatamente como descrevê-lo.

Fitam-me olhos azul-turquesa, no intermédio entre o verde e o ciano. Me olham cercados por cílios negros. Cor de pantera. Levemente puxados na extremidade. Modelados por uma sensualidade que quando adicionada à toda aquela marra, me despertava um leve nervosismo ao olhar por muito tempo. Pequenas e malignas íris.Tão provocantes, tão atraentes..


– Vou mostrá-lo hoje à você - mastigou um pedaço do chocolate que tinha nas mãos. Eu engoli em seco - Passo pra te pegar na portaria da escola, mais tarde - dedilhou uma mecha do meu cabelo - Você vem pra minha casa hoje. Tá a fim? - me ofereceu seu chocolate. Mordi, ainda um tanto tímida. Ela só me observava, com um sorriso sacana.



– Claro. - sorri.


Mello percorreu o dedo pela extensão do meu cabelo e colocou a mecha atrás da minha orelha. Minha pele sentiu um leve arrepio quando Mello passou o dedo pelo lombo. Piscou o olho esquerdo pra mim e virou-se. Mordi metade do lábio inferior quando ela tomou seu rumo. Uma onda de ânimo me preencheu e percorreu peito abaixo. Mello não mais virou o rosto pra mim, indo em direção à parte da escola onde ficava sua sala de aula. Fiquei parada ali por mais um pouco, observando o tênue rebolado do bumbum da garota enquanto andava.

Quando ela já estava a 72 passos de mim, virei-me e fiz meu caminho de volta à sala.







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