A Viagem escrita por MarcosTiago210


Capítulo 5
No fundo do poço




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Depois de cogitar estas coisas, eu acordei descansado e me levantei. Havia um pano no qual estava deitado. Saí de dentro de uma cela de prisão aberta. Vi o fundo de um poço. Na verdade, era uma prisão. Na entrada do poço apenas se via a imagem do céu, azul claro. Ainda era manhã. Um presidiário amarrava uma corda em volta do seu corpo e começava uma escalada, enquanto a maioria ficava em volta dele torcendo para que ele subisse. Eles falavam uma língua diferente de todas as outras que já tinha aprendido em minha vida, mas eu entendia o que eles falavam. Gritavam sem cessar: "Vá rápido, rápido!". Estavam ansiosos para que alguém subisse e escapasse da prisão. Na verdade, havia uma corda bem longa na superfície que ajudaria os outros presidiários a escaparem. Na prisão também havia cordas, mas não estavam presas na superfície. Como era um local abandonado, não havia guardas nem vigias. Era a única esperança que tinham. O homem que escalava o poço escorregou subitamente, mas não se machucou: a corda o salvou. Um dos da multidão veio e falou comigo:

- Ei, novato. Vejo que acordou. - Você me conhece, por acaso?

- Eu vi você caindo ontem. Foi jogado, ao contrário da maioria que chega aqui descendo por um corda. Você deve ser um terrível criminoso.

- Eu não sou criminoso. E não fui jogado por ninguém. Bem, na verdade...

- Você caiu no poço ontem à noite. Não morreu porque, depois que caiu na fonte de água logo abaixo de nós, eu te salvei. As celas estão ao redor dela.

- É água limpa?

- Sim, e a cada dia a mesma quantidade de água é renovada.

- Alguém tentou escapar pelo caminho no qual a água sai deste lugar?

- Os buracos são pequenos demais. A única saída é através da escalada.

- Alguém já fugiu?

- Já ouvi falar de alguns que fugiram. Mas nunca vi ninguém fazê-lo. Por que você não tenta?

- Não sei se tenho chance, mas posso tentar.

Fui até o local, amarrei a corda na cintura e com um empurrão de outros colegas, comecei a escalada. A primeira parte foi fácil, já que havia pedras para apoiar mãos e pés ao mesmo tempo. A outra parte tinha pedras maiores e mais distantes umas das outras. Neste parte, o trajeto percorrido era horizontal, e dava voltas na parede do poço, como uma espiral. Somente depois, a escalada continuava. Conforme a distância entre as pedras ficava maior, eu escorreguei e caí.

- Nada mal, mas ainda tem muito que melhorar se quiser ter uma chance. Não é tão simples quanto parece. O peso do corpo atrapalha o salto entre as pedras.

- Talvez eu deva começar me exercitando para depois escalar. Obrigado pelos conselhos. Afinal, qual o seu nome?

- Dastan, e o seu ?

- Marcos. Que tipo de crime vocês cometeram?

- Nós somos judeus e fomos exilados do nosso país, depois de uma guerra. De onde você é?

- Do Br.... Nem existe ainda, esqueça. Então, estamos na Pérsia.

- O que você fez para ser jogado aqui?

- É isso que eu quero descobrir. Nesse momento imaginei o que aconteceu aos outros. Mal me distanciei e já sinto saudades. Será que vão sobreviver, cada um por si?


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