Jogos Vorazes - Glimmer escrita por Triz


Capítulo 17
Capítulo 17 - Estratégia


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo chegando para vocês (:



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Argh.

A sede não passa. Há um lago enorme em nossa frente, mas se bebermos dele direto, podemos ser contaminados. Também poderíamos fazer uma fogueira e ferver a água para limpá-la, mas não temos recipientes para colocar o líquido tão desejado nesse momento.

Nenhum sinal de Cashmere, nossa tão querida mentora. Se ela mandasse apenas uma garrafa e iodo para nós, ficaríamos felizes.

Desejo que Clove volte aqui e nos ajude mais uma vez, mas assim como nós, ela quer ganhar com seu parceiro de Distrito e por isso não ajudará os adversários novamente.

— Glim, acho que vou arriscar — diz Marvel, ajoelhando-se ao lado do lago.

— Acho melhor encontrarmos outra fonte de água — sugiro, impedindo-o de beber a água segurando em seu ombro.

— Será arriscado. Não temos muitas armas e nem muita força. Podíamos ter feito isso faz tempo. O problema é que não podemos garantir que as águas de outros lagos estejam limpas, mas podemos tentar.

Marvel se levanta em um pulo e saímos em busca da água. O problema é que estamos tão cansados que o avanço não é muito. Estamos à dois dias sem beber nada e fazendo muito esforço, o que faz mal para o organismo. Marvel e eu estamos fracos, cansados e a única coisa que nos motiva é a chance de irmos para casa juntos.

— Não podemos desistir, Marvelous — digo a ele com dificuldade, já que minha garganta está seca e meus lábios estão rachados.

— E não tem nenhuma fonte de água a não ser a nossa, mas ela não está tão limpa.

— Podiam nos ajudar!

— É, mas quem?

— Cashmere. Ela nem liga para nós.

— Pode ser que não conseguimos muitos patrocinadores. Olha, Glim, fique calma. Se não aguentarmos mais, tomaremos aquela água do lago onde estávamos e superaremos as consequências.

— Para voltarmos para casa juntos.

— Para voltarmos juntos. Apenas Marvel e Glimmer se tornarão vitoriosos.

— Juntos — repito, agarrando-me a ele. Juntamos todas as forças que temos e voltamos à beira do lago para bebermos a água contaminada de qualquer jeito. 

Ao chegarmos lá, um paraquedas prateado brilha na beira do lago. Uma dádiva! Água pura!

— Marvel! Marvel! — exclamo o mais alto que posso, toda feliz da vida.

— Corre logo! — diz ele, contente. — Abre rápido, estou com sede!

Agarro o pequeno presente e o abro. Dentro dele encontro dois odres de água cheinhos e um pouco de iodo.

— Dá pra sobreviver com isso — digo, jogando a garrafa de Marvel à ele. — Tome devagar.

Ele abre a garrafa com as mãos trêmulas e toma pequenos goles, à cada vez que a água passa por sua garganta, vejo-o fazer uma cara de alívio que me deixa feliz até demais. Em seguida, pego a minha garrafa e repito o que Marvel fez: tomando de pouquinho em pouquinho.

A sensação é maravilhosa e quase que inexplicável. A cada gole me sinto cada vez mais renovada, cada vez com mais energia e com vontade de continuar. Em pouquíssimo tempo, todo o conteúdo de meu odre simplesmente desapareceu.

— Quero mais! — digo, já pegando mais água do lago e colocando o iodo para purificar. 

— Ei, Glim, o que é aquilo no paraquedas?

Olho para o pedaço de papel que está acima dele. 

— Parem de falar mal de mim e agradeçam assim que verem o presente — leio em voz alta. — Com amor ou não, Cash.

Marvel e eu damos uma boa risada e olhamos para o céu.

— Obrigada, Cashmere — dizemos em uníssono.

Deitamos juntos no saco de dormir e observamos o pôr do sol. 

— Já está começando a esfriar — digo, sentindo frio. Marvel me envolve em seus braços.

— Não, Glimmer. Não está.

— Está muito frio. 

Realmente o frio está me vencendo. Por mais que eu esteja agarrada à Marvel em um saco de dormir quentinho, ainda sinto como se estivesse congelando e, para piorar, minha cabeça lateja tão forte como no momento em que a bati antes de entrarmos na arena. Marvel pousa a mão em minha testa.

— Glimmer, você está pelando. Muito quente.

— Será febre, Marvel? — pergunto.

— Provavelmente. Sente outras coisas também?

— Dor de cabeça, como aquela que senti quando me machuquei antes dos Jogos.

Marvel tira o cabelo de meu rosto.

— Talvez o seu machucado não tenha melhorado realmente. Foi uma bela de uma pancada que você levou aquele dia.

— Faz a dor parar, Marvelous? — pergunto como uma criancinha. Ele sorri de um jeito bobo e me beija suavemente.

— Não posso, mas sei que você vai melhorar.

— Dói bastante.

— Eu sei, Glim, eu sei. Mas sejamos pacientes, ok? Vai dar tudo certo.

Não está dando certo. A febre aumenta assim como a dor. Ela fica tão forte que passo a mão onde fora o machucado. Há sangue no local.

— Está sangrando — digo.

— Droga — diz Marvel, juntando meu corpo ao dele em um outro abraço. — Foi tudo culpa minha.

— Não, não foi. Esquece isso e vamos descansar um pouco, talvez Cashmere mande algo para nós novamente. Pelo menos temos água.

Alguns trompetes soam ao escurecer. A voz de Claudius Templesmith me anima mais uma vez, mas agora ele anuncia um ágape.

— Esperem um pouco — diz ele. — Alguns de vocês já devem estar declinando de meu convite. Mas esse não será um ágape qualquer. Cada um de vocês precisa desesperadamente de alguma coisa.

O meu remédio para a dor de cabeça, é claro. Olho para Marvel, que sorri enquanto ouve a voz de Claudius.

— Cada um de vocês encontrará essa alguma coisa na Cornucópia, ao amanhecer, dentro de uma mochila marcada com o número de seu distrito. Pensem bem antes de se recusarem a comparecer. Para alguns de vocês, essa será a última chance.

Os trompetes voltam a soar e a música toda acaba. Quando tudo se silencia novamente, olho para Marvel, que parece feliz.

— Olha, com certeza terão mortes no ágape de amanhã, mas seu remédio estará lá. 

— E qual a estratégia, capitão? — pergunto.

— Vamos esperar a maior parte do combate acontecer e depois apareceremos. 

— Me parece bom.

— Quem é o mais rápido daqui? — pergunta ele.

Ficamos em silêncio. Não sei quem é.

— Acho que é você, Glimmer — diz ele. — Você pode correr com a mochila e te dou cobertura.

— E se eu morrer?

— Você não vai morrer. Eu vou te proteger.

— Ok, resumindo a estratégia: nós esperamos a maior parte dos combates acontecerem para que os outros tributos fiquem distraídos com as brigas. E então eu corro e pego a mochila enquanto você m protege.

— É por aí.

O hino da Capital toca, nenhum rosto aparece no céu. Marvel e eu dormimos ao mesmo tempo, já que todos provavelmente descansarão para o ágape e não precisaremos nos preocupar em sermos assassinados durante a noite.

Acordo com um raio de sol batendo em minha face. A dor de cabeça parece ter piorado, assim como a febre.

Mas não preciso me preocupar. O ágape é hoje, estou mais que preparada.


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Notas finais do capítulo

O ágape está chegando. O que vai acontecer com Marvel e Glimmer? Eles vão consguir o remédio? E Clove, que originalmente morre no ágape? Ela vai escapar das mãos de Thresh?