Jogos Vorazes - Glimmer escrita por Triz
Notas iniciais do capítulo
Mais um capítulo chegando para vocês (:
Argh.
A sede não passa. Há um lago enorme em nossa frente, mas se bebermos dele direto, podemos ser contaminados. Também poderíamos fazer uma fogueira e ferver a água para limpá-la, mas não temos recipientes para colocar o líquido tão desejado nesse momento.
Nenhum sinal de Cashmere, nossa tão querida mentora. Se ela mandasse apenas uma garrafa e iodo para nós, ficaríamos felizes.
Desejo que Clove volte aqui e nos ajude mais uma vez, mas assim como nós, ela quer ganhar com seu parceiro de Distrito e por isso não ajudará os adversários novamente.
— Glim, acho que vou arriscar — diz Marvel, ajoelhando-se ao lado do lago.
— Acho melhor encontrarmos outra fonte de água — sugiro, impedindo-o de beber a água segurando em seu ombro.
— Será arriscado. Não temos muitas armas e nem muita força. Podíamos ter feito isso faz tempo. O problema é que não podemos garantir que as águas de outros lagos estejam limpas, mas podemos tentar.
Marvel se levanta em um pulo e saímos em busca da água. O problema é que estamos tão cansados que o avanço não é muito. Estamos à dois dias sem beber nada e fazendo muito esforço, o que faz mal para o organismo. Marvel e eu estamos fracos, cansados e a única coisa que nos motiva é a chance de irmos para casa juntos.
— Não podemos desistir, Marvelous — digo a ele com dificuldade, já que minha garganta está seca e meus lábios estão rachados.
— E não tem nenhuma fonte de água a não ser a nossa, mas ela não está tão limpa.
— Podiam nos ajudar!
— É, mas quem?
— Cashmere. Ela nem liga para nós.
— Pode ser que não conseguimos muitos patrocinadores. Olha, Glim, fique calma. Se não aguentarmos mais, tomaremos aquela água do lago onde estávamos e superaremos as consequências.
— Para voltarmos para casa juntos.
— Para voltarmos juntos. Apenas Marvel e Glimmer se tornarão vitoriosos.
— Juntos — repito, agarrando-me a ele. Juntamos todas as forças que temos e voltamos à beira do lago para bebermos a água contaminada de qualquer jeito.
Ao chegarmos lá, um paraquedas prateado brilha na beira do lago. Uma dádiva! Água pura!
— Marvel! Marvel! — exclamo o mais alto que posso, toda feliz da vida.
— Corre logo! — diz ele, contente. — Abre rápido, estou com sede!
Agarro o pequeno presente e o abro. Dentro dele encontro dois odres de água cheinhos e um pouco de iodo.
— Dá pra sobreviver com isso — digo, jogando a garrafa de Marvel à ele. — Tome devagar.
Ele abre a garrafa com as mãos trêmulas e toma pequenos goles, à cada vez que a água passa por sua garganta, vejo-o fazer uma cara de alívio que me deixa feliz até demais. Em seguida, pego a minha garrafa e repito o que Marvel fez: tomando de pouquinho em pouquinho.
A sensação é maravilhosa e quase que inexplicável. A cada gole me sinto cada vez mais renovada, cada vez com mais energia e com vontade de continuar. Em pouquíssimo tempo, todo o conteúdo de meu odre simplesmente desapareceu.
— Quero mais! — digo, já pegando mais água do lago e colocando o iodo para purificar.
— Ei, Glim, o que é aquilo no paraquedas?
Olho para o pedaço de papel que está acima dele.
— Parem de falar mal de mim e agradeçam assim que verem o presente — leio em voz alta. — Com amor ou não, Cash.
Marvel e eu damos uma boa risada e olhamos para o céu.
— Obrigada, Cashmere — dizemos em uníssono.
Deitamos juntos no saco de dormir e observamos o pôr do sol.
— Já está começando a esfriar — digo, sentindo frio. Marvel me envolve em seus braços.
— Não, Glimmer. Não está.
— Está muito frio.
Realmente o frio está me vencendo. Por mais que eu esteja agarrada à Marvel em um saco de dormir quentinho, ainda sinto como se estivesse congelando e, para piorar, minha cabeça lateja tão forte como no momento em que a bati antes de entrarmos na arena. Marvel pousa a mão em minha testa.
— Glimmer, você está pelando. Muito quente.
— Será febre, Marvel? — pergunto.
— Provavelmente. Sente outras coisas também?
— Dor de cabeça, como aquela que senti quando me machuquei antes dos Jogos.
Marvel tira o cabelo de meu rosto.
— Talvez o seu machucado não tenha melhorado realmente. Foi uma bela de uma pancada que você levou aquele dia.
— Faz a dor parar, Marvelous? — pergunto como uma criancinha. Ele sorri de um jeito bobo e me beija suavemente.
— Não posso, mas sei que você vai melhorar.
— Dói bastante.
— Eu sei, Glim, eu sei. Mas sejamos pacientes, ok? Vai dar tudo certo.
Não está dando certo. A febre aumenta assim como a dor. Ela fica tão forte que passo a mão onde fora o machucado. Há sangue no local.
— Está sangrando — digo.
— Droga — diz Marvel, juntando meu corpo ao dele em um outro abraço. — Foi tudo culpa minha.
— Não, não foi. Esquece isso e vamos descansar um pouco, talvez Cashmere mande algo para nós novamente. Pelo menos temos água.
Alguns trompetes soam ao escurecer. A voz de Claudius Templesmith me anima mais uma vez, mas agora ele anuncia um ágape.
— Esperem um pouco — diz ele. — Alguns de vocês já devem estar declinando de meu convite. Mas esse não será um ágape qualquer. Cada um de vocês precisa desesperadamente de alguma coisa.
O meu remédio para a dor de cabeça, é claro. Olho para Marvel, que sorri enquanto ouve a voz de Claudius.
— Cada um de vocês encontrará essa alguma coisa na Cornucópia, ao amanhecer, dentro de uma mochila marcada com o número de seu distrito. Pensem bem antes de se recusarem a comparecer. Para alguns de vocês, essa será a última chance.
Os trompetes voltam a soar e a música toda acaba. Quando tudo se silencia novamente, olho para Marvel, que parece feliz.
— Olha, com certeza terão mortes no ágape de amanhã, mas seu remédio estará lá.
— E qual a estratégia, capitão? — pergunto.
— Vamos esperar a maior parte do combate acontecer e depois apareceremos.
— Me parece bom.
— Quem é o mais rápido daqui? — pergunta ele.
Ficamos em silêncio. Não sei quem é.
— Acho que é você, Glimmer — diz ele. — Você pode correr com a mochila e te dou cobertura.
— E se eu morrer?
— Você não vai morrer. Eu vou te proteger.
— Ok, resumindo a estratégia: nós esperamos a maior parte dos combates acontecerem para que os outros tributos fiquem distraídos com as brigas. E então eu corro e pego a mochila enquanto você m protege.
— É por aí.
O hino da Capital toca, nenhum rosto aparece no céu. Marvel e eu dormimos ao mesmo tempo, já que todos provavelmente descansarão para o ágape e não precisaremos nos preocupar em sermos assassinados durante a noite.
Acordo com um raio de sol batendo em minha face. A dor de cabeça parece ter piorado, assim como a febre.
Mas não preciso me preocupar. O ágape é hoje, estou mais que preparada.
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O ágape está chegando. O que vai acontecer com Marvel e Glimmer? Eles vão consguir o remédio? E Clove, que originalmente morre no ágape? Ela vai escapar das mãos de Thresh?