Imperfeitos escrita por Felipe Perdigão


Capítulo 13
XI — A esperança é feita de lembranças.


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo não seria quão grandioso ao que ficou se não fosse pela ajuda do Douglas e da Ingrid.



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Desespero. Era tudo que os quatro amigos sentiam ao levantarem enquanto se recuperavam do ataque. Eles não tinham a mínima idéia do que fariam. Estavam fracos, quase exaustos. Talvez a única vantagem que teriam sobre Unknown é que estavam em um Conven unido e isso podia fortalecê-los se tivessem prudência em teus atos.

A razão do certo e errado faltara naquele momento a Matt, ele sabia quem estava tentando ferir seus amigos e a si mesmo, mas pela tamanha ameaça que recebeu ainda não tinha coragem de revelar, ele se sentiria mais do que culpado se Unknown fizesse algo a teus amigos.

O nervosismo havia tomado conta de Antony, seu nariz havia entupido por tamanho medo. Ele tentava buscar fôlego com inspiração acelerada enquanto sentia seu rosto queimar. Uma imensa dor de cabeça estava chegando. O garoto, apavorado, torcia pra que Oliver tivesse lido algo no livro que os fizessem recuperar o poder.

Alice estava com os olhos regalados de espanto. Sua mão segurava o punho de Oliver como se ele a conforta-se. Ela não conseguia pensar em nada além de “é hoje que morrerei”.

Oliver por sua vez estava deveras intrigado. Ele não entendia do por que Unknown se esconder tanto. Ele (a) sabe tantas coisas sobre ele e seus amigos que não haveria nenhuma motivação no mundo que os fizesse procurar a policia.

— Covarde. — bufou Oliver exagerando na força usada pelo seu pulmão.

— Canalhas — A voz ecoou pelo ambiente seguida por uma risada, mas os amigos, com exceção de Matt, não conseguiram identificar de quem era a voz.

— Por que está fazendo isso? Tem louça pra lavar não? Se tiver lá em casa tem um monte! Uns banheiros pra arear... — Alice deu de ombros ignorando o quão ridículo aquilo suou.

O bosque foi novamente tomado pelo silencio.

O desespero dos quatro também havia prevalecido.

Aquele silencio havia ficado mais inquietante com a presença da neblina. Aquela sensação só foi esquecida quando notaram que o (a) inimigo se preparava mais uma vez pra atear fogo contra eles.


— Incendio — A voz gritou meio rouca e um extenso feixe de luz foi em direção a Matt.



O garoto estava confuso e não sabia o que fazer, mas Oliver havia se lembrado de algumas coisas que havia lido no livro e rogou a água torcendo que estivesse pronunciando certo.



— Aqua Frigida — E então uma corrente de água, quase congelada, formou uma forma de escudo sobre os amigos e assim que fora atingido pelo feixe de luz caiu na terra infiltrando no solo.


—UAU! — Berrou Alice mais uma vez impressionada, como sempre.

— Desde quando você fala Latim Oliver? Isso é latim, né? — Antony depois de muito tempo havia aberto a boca.

— Eu não falo latim. — Oliver respondeu a seco enquanto observava Unknown. Ele (a) podia tentar qualquer outro ataque em questões de segundos.

A respiração de Alice estava voltando ao normal, seu pânico estava se transformando em força. Toda aquela adrenalina que sentira ao ser atacada foi um empurrão que ela recebeu para perceber que estava começando tempos realmente difíceis e que se não permanecesse forte, acabaria morta.

Oliver estava suando de pânico.

Ele não tinha certeza que conseguiria usar mais de seus dons.

Do outro lado dos amigos, a pessoa que ainda estava com a face coberta por uma mascara se preparava pra mais um ataque. Agora suas mãos estavam coladas aos seus lábios e em segundos um clarão com tons de fogo tomou conta daquele ambiente silencioso.

— Torqueoof Incendia — E então quatro bolas de fogo que clarearam mais ainda o ambiente seguiram em direção aos amigos em um movimento ondulatório.

Antes que elas os atingissem, Matt saiu de trás dos três amigos e encheu seu pulmão pra berrar.

— Typhoon! — E então o garoto fora revestido por uma enorme corrente de ar que surgira de várias direções o fazendo flutuar por alguns segundos. Antes que as bolas atingissem os amigos o garoto girou em torno de si jogando os ombros pra frente ordenando que aquele pequeno tornado fosse em direção a Unknown.

Em questões de milésimos as quatro esferas de fogo foram apagadas e a energia do tornado parecia apenas ter aumentado. Ela seguia com força a direção ao inimigo. Ele (a) tentara fugir. Fora inútil. Antes que desse o quarto passo a corrente de ar o arremessou com bastante facilidade e precisão em uma das inúmeras arvores que compunham aquele bosque.

Com o inimigo ainda no chão os quatro amigos tiveram a iniciativa de pegar suas coisas que ainda estavam jogadas pelo chão próximo aonde invocaram o Círculo.

Os amigos estavam de costas e juntavam todas as forças que tinham para subir o pequeno morro até chegarem ao lugar onde estavam reunidos minutos atrás.

Sem indicio algum de ataque Unknown se levantou e com um vigor imenso insultou os Conven.

— A perspicácia de vocês chega a ser patética, agora testemunhem a morte do querido amiguinho de vocês! Rosnou Unknown.

Unknown traçou um circulo no chão e logo em seguida sacando um cetro de ouro branco cravejado de ágatas vermelhas fez um corte em sua mão com a ponta afiada do artefato. Deixando o sangue escorrer até seus dedos onde ele (a) logo fez desenhos de runas no chão da floresta murmurando alguma maldição. Todos os elementos ficaram descontrolados, o tempo fechara, o vento estava ameaçador, no centro do circulo maléfico uma rachadura crepitava algumas chamas que cresceram desproporcionalmente e como um ovo chocando surgiu um dragão de chamas negras. Um ser das profundezas do etéreo.

O dragão girava no ar e quando Unknown estendeu o braço apontando para seu alvo Alice deu um berro e começara a chorar ela estava em pânico, ela agora estava tão agarrada fortemente ao braço de Oliver que ele fez uma careta de dor e institivamente abraçou a menina.

O alvo era Anthony e quando ele viu o dragão em sua direção mostrando as enormes presas de magma, ele tentou ao máximo usar seu guardião para purificar as chamas das trevas. Parte da energia sinistra do monstro fora purificada, mas não impediu o ataque do mesmo, que atravessara o corpo do garoto e deixara suas costas em chamas. O guardião do garoto desapareceu tremulante como uma lareira prestes a se apagar, ele caiu e antes de perder a consciência e olhou para Oliver e abafadamente sussurrou seu nome, e então o garoto largou à amiga e seguiu em direção do garoto que o fizera perder várias noites de sono. Era a primeira vez que ele chorava na frente de Alice, ela não sabia o que fazer, mas ver todas aquelas lagrima de Oliver caindo sobre o tórax de Antony gerava uma enorme dor em seu peito, como se corvos bicassem seu coração ingênuo.

A garota, ainda em desespero caiu de joelhos. Seus olhos já estavam vermelhos de tanto chorar e a cada lagrima cintilante que caia na terra fazia mais e mais brotos surgirem. Agora repletos de espinhos venenosos era como se a natureza compreendesse o sofrimento da pequena bruxa. Foi quando ela entendeu o que deveria ser feito, e reunindo uma coragem momentânea pela dor do seu amigo, ela se pôs de pé e concentrando sua energia tocou chão e esticou o outro braço e rogou:

Oh grande mãe terra, eis que sua filha invoca o seu imenso poder, em defesa daqueles que participam deste Conven e para o extermínio das trevas opressoras. Terra majestosa manifeste sua ira diante deste ser profano e perverso.

As arvores ficaram repletas de enormes espinhos venenosos e como uma armadilha acionada elas atiraram suas farpas de madeira na direção de Unknown.

Matt que estava fora de vista chegou saindo de trás de um arbusto com volumes em suas mãos e se deparou com os acontecimentos que fizeram as mochilas que ele foi juntar caírem estrondosamente. Oliver de um lado debruçado em lagrimas sobre o corpo desacordado de Anthony e de outra Alice com uma expressão de raiva usando seu poder Elemental mesmo sem ter muitos conhecimentos sobre eles.

Ao notar o farfalhar das arvores ao seu redor Oliver percebera o que Alice estava fazendo e com medo de uma reação ofensiva de Unknown levantou-se e berrou para o inimigo (a):

— E agora sua puta? Quem é que está rindo agora?

E reunindo suasultimas energias ele fechou os olhos, fez sua mente expandir e imaginou o oceano imenso e imponente. Determinado ele rogou ao seu guardião:

Água portadora da vida, elemento primordial da pureza, ouça o meu chamado e assim como crias destróis também! Dê-me sua força destrutiva para destruir o mal.

Nas mãos do garoto surgiram dois chackrans metálicos banhados em prata com detalhes ofuscados em coral e runas elementares em Lápis-lazúli. Nelas giravam esferas de água com a brutalidade de uma onda em meia tempestade.

O garoto movimentou os braços de forma giratória e ondas consecutivas iam violentamente à direção de Unknown. A floresta, meia a tantas forças sobrenaturais estava ficando inundada de água salgada. Foi então que uma farpa arremessada por Alice atingiu a face do inimigo e sua mascara de porcelana se estilhaçou. Ameaçado e correndo risco de ter sua identidade revelada, Unknown cobriu o ambiente com vapor e desapareceu em meio a nevoa.

Tanto Oliver e Alice exaustos caíram no chão. A donzela estava ofegante e suada, mas lutava pra controlar sua respiração. Oliver desmaiara, restando apenas os bruxos do ar e da terra conscientes. Os dois temendo que Unknown pudesse retornar correram para a estrada para buscar ajuda, já que seus celulares estavam sem sinal naquela área, o campo místico tinha por conseqüência a anulação de qualquer onda magnética.

Matt jogou-se na frente de um taxi obrigando-o parar, ele explicou que ele e alguns amigos sofreram um acidente e precisavam urgente ir para um pronto socorro. O motorista mesmo desconfiado o seguiu mata adentro e viu que havia de fato dois garotos desacordados e machucados. Prontamente Alice, Matt e o motorista carregaram os garotos e os acomodaram no carro e foram o mais rápido possível para a emergência.

Sentado ao lado do motorista Matt tentava controlar sua tremulação. Ele buscou no bolso um cigarro que logo acendeu tentando manter a calma, mas era impossível, a pressão a que ele fora submetido ultrapassou os limites e o fez se sentir tão mal que ele só conseguia pensar no que faria quando seus amigos descobrissem que ele sabe quem é o (a) Unknwon e manteve segredo.

Alice estava calada sentada ao lado dos meninos que desacordados dava uma impressão de que eles não estavam tendo aquela turbulência toda na amizade deles, parecia até proposital a forma em que eles estavam dispostos no veículo, Oliver estava com a cabeça apoiada no ombro de Anthony que estava com a cabeça encostada na do amigo, e vendo os garotos daquela forma ela deu um leve sorriso para espantar o medo e a preocupação.

Não demorou muito e os meninos deram entrada no pronto socorro, Matt entregara a atendente os documentos dos amigos e ficou na sala de espera juntamente com Alice.



Oliver estava deitado em uma cama da enfermaria e acordou com um incomodo em seu braço, uma enfermeira colhia amostras de sangue para fazer um da serie de exames que estavam em seu prontuário. Ele ainda sentia-se zonzo e com uma dor muscular nos braços, mas ele ficou feliz por sentir aquele desconforto, pois mostrava que ele saíra com vida daquele ataque. Mas essa felicidade de estar vivo transformou-se em desespero ao lembrar-se de Anthony caído com as costas em chamas, ele em desespero chamou um enfermeiro e procurou saber do amigo.



— Oi, por favor, você poderia me dar uma informação? — perguntou o garoto.

— Pois não, o que em posso ajudar?

— Um garoto deu entrada aqui no hospital, ele sofrera um acidente, ele é meu... — Oliver pausou pensando no que estava prestes a dizer — Meu amigo, o nome dele é Anthony, Anthony Foureaux, será que pode me dar noticias dele?

— Foureaux? Ah sim! Ele não corre risco de vida, mas parece que as queimaduras que ele sofreu levarão um bom tempo para cicatrizarem.

— Puta merda. — Bufou o garoto arrumando seu cabelo que caia na testa incomodando seus olhos.

— O médico não recomendou que ele tivesse alta, pois o risco de infecção é muito grande. Mas o que aconteceu com ele pra tamanhas cicatrizes?

— Nós... — O garoto disse a primeira coisa que veio em sua mete, afinal, ele não poderia contar a verdade — Nós estávamos bebendo, um de nós havia trazido fogos de artifício, mas por imprudência ele resolveu acender uma espécie de espada pirotécnica, mas o dispositivo parecia estar descontrolado e saiu o perseguindo, deve que ele jogou a garrafa que estava em sua mão e explodiu atingindo suas costas.

— Que irresponsáveis! Em todo caso ele está bem, mas as cicatrizes ele terá — o enfermeiro balançou a cabeça negativamente—, serão horríveis, só assim vocês, jovens irresponsáveis aprenderão algo. — Ele debochou do garoto e escreveu algo na sua prancheta e continuou caminhando pelo corredor.

Oliver estava tão irritado que seria capaz de esmurrar aquele homem patético, mas ele controlou-se e apenas limitou-se a virar o rosto enquanto procurava algum recipiente com água.

Ele lera em seu livro velho com cheiro de mofo alguns feitiços relacionados com cura.

Lá havia muito mais do que feitiços ofensivos.

Com muito esforço, o garoto conseguiu reunir forças para ir até o banheiro do quarto que dividia com outros cinco pacientes e procurou algum recipiente em que pudera colocar água, mas fora em vão. Aflito e pensando em uma solução rápida, Oliver encheu o ralo com algodão e abriu a torneira. Assim que a metade da pia estava cheia de água ele fechou os olhos tentando se lembrar do feitiço que lera sobre cura por meio da água e assim que lembrou o rogou enfiando suas mãos na água.

— Com a água me libertarei de toda enfermidade, ela me trará de volta o conforto e a — ele pausou e pensou na palavra que estava prestes a falar— felicidade. Oh, poderosa água, que a tua serenidade lave minha alma e meu físico para que eu cumpra minhas responsabilidades.

E assim ele sentiu todo seu corpo úmido. Sua visão permanecera por alguns segundos embaçados, mas logo a nitidez voltou ao normal e agora o que o incomodava era o forte cheiro do oceano que ele sentia no ambiente.

A água da pia estava cada vez mais escura e seu volume parecia aumentar. Assustado Oliver puxou o algodão do ralo e viu todo aquele líquido que se tornará oleoso descer para o esgoto.

O menino lavou o rosto e saiu do banheiro se sentindo melhor. Ele sabia que teria que fazer os exames de todas as formas, mas pelo menos os resultados seriam positivos e ele seria liberado.

O garoto, impaciente em ficar no quarto com quatro homens que ele nunca havia visto na vida pediu a uma enfermeira para ir ao quarto de seu amigo e teve o pedido aceito.


Oliver, com o quase cuspindo o coração, caminhava pelos corredores do hospital até o quarto em que seu amigo se encontrava. Ele se assustara quando vira uma escrito de azul UTI em uma enorme placa pendurada na porta que a enfermeira o mandou entrar. — “Mas que porra é essa? Aquele enfermeiro não dissera que o Antony estava bem?” —.


É, era verdade. Antony Foureaux estava na UTI. Oliver, desamparado avistara os pais do garoto de longe junto a Alice e Matt. Ele estava intrigado, não conseguia aceitar o fato de o enfermeiro ter mentido e de que seus amigos não tiveram a audácia de contar a verdade.

Oliver estava acabado. Ele fora correndo em direção a seus amigos e os abraçara. Infelizmente, Antony não poderia receber visitas por enquanto. Ele corria risco de infecção.

— Matt. — Oliver estava com a voz tremula. — Alice! — Ele abraçou a amiga mais uma vez

— O que faz aqui? — Alice procurava as feridas em seu braço.

— Azeitona! Você está machucado, deveria ficar na maca. — Matt se demonstrou preocupado.

— Você não é uma boa pessoa com regras, não é mesmo Matt? — Oliver colocou mais agressividade do que pensara na voz, mas percebera e se desculpou. — Ah, me desculpe, estou apenas chateado com isso tudo.

— Tudo bem. Mas o que aconteceu com suas feridas? — Matt estava intrigado.

— Há feitiços de cura naquele livro. Me lembrei de um.

— Incrível. Olha o que as fadas podem fazer! — Os meninos encararam a “fada” mais a desdenhou.

— Se formos rápidos e acharmos o livro, podemos curar o Antony.

— Antes eu preciso conversar com vocês. — Matt começara a tremer assim que fechara a boca. Ele percebeu que com esses últimos acontecimentos não poderia ficar com a boca fechada por muito tempo.

— Não temos tempo. Quanto mais rápido fizermos o ritual, mais chances dele se recuperar.

— Não vão deixar a gente entrar. — Alice disse o óbvio.

— De madrugada. De madrugada, nos encontraremos exatamente aqui. Ok? — Os amigos concordaram com a cabeça. — Ah, vocês conseguiram tirar o livro do bosque?

— Sim, esta comigo. — Matt apontou pras mochilas que estavam em um canto da área reservada da UTI.

— Ok. Preciso ir, há exames que ainda preciso fazer! — Oliver apressou os passos. — De madrugada, não se esqueçam.

O garoto já estava virando o corredor quando escutou uma voz com um sotaque engraçado chamar por seu nome. Era a mãe de Antony. Ela tinha um sorriso sereno e confortador na face. Sem ter muito que fazer, Oliver voltou alguns passos e foi em sua direção.

— Oli, fico feliz por vê-lo aqui. — Ela sorriu enquanto abraçava o garoto.

— Sinto muito pelo Antony. Muito mesmo — Os olhos de Oliver estavam quase transbordando de lágrimas, mas ele conseguiu conte-las.

— Muito obrigada. Eu só não entendo como isso tudo aconteceu.

— Eu explicarei pra senhora, mas agora tenho mais exames pra fazer. Posso ir a sua casa amanhã cedo?

— Ficarei muito grata, Alice e Matt não souberam me explicar o que ocorreu.

— Ambos estão dão desamparados.

— Eu percebi. Pobres crianças.

Oliver sorriu e virou olhando pelo caminho que precisava seguir. Antes que ele falasse novamente que precisava fazer ela deu outro sorriso.

— Ah, você precisa ir. — Ela deu um passo à frente e segurou suas mãos. — Fico muito feliz em saber que você e o Antony estão se dando bem de novo. Ele ficou muito chateado quando brigaram.

O peito do menino doía. Ele não sabia o que dizer. Apenas deu um sorriso e antes que suas lagrimas ameaçassem novamente escorrer, ele soltou as mãos da mãe do amigo e seguiu seu caminho.


As horas haviam se passado. Os pais de Oliver acabaram de assinar os papeis que dariam Oliver a alta e ele não teve trabalho de convencê-los a ficar no Hospital na companhia de Antony. Eles entenderam o sofrimento do garoto.


Era quase três da manhã e Oliver caminhava pelos corredores vazios do hospital. O único barulho no ambiente era de seus passos, mas às vezes ele escutava alguns ruídos vindos da emergência.

Ele tinha medo de encontrar com Unknown por um dos corredores.

Assim que chegou a UTI ele encontrou os amigos. Matt estava com o livro que fedia a mofo na mão e Alice carregava quatro cristais avermelhados que Oliver pedira que ela arrumasse. Era uma Ágata que tinha uma cor opaca, mas durante o ritual transmitiria vitalidade ao amigo, uma Citrino triangular com a cor bastante viva para trazer prosperidade nos dias obscuros que estavam por vim, e dois Ônix vermelhos para que ao se recuperar, o garoto tivesse tranqüilidade.

O garoto, que estava prestes a comandar mais um ritual no dia, havia se esquecido que prometera nunca mais fazer isso. Ele olhara pela porta se havia presença de algum enfermeiro ou médico e assim que se certificou que não, entrara no quarto do amigo.

Ele mandou Matt para o Leste da cama, onde o ar assumiria o papel da razão naquele ritual. Posicionado ao Oeste, ele se concentrava para invocar mais uma vez a água para concentrar a emoção daquele Círculo e Alice ao Noroeste, para que com a força da terra, cuidasse fisicamente do garoto.

Já concentrados, Alice saíra de seu lugar e posicionara as pedras sobre o peito do amigo que estava deitado enquanto tinha uma agulha ligada a sua veia transportando soro.

Oliver abriu o manual de seus ancestrais e localizara uma pagina com vário tipos de letras, elas iam melhorando a cada geração, quando lera “A cura do saudoso Fogo”, arregalara os olhos e acenou com as sobrancelhas para os amigos avisando que começaria.

Matt pedira para que o ar se manifestasse e todos sentiram uma brisa surgir repetidamente, não havia nenhuma forma do ar entrar naquele quarto sem ser por mágica. Oliver que agora segurava o manual agora com apenas uma das mãos, estendera a outra e dela surgira sua Ondina, a qual lhe ajudaria no ritual. Os três sentiram o cheiro de o oceano invadir o ambiente, e então, Alice percebera que era sua hora. A menina já estava tomando experiências com essas historias de ser uma bruxa, de rituais e que Unknwon não era apenas um (a) maníaco (a) que sabiam de seus segredos.

Oliver, impaciente com o resultado do ritual, começara a ler as palavras do feitiço, mas fora interrompido quando a Silfo do amigo, em um clarão amarelo, se libertou da forma ofensiva e virou um espírito místico. Ignorando o fato ele voltou a ler o ritual rezando pra que desse certo.

“Fogo, aquele que arde com facilidade,

Também tem o dom de ferir com simplicidade.


Fogo, aquele teu servo que fora por ti ferido,


Dos males estará banido.


No fogo se encontra a doença e a cura,


Caberá a ti saber o que procura.”


Em segundos os amigos sentiram o ambiente esquentar. Os deuses do fogo haviam ouvido o pedido de sofrimento de Oliver.


A Ondina que estabilizou a água durante o ritual e a Silfo que ajudou a Matt manter o ar durante aquele ritual, voaram em direção as pedras que estavam localizadas sobre o peito de Antony e delas fizeram um ser místico com os cabelos cor de cobre, com a pele clara e escamada como de uma salamandra e com asas de fogo despertar.

O pequeno ser fez um sinal de referencia aos outros seres místicos que estavam ali e levantou voou. Suas asas incandesciam cada vez mais. Quando ele ergueu o cetro que segurava, um círculo com cor de fogo surgiu em direção a Antony e runas foram aparecendo a cada segundo completando todos os espaços vazios.

Alice encantada com aquela cena e com o aconchegante calor que tomou conta daquela madrugada se assustou ao perceber que as pálpebras de Antony começaram a mexer.

— Vejam! Ele está acordando!

— Antony?! Está nos escutando?

E o silencio tomara conta do ambiente.

O salamandra de Antony olhara para Oliver, respectivamente para Matt e em seguida para Alice e abaixou a cabeça em sinal de agradecimento. Em seguida, três feixes de luz de cores distintas brilharam e aqueles seres místicos desapareceram.

Os amigos estavam distraídos com aquela cena e não percebera que Antony havia realmente acordado e que suas cicatrizes, milagrosamente começaram a cicatrizar aos poucos.

— Como vim parar aqui? — Antony disse com a voz tremula.

— Depois contamos tudo a você. Sério. Mas agora tem algo muito importante que devo contar a vocês. — Matt começara a tremer.

Oliver saiu do quarto para guardar aquele livro pesado e empoeirado. Voltou ao quarto pra avisar que chamaria algum enfermeiro pra avisar que Antony estava bem, mas Matt o xingou, o que ele estava prestes a contar algo que passaram os últimos meses tentando descobrir.

— Espera! É sério. — A vontade de fumar só aumentara.

— Fala logo Matt, você parece nervoso — Alice disse sentindo sua garganta secar.

— Eu sei quem é Unkwnon! — Matt disse o mais rápido que pode.

— É o Jeffrey, não é? — Oliver franziu o cenho.

— Claro que não, ou é? — Antony ficou em duvida.

— É o Tommy. Tommy que vem nos infernizando durante todo esse tempo.


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