One Day In Your Life

Um dia na sua vida
Você vai lembrar de um lugar
De alguém tocando seu rosto
Você vai voltar, vai olhar em volta, você...

Audrey Horne era diferente de tudo o que o agente do FBI Dale Cooper já havia encontrado em sua vida.Ela era sem sombras de dúvidas, a garota mais encantadora que ele conheceu.

Encantadora, inteligente, e mais do que isso, ele não apenas queria tê-la para si. Ele gostava dela. Importava-se com ela. De verdade. Havia algo nessa garota, algo em sua sensualidade juvenil inata, misturado com seu jeito de menina que fazia com que ele ansiasse em protegê-la.

Não se parecia em nada com as outras mulheres em sua vida. Ela não era como Caroline ou como Annie. Mesmo sendo uma pobre garotinha rica, Audrey não precisava ser salva o tempo todo. Ela provavelmente nem aceitaria ser salva o tempo todo. Não, ela era mais do que isso.

Um dia na sua vida
Você vai lembrar do amor que encontrou aqui
Você vai lembrar de mim de alguma forma
Embora você não precise de mim agora
Eu vou ficar no seu coração
E quando as coisas desmoronarem
Você vai lembrar de um dia...

É bem verdade que ele havia se apaixonado por Annie quase instantaneamente. No inicio era algo que ele não podia explicar, mas agora, deitado em seu quarto no Great Northern Hotel, logo depois de todo o inferno que passou no Black Lodge, ele compreendeu. Em algum lugar de seu inconsciente, Annie fora Caroline.

A irmã mais nova de Norma Jennings podia agir de forma bem diferente de Caroline, mas ainda assim, foi como tê-la reencontrado. Ele não tinha sido capaz de salvar Caroline, mas podia salvar Annie. E ele a salvou.

Um dia na sua vida
Quando você descobrir que você sempre esteve esperando
Por um amor que costumávamos dividir
Apenas chame o meu nome, e eu estarei lá
Você vai lembrar de mim de alguma forma
Embora você não precise de mim agora
Eu vou ficar no seu coração
E quando as coisas desmoronarem
Você vai lembrar de um dia...

Audrey não era Caroline, muito menos Annie. Aliás, Cooper não conseguia imaginar Audrey indo para um convento ou tentando o suicídio. Não mesmo. Ela não precisaria ser salva, e nem o lembrava ninguém que ele tivesse perdido. Não, Audrey era diferente. Extraordinária. Doce, mas forte. E sendo verdadeiro consigo mesmo, Cooper tinha que admitir que se ela fosse um pouco mais velha, teria assumido seus sentimentos logo que se conheceram. Mas não foi assim. E ela estava certa afinal, quando disse que um dia, quando ele menos esperasse, ela iria crescer e talvez fosse melhor ele tomar cuidado. Eles tinham um trato. Bem, não mais.Ele não seria mais cuidadoso, estava cansado disso. Mesmo que ela fosse outra coisa à que ele tivesse de sobreviver mais tarde, ele não mais a manteria longe de si.

Cooper mexeu-se na cama, e abriu os olhos devagar, dando de cara com o xerife Harry Truman e o Doutor William Hayward, ambos olhando para ele. Harry sorriu, preocupado.

- Aí está, ele. – Anunciou Dr. Hayward.

- Coop?

-Eu não estava dormindo – respondeu -. Como está Annie?

-Ela vai ficar bem. Ela está no hospital. E você, está bem?

-Estou bem, Harry. Se você não se importa, poderia buscar algo para eu beber? – sua garganta estava ligeiramente seca – e... Chame Audrey, por favor.

O Xerife Truman que após o sinal de aprovação do médico havia se levantado rapidamente para buscar a água para o amigo, parou e voltou-se para olhá-lo, incrédulo.

- Audrey Horne?

- Sim.

Harry continuou olhando para o amigo, os olhos levemente reduzidos. Não passou despercebido ao Xerife a preocupação que o Agente do FBI tinha pela moça. Ainda mais depois do que havia acontecido no One-Eyed  Jacks. Não que ele desaprovasse. Pelo contrário.

- Coop... Tem algo que você queira me contar?

- Ainda não, Harry. Pelo menos por enquanto.

Harry deixou o quarto, acompanhado pelo médico, e Cooper fechou os olhos novamente, esperando por ela. Audrey logo estaria ali. E se dependesse dele, ela ficaria para sempre.

Um dia na sua vida
Quando você descobrir que sempre esteve sozinha
Apenas chame o meu nome, e eu estarei lá.

Fim.