O sol já estava a pino e os cinco caminhavam no mais total silêncio pela estrada de chão. Erza ia a frente puxando suas bagagens. Logo atrás vinham os outros, Lucy, Natsu com Happy pousado em seu ombro. E mais atrás vinha Gray ainda sem graça pela cena de Juvia antes de partirem para a missão. Erza se virou para trás pensativa mirando o moreno por alguns instantes. Ela durante os jogos mágicos chegara a iniciar uma conversa com ele sobre essa situação com Juvia, porém essa conversa nunca teve um fim de fato.

– Natsu, tem algum peixe ai? Eu estou com fome... – Happy começou a falar olhando o amigo.

– Happy! Você já comeu dois peixes desde que saímos, e nem faz tanto tempo assim...

– Mas Natsu, eles eram pequenos... E isso não interessa eu estou com fome! – Insistiu o gato azul todo mimado.

– Vamos parar... – Começou Erza já parando de caminhar. Já está na hora do almoço, vamos parar e comer algo e descansarmos, mas não podemos nos demorar demais ok?

Ela falava já tirando algumas coisas da sua carroça. Estendeu uma toalha no chão abaixo de uma árvore e ali colocou uma cesta de piquenique dentre outras coisas.

Os outros estavam com fome também então não negaram a oferta. Sentaram-se os cinco formando um circulo sobre o pano. Enquanto se serviam eles conversavam. Happy todo feli por estar enfim comendo um bom peixe, no entanto aquele era o último já que ele comera antes da hora.

– Erza! Você sempre pensa em tudo não? – Exclamou a maga loira mordendo um bom pedaço de um sanduiche frio.

– Claro, o que seria de vocês sem mim? – Erza comentou comendo um pouco de bolo.

– Isso está muito bom Erza! –Acrescentou Natsu comendo com certa fula ao lado de Lucy.

Lucy foi beber um pouco do suco, mas fez uma caretinha ao ver que o mesmo estava quente. Assim não tinha graça... Gray que a estava observando sem sequer pensar esticou a mão e tocou o copo dela o fazendo gelar instantaneamente formando uma pequena camada de gelo. O moreno usara apenas um pouco de seu poder.

A loirinha se assustou um pouco com a atitude dele, mas logo sorriu em agradecimento.

– Obrigada Gray... – Agradeceu gentilmente sorrindo para o rapaz os olhos castanhos cerrando por alguns instantes e a cabeça pendendo um pouco para o lado. Aquele sorriso que o garoto Fullbuster amava. Ficou meio com cara de tacho olhando os lábios da loirinha tocarem a borda do copo enquanto ela bebericava a bebida agora gelada. Ver aquilo fez o rapaz corar mordendo o lábio inferior. Como ele podia gostar tanto assim dela? Não sabia, apenas sabia que seu coração acelerava cada vez que estava diante dela. Infelizmente a que tudo indicava ela e Natsu tem algo a mais que amizade...

Os pensamentos do moreno foram interrompidos por um gritinho agudo. Natsu voara para cima de Lucy tomando o copo gelado dela rindo muito. Logo o rosado e a maga celestial estavam rindo e brincando juntos. E depois sobrou para ele e Erza também. Era tão bom estar assim novamente todos juntos e se divertindo sem preocupações.

O problema era que sempre que uma brincadeira assim começava Natsu e Gray iniciavam uma de suas corriqueiras brigas, e daquela vez não seria diferente.

Logo os dois jovens estavam desferindo golpes um contra o outro, gelo e fogo mais uma vez se confrontando. Lucy dessa vez ao invés de tentar parar ficou a observá-los sorrindo divertida. Amava aqueles dois da forma que eram e sabia que logo tudo teria voltado ao normal. Porém logo foram interrompidos por uma Erza nervosa por eles terem estragado seu piquenique. A ruiva agora segurava o rosado e o moreno, um pelo cachecol e o outro pelo pescoço pendurados alguns centímetros acima do chão.

Apenas nesse momento Lucy se preocupou de fato. Erza estava nervosa e não se podia mexer com uma ruivinha nervosa. Ela sacudia os dois no ar gritando.

– Como ousam estragar meu piquenique? Estava tudo tão perfeito e vocês dois estragaram tudo seus idiotas!

Mesmo morrendo de medo de sobrar para ela também Lucy decidiu intervir, acenando para eles agitada.

– Gente, gente nós temos que ir. Ou nunca chegaremos lá! Erza vá com calma precisamos deles inteiros para encerrar a missão! – Tentava argumentar quando Erza lhe lançou aquele olhar maléfico a fazendo congelar no lugar. A loira engoliu em seco esperando para ver o que sobraria para ela, estava de fato encrencada!

Mas para seu espanto a outra maga soltou os dois fazendo-os se desiquilibrar e cair de bunda no chão.

– Certo, mas só por que você se esforçou para conseguir essa missão para a gente Lucy, e você Gray deveria ser o mais agradecido, afinal ela fez isso por você!

Falou já se dirigindo às coisas no chão e recolhendo-as colocando elas na carroça novamente. Nem esperou pelos outros e já estava caminhando. Não pense era por que tinha deixado de bater muito naqueles dois que ela os havia perdoado. Não mesmo! Estava irada mas da mesma forma que não gostou que estragasse seu piquenique, ela sabia que Lucy iria se chatear por sua missão ser um fracasso.

– DESCULPA!DESCULPA!DESCULPA! – Os dois exclamaram ao mesmo tempo, os corpos se curvando para frente em sinal de respeito.

Erza se quer olhou para trás e então um olhou para o outro, seus olhos pareciam sair fagulhas de tão nervosos estavam um com o outro. Mas esse clima logo foi quebrado por uma Lucy que agarrou um braço de cada um e os saiu puxando para acompanhar Erza.

– Anda antes que ela mude de ideia seus malucos, e de nada viu? Por tê-los salvado. – Ela ia puxando os dois que iam a contra gosto de braços cruzados um evitando o olhar do outro como duas criancinhas mimadas.

Pelo menos fora como Lucy imaginara e logo eles estavam novamente no caminho da Floresta do Norte. A noite caia depois de um dia inteiro de caminhada então eles pararam em uma pequena cidade. A última que iriam cruzar antes de chegar à temida Floresta.

Ali não havia outras hospedarias além daquela que caia aos pedaços. As meninas até que tentaram evitar o lugar, mas ou era ali ou nos arredores da cidade sem um teto sobre suas cabeças. O lugar em um todo era estranho, parecia de certa forma abandonado, alguns até diriam assombrado. Aquela sensação fez com que as meninas se arrepiassem ao adentrar o recinto.

– Nossa que cidade estranha... Eu nunca iria querer morar por aqui, tomara que essa noite passe logo... – Comentou Lucy com os pelos dos braços todo arrepiado graças ao ar gélido do ambiente. Assim que ela terminou de falar isso de uma porta ao fundo do balcão saiu uma senhorinha baixinha, bem velhinha e feia. Fazendo os cinco recuarem assustados no primeiro instante. Porém logo eles viram que aquilo era apenas uma senhorinha e não um fantasma como o ambiente dava a impressão de que seria. Respiraram todos ao mesmo tempo aliviados.

– Boa noite meninos, vieram passar a noite na Cidade Assombrada? Estão preparados para tal? – Perguntou a velhinha cheia de malícia em seu sorriso enquanto se aproximava dos garotos.

– Cidade Assombrada? Como assim? – Foi a vez de Natsu perguntar colocando as mãos atrás da cabeça e olhando-a com uma das sobrancelhas erguidas em dúvida.

Os outros também estavam curiosos então também fitavam a senhorinha com curiosidade nos rostos. A mulher fez algum mistério antes de explicar aos amigos o que queria dizer com cidade Assombrada. A velha que era bem maluca e adorava contar suas histórias de forma especial, tirou do bolso uma espécie de lanterna, postando-a sob seu queixo, O que deixava seu rosto com a aparência mais assustadora que o normal.

As fadas não entenderam o porquê de tudo aquilo, mas apenas se entreolharam preferindo não dizer nada a respeito da maluquice.

– Nossa cidade é habitada por seres estranhos e volta ou outra os moradores ou visitantes desaparecem misteriosamente. Reza a lenda que o Monstro que mora na Floresta do Norte já morou nessa cidade então por isso ele costuma vir aqui e buscar pessoas para viverem lá com ele. Essas pessoas nunca mais são vistas. Geralmente ele pega mulheres loiras. Isso se deve ao fato de que quando ele morava aqui ele era noivo da bela Hiromi. Hiromi era filha do fazendeiro mais rico dessa região e o monstro era apenas um lenhador então o pai da moça proibiu o romance do casal. Tentaram fugir duas vezes, mas foram descobertos e na segunda o jovem apaixonado foi forçado a abandonar a cidade e ir morar na floresta sozinho. Ninguém na cidade poderia conversar com ele, deveriam agir como se ele nunca tivesse existido. Porém logo depois que ele foi obrigado a isso coisas estranhas começaram a acontecer por toda a cidade e ela foi tomada pelo medo do Monstro da Floresta do Norte que todos diziam vagar pelas ruas da cidade exatamente entre a meia noite e meia noite e quinze que era o horário que o casal costumava se encontrar. Passados alguns anos a jovem fora obrigada a se casar com outro fazendeiro por motivo de comodidade para ambas as famílias. Quando o casamento aconteceu ela se foi com toda a família para morar com o seu marido. Nunca mais ela ou algum membro de sua família foi visto novamente. Depois disso os desaparecimentos começaram e pioram a cada dia mais. – A velha se calou deixando o mistério no ar.

Não sabia quando fizera aquilo, mas Lucy estava agarrada ao braço de Gray como que para se proteger, a loira tremia da cabeça aos pés. Quando se deu conta de que estrava atrelada ao moreno ela se soltou de uma vez extremamente vermelha, a face avermelhada tomando conta do rosto do moreno também. Os dois ficaram se olhando por alguns instantes até Erza começar a falar de repente e quebrar aquele clima que ficara entre os dois.

– Então é aqui que devemos começar a investigar! Nós somos magos da Fairy Tail, recebemos o pedido de ajuda da cidade e vamos ajuda-los a se livrar desse monstro. – Ela falou convicta, colocando ambas as mãos na cintura.

– É isso ai ESTOU EMPOLGADO!!! – Natsu falou cerrando os punhos e permitindo que escapassem chamas dos mesmos.

– Aye Sir! Nós vamos salvar a cidade! – Happy voou pelo saguão animado, rodopiando no ar.

– Precisamos de quartos, iremos passar a noite aqui e amanhã vamos desvendar esse mistério e se tiverem monstro a serem destruídos nós o faremos! – O constrangimento ocorrido com Lucy anteriormente passara e o mesmo agora estava tão empolgado quanto os outros para ficar cara a cara com o suposto monstro.

Assim que disse isso a velhota pegou uma única chave e os entregou. Ficaram sem ação por alguns instantes e então a senhora explicou.

– Estamos com alguns hospedes e em reforma ainda por cima então temos apenas um quarto, espero que não se importem em dividir o quarto... – Nem esperou que eles respondessem algo e já foi saindo deixando o grupo ali sozinho.

Depois de muitas advertências das meninas e discussões eles por fim foram para o quarto que uma plaquinha pendurada junto com a chave indicava que seria o deles.

O quarto não era em nada melhor que o resto da casa e também estava caindo aos pedaços. Mesmo assim eles arrumaram o lugar para que pudessem passar a noite.

– Pelo menos a Lucy não está sozinha... – comentou Natsu deitado em sua cama olhando o teto – Vocês viram o que a velhota falou, ele tem preferencia por loiras... – Natsu estava de fato feliz por poder estar ali para proteger a companheira. Seria muito preocupante para não falar irritante ficar longe dela enquanto ela corre perigo. Certo Erza poderia dar conta do recado sozinha, mas ele gostava de fato de seu papel de amigo protetor. Girou a cabeça sorrindo para Lucy.

– Não precisam se preocupar – Lucy falou do outro canto do quarto, eu estou bem, e ninguém vai me levar... Eu também sou um membro da Fairy Tail lembram? – Falou sorrindo e exibindo a marca da guilda em sua mão. Estava sim com medo, mas podia ver a preocupação nos rostos dos amigos e não os queria assim por sua culpa.

Gray se remoía de preocupação por dentro, mas preferiu apenas concordar com Natsu a respeito de poderem protegê-la todos juntos.

– Não se preocupem nada irá acontecer, agora vamos dormir amanhã sairemos cedo ou chegaremos muito tarde à floresta. – Erza falou se ajeitando na cama de armadura e tudo, aquilo seria por estar com os garotos em seu quarto?

– Boa noite pessoal. – Foi a última frase que Lucy sibilou naquela noite. E logo todos os outros estavam dormindo em sono pesado, todos exceto um... Gray apenas cochilava sem tirar os olhos de sua amada, se algo acontecesse a ela... Bem ele nem queria pensar naquilo, aquela sem dúvidas seria uma longa noite para o moreno.